Faça Valer: Uma Morte e Uma Vida
Quando seu filho cometeu suicídio, Virginia Cervasio superou sua dor ajudando outras pessoas a evitarem o mesmo caminho.
Por Lynn Rosellini, do Reader’s Digest (edição estadunidense)
Virginia Cervasio não esperava por aquilo. Seu filho Angelo, 24 anos, raramente bebia, nunca usou drogas e nem se mostrava depressivo. Era um veterano da Força Aérea, gostava de andar com sua moto e tinha se candidatado para entrar para a Polícia perto de sua cidade natal, no sudoeste da Flórida.
Então, não muito depois da meia-noite de 17 de janeiro de 2006, os policiais tocaram a campainha da casa de Virginia. Angelo estava morto. Havia atirado em si mesmo em um suicídio aparente.
Durante semanas, Virginia sequer conseguiu se levantar do sofá. “Eu queria morrer”, ela lembra. Torturada pela culpa, ela se repreendia por não ter conseguido identificar os possíveis sinais. Finalmente, ela disse que precisava achar uma maneira de por os pés no chão ao acordar. Três meses depois da morte de Angelo, Virginia fundou a C.A.R.E.S. (sigla em inglês para Consciência Comunitária para o Reconhecimento e Educação sobre o Suicídio) e realizou a primeira reunião em sua casa, na cidade de Cape Coral. Duas pessoas vieram: um amigo da família e uma mulher cujo filho tinha cometido suicídio.
Virginia, que é secretária, não sabia nada sobre como levantar fundos ou redigir pedidos de contribuição. Mas ela começou a visitar clubes de serviço, fundações e empresas locais à procura de doações. Não foi fácil. Ela descobriu que o suicídio é um tema que todos preferem evitar.
Mas ela persistiu. Falava às pessoas que a cada 16 minutos alguém comete suicídio nos Estados Unidos. Há mais suicídios que assassinatos. Obviamente a história que prendia mais a atenção era a de seu próprio filho. Virginia e seus diretores organizaram um show anual de variedades de um colégio e uma caminhada de cinco quilômetros. Em pouco tempo, as doações e os voluntários começaram a aparecer.
Em dois anos, ela tinha levantado 25 mil dólares para sua organização sem fins lucrativos (www.leecountycares.org). Hoje, a C.A.R.E.S. mantém um centro de recursos para a prevenção do suicídio em Cape Coral cheio de voluntários, com dois terapeutas profissionais à disposição. O centro oferece aconselhamento, referências e grupos de suporte para adolescentes e adultos. Virginia também tem falado a mais de 2.500 estudantes sobre os sinais de advertência e lugares para buscar ajuda.
Depois que Lauren Reuter, de 15 anos, perdeu sua mãe para o suicídio, ela ficou tão impregnada com o ódio, que se recusava a conversar sobre a morte de sua mãe. Ela se uniu ao grupo de terapia da C.A.R.E.S. para adolescentes, onde encontrou outras crianças que passaram por experiências semelhantes e que entendiam como ela se sentia. “Lauren finalmente conseguiu se lembrar dos bons momentos com sua mãe”, disse seu pai, Peter.
Embora Angelo Cervasio tivesse deixado uma carta de adeus, ele não explicou por que tirou sua vida. Só mais tarde foi que Virginia, seu esposo Alex, e seus filhos Frank e Joe souberam que ele estava frustrado com seu emprego como segurança e estava à procura de outro trabalho. “A pergunta ‘por quê?’ fica com você por muito tempo”, diz Virginia. “Tive de aprender que não poderia mais fazer essa pergunta, porque eu jamais conseguiria obter a resposta.”
No final, a morte de Angelo teve um impacto positivo em Virginia, agora com 50 anos. “Estou indo à faculdade pela primeira vez em minha vida para me tornar uma advogada de defesa”, ela diz. “Meu filho mudou meu caminho.”
Você está fazendo valer a pena?
Inspirada pela história de Virginia Cervasio, a Fundação Reader’s Digest fez uma doação de 100 mil dólares à Fundação Americana para a Prevenção do Suicídio, uma organização sem fins lucrativos que objetiva prevenir o suicídio por meio de pesquisas, educação e legislação. Envie sua história “Faça Valer” hoje mesmo.
Fonte: http://www.rd.com/make-it-matter-make-a-difference/make-it-matter-suicide-prevention/article102215.html
Tradução: Lucas Yassumura
Revisão: Abel Sidney
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