quinta-feira, 26 de maio de 2016

Boa surpresa no Desafio de Impacto Social Google

Estudante de Santa Catarina é um dos vencedores do Desafio de Impacto Social Google 

Aplicativo permite conexão entre voluntários e usuários
Foto: Reprodução / Google Brasil

Facilitar e fomentar o contato entre usuários e a ONG CVV e tornar os meios de prevenção do suicídio mais acessíveis são as propostas do acadêmico do curso de Administração da Universidade do Vale do Itajaí (Univali) Hamilton Barbosa. O projeto desenvolvido pelo estudante é um dos dez vencedores do Desafio de Impacto Social Google 2016. O desafio é uma iniciativa do Google.org para apoiar organizações sem fins lucrativos que utilizam tecnologia para promoção de impactos sociais.

O projeto desenvolvido por Hamilton foi selecionado entre 1.052 propostas enviadas e consiste em um aplicativo que será disponibilizado para a ONG Centro de Valorização da Vida (CVV).

Através do aplicativo CVV – Como Vai Você, o interessado pode escolher se pretende conversar com o ONG por meio de voz ou texto. Além disso, o voluntário pode realizar o atendimento de qualquer local com acesso à internet. Como o app facilita a conexão entre pessoas que precisam de ajuda com os voluntários e promete duplicar o número de atendimentos do serviço no prazo de dois anos.

Pela classificação, entre os dez primeiros colocados, o projeto recebeu o valor de R$650 mil e segue para a fase final com votação pela internet até 13 de junho.

No dia 14 de junho os finalistas do Desafio apresentarão suas propostas para um painel de juízes. Eles escolherão três vencedores e anunciarão o escolhido na votação pública. Cada um desses quatro vencedores terá seu prêmio ampliado para R$1,5 milhão.

Confira o vídeo do projeto:



Vamos acompanhar?!

Fonte: http://dc.clicrbs.com.br/sc/estilo-de-vida/noticia/2016/05/estudante-de-santa-catarina-e-um-dos-vencedores-dodesafio-de-impacto-social-google-5809830.html

terça-feira, 24 de maio de 2016

Digno de estudo e de lástima: a dramática situação da Guiana, maior índice de suicídios do mundo!

O título chama a atenção: "O pequeno país sul-americano que tem o maior índice de suicídios do mundo".

A reportagem de Carinya Sharples para a BBC é um relato de como é precário a atenção básica de saúde, principalmente a mental no nosso vizinho da Região Norte, a Guiana (a inglesa).

Duas boas notícias: uma linha telefônica, gerida pela Polícia Nacional, tem obtido sucesso nos seus atendimentos; a miss Guiana, Lisa Punch, fundou a ONG Prevention, em 2012, cujo trabalho tem dado bons resultados.

O link de acesso é este.


quarta-feira, 18 de maio de 2016

Prevenção do suicídio entre indígenas, no Tocantis

Indígenas do Sul do Tocantins recebem orientação sobre saúde mental e prevenção de suicídio

Índigenas do Sul do Tocantins recebem orientação sobre saúde mental e prevenção de suicídio
Os pouco mais de 200 moradores da aldeia São João, a 75Km de Formoso do Araguaia (TO), convivem com a modernidade e a preservação das tradições indígenas.

Entre as casas feitas de palha, tijolos e as antenas parabólicas, há 35 anos vivem crianças, jovens, adultos e idosos que mantém em suas raízes a história do povo Javaé e o dilema das consequências da chegada da tecnologia nas comunidades indígenas.

Iudimar Makuaré, 18 anos, exibe o farto cabelo negro e topete modelado com gel. Escolhe roupas da moda, cuida da estética, mas também gosta de trabalhar lidando com a terra. “É bom morar na aldeia, trabalhar capinando e ajudando a construir as casas. Mas também quero fazer faculdade, ser cientista, pesquisar a terra pra poder trabalhar melhor”.

Makuaré entristece o semblante ao falar dos problemas enfrentados por quem mora em algumas comunidades indígenas no Sul do Tocantins. “Ainda tem muito problema com o lixo e sujeira. Também tem a pinga, a maconha e o suicídio”. O luto entre os indígenas dura cerca de 15 dias. “Não pode gritar e nem jogar bola. Só falar pouco e baixo”, explica o jovem.

O abuso de substâncias, como álcool e outras drogas, e o número de casos de suicídio preocupa os indígenas e as autoridades. “Até 2014 não havia registros de suicídio em algumas aldeias Javaé.

Já houve casos em algumas comunidades e, infelizmente, novas tentativas ainda acontecem,
principalmente entre jovens”, afirma Dejanes Luz, coordenadora de Promoção e Proteção dos Direitos Sociais da Coordenadoria Técnica Local da Funai em Gurupi.

Juraci Javaé foi o fundador da aldeia São João, quando no lugar só havia mata fechada. De lá para cá viu grandes transformações. Com a sua experiência, ele não tem dúvidas sobre os males que chegaram até o seu povo. “Hoje em dia acabou o respeito. Homem que bebe quer matar, quer furar, quer tudo. Por que tão se matando? É cachaça”.

Javaé é pai do atual cacique da aldeia, Darci Maurerri Javé, que juntamente com as demais lideranças promovem constantes ações educativas sobre o tema. “É preciso que as pessoas sejam orientadas, que os jovens não acompanhem aquilo que não é bom e que evitem o que faz mal”, disse.

Ademir Kurisiri, diretor da Escola Indígena Temanare há oito anos, também atua na valorização da
cultura indígena e na prevenção do suicídio. “Fazemos palestras, reuniões com pais e tudo que está a nosso alcance para conversar com as famílias sobre o assunto. Com a colaboração de todos é que acreditamos ser possível evitar novos casos”.

Para Kurisiri, além do abuso de substâncias, questões religiosas e as muitas mudanças sociais, culturais e econômicas estão relacionadas ao surgimento de casos dessa natureza. “Não estamos preparados para tantas mudanças, o índio não consegue acompanhar. Além da moda, da tecnologia, celulares e outros aparelhos, o contato dos índios com a bebida e com as drogas é cada vez mais cedo. Aqui na nossa aldeia é proibido, mas em outros lugares as pessoas conseguem facilmente. É muito difícil de lidar”.

Educação e saúde

A partir de uma parceria entre a Funai e o curso de Psicologia do Centro Universitário UnirG,
estudantes do 10º período estiveram no último sábado, 14, na aldeia São José realizando palestras e ações educativas sobre qualidade de vida e saúde.

De acordo com a professora Márcia Padilha, responsável pela disciplina Intervenção em Populações Diferenciadas, a ida dos estudantes à aldeia teve a proposta de levar informações o orientações na área da saúde mental.

“O curso de Psicologia realizou ações com grupos de diferentes faixas-etárias, com temáticas que abordam a prevenção do abuso de álcool e outras drogas. Também foi uma oportunidade para que os estudantes conhecessem o trabalho do psicólogo em grupos de vulnerabilidade social, observando as questões éticas profissionais”.

Um grupo de acadêmicos realizou atividades com crianças envolvendo a ludoterapia. “Por meio das brincadeiras e recursos como massa de modelar, pintura, buscamos formas para que as crianças pudessem expor seus sentimentos, ao mesmo tempo em que estimulamos a psicomotricidade com o canto e dinâmicas”, explicou a acadêmica Narla Rúbia Rodrigues.

Os casais também participaram de uma roda de conversa, com dinâmicas de grupo que abordaram questões como relacionamento entre cônjuges, pais e filhos, acesso e utilização correta da tecnologia. O grupo formado por jovens e adolescentes debateu temas como sexualidade, álcool, drogas e suicídio.

“O trabalho foi muito bom, foram falados muitos assuntos importantes, como drogas, prevenção de doenças e vícios. Fizemos desenhos sobre esses assuntos e espalhamos pela aldeia para que outras pessoas vejam e entendam que não é bom usar drogas”, disse a jovem Mikilu Javaé, moradora da aldeia Canuanã, que também participou do evento.

“Ações desse tipo são de grande importância para nós e nos ajudam. É uma oportunidade de aprendermos com pessoas qualificadas e com formação na área de saúde. Agradecemos  pela presença e por essa ação de promoção e prevenção em saúde", frisou Ademir Kurisiri, diretor da escola Escola Indígena Temanare.

Na ocasião, servidores e voluntários da Fundação Bradesco estiveram na aldeia realizando diversas ações no Dia Nacional de Ação Voluntária, com plantação de mudas de árvores, atividades de lazer, esporte, pintura facial, coleta de lixo e distribuição de material informativo sobre zika vírus.

Fonte: Conexão Tocantins. Sob a generosa liberação deste jornal.
http://conexaoto.com.br/2016/05/17/ndigenas-do-sul-do-tocantins-recebem-orientacao-sobre-saude-mental-e-prevencao-de-suicidio

terça-feira, 17 de maio de 2016

Dia do abraço. Acolhimento salva vidas!

São Caetano comemora o Dia do Abraço

 O Centro de Valorização da Vida (CVV) de São Caetano desenvolverá neste domingo (22/maio/2016) ações específicas em comemoração ao dia do abraço.

Faixas com os dizeres “CVV de São Caetano abraça você” serão expostas nos cruzamentos da Goiás com as ruas Oswaldo Cruz e Augusto Toledo.

Neste ano, a campanha tem como tema central a frase da escritora Martha Medeiros “Tudo o que a gente sofre, num abraço se dissolve”.

A ONG estimula pessoas a se abraçarem e compartilharem suas fotos. A intenção da entidade, que dá apoio emocional e de prevenção do suicídio em todo o país é fazer com que os cidadãos busquem e ofereçam o suporte mútuo.

Como parte da campanha, o CVV convida todos a enviarem previamente fotos em abraços para serem compartilhadas nas mídias sociais www.facebook.com/cvv141/ e www.instagram.com/cvv141/ .

As imagens devem ser enviadas até domingo para o e-mail comunicacao@cvv.org.br.

Fonte: www.reporterdiario.com.br/noticia/2176802/sao-caetano-comemora-o-dia-do-abraco/

segunda-feira, 9 de maio de 2016

Livro sobre prevenção do suicídio torna-se best-seller!


A maioria dos leitores conhecem o André Trigueiro.

Talvez não saibam que ele escreveu este livro. Aí está balanço enviado pela editora que o publicou. 

Centenas de palestras foram feitas por todo o país. 

Milhares de pessoas esclarecidas. 

Alentador!



sábado, 7 de maio de 2016

Seminário de prevenção do suicídio na Universidade Estadual do Piauí (Uespi)

Palavras iniciais necessárias

Temos republicado notícias sobre muitos eventos sobre prevenção do suicídio no Piauí. É louvável a reação dos piauienses ao aumento dos índices de suicídio em seu estado. Que estas iniciativas sejam copiadas por todo o país!

Uespi promove seminário voltado à prevenção do suicídio

Discussão sobre perda e morte também será discutido no I Seminário de Tanatologia da Uespi

A Pró-Reitoria de Extensão, Assuntos Estudantis e Comunitários da Universidade Estadual do Piauí e o curso de Psicologia da IES finalizaram nesta quarta-feira (4), o projeto de extensão do I Seminário de Tanatologia da Uespi: Novos Sentidos às Perdas e à Morte. A execução do projeto será no próximo dia 19 de maio na Uespi, campus Torquato Neto, proporcionando a discussão sobre a prevenção do suicídio e socialização de habilidades no manejo de situações de perda e morte em ambientes escolares, por exemplo. O evento conta com a parceria da Comissão de Tanatologia do Conselho Regional de Psicologia (21ª Região).

A abertura está marcada para as 8h30 do próximo dia 19, no Auditório Geratec (Uespi, Torquato Neto). A programação do evento irá até as 18h. No período da manhã serão realizadas mesas-redondas; à tarde as oficinas. Nas mesas-redondas serão discutidas temáticas como Morte e Outras Perdas na Escola; Criança, o Adolescente e a Morte; Profissionais da Educação e Morte; A Prevenção do Suicídio; A Busca de Sentidos da Vida; Valorização à Vida e Novos Sentidos às Perdas e à Morte. Professores do Curso de Psicologia da Uespi e psicólogos da Comissão de Tanatologia do Conselho Regional de Psicologia serão os responsáveis pelas oficinas e mesas-redondas.

“Haverá também uma mesa-redonda onde serão apresentados resultados de três oficinas [sobre prevenção do suicídio, socialização de habilidades no manejo de situações de perda e morte] que foram realizadas no ano de 2015 em parceria com o  Plano Nacional de Formação de Professores (Parfor), em três campi da Uespi: Esperantina, Parnaíba e Piripiri”, disse Raimundo Dutra, pró-reitor de Extensão da Universidade Estadual do Piauí.

As oficinas serão divididas em quatro grupos para o debate dos assuntos: Novos Sentidos às Perdas e à Morte e a Perda na Escola. “Serão quatro grupos discutindo a mesma temática ao mesmo tempo em lugares diferentes do campus Torquato Neto”, acrescentou o professor. As atividades serão divididas entre o Anfiteatro do Centro de Ciências da Natureza (CCN), sala de vídeo e de aula do Centro de Ciências da Educação, Comunicação e Artes (CCECA) e Auditório Geratec.

Patrícia Melo do Monte, professora do curso de Psicologia da Uespi e coordenadora do Seminário falou sobre a importância do evento. “O evento vai ser importante para que possamos socializar os excelentes resultados com as oficinas realizadas nos campi do interior no ano passado. Vamos poder auxiliar os professores a lidarem com situações de perda na escola e de certa forma prevenir dificuldades de aprendizagem que podem ser decorrentes dessas perdas, e fomentar conhecimento e o desenvolvimento de algumas práticas com os participantes do Seminário, no sentido também de viabilizarmos esse trabalho de prevenção no meio social”, destacou Patrícia.

Inscrições

O período de inscrição vai de 9 a 18 de maio. Os interessados em participar do I Seminário de Tanatologia da Uespi podem homologar inscrição na Prex, situada na Uespi, campus Torquato Neto; no Centro Acadêmico de Psicologia (Centro de Ciências da Saúde, localizado no Centro, próximo ao Hospital São Marcos) ou diretamente com a professora Patrícia Melo por meio do telefone  (86) 99976-8720.

Estão sendo ofertadas 200 vagas gratuitas, destinadas à comunidade em geral, alunos de Psicologia, Pedagogia e profissionais da área ou de áreas afins de qualquer instituição. Alunos e professores do ensino médio e fundamental de qualquer instituição pública ou privada também são convidados. Ao final do evento, todos os participantes receberão certificado equivalente a 10 horas-aula.

Uma reação à altura

O Seminário é uma importante iniciativa diante do alarmante cenário local no que se refere ao suicídio, que se tornou um grave problema de saúde pública no Piauí. Em 2006, a Organização Mundial de Saúde informou que Teresina era a cidade com maior índice de suicídios femininos do Brasil, com 4,2 mulheres por 100 mil habitantes.

Já, o Mapa da Violência 2012 – relatório que mostra o perfil da violência contra crianças e adolescentes no Brasil – revela que o Piauí é o estado com o maior crescimento em número de suicídios de crianças e adolescentes na faixa etária de menos de um ano a 19 anos de idade. Mostra também que Teresina ocupa o 1° lugar entre as capitais brasileiras no número de suicídios, levando-se em conta todos os habitantes. Ainda segundo o Mapa, foi registrado no Piauí, de 2000 para 2010, um aumento de 253,7% na taxa de suicídios.

http://capitalteresina.com.br/noticias/saude/uespi-promove-seminario-voltado-a-prevencao-do-suicidio-40696.html

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Tristeza não é depressão... Mais uma reportagem esclarecedora sobre a depressão!

Tristeza não é depressão, depressão é não sentir nada

Não ter reação, não sentir a dor da perda, não sentir nada de nada, apenas uma culpa profunda. Estes podem ser sinais de uma depressão, especialmente se duram muito tempo.

Estes o título e o subtítulo da matéria especial do jornal Observador, de Portugal, sob a batuta da jornalista Vera Novais, publicada ontem, 1° de maio de 2016.

Reproduziremos integralmente a reportagem nas linhas abaixo, em razão de ser muito esclarecedora. Uma ilustração (depressão ontem e hoje) foi por nós traduzida e adaptada.

Tristeza não é depressão, embora a prostração seja um dos estados comuns de quem sofre da doença. Assim, não podemos classificar todas as pessoas tristes como deprimidas, mas nem por isso os números da doença são menos preocupantes – há mais de 350 milhões de pessoas com depressão em todo o mundo, refere a Organização Mundial de Saúde.

A depressão é uma das doenças mais comuns em todo o mundo e uma das principais causas de incapacidade. As faltas ao trabalho, ou a presença não produtiva dos trabalhadores, significam perdas significativas para as empresas. Um impacto económico que chega aos 92 mil milhões de euros na Europa refere a Eutimia – Aliança Europeia Contra a Depressão em Portugal.

Além do prejuízo económico, a doença tem elevados custos humanos: cerca de dois terços das pessoas que sofrem de depressão cometem suicídio, refere a Nature. Só no Reino Unido três quartos das pessoas com depressão nunca chegam a receber diagnóstico ou tratamento.

“O problema é que muitas pessoas acham que a depressão não é uma verdadeira doença, que é uma reação às situações difíceis da vida”, diz ao Observador Ulrich Hegerl, presidente da direção da Aliança Europeia Contra a Depressão. Enquanto as pessoas não perceberem que isto é um problema real, o dinheiro para a investigação nesta área vai faltar, assim como os recursos para tratar as pessoas, afirma o psiquiatra.
“Como agravante, os doentes com depressão não se conseguem fazer ouvir, estão deprimidos, não se manifestam. Não têm esperança e culpam-se a si próprios. ‘Sou culpado. Fiz tudo errado na minha vida. Não mereço que outras pessoas tomem conta de mim. Sou um fardo’, estes são os pensamentos das pessoas com depressão.”
Muitas pessoas pensam que qualquer doença psicológica pode ser chamada de depressão, mas não é nem assim, pois não? O que é realmente a depressão?

Se eu tiver em consulta uma mulher que perdeu o marido, que tem uma doença somática grave, que tem de deixar a casa e que tem problemas com os filhos, é claro que esta mulher estará triste e desesperada, mas isto não é uma depressão.

Para saber se estou perante uma depressão ou não, procuro vários sintomas. Por exemplo, se há uma tendência para sentimentos de culpa. Isto é típico da depressão. Ela não culpa os filhos que não a visitam, mas culpa-se por ser uma má pessoa, por fazer as coisas erradas. Depois, as pessoas dizem que estão cansadas, não no sentido de ensonadas, mas no contrário – estão exaustas, devido a um estado de elevada excitação interior. E as pessoas dizem também que não são capazes de sentir nada, nem mesmo a dor de perder alguém. Em termos técnicos é a “sensação de não sentir nada”. É um estado específico em que não é visível nenhum tipo de sentimentos, nem alegria, nem raiva. É como se estivessem mortos por dentro.

Quando eu falo com uma destas pessoas, com uma depressão profunda, é sempre interessante perceber que durante uma conversa não há quaisquer movimentos ou expressões que seria normal vermos numa conversa com outra pessoa – movimentos para a frente e para trás, por exemplo. Apresentam o mesmo estado emocional o tempo todo.

Claro que precisamos ainda de observar outros sintomas e que estes se mantenham durante duas semanas, para que se cumpram os critérios de diagnóstico da depressão. São eles: estar abatido, ter perturbações na energia – não é falta de energia, mas inibição de energia, que quer dizer que há uma resistência ao movimento ou à fala, que é diferente de estar sonolento -, anedonia (incapacidade de sentir prazer, nem mesmo nas coisas mais felizes) e, claro, distúrbios de processos cerebrais. Pelo menos dois destes sintomas centrais têm de estar presentes durante duas semanas.

Mas há pessoas que, por vezes, se sentem assim durante alguns dias. Estão deprimidas?

Se alguma coisa muito má acontece, pode estar presente durante um período de tempo curto, mas não está presente durante duas semanas. E há outros sintomas que têm de manifestar-se, como problemas em dormir – quase todos os doentes com depressão os têm -, perda de apetite com frequente perda de peso, porque não sentem prazer em comer, problemas de concentração e de memória, o que leva as pessoas a pensarem que têm Alzheimer, sentimento de culpa e desespero.

Quando se tem uma depressão tem-se sempre a sensação que é um estado terrível e que não há escapatória, não se tem a sensação de que é um mau episódio que vai passar e que em poucos dias vai-se estar bem. A sensação de não haver escape, de não haver esperança, leva aos pensamentos sobre como se pode acabar com este estado terrível — aos pensamentos suicidas. É um risco permanente na depressão que as pessoas tenham comportamentos suicidas. A depressão é a maior causa de suicídios em todo o mundo.


Todas as pessoas com depressão têm este tipo de pensamentos?

Mesmo pessoas que não estejam com uma depressão, em momentos mais difíceis da vida, podem ter este tipo de pensamentos. Mas a maior parte das pessoas com depressão têm pensamentos destes [suicidas] e muitas desenvolvem impulsos neste sentido. Muitas assustam-se com estes impulsos e procuram um médico, porque começam a ter medo de se magoarem. Os pensamentos vêm subitamente, como estar perto de uma linha do comboio e pensar em saltar.

Qual a origem da depressão? É genética, ambiental, traumática ou tudo isto?

A definição de depressão é que é uma disfunção da mente e do corpo. Muitos doentes perguntam isso [qual a origem] e eu explico sempre com o exemplo da moeda que tem duas faces. Enquanto ser humano podemos observar a interação social: o que a pessoa está a dizer, qual a história da sua vida, que boas e más experiências teve antes. Neste nível de observação podemos detetar fatores que aumentam o risco de depressão no futuro. Por exemplo, os traumas e abusos nos primeiros anos de vida aumentam o risco de depressão no futuro.

Às vezes encontramos gatilhos para a depressão, como acontecimentos negativos. Às vezes mesmo acontecimentos positivos podem ser um gatilho, como entrar de férias. São as mudanças na constância da vida que podem desencadear a doença. Claro que podemos tratar este lado da moeda com psicoterapia.

Mas a moeda tem sempre outro lado, neste caso, interior – o que se passa no cérebro em termos biológicos. A genética, que influencia o risco de ficar doente, mudanças nos neurotransmissores e nos processos que ainda não foram completamente compreendidos – é muito complexo. Neste caso, pode tratar-se as mudanças nos neurotransmissores com antidepressivos. Não se trata de um tratamento em detrimento de outro, é um uso complementar.




Um dos grupos que vive eventos traumáticos, neste momento, são os refugiados. São um grupo de risco?

As estatísticas disponíveis em relação aos diagnósticos psiquiátricos demonstram que os distúrbios são principalmente afetivos. A prevalência de traumas também é mais elevada do que na população em geral, mas não tão alta como se pensa. Outro ponto é que, se viveram um evento traumático, devem poder ter um momento de segurança e coesão social, porque o tempo ajuda a curar. Devemos permitir-lhes que não tenham uns traumas atrás dos outros, mas que tenham um período de calma e segurança depois do evento traumático terminar. Este é, provavelmente, o fator mais importante para permitir [aos refugiados] ultrapassarem o trauma – o tempo. Há tratamentos para o stress pós-traumático, mas a eficácia não é tão boa quanto gostaríamos. Não existe nenhum comprimido que acabe com o trauma, portanto o tempo é importante. Em relação à depressão há muito bons tratamentos. Mesmo que as pessoas não se deem bem com um medicamento, podemos tentar outro e combiná-lo com psicoterapia.

Qualquer pessoa pode vir a sofrer de depressão?

Se tivermos uma predisposição genética, ou se sofremos um trauma na infância, existe um grande risco de vir a sofrer de depressão. E não precisam ser fatores externos fortes. Vê-se muitos casos que, da noite para o dia, podem passar da depressão para a excitação e, de repente, a euforia passa e volta a depressão. E sem nenhum motivo aparente.

Pode imaginar que, se tiver azar, cai numa depressão. E, depois, a depressão vai à procura dos aspetos mais negativos da vida – todos temos lados mesmo bons na vida – e estes aspetos negativos são ampliados, colocados no centro das atenções e a pessoa não vê mais nada que não estas situações. Claro que a pessoa depois pensa que a depressão é por causa destes eventos negativos, mas a maior parte das vezes não são a razão. Para quem tem problemas muito graves, isso pode ser um gatilho, mas a maior parte das vezes a causa não é evidente.
"Há uma ideia de que a depressão é uma reação a uma situação adversa da vida — o que é compreensível. Não está completamente errado, mas não é absolutamente verdade."
E as crianças pequenas podem ter depressões?

Podem, mas não é muito fácil detetar. Agora sabemos que crianças com menos de 10 anos podem ter depressões – têm medo de ir para a escola, não querem brincar, por exemplo. Depois, o risco de ficarem deprimidos na adolescência aumenta. E mantêm um risco alto durante toda a vida adulta.

Pode prevenir-se a depressão?

Sabe o que o Mark Twain recomendou para prevenir as doenças mentais: “Escolhe os teus pais com cuidado e morre cedo”. Prevenção precoce é difícil, porque ainda não sabemos muito bem como funciona a doença. Se for uma pessoa em risco – se os pais ou irmãos sofrem de depressão -, então deve informar-se sobre a doença, de forma a reconhecê-la e a procurar tratamento precocemente, conhecer o tratamento e quem o providencia. E isto ajuda, claro, a lidar com este problema.

A depressão pode ser tratada só com psicoterapia ou tem sempre de recorrer a medicamentos?

As orientações de tratamento na Alemanha dizem que se deve usar psicoterapia ou medicação nas formas mais moderadas, mas na maior parte dos casos mais graves de depressão é preciso recorrer a antidepressivos.

A maior parte dos países usa antidepressivos como forma de tratamento, já na Alemanha temos muitos psicoterapeutas. Mas enquanto um psicoterapeuta pode tratar 50 pessoas por ano, um psiquiatra trata 500 pessoas com depressão. Os antidepressivos são um tratamento muito bom e para mim, se estiver perante uma pessoa com uma depressão severa, é a minha primeira opção.

Muitos médicos de clínica geral também prescrevem antidepressivos. De facto, em muitos países, a maior parte dos antidepressivos são receitados pelo médico de clínica geral.

Usamos mais antidepressivos do que devíamos?

Não conheço bem a situação em Portugal, mas é verdade que aqui são muito mais usados do que na Alemanha. Não sei qual é a razão: se é excesso de medicação ou se existem menos recursos para a psicoterapia.

Na Alemanha, a relutância em tomar antidepressivos é forte, as pessoas têm medo de ficar dependentes, têm medo das mudanças que ocorrem, não querem tomar químicos – se for um produto natural tomam-no de bom grado, mas são muito céticos em relação aos químicos. Claro que a situação em Espanha e Portugal é diferente, não imprimem tantas emoções negativas em relação à toma de antidepressivos. Mas não conheço bem a situação.


Ainda assim, existe um estigma em relação às consultas com psiquiatras. Como podemos ultrapassar isso?

Com informação, simplesmente com informação. Esta é uma doença do cérebro, não só, mas também. Assim como a epilepsia, não é só uma doença do cérebro, é uma doença que afeta toda a vida. É uma doença que pode atingir todas as pessoas, mas é tratável. Esta é a mensagem-chave desta aliança contra a depressão: há ajuda disponível, os medicamentos não criam dependência, não mudam a personalidade, não são comprimidos da felicidade – se alguém saudável os tomar não vai ficar pedrado nem ter momentos de euforia, pode ter apenas uns efeitos secundários.

Mas vai manter-se o problema de que as doenças mentais ou psiquiátricas, como a depressão, mudam a parte mais íntima e sagrada que temos – nós próprios. O ego, é isto que muda. Não algo de que estejamos distantes, como uma dor física. A depressão muda-nos e isto é assustador para muitas pessoas. Para quem não está doente também pode ser assustador se uma pessoa mudar subitamente: se não rir, se não quiser partilhar a intimidade, se não quiser sair. Não é fácil de perceber a depressão como um problema.

Os doentes aceitam que outras pessoas lhes digam que devem ir ao médico?

Claro que há muitas pessoas que dizem que a depressão é culpa sua, ou que não são doentes psiquiátricos. Mas esta perceção tem mudado nos últimos anos: as pessoas estão mais abertas e mais bem informadas. E quanto mais informação existir, mais fácil é para as pessoas aceitarem.

As pessoas podem ser curadas da depressão ou podem apenas ser tratadas e a doença voltar outra vez?

Se a pessoa tiver uma propensão para a depressão – e se já teve depressão uma vez, tem essa propensão – há probabilidade de ficar doente outra vez. Os riscos de voltar a adoecer, mesmo que já não se imagine que se pode voltar a ficar deprimido, mantêm-se, mas podem ser reduzidos por psicoterapia ou antidepressivos.

E é preciso fazer psicoterapia ou tomar medicamentos para o resto da vida?

Não necessariamente. Algumas pessoas têm um único episódio e não voltam a ter outro até ao final da vida, mesmo sem tratamento específico. Mas a maior parte das pessoas têm mais do que um. Quem tiver dois ou três episódios, tem uma probabilidade elevada de ter mais durante a vida. Neste caso, pode fazer sentido fazer antidepressivos durante vários anos.


A depressão ainda é um problema difícil de aceitar e de lidar e a própria família, amigos ou colegas de trabalho têm dificuldade em entender e ajudar estas pessoas.

Um familiar deve informar-se sobre o que é a depressão: deve ler e deve ter um conhecimento profundo da situação. Em geral, os mediadores comunitários, professores, padres, etc., devem ter um conhecimento básico sobre a doença.

Algumas empresas, por exemplo, têm programas e linhas de orientação para o caso das pessoas que têm problemas com álcool. Há um procedimento implementado para o alcoolismo, mas não há um procedimento para a depressão, apesar de ser uma doença frequente, com custos elevados para a empresa, e ser tratável. E a depressão é mais fácil de tratar do que o alcoolismo. No caso da dependência de álcool há mais conhecimento. No caso da depressão, seria melhor se as pessoas tivessem acesso a tratamento mais cedo, para sair da depressão mais rápido.

Os empregadores deveriam prestar mais atenção a esta doença?

Os patrões sabem que têm muito prejuízo com as pessoas deprimidas, que estão presentes no trabalho, sem produzirem, e que contribuem para o absentismo — é um dos maiores prejuízos das empresas. Podem beneficiar se criarem um ambiente na empresa em que as pessoas com este tipo de doenças não precisam de as esconder, mas pelo contrário podem ser um pouco mais abertas e ser aceites, e se, adicionalmente, tiverem alguns conhecimentos básicos sobre quem pode tratar estas pessoas, como um psiquiatra ou um psicoterapeuta.

Quais os principais objetivos da Aliança Europeia Contra a Depressão?

Eu e o Ricardo Gusmão [Presidente da EUTIMIA – Aliança Europeia Contra a Depressão em Portugal] estabelecemos intervenções diretas nas comunidades em quatro níveis: cooperação com médicos de clínica geral, porque a maior parte das pessoas são tratadas por estes médicos; uma campanha para sensibilizar o público em geral e aumentar os seus conhecimentos; treinar mediadores comunitários, professores, padres, farmacêuticos e outros profissionais de saúde; e apoiar os doentes e familiares, criando grupos de ajuda, disponibilizando informação na internet. As missões são: primeiro, aumentar os cuidados de saúde das pessoas com depressão, e, segundo, prevenir o comportamento suicida. Combinamos estes dois objetivos, que parcialmente se sobrepõem, porque a depressão e os suicídios estão relacionados — existem outras doenças mentais relacionadas com o suicídio, mas a depressão é a principal.

Fonte: http://observador.pt/especiais/tristeza-nao-depressao-depressao-nao-sentir-nada/