domingo, 26 de maio de 2019

Suicídio e o público LGBTI+

Psicólogo fala abertamente sobre o suicídio entre o público LGBTI+

Comecemos da raiz: a primeira coisa que perpassa nossa mente quando nos deparamos com um ser humano que se suicidou, é o seu presumível descontentamento pela vida; a sensação de vazio inexplicável que, inevitavelmente, o transportou para o padecimento melancólico.

Alguns psicanalistas afirmam que o problema advém de uma depressão tão profunda, que chega perfurar a alma e dissipa qualquer esperança que aquele ser poderia ter no amanhã. Tudo isso é muito mais pungente do que uma melancolia niilista e uma ‘falta de sentido na vida’.

No livro Crise suicida, de Neury José Botega, o autor assevera: “Na crise suicida há a exacerbação de uma doença mental existente, ou uma turbulência emocional que, sucedendo um acontecimento doloroso, é vivenciada como um colapso existencial”. Assim, retornando há um passado bem remoto, precisamente em 1895, Freud já preceituava um esboço do que seria esse padecimento melancólico supratranscrito. Em suma, há uma perda total da vida pulsional do sujeito. Utiliza-se assim, a expressão ‘ferida aberta’, para caracterizar o luto e a melancolia.

Nesse sentido, é preciso ser diligente ao tratar deste assunto. As doenças da alma são sempre vistas como triviais, quando na verdade podem ser fatais.

(...)

O suicídio no campo intersubjetivo

– Segundo Botega, a avaliação do risco do suicídio só pode ser concretizada se, antes de qualquer coisa, percebemos que a pessoa diante de nós poderá se matar. Isso é perturbador para todos os profissionais da saúde. Para alguns, beira o aterrorizante.

Saindo um pouco da esfera filosófica e adentrando um campo mais científico, existem várias especificidades e contextos que podem acentuar essa ‘tendência ao suicídio’. Fatores sociais, empíricos, dificuldade de autoaceitação, orientação sexual. Desse modo, quanto tratamos especialmente de LGBTI+, delineamos uma realidade muito delicada, marcada por preconceitos e conflitos.

Muitos LGBTs são rechaçados de casa; tornam-se motivo de zombaria no trabalho e nas ruas, lidam com situações conflitantes, religiosas e até homofobia interna: a famosa ‘vergonha de si mesmo’. Um caso notório e recente, foi de um menino de 15 anos que sofria bullying homofóbico na escola em Huntsville, no Alabama e se suicidou, no último dia 19 de abril. A dor psicológica é individual, mas o suicídio é sempre uma dor plural. Assim, o suicídio é, por excelência, um sofrimento que permanece vivo. Dito isso, não dá para tratar essa assunto como brincadeira ou fase, mas sim com o máximo de escrúpulo e seriedade.

Perguntas

Ante o exposto, conversamos com o psicólogo Felipe Gonçalves, psicoterapeuta pessoal e de casais. Ele está se especializando em Direito homoafetivo e de gênero. Fizemos a ele algumas perguntas pertinentes sobre a temática. O intento é aclarar esse assunto que, infelizmente, ainda é tratado como tabu e permanece submerso.

Em relação ao Brasil dá os primeiros passos acerca da prevenção do suicídio, foi perguntado se Felipe já atendeu muitos LGBts que passam por este dilema.
”Atuo como psicólogo clínico com foco nas questões da sexualidade e da população LGBT, sendo também consultor em diversidades, numa empresa que presta serviços para área educacional e corporativa.  Nos mais variados ambientes, LGBTs ainda enfrentam preconceitos e dificuldades na garantia dos seus direitos humanos básicos. Quando buscam e aderem à psicoterapia, ao longo do processo relatam o desamparo vivido na família, na escola e religião, as inúmeras barreiras no acesso ao mercado de trabalho, enfim, na sociedade como um todo. É quase impossível ser LGBT e não internalizar todas essas mensagens negativas impostas socialmente desde a mais tenra infância. Em meios às lutas, também precisamos elaborar os lutos”.
Assim, acerca de qual seria o maior propulsor do suicídio em LGBTS, Felipe foi enfático: 
“O preconceito contra pessoas LGBTs é algo estrutural em nossa sociedade. A família representa, na maioria das vezes, o primeiro e núcleo de socialização do sujeito. É na família, sejam quais forem os arranjos existentes, que podemos vivenciar experiências de amor, de proteção e cuidado, como também experiências de abandono, desamor e rejeição. A escola também colabora reproduzindo os modelos impostos na sociedade, através da normatividade dos corpos e vivências. A religião também pode contribuir significativamente para a manutenção das crenças de normatividades das identidades de gêneros e/ou orientações afetivo-sexuais. Esses fatores inter-relacionados podem contribuir significativamente desde a ideação suicida ao suicídio”.
Saúde Pública

Mais enfaticamente na década de 1990, considerou-se o suicídio como um problema a ser enfrentado também no âmbito da saúde pública.  Em relação a políticas públicas com ênfase na prevenção do suicídio, Felipe acredita que seria uma medida extremamente importante: 
“As políticas públicas afirmativas para a população LGBT são extremamente importantes para garantia dos direitos e equidade social com os demais grupos. Precisamos convidar as famílias, a escola e a religião para esse debate, possibilitando espaço de escuta, acolhimento e pertencimento. Precisamos rediscutir os modelos de masculinidades tóxicas em nossa sociedade. A vivência dessas masculinidades é um dos fatores que colaboram para o comportamento suicida em homens, pois desde pequenos, são ensinados a não expressarem suas emoções, na famosa crença de “homem não chora”, e portanto, não lida com suas emoções, dificultando a construção de redes de apoio”.
Ademais, segundo livro ‘Crise suicida’, de Neury José Botega. “O comportamento suicida é todo ato pelo qual um indivíduo causa lesão a si mesmo, a partir do pensamento de autodestruição. Faz isso por meio de ameaças, gestos, tentativa e, por fim, o suicídio”. Dito isso, Felipe foi indagado sobre como identificar quando um paciente apresenta esta ‘tendência ao suicídio’. Ele respondeu: 
“O comportamento suicida caracteriza-se desde a ideação suicida, passando pelo planejamento, tentativa de suicídio e propriamente o suicídio consumado. Existem diversos mitos relacionados ao suicídio que são mantidos em nossa sociedade, o que dificulta na prevenção no cuidado. Os sinais de alertas podem ocorrer tanto através dos comportamentos verbais, como também dos não verbais. O indivíduo pode manifestar, por exemplo, nostalgia e falta de planos, dificuldade em lidar com a esperança, humor depressivo, desapego aos objetos pessoais significativos, isolamento social, comportamentos autodestrutivos, entre outros sinais significativamente relevantes”.
‘Cura gay’

Por fim, sobre o projeto ‘cura gay’ corroborar no aumento da incidência de suicídio em LGBTs, o especialista respondeu: 
“Sim, colaborariam para a incidência de suicídio entre LGBTs.

Primeiramente, não há cura para o que não é doença. Lutamos há anos para despatologização da homossexualidade e das identidades trans. Esses projetos conservadores corroboram no aumento do sofrimento das pessoas LGBTs, o que pode contribuir ainda mais para o comportamento suicida.
A resolução do Conselho Federal de Psicologia n. 1/99 de 22 de março de 1999, diz:
 “Art. 3° – os psicólogos não exercerão qualquer ação que favoreça a patologização de comportamentos ou práticas homoeróticas, nem adotarão ação coercitiva tendente a orientar homossexuais para tratamentos não solicitados.
Parágrafo único – Os psicólogos não colaborarão com eventos e serviços que proponham tratamento e cura das homossexualidades.” Essas são as normas e condutas que profissionais da Psicologia precisam adotar na atuação ética profissional”.
Fonte: https://observatoriog.bol.uol.com.br/destaque/2019/05/suicidio-psicologo-fala-abertamente-sobre-o-suicidio-entre-o-publico-lgbti

quarta-feira, 15 de maio de 2019

Importante alerta do jornalista Kaio Lombardi!

Avicii: uma vida abreviada e um pedido de socorro em meio a música

Kaio Lombardi (14 maio 2019)

Olá Brasil!

Sem meias palavras, direto ao assunto, pois o LatinPop Brasil também é utilidade pública!

Em 20 de Abril do ano passado, o DJ Avicii cometeu suicídio na cidade de Mascate, em Omã.

Avicii era um jovem como eu, com apenas um ano de diferença, ele enfrentava problemas com o consumo excessivo de álcool, e se afastou dos palcos em 2016 para buscar um pouco de “paz”. O comunicado de sua família afirmava que o músico já não tinha “forças” para lutar e só buscava “paz”. Ele já estava demonstrando um comportamento de alguém que poderia tirar sua própria vida.


Recentemente foi lançada a música S.O.S, que foi o lead-single do seu álbum póstumo chamado Tim, onde os fundos arrecadados com as vendas serão direcionados para a fundação que possui o seu nome de batismo “Tim Bergling Foundation”, em prol das pessoas que trabalham na área da saúde, em especial, na prevenção do suicídio.

Bom, são essas informações que vocês precisavam pra entender o que gostaria de dizer.

A letra da canção S.O.S já estava preparada antes de ocorrer o suicídio do artista.

Vamos dar uma conferida?

“Você pode me ouvir? S.O.S
Ajude-me a relaxar minha mente
Duas vezes sóbrio, mas novamente me rendo
Dois quilos de erva e um saco de pó

Eu posso sentir seu amor
Me puxando do subterrâneo, e
Eu não preciso das minhas drogas
Nós poderíamos ser mais que só amantes de meio período
Eu posso sentir seu toque
Me tirando do subterrâneo, e
Eu não preciso das minhas drogas
Nós poderíamos ser mais que só amantes de meio período

Nós poderíamos ser mais que só amantes de meio período
Nós poderíamos ser mais que só amantes de meio período

Todo o meu sono é roubado
Quando meus pensamentos começam a sangrar
Eu deixaria ir, mas não sei como
Sim, eu não sei como, mas preciso aprender agora

Você pode me ouvir? S.O.S
Ajude-me a relaxar minha mente”

Até aqui são informações e dados oficiais.

Hoje mais cedo parei pra escutar com mais atenção, e refletir sobre a letra.

Avicii precisava de AJUDA. Começamos pelo título da música, um pedido de S.O.S, em seguida ele menciona ter uma recaída nas drogas, diz que sente dificuldades pra dormir e repete que “não precisa de suas drogas”. No final ele deixa claro “VOCÊ PODE ME OUVIR? S.O.S, AJUDE A RELAXAR MINHA MENTE”.

Ele escreveu essa canção no período de reclusão, onde já estava buscando se recuperar de todos os problemas que ocasionaram o seu afastamento dos palcos.

Fico pensando, e se alguém tivesse lido essa letra antes dele tirar a vida? Será que tentaram ajudar? Será que viram e acharam que era apenas “mais uma letra de um jovem usuário de drogas que estava sob efeito”? Será que compor essa letra foi uma saída pra desafogar a dor que sentia depois de tanto tentar ser ouvido por alguém?

Nunca vamos saber essas coisas, o que sabemos é que infelizmente, ele tirou sua própria vida.

Cheguei até aqui pra dizer: será que estamos prestando atenção nas pessoas ao nosso redor? Será que o olhar, os gestos, as atitudes, as publicações em redes sociais, por menos explícitas que sejam, talvez possam ser um silencioso pedido de SOCORRO?

Talvez se alguém tivesse entendido um pouco além, Avicii não teria cometido suicídio, depois dessa letra, eu senti a solidão dele.

E vocês? Estão realmente atentos ou acham que os seus amigos são dramáticos, exagerados que só reclamam é pura frescura, falta de ocupação, de religião, de ter um relacionamento? Ou vocês entendem que eles possam estar em um quadro grave de depressão onde o pedido de socorro as vezes vem da forma que mais te incomoda: reclamando, murmurando, nada tá bom?

Vamos cuidar mais e julgar menos.

Ouça, tudo bem não estar tudo bem, seja um bom ouvinte. Ninguém quer que um amigo resolva seu problema, muitas das vezes ele só quer ser escutado e ouvir no final “Vai ficar tudo bem”.

Cuidem bem dos seus amigos, por favor.

Eu poderia ter sido um Avicii, assim como qualquer outra pessoa.

Da mesma forma que eu coloquei o meu sentimento sobre tudo isso em forma de texto, ele colocou na letra de uma música. A minha expectativa é que vocês leiam e repassem a mensagem, a dele, talvez era apenas ser compreendido.

Não precisa ser especialista pra falar de prevenção ao suicídio, basta ser HUMANO.

Se você se importa com o próximo, compartilhe esse texto, todo esforço, mesmo que pequeno é válido pra ajudar quem precisa.

Se você conhece alguém que está lutando contra algum problema relacionado ao que foi mencionado no texto, deixo aqui alguns telefones úteis:

CVV: https://www.cvv.org.br/ Telefone: 188

Alcoólicos Anônimos: https://www.aa.org.br/ Linha de ajuda: 55 11 3315-9333

Narcóticos Anônimos: https://www.na.org.br/ Linha de Ajuda acesse AQUI de acordo com sua região.

Neuróticos Anônimos: http://neuroticosanonimos.org.br/ (11) 3228.2042

MADA (Mulheres que amam demais Anônimas): https://grupomadabrasil.com.br/

CAPS (Centro de apoio psico-social): Clique AQUI para ver a lista.

Por hoje é só. Repassem, você poderá ajudar alguém!

terça-feira, 7 de maio de 2019

O que eu sei sobre depressão é suficiente para ajudar alguém em crise suicida?

Não, isto não é um teste sobre o que você sabe sobre depressão e risco suicida.

O meu público é vasto e parte dele não é de profissionais de saúde. Eu mesmo não sou desta área.

A ideia é, somente, levantar o que seria o mínimo de conhecimento necessário para ajudarmos as pessoas que suspeitamos encontrar-se às voltas com a depressão.

Na figura ao lado há informações do tipo "ampla e geral" sobre a depressão. Elas não atingem o cerne do Distúrbio depressivo maior (DDM) ou transtorno depressivo maior. Ou simplesmente, depressão.

No site Como sair da depressão há informações de melhor qualidade, como estas:

O que preciso de saber sobre a depressão?
  • Você não pode curar outra pessoa com depressão profunda/clínica.
  • Há altos e baixos na recuperação da depressão.
     
  • Não diga a uma pessoa com depressão que “você entende.” A menos que você tenha passado por depressão nalguma fase da sua vida.
     
  • A recuperação da depressão não é apenas uma questão de tomar a medicação e ir a terapia. O tratamento envolve uma série de mudanças fundamentais em uma pessoa.
Informações como estas nos ajuda na condição de cuidador, mesmo que provisório, de uma pessoa deprimida (ou com algum outro transtorno). 

A melhor estratégia, quando não somos da área da saúde, é mesmo conduzir a pessoa a um profissional.

Enquanto isso não seja possível  (ou em paralelo) nosso dever é o de acolher e mostrar à pessoa o quanto ela é importante (a ponto de estarmos ocupados em cuidar dela!).

Se for tão somente uma tristeza passageira, o acolhimento trará o alívio necessário para a pessoa seguir adiante... Do contrário, ela estará sob os cuidados de um profissional que saberá lidar com a situação.

O que não devemos, nunca, é deixar a pessoa entregue aos seus próprios recursos (parcos ou nenhum!).

Política para Prevenção da Automutilação e do Suicídio começa a ser acolhida

CFM e ABP comemoram Política para Prevenção da Automutilação e do Suicídio 

2 de Maio de 2019

O Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) comemoram a publicação da Política Nacional de Prevenção da Automutilação e do Suicídio. Instituída pela Lei Nº 13.819/2019, ela foi publicada essa semana no Diário Oficial da União (DOU) e é consonante ao movimento empreendido por essas entidades médicas – e outras como a Asociación Psiquiátrica de América Latina (APAL) – com o objetivo de prevenir e reduzir os números relativos ao tema no País.

Para se ter uma ideia, entre 2007 e 2016, foram registradas 106.374 mortes por suicídio no Brasil, de acordo com levantamento do Ministério da Saúde, divulgado em setembro do ano passado. No período analisado, constatou-se um aumento de 16,8% no total de ocorrências. Entre homens, o aumento chegou a 28%. O suicídio é, hoje, a quarta causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos no Brasil.

De acordo com dados do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), os casos de suicídio entre as populações indígenas no Brasil cresceram 20% entre 2016 e 2017. A entidade mapeou 106 de índios que tiraram a própria vida em 2016, e 128 em 2017. Os jovens entre 15 e 29 anos são as principais vítimas.

Em dados gerais, a maior taxa de mortes por suicídio a cada 100 mil habitantes é entre as populações indígenas – 15,2 casos por 100 mil habitantes.

Conscientização – Para reverter esse quadro alarmante, foi criado o movimento mundial CFM/ABP Setembro Amarelo, campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio. No âmbito desse trabalho, desde 2014, as entidades parceiras desenvolvem uma série de ações na perspectiva de que é possível prevenir esse problema. Durante todo o mês de setembro são divulgados, tanto pelo CFM quanto pela ABP, informações que podem ajudar a sociedade a desmistificar a cultura e o tabu em torno do tema, além de auxiliar os médicos a identificar, tratar e instruir seus pacientes. O site http://www.setembroamarelo.com foi desenvolvido para centralizar a divulgação das ações da campanha.

Segundo a ABP, quase 100% dos casos de suicídio estavam relacionados a transtornos mentais. Em primeiro lugar está a depressão, seguida do transtorno bipolar e abuso de substâncias. Visando contribuir para a redução desses números alarmantes, a campanha Setembro Amarelo busca conscientizar a população acerca da importância da identificação e tratamento corretos das doenças mentais, o que traria um impacto direto na redução das mortes por suicídio.

"Essa é mais uma conquista fruto das estratégias do CFM em relação a esse importante tema de saúde pública. A Campanha do Setembro Amarelo é uma das iniciativas mais notórias e tradicionais nesse sentido", comenta o 3º vice-presidente do CFM, Emmanuel Fortes.

O coordenador da Câmara Técnica de Psiquiatria do CFM, Salomão Rodrigues Filho, ressalta que, como parte desse esforço do CFM/ABP, foi disponibilizada a cartilha "Suicídio: informando para prevenir", destinado aos profissionais da saúde.

O documento é um dos mais procurados por interessados em se mobilizar contra o suicídio e "representa mais uma das frentes pelo enfrentamento desse grave problema de saúde pública, que acreditamos que pode ser prevenido desde que os profissionais de saúde, de todos os níveis de atenção, estejam aptos a reconhecer os seus fatores de risco", diz Filho.

Para Fortes, "a Lei é uma conquista da parceria CFM/ABP que vai ajudar a construir estatísticas fidedignas que possibilitem a prevenção e ajudem a enfrentar o problema". Ele assegura ainda que "o engajamento do Coordenador Nacional da Campanha Setembro Amarelo, Antônio Geraldo da Silva, e do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos foram fundamentais para que essa demanda fosse levada a efeito".

Para o Coordenador Nacional da Campanha Setembro Amarelo, Antônio Geraldo da Silva, a aprovação da Lei merece ser comemorada: "A aprovação dessa Lei trouxe esperança de dias melhores para a saúde mental no Brasil a todos os que trabalham diariamente pela prevenção ao suicídio. A Campanha Setembro Amarelo ABP/CFM existe o ano inteiro, no Brasil e no exterior e ansiávamos por essa vitória. Cuidar da saúde mental é prevenir suicídio e ter uma Lei Federal que determine isso é muito importante".

Conheça a Lei – A Lei Nº 13.819/2019 foi publicada na edição desta segunda-feira (29/4) do Diário Oficial da União. O texto – que institui a Política Nacional de Prevenção da Automutilação e do Suicídio – estabelece uma série de medidas que busca reduzir os casos de violência autoprovocada, assim como as tentativas de suicídio, os suicídios consumados e os atos de automutilação.

O documento estabelece que os estabelecimentos de saúde, tanto públicos quanto privados, notifiquem casos as autoridades sanitárias. Os estabelecimentos de ensino, por sua vez, ficam encarregados de notificar aos conselhos tutelares toda suspeita ou ocorrência confirmada envolvendo qualquer tipo de violência autoprovocada.

A medida do Governo Federal tem como objetivo a atualização do sistema nacional de registros detectados nos estados e municípios, para que o País possa ter dimensão da incidência de casos de automutilação e suicídio.

A Lei prevê ainda a criação de um canal telefônico para atender pessoas que estejam passando por algum sofrimento psíquico. O serviço será prestado de forma gratuita e sigilosa, por profissionais com qualificação adequada. A esse respeito, Antônio Geraldo ressalta que "a ABP, APAL e CFM farão o treinamento gratuito totalmente baseado em bases científicas dos profissionais do canal telefônico, um trabalho voluntário endereçado à boa saúde mental da população".

A criação da Política Nacional de Prevenção da Automutilação e do Suicídio tem como objetivo promover a saúde mental, prevenir a violência autoprovocada, controlar os fatores determinantes e condicionantes da saúde mental e garantir o acesso à atenção psicossocial. Outros resultados esperados são abordar adequadamente os familiares e pessoas próximas das vítimas e garantir-lhe assistência psicossocial, informar e sensibilizar a sociedade sobre a importância e relevância do tema, além de promover a prevenção da automutilação e do suicídio junto às entidades de saúde, educação, comunicação, imprensa, polícia, entre outras.

O Ministério da Família e dos Direitos Humanos coordenará a execução das ações, por meio do Grupo de Trabalho criado especificamente para esse fim. O objetivo do CFM e da ABP agora é unir forças e "atuar efetivamente na regulamentação desta lei junto ao Governo Federal", conforme explica Antônio Geraldo.

Saiba mais

Conheça o site da Campanha Setembro Amarelo:
www.setembroamarelo.com/

Acesse a íntegra da Lei 13.819/2019:
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/Lei/L13819.htm

Acesse a cartilha "Suicídio: informando para prevenir":
www.flip3d.com.br/web/temp_site/edicao-0e4a2c65bdaddd66a53422d93daebe68.pdf

Fonte: https://portal.cfm.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=28196:2019-05-02-19-14-51&catid=3

sábado, 4 de maio de 2019

Prevenção do suicídio "ao vivo" e "em sala de aula"... O desafio dos professores em salvar vidas.

Importante matéria  sobre as possibilidades dos professores se tornarem sentinelas em face dos problemas que tem afetado seus alunos - muitos deles à voltas com a ideação suicida.

A capacidade do professor em perceber que alguém está prestes a cometer suicídio

Isabelle Barone (3 maio 2019)

Entrevista com Elizabeth Guedes, presidente da Associação Nacional das Universidades Particulares (Anup) com destaque para a importância de se trabalhar nas universidades questões como "resiliência, sensibilidade e bullying".

Para ler mais: www.gazetadopovo.com.br/educacao/a-responsabilidade-do-professor-em-perceber-que-alguem-esta-prestes-a-cometer-suicidio/

sexta-feira, 3 de maio de 2019

Artigo de Amy Barnhorst, no NYT, alerta sobre complexidades e falhas na prevenção do suicídio


A promessa vazia da prevenção do suicídio

2 maio 2019. Publicado originalmente no The New York Times

"Se o suicídio é evitável, por que há tanta gente morrendo assim? É o décimo fator mais comum de óbito nos EUA, e os números não param de subir."

Amy Barnhorst é vice-diretora da cadeira de psiquiatria comunitária da Universidade da Califórnia, em Davis.

Leia mais em: www.gazetadopovo.com.br/opiniao/artigos/a-promessa-vazia-da-prevencao-do-suicidio/




Não é piada: o Whindersson Nunes está mesmo com depressão! E depressão é coisa séria.

O jornal digital Nexo publicou, com o título A depressão de Whindersson Nunes. E o que é o transtorno, a matéria que transcreveremos alguns parágrafos, abaixo.

Em sua conta no Twitter, o humorista se diz angustiado e triste há anos e levanta um debate sobre depressão, doença que não é apenas um 'desequilíbrio químico do cérebro'

Link para matéria: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2019/04/24/A-depress%C3%A3o-de-Whindersson-Nunes.-E-o-que-%C3%A9-o-transtorno

© 2019 | Todos os direitos deste material são reservados ao NEXO JORNAL LTDA., conforme a Lei nº 9.610/98. A sua publicação, redistribuição, transmissão e reescrita sem autorização prévia é proibida.
A depressão de Whindersson Nunes. E o que é o transtorno André Cabette Fábio 24 Abr 2019 (atualizado 24/Abr 19h58) Em sua conta no Twitter, o humorista se diz angustiado e triste há anos e levanta um debate sobre depressão, doença que não é apenas um 'desequilíbrio químico do cérebro'

Link para matéria: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2019/04/24/A-depress%C3%A3o-de-Whindersson-Nunes.-E-o-que-%C3%A9-o-transtorno

© 2019 | Todos os direitos deste material são reservados ao NEXO JORNAL LTDA., conforme a Lei nº 9.610/98. A sua publicação, redistribuição, transmissão e reescrita sem autorização prévia é proibida.

André Cabette Fábio (24 abril 2019)

Com um séquito de 34 milhões de pessoas em sua conta no YouTube, o humorista Whindersson Nunes é um dos influenciadores digitais de maior sucesso do Brasil. Ele ficou conhecido por suas tiradas de humor nas redes sociais e dá shows pelo país inteiro.

No dia 12 de abril de 2019, afirmou, por meio de sua conta no Twitter, que “apesar de tudo de bom que vem acontecendo comigo, com tudo que já conquistei, eu me sinto há alguns anos triste”. “Eu sinto uma angústia todos os dias, todos os dias, algumas risadas, algumas brincadeiras e depois lá estou eu de novo com esse sentimento ruim.”


Para ler a matéria completa, acesse aqui.

Fonte: www.nexojornal.com.br/expresso/2019/04/24/A-depress%C3%A3o-de-Whindersson-Nunes.-E-o-que-%C3%A9-o-transtorno

quarta-feira, 1 de maio de 2019

A "Política Nacional de Prevenção da Automutilação e do Suicídio" é sancionada, mas a cobertura jornalística sobre é pífia...

Há um constrangedor silêncio sobre a sancionada "Política Nacional de Prevenção da Automutilação e do Suicídio", publicada no Diário Oficial da União no dia 29 de abril (segunda-feira).

Trata-se da lei n. 13.819/19.

Transcrevemos abaixo o que foi noticiado no site Migalhas, tradicional jornal virtual do mundo jurídico.
De acordo com a norma, a política deverá ser implementada pelos entes federativos e tem como objetivos a promoção da saúde mental, a prevenção da violência autoprovocada, a garantia de acesso à atenção psicossocial das pessoas em sofrimento psíquico agudo ou crônico, entre outros.

A lei define como formas de violência autoprovocada o suicídio consumado, a tentativa de suicídio e os atos de automutilação, provocados com ou sem intenção suicida.

A norma determina que estabelecimentos de saúde públicos e privados deverão notificar de forma compulsória, às autoridades sanitárias e ao conselho tutelar, os casos suspeitos ou confirmados de violência autoprovocada.

A lei 13.819/19 é originária do PL 10.331/18, de autoria do ex-deputado Federal e atual ministro da Cidadania Osmar Terra. O texto foi aprovado pelo plenário do Senado no último dia 3 de abril, sob o nome PL 1.902/19.

Durante a votação da matéria, o autor do parecer na CCJ do Senado, senador Marcos Rogério, afirmou que, em virtude de estímulos existentes da internet, as práticas de automutilação têm crescido nos últimos anos. O relator afirmou ainda que o texto está em consonância com portaria do ministério da Saúde sobre o tema.

A lei 13.819/19 entra em vigor 90 dias após sua publicação.
A pergunta que se faz é se a referida norma está aquém do que o desejado.

Para responder a esta questão é importante lermos o que está dito no artigo Suicídio: saindo da sombra em direção a um Plano Nacional de Prevenção, de autoria de Neury José Botega, do Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria, Faculdade de Ciências Médicas, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

É possível que da ideia original do "plano nacional de prevenção do suicídio" pouco tenha restado.

Aguardemos os especialistas dizerem algo. Por ora, o silêncio constrange!

Estudos sobre a primeira temporada da série "Os 13 porquês" apontam para aumento no número de suicídios entre adolescentes

Suicídio entre jovens teve pico após lançamento de série, diz estudo

Logo depois da estreia de 'Os 13 porquês' houve aumento de 30% dos casos entre 10 e 17 anos; autora de livro sobre tema diz que assunto requer cuidado

Giovanna Borielo* (1 maio 2019)

Um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa do Hospital Infantil Nationwide, nos Estados Unidos, afirmou que a taxa de suicídio entre adolescentes com idade de 10 a 17 anos aumentou após o lançamento da primeira temporada da série da plataforma de streaming Netflix, 'Os 13 porquês'.

A pesquisa, publicada na última sexta-feira (26) na revista científica norte-americana Journal of American Academy of Child and Adolescent Psychiatry, analisou as taxas de suicídio entre pessoas de 10 a 64 anos de idade no período de 1º de janeiro de 2013, antes da estreia da série, a 31 de dezembro de 2017, depois de seu lançamento.

De acordo com o estudo, nos três meses seguintes à estreia de 'Os 13 porquês', a taxa de suicídio entre meninos adolescentes de 10 a 17 anos aumentou. Segundo publicado no jornal norte-americano The New York Times, houve um aumento de 30% nas ocorrências. Já nas demais faixas etárias, os níveis de suicídio continuaram os mesmos, sem diferença entre os sexos.

Ao jornal, uma das autoras do estudo, a cientista do Instituto Nacional de Saúde Mental Lisa Horowitz afirmou que mulheres de todas as idades têm três vezes mais chance de tentar o suicídio, mas homens têm quatro vezes mais risco de cometê-lo.

Porém, outro estudo, realizado pela Universidade de Viena, na Áustria, e Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, publicado no último dia 25 na revista científica norte-americana Social Science & Medicine, afirmou que jovens adultos, com idades entre 18 e 29 anos, que terminaram de assistir à segunda temporada da série, lançada em maio de 2018, tiveram menos pensamentos suicídas e manifestaram maior interesse em ajudar pessoas com esse comportamento quando comparadas àquelas que pararam de assistir ao seriado.

Cleisla Garcia, repórter especial do Jornal da Record, da Record TV, e autora do livro Sobre Viver (Benvirá, 2018), livro-reportagem que aprofunda os dados e casos de suicídio, ressalta que, após a série da plataforma de streaming e os casos do jogo "Baleia Azul", houve um crescimento na onda de suicídios no Brasil e no mundo. Porém, a jornalista afirma que o seriado teve um aspecto positivo: o de retirar o assunto do suicídio do campo do preconceito.

Para ela, é preciso falar sobre suicídio, mas é preciso saber como falar. "É preciso abordar o assunto sem que sejam descritos métodos e não chamar a pessoa que tentou o suicídio de suicida, pois ela não possui fatores determinantes de suicídio desde que nasceu, mas se tornou uma pessoa vulnerável", explica.

Na série, as recomendações de órgãos internacionais e de cartilhas de prevenção ao suicídio não foram seguidas, pois mostraram de maneira explícita o método utilizado e culpabilizaram pessoas.

De acordo com a Cartilha de Prevenção ao Suicídio do CVV (Centro de Valorização à Vida), entre as pessoas que possuem maior vulnerabilidade ao suicídio estão aquelas que já tentaram previamente, pessoas com transtornos mentais, como depressão, ansiedade e transtorno bipolar, pessoas com sentimentos de desesperança e impulsividade, jovens e idosos, por conta do sentimento de solidão, pessoas com doenças degenerativas e com sentimento de que estão dando trabalho à família, homens, histórico familiar e genético e outras doenças, como câncer e HIV.

A jornalista aponta que os números de suicídio entre os jovens vem aumentando, pois se trata de uma fase de um turbilhão de mudanças, na qual há busca de aprovação perante à sociedade, além de existir um comportamento de grande impulsividade.

"Uma coisa que aprendi com os médicos enquanto estava escrevendo o livro é de que os pais não devem desafiar o jovem quando há a situação em que, no meio de uma briga, o adolescente fala que vai se matar e o adulto fala 'Então vai', porque os pais acham que o jovem está blefando, mas, dependendo da situação em que ele se encontra, ele comete o suicídio, porque eles agem diante do impulso", explica Cleisla.

Para prevenção do suicídio, o CVV oferece atendimento gratuito por meio do telefone 188 ou por meio do site (www.cvv.org.br).

Suicídio aumentou entre jovens brasileiros

Um estudo divulgado recentemente por pesquisadores do Instituto de Psiquiatria da Unifesp (Universidade Federal do Estado de São Paulo) mostrou que entre 2006 e 2015 a taxa de suicídio entre adolescentes de grandes cidades (São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Salvador e Recife) aumentou cerca de 24%, e no Brasil, 13%. De acordo com a pesquisa, a maior taxa de ocorrências foi entre meninos adolescentes entre 15 e 19 anos.

A pesquisa, que utilizou informações do Datasus, do IBGE e do Banco Central do Brasil, sugere que indicadores socioeconômicos, como o desemprego e a desigualdade social seriam fatores determinantes para a elevação de suicídios entre esses jovens.

De acordo com a pesquisa, a taxa de suicídio é maior no sexo masculino, quando comparada às mulheres. Isso se explicaria aos fatores de risco e exposição aos quais os homens são submetidos, como impulsividade, agressividade consigo mesmos e seus parentes, uso de substâncias para lidar com seus problemas e uso de métodos mais letais ao tentar o suicídio.

"O que mais chama a atenção não é que os índices aumentaram a ponto de falarmos em uma epidemia. Mas, na faixa etária de 12 a 20 anos, esse número tem crescido, que é justamente uma fase da vida em que as pessoas estão planejando viver. Então, o que mais impressiona é o que os especialistas chamam de 'inversão da curva da felicidade'", afirma Cleisla.

*Giovanna Borielo é estagiária do R7 e escreveu esta matéria sob supervisão de Deborah Giannini

Fonte: https://noticias.r7.com/saude/suicidio-entre-jovens-teve-pico-apos-lancamento-de-serie-diz-estudo-01052019