terça-feira, 25 de outubro de 2011

Livro sobre prevenção do suicídio, assistência e gestão em saúde pública

A Editora Insular, de Florianópolis lançou uma importante obra sobre prevenção do suicídio, de autoria de Alan Índio Serrano, Médico Especialista em Psiquiatria, Mestre em Psicologia e PHD.

Como se aborda uma crise que tende à morte autoprovocada? Há técnicas de negociação e de salvamento úteis aos técnicos do SAMU, bombeiros, policiais e equipes de saúde em geral?

O pessoal que telefona ao Centro de Valorização da Vida (CVV) seria o mesmo que chega carregado ao pronto-socorro?

Como os médicos e enfermeiros enfrentarão uma emergência envolvendo auto-envenenamento? Quais as rotinas mais comuns em prontos-socorros?

Como, e a que ponto, as equipes de saúde da família dão conta de tais pacientes? Qual o papel dos agentes de saúde diante deles e de seus familiares? Quando eles são encaminhados aos especialistas em saúde mental? Quais são as condutas mais práticas?

Há como prevenir a violência autodirigida? O que as escolas, os jornalistas e os funcionários do Sistema Único de Saúde podem fazer? Que riscos haverão, se a comunidade for mal envolvida no tema?

Que técnicas psicoterápicas básicas os psiquiatras e os psicólogos pode usar diante de um paciente autodestrutivo? De que remédios o SUS dispõe, úteis para estes casos?

Por que os estados sulinos têm taxas tão altas? Pode-se aprender com as experiências dos gaúchos e dos catarinenses? Como o Brasil poderia melhorar a qualidade de seus registros? Quais as bases de uma epidemiologia etnográfica? Ela pode se assentar nos clássicos da sociologia do suicídio?

Como preparar e gerir serviços municipais, capacitando-os a enfrentar tais problemas? Como cuidar de quem cuida de pacientes difíceis? A que perigos os cuidadores estão expostos?

O que os planos municipais e estaduais de saúde devem conter para ajudar na prevenção do suicídio e no seu socorro?

Respostas a isto e a muito mais você encontrará neste livro.

Fonte: http://www.insular.com.br/product_info.php/products_id/460/osCsid/41e946kg9o4sfdbrqvofueekb6


Vídeo de uma breve aula este autor.

Sinopse do livro na Americanas:
Compêndio sobre a teoria e os procedimentos clínicos e de saúde coletiva voltados ao tema do Óbito Autoprovocado e de sua tentativa, dirigido aos médicos, enfermeiros, psicólogos, epidemiologistas, gestores e gerentes de saúde, sociólogos, antropólogos, militares, membros da defesa civil, operadores de resgate, socorristas e técnicos de transporte de emergências médicas.

Curso de Avaliação de Risco e Manejo do Comportamento Suicida

CAPACITAÇÃO
GHC promove curso de Avaliação de Risco e Manejo do Comportamento Suicida

Objetivo é promover espaços de sensibilização e capacitação dos profissionais que desenvolvem assistência em saúde.

O Grupo Hospitalar Conceição (GHC), por meio da Gestão do Trabalho e do grupo "Promoção à vida e prevenção do suicídio" , promove o citado curso nos dias 25 e 26 de outubro, pela manhã e à tarde, no SENAC Passo D'areia, localizado na Av. Assis Brasi, 1481, Porto Alegre-RS.

Dirigido aos trabalhadores do GHC, preferencialmente ligados à assistência nos setores de emergência e saúde comunitária, o objetivo do curso é promover espaços de sensibilização e capacitação dos profissionais que desenvolvem assistência em saúde, principalmente em relação à identificação, à abordagem e ao manejo das situações de risco e tentativa de suicídio.

sábado, 22 de outubro de 2011

Um excelente motivo para participar do seminário na UERJ



9:30h às 11:00h – Conferência- “Impacto social: os desafios de entender o suicídio”
 
• Palestrante: Leonardo Boff – Filósofo, Teólogo e Doutor Honoris Causa em Política pela Universidade de Turim (Itália) e em Teologia pela Universidade de Lund (Suécia). Foi Frade Franciscano até 1993 e
professor por 22 anos de Teologia Sistemática e Ecumênica do Instituto Teológico Franciscano de Petrópolis. Professor de Teologia e Espiritualidade em vários centros de estudo e universidades no Brasil e
no exterior, além de professor-visitante nas universidades de Lisboa  (Portugal), Salamanca (Espanha), Harvard (EUA), Basel (Suíça) e  Heidelberg (Alemanha).Foi professor de Ética, Filosofia da Religião e Ecologia na UERJ.



DATA: 24/10/2011
LOCAL: Auditório 11 do Pavilhão João Lyra Filho – UERJ
Ru. São Francisco Xavier, 524, Blc F - 1º andar – Maracanã. Rio de Janeiro
e-mail: uerjpelavida2011@gmail.com
Tels: (21) 2334-0918 /2334-0863 / 8785-2630
(inscrições gratuitas)


sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Suicídio e Prevenção


...as mortes por lesões auto provocadas intencionais são a maior causa de morte não natural em Portugal, ultrapassando mesmo as mortes na estrada, com as quais somos capazes de gastar milhões na prevenção. Ao mesmo tempo que remetemos a sensibilização e prevenção do suicídio para uma nota de rodapé no orçamento da saúde.

Imaginem qual seria a reação da sociedade se morressem 10.000 passageiros em desastres aéreos todos os anos em Portugal (suicídios registados em portugal anualmente ultrapassam esse número). Só podemos assumir que as consequências políticas e sociais seriam devastadoras, e que à indústria aeronáutica seriam exigidas medidas de segurança com resultados imediatos.

A maioria dos indivíduos que se suicidam não apresenta uma doença mental diagnosticada, são pessoas como eu e vós, que frequentemente sentem-se isoladas, desesperadas, infelizes e sozinhas. Os pensamentos suicidas são o resultado do “stress” do dia-a-dia e de perdas que o individuo pensa que não consegue lidar, levando ao culminar de uma vontade inescapável de querer de que a dor pare.

São sentimentos com os quais qualquer um de nós poderá se identificar a um dado momento da nossa vida… são reais, são diagnosticáveis e tratáveis. No entanto, numa sociedade onde o estigma e a ignorância dominam em relação às doenças mentais, um individuo que tenha pensamentos suicidas, frequentemente teme o que os outros irão pensar, de ser etiquetado de “maluquinho(a)”. Essa pressão social é imensa e impede que o pedido de ajuda seja feito, que o passo em direção ao diagnóstico e tratamento não seja dado, com resultados trágicos.

Nós precisamos de algo mais do que estudos ou avaliações de serviços, precisamos de recursos concretos e dirigidos à prevenção e tratamento.

O suicídio não é uma escolha, acontece quando a dor que sentimos é superior aos recursos que temos para lidar com ela…

Publicado por João Cunha em In Concreto
Fonte: http://inconcreto.blogspot.com/2011/10/suicidio-e-prevencao.html

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Debate sobre suicídio - Portugal

 
Data: 20-10-2011
Local: Auditório da Unidade de Guimarães (CHAA)
Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental do Centro Hospitalar do Alto Ave
 
Programa
14h - 15h30 Abertura
  • O papel do CHAA no tratamento das pessoas que tentam o suicídio 
  • A prevenção do suicídio no Plano Nacional para a Saúde Mental
  • Os dados epidemiológicos do suicídio na região Norte de Portugal
  • O papel dos Cuidados Primários na prevenção do suicídio na comunidade urbana
  • O papel dos Cuidados Primários na prevenção do suicídio na comunidade rural
  • O suicídio: uma perspectiva histórica
16h - 18h O suicídio e sua prevenção
  • A prevenção do suicídio na população adulta em Portugal
  • A prevenção do suicídio em idosos em Portugal
  • A prevenção do suicídio na infância e adolescência em Portugal 
  • As tentativas de suicídio e os suicídios no pré-hospitalar - Intervenção possível
  • Casal, violência e suicídio
  • A Crise: modelos de compreensão
  • A Unidade de Crise no Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental do Centro Hospitalar do Alto Ave

Para saber mais, consulte:

Centro Hospitalar Alto Ave - http://www.chaa.min-saude.pt

terça-feira, 18 de outubro de 2011

É tempo de fazer luz sobre o tabu do suicídio


Opinião de Luís Costa Ribas
Correspondente SIC Notícias em Washington

Os meios de comunicação social preferem ignorar o suicídio a procurar uma forma elevada de fazer a cobertura de um problema que mata 3.000 pessoas por dia.

Passou praticamente despercebido, a 10 de Setembro, o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio. Em Portugal, há uma "política" de não noticiar suicídios, com receio de incentivar mais pessoas a por fim à sua própria vida. E de facto, estudos científicos apontam certa forma de noticiar suicídios como um factor de risco. Mas esses estudos também fazem notar que há uma forma certa de noticiar suicídios.

O assunto pode e deve merecer a atenção da sociedade civil e esta deve pressionar os órgãos de comunicação a prestar-lhe apropriada atenção. Como se pode ignorar um problema que, segundo as organizações de prevenção do suicídio, mata UM MILHÃO de pessoas por ano? Este ano, no Dia da Prevenção do Suicídio, a Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou um alerta aos governos sobre a necessidade de mais e mais eficazes medidas de prevenção.

O suicídio pode ser prevenido e evitado, se for dada respostas às suas causas, invariavelmente ligadas à saúde mental. 90% das vítimas de suicídio sofriam de uma doença do foro psiquiátrico quando morreram. É comum esses problemas serem acompanhados pela toxicodependência – um grave factor de agravamento.

Não é possível reduzir o número de suicídios  sem pressão sobre os Governos, exercida pelo público e pelos média, para que o problema não seja esquecido. E por muito grave e importante que seja a crise actual, nada justifica o egoísmo de ignorar o sofrimento de milhões de pessoas em famílias  destruídas pela morte prematura e procurada de um dos seus.

A organização Suicide Prevention International recomenda que as notícias sobre suicídios e sobre o fenómeno do suicídio evitem pormenores sobre o método utilizado, especulações sobre o estado de espirito da vítima,  apresentação do suicídio como resposta natural a certos problemas, e declarações exaltadas de familiares.

Recomenda-se que a cobertura aborde o fenómeno em vez de casos específicos,  progressos no tratamento, histórias de sucesso em que o reconhecimento de sinais de alerta e tratamento salvaram vidas,  desmascarar mitos sobre o suicídio, e falar sobre intervenções humanas que salvaram vidas.

Arrisco-me a calcular que alguém que lê estas linhas sofreu, ou conhece quem sofreu, um suicídio na família.  E, por isso, sabem que não sendo impossível,  é muito difícil  travar uma pessoa decidida a por termo à sua vida. Por isso, todo tempo urge.

O primeiro passo é procurar mais informação.  Um destino óbvio, é a Sociedade Portuguesa de Suicidologia, que se dedica ao estudo e prevenção deste grave problema de saúde pública. Pode aceder ao site para tentar saber mais sobre o suicídio e a sua prevenção.

Os jornalistas interessados podem consultar um documento da Organização Mundial de Saúde e da Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio, com sugestões sobre formas aceitáveis de abordar o suicídio e os suicídios.

O suicídio propaga-se com o silêncio. Que se faça luz e barulho... Muito barulho! Porque enquanto o leitor percorria estas linhas quatro pessoas puseram fim à sua própria vida!

Fonte: http://sicnoticias.sapo.pt/opinionMakers/luis_costa_ribas/2011/10/14/c-tempo-de-fazer-luz-sobe-o-tabu-do-suicidio

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Programa Cidadania - TVE-RS - aborda o suicídio


Suicídio é tema no programa Cidadania
Cidadania desta quarta12/10às 22h,aborda o suicídio. Entre os vinte municípios no País com as maiores incidências de suicídio, dez estão no Rio Grande do Sul. Foram convidados para falar sobre o tema o psiquiatra e coordenador do Centro de Promoção da Vida e Prevenção do Suicídio do Hospital Mãe de Deus, Ricardo Nogueira, a psicóloga Blanca Werlang e o jornalista e professor do programa de pós-graduação em Comunicação da Unisinos, Valério Britos.

TVE
Cidadania
Quarta, 12/10, às 22h
Reprise no sábado, 15/10, às 8h

sábado, 8 de outubro de 2011

3º Seminário de Prevenção ao Suicídio da UERJ

Aspectos sociais e culturais serão discutidos no “Projeto UERJ Pela Vida”

Sempre engajado em ações solidárias e educacionais levando em consideração o apoio emocional, o Centro de Valorização da Vida (CVV), em parceria com a Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) divulga o 3º Seminário de Prevenção ao Suicídio que acontece em 24 de outubro, no auditório 11 do Pavilhão João Lyra Filho.

O seminário discutirá sobre: prevenção do suicídio e ética; contexto social; suicídio: uma emergência silenciosa e impacto social do suicídio.

Além das palestras, nos dias 24, 25 e 26 será apresentada a peça teatral “A história do homem que ouve Mozart e da moça do lado que escuta o homem”, no Teatro Noel Rosa do Centro Cultural da UERJ. Após a encenação haverá debate público sobre a temática cuja coordenação ficará sob a responsabilidade do Dr. Jorge Rogério Fagim e da Dra. Verônica Miranda.

Data: 24/10/2011
Horário: das 9h00 às 18h00
Local: Auditório 11 do Pavilhão João Lyra Filho
Endereço: Rua São Francisco Xavier, 524 – Bloco F – 1ª Andar – Maracanã – Rio de Janeiro
Telefones: (21) 2334-0918/2334-0863
E-mail: uerjpelavida2011@gmail.com

Teatro: “A história do homem que ouve Mozart e da moça do lado que escuta o homem”
Data: 24, 25 e 26/10/2011
Horário: das 18h30 às 19h30
Local: Teatro Noel Rosa – Centro Cultural da UERJ

Fonte: http://www.inteligemcia.com.br/50084/2011/10/07/3%C2%BA-seminario-de-prevencao-ao-suicidio-da-uerj/

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Curso de voluntários no CVV Abolição


O Posto Samaritano Abolição, vinculado ao Programa CVV de Apoio Emocional e Prevenção ao Suicídio promoverá o último curso para a seleção de novos voluntários da entidade neste ano de 2011.



Data: 9 de outubro  
Horário: 8:30 às 18:30h

As inscrições podem ser feitas:


a) 15 minutos antes do curso, pessoalmente na sede da entidade na Rua da Abolição, 411 - Bela Vista - São Paulo. 
b) pelo telefone 3242-4111 de 15 às 23h.
c) via e-mail: abolicao@cvv.org.br.


Durante a atividade haverá seleção dos interessados em colaborar com a entidade.

Para ser voluntário Samaritano, basta ter mais de 18 anos, ter disponibilidade de tempo (média de 4 horas e meia por semana), disposição para ajudar o próximo e abertura para o autoconhecimento.



Instituição sem fins lucrativos os postos Samaritanos desenvolvem trabalhos de apoio emocional por meio de contatos telefônicos, atendimento pessoal, via correio, e-mail e mais recentemente, via chat, no próprio site da entidade(http://www.cvv.org.br/).




Depressão e suicídio: quando o tratamento adequado funciona plenamente


EUA: tratamento para depressivos erradica suicídio, diz estudo


Um amplo programa de tratamento de pessoas depressivas, testado em um hospital de Michigan (norte dos Estados Unidos), permitiu a erradicação total dos suicídios há dois anos, indica um estudo publicado nesta terça-feira nos Estados Unidos.

A pesquisa figura em uma edição especial da revista Journal of the American Medical Association sobre saúde mental.

Na mostra de pacientes estudados, a taxa de suicídios caiu 75% nos quatro primeiros anos, passando de 89 para cada 100 mil a 22, uma redução significativa. Posteriormente, durante dois anos e meio, a taxa de suicídio caiu para zero.

"Estes resultados alentadores sugerem que esse programa de cuidados pode ser altamente eficaz", indicou à AFP o doutor Edward Coffey, que dirige os serviços de saúde comportamental dos hospitais Henry Ford em Detroit (Michigan).

O programa compreende, entre outros, uma avaliação sistemática dos riscos de suicídio, psicoterapias comportamental, a proibição de ter arma em casa, o estabelecimento de contato constante por consultas, telefones, visitas e e-mails.

Cerca de 33 mil pessoas se suicidam anualmente nos Estados Unidos, e 90% delas sofrem um episódio de doença mental, na maioria das vezes depressão.

Entre os fatores de risco do suicídio estão os antecedentes familiares, o abuso de álcool, de drogas ou de medicamentos, a violência familiar, as agressões sexuais, a prisão e a posse de armas, que estão presentes em mais de um suicídio em cada dois nos EUA.

domingo, 2 de outubro de 2011

Debate sobre os suicídios ocorridos na UFPE


Centro de Filosofia e Ciências Humanas da UFPE: Humano, Demasiado Humano

Por Cynthia Hamlin

No dia 29 de setembro de 2011, cerca de 100 estudantes da UFPE foi à reitoria protestar contra o que consideram a ausência de uma política institucional em relação à ocorrência de suicídios  no Centro de Filosofia e Ciências Humanas da UFPE. Embora tenham sido colocadas grades nas varandas de todos os andares do prédio, foram registrados 3 casos no ano de 2011, o que atestaria a insuficiência das medidas adotadas.

A iniciativa dos estudantes é importante e revela a necessidade de se pensar coletivamente a solução não apenas deste, mas de uma série de problemas relativos à segurança, espaços de convivência, funcionamento dos elevadores, más condições das salas de aula, para ficarmos apenas no âmbito do CFCH. Apesar disso, uma política de prevenção de suicídios eficaz pressupõe clareza acerca da relação entre os suicídios e os diversos problemas que atingem a comunidade do CFCH e da UFPE, como um todo. E é aí que as dificuldades começam.

O suicídio é um fenômeno complexo que pode envolver fatores de diversas ordens - biológica, psicológica, social e cultural - e deve ser entendido como um processo, mais do que como um simples ato. Isso significa dizer que, ainda que ocorra em um local e momento específicos, pode estar associado a processos de médio e longo prazo, como a depressão, o abuso de drogas, a doença mental. Esses processos não ocorrem em um vácuo social, estando associados a determinados contextos que podem atuar, ora como causa, ora como efeito, ora como reforçando-se mutuamente: o ambiente familiar, o tipo de relações entre os grupos de pertencimento e outros grupos, relações interpessoais etc. Por fim, ocorrem em um lugar específico que, além de representar ocasião ou contexto para o ato em si, pode estar associado  ao uso de métodos particulares que frequentemente carregam um conteúdo simbólico e comunicativo (Hamlin & Brym, 2006; Brym & Hamlin 2009).

Generalizações - especialmente as de base reducionista e construídas sobre um número insuficiente de casos que fundamentam argumentos do tipo: “estudantes de ciências humanas são mais propensos ao suicídio”, ou  “a ‘desumanização’ do campus e do CFCH tem contribuído para os suicídios observados” – frequentemente se baseiam em associações causais que não se sustentam, ou entre elementos que estão tão remotamente associados que não podem servir como guia para nenhuma política de prevenção séria.  Ao contrário, terminam gerando estigmas que, esses sim, podem atrair mais pessoas para escolherem o CFCH como local para dar cabo à vida na medida em que possibilitam o estabelecimento de uma associação simbólica entre o prédio e o suicídio. (Falo aqui de uma associação simbólica apenas na medida em que existem, na cidade do Recife, uma série de outros edifícios com características estruturais semelhantes ao CFCH. Isso não significa dizer que elementos simbólicos seriam os únicos, ou mesmo os mais importantes, na escolha de um local qualquer).

Dado que argumentos como os acima, apresentados com graus de sofisticação variável, tem sido os mais comuns, torna-se fundamental esclarecer alguns pontos.

Em primeiro lugar, o estigma que vem sendo associado aos estudantes de humanas e ao prédio do CFCH baseia-se no pressuposto de que os suicidas, em sua maioria, consistem em estudantes da UFPE, particularmente os de humanas. Isso não parece ter fundamento. Uma rápida observação dos registros, efetuados pela Direção do CFCH, relativos ao suicídios ocorridos desde 1997 sugere que poucos eram estudantes da UFPE. Digo “sugere” porque os dados a que tive acesso são insuficientes. (Havia lacunas no registro disponível, de forma que solicitei à Direção do Centro um registro mais completo, desde o ano de 1997 - que, segundo fui informada, foi quando a Universidade passou a efetuar o registro sistemático dos casos. Ontem pela manhã, fui encaminhada a um dos responsáveis pela Segurança da UFPE, o Sr. Gildo Santos, que ficou de me fornecer esses registros naquele mesmo dia. Isso ainda não ocorreu, pois, segundo me disse, foi prejudicado pela falta de energia elétrica no prédio da reitoria. Por esta razão, evitarei o uso de números até que esta impressão possa ser confirmada a partir de uma análise do total de registros. Aguardemos, pois. E cobremos.).

Em segundo lugar, e relacionado à questão anterior, impedir a cristalização do estigma implica a celeridade da instituição, por meio de sua Assessoria de Comunicação, em desmentir falsos boatos acerca do suicídio de estudantes. Isso é especialmente importante diante do poder das redes sociais contemporâneas na disseminação de boatos. Vejamos.

No dia 28 de setembro último, o Jornal do Commércio publicou uma matéria na qual pelo menos duas das informações fornecidas não procediam. Primeiro, afirma que ocorreram quatro suicídios no CFCH este ano (foram três - já não é ruim o suficiente?); segundo, afirma que o último caso ocorrido envolvia uma aluna da UFPE, mais especificamente, do Curso de Ciências Sociais. Até o momento em que escrevo, três dias após a divulgação da notícia pelo Jornal do Commércio, não vi a Universidade se manifestar publicamente a fim de desmenti-la.

Além de contribuir para o referido estigma, ao se omitir de ações como esta a Universidade está contribuindo para um outro fenômeno, que em sociologia se denomina de “pânico moral” e que assume as seguintes características:

Uma condição, episódio, pessoa ou grupo de pessoas emerge e passa a ser definido como uma ameaça a valores e interesses sociais; sua natureza é apresentada de forma estilizada e estereotípica pelos meios de comunicação de massa; as barricadas morais são erigidas por editores, bispos, políticos e outras pessoas cujas opiniões são consideradas sensatas e moralmente corretas [right-thinking people]; peritos socialmente reconhecidos pronunciam seus diagnósticos e soluções; a condição depois desaparece, submerge ou deteriora-se e torna-se mais visível. [...]. Algumas vezes o pânico passa e é esquecido, exceto no folclore e na memória coletiva; outras vezes, tem repercussões mais sérias e duradouras e pode produzir mudanças legais e em políticas sociais, ou mesmo na forma como a sociedade se autoconcebe (Cohen, citado em Thompson, 1998: 7).

Assim como ocorre na maioria dos casos de pânico moral, a visibilidade da situação real e sua resolução são especialmente difíceis neste caso porque elas envolvem um tema considerado tabu. Se o filósofo francês Edgar Morin (1968)  já afirmava que, após a revolução sexual, a morte permaneceu como o último grande tabu do século XX, talvez caiba aqui uma hipérbole e a afirmação de que a morte por suicídio é o tabu que não ousa dizer seu nome. Isso explica, em parte, o silêncio da Universidade em relação ao tema. Outra parte do silêncio poderia ser explicada por meio da referência a um fenômeno que ficou conhecido como “efeito Werther”.

O efeito Werther refere-se à onda de suicídios que foi observada entre os jovens românticos, especialmente na Alemanha, após a publicação do romance de Goethe, Os Sofrimentos do Jovem Werther, que de certa forma glamourizava o suicídio ao caracterizá-lo como um ato de coragem. O fenômeno caracteriza, assim, o elemento de difusão ou contágio do suicídio a partir de sua menção ou divulgação – um fenômeno que tem servido como fundamento de uma espécie de código de ética entre jornalistas do mundo inteiro.

Embora tenha afirmado que “não há dúvida de que a ideia do suicídio se transmite por contágio”, Durkheim (2000: 138) teve o cuidado de definir o contágio em termos de imitação e delimitar em que sentido este último poderia ser legitimamente aplicado ao estudo do suicídio:

Há imitação quando um ato tem como antecedente imediato a representação de um ato semelhante, anteriormente realizado por outros, sem que entre essa representação e a execução se intercale nenhuma operação intelectual implícita ou explícita, sobre as características intrínsecas do ato reproduzido.

Isso significa que o suicídio por imitação tende a ocorrer na ausência de reflexão - o que aponta para a necessidade de fazer as pessoas expostas ao suicídio, como é o caso dos nossos alunos, refletirem sobre o assunto. E o silêncio certamente não é a forma mais apropriada de gerar uma reflexão informada.

Por outro lado, existem controvérsias consideráveis acerca do alcance dos processos imitativos na explicação das taxas de suicídio. O próprio Durkheim atribuía um alcance limitado ao suicídio por imitação, afirmando que “do fato de que o suicídio possa transmitir-se de indivíduo para indivíduo, não se segue a priori que [...] ela afete a taxa social de suicídios”(Ibid: 143). E utilizava como argumento a ideia de que, se o contágio tivesse uma influência marcante nas taxas de suicídio, dever-se-ia observar um fenômeno de concentração dessas taxas em determinados núcleos geográficos (por ex., o centro das cidades) e uma diminuição gradual dessas taxas à medida em que se afasta desses núcleos. Traduzindo para o nosso caso, ao longo de um período relativamente extenso, deveria ser possível observar um número relativamente elevado de suicídios entre estudantes, professores e funcionários da UFPE, particularmente os diretamente expostos ao suicídio, em comparação com suicidas oriundos de outras áreas da cidade. Como vimos, este não parece ser o caso. Mas aguardemos as informações da Segurança da UFPE antes de fazer quaisquer afirmações categóricas neste sentido. (Abro aqui um parêntese para enfatizar fortemente que não estou usando este argumento para defender a ideia de que, se não altera as taxas de suicídio entre os membros da UFPE, a difusão não deve ser considerada em uma política interna de prevenção de suicídios. Um único caso é um caso em excesso. O que estou enfatizando é que esse risco deve ser combatido por meio da reflexão informada, já que a exposição ao suicídio é um fato concreto, pelo menos no momento).

O argumento de Durkheim não foi consensualmente aceito e a controvérsia continuou. Nas décadas de 1970 e 1980, o sociólogo David Philips publicou uma série de artigos sobre o tema. O principal deles foi resumido por outro sociólogo, Ira Waissman (1984: 427), da seguinte forma:

Empregando um método quasi-experimental para examinar a influência que as estórias de suicídio que apareceram nas manchetes do New York Times entre 1947 e 1968 tiveram nos padrões de suicídio nos meses seguintes, Philips (1974) formulou um novo teste para a teoria da imitação. Contrariamente a Durkheim, encontrou um aumento significativo no número de suicídios no mês que se seguiu ao aparecimento dessas estórias no New York Times.

Ao submeter a hipótese da imitação a teste novamente, Weissman (Ibid.) efetuou um estudo com base em uma série de modelos que o permitiram controlar fatores exógenos, como a influência dos ciclos de negócios e das crises econômicas nos resultados observados por Philips, e concluiu que não havia correlação significativa entre a taxa nacional de suicídios e as estórias sobre suicídio que apareceram nas manchetes do New York Times no período 1947-1977. Por outro lado, ao aplicar seu modelo apenas às manchetes relacionadas a “celebridades”, observou uma correlação significativa entre as estórias contadas a partir de tais manchetes e um aumento nas taxas de suicídio no mês subsequente à sua publicação. Isso significa que a hipótese de Philips é mais limitada do que ele supunha, isto é, tende a ser corroborada nos casos de reportagens sobre o suicídio de celebridades.

A isto, a Organização Mundial de Saúde menciona outras conclusões importantes, retiradas de outras pesquisas: primeiro, que o impacto da cobertura jornalística na mídia impressa e televisiva tende a ser maior entre pessoas jovens; segundo, que não são as notícias per se que geram um aumento nas taxas observadas, mas a forma como os suicídios são noticiados para as populações vulneráveis (de maneira sensacionalista, com excesso de detalhes, oferecendo explicações simplistas ou sugerindo que o fenômeno é inexplicável, glamourizando o ato ou transformando a vítima em mártir, caracterizando o suicídio como única saída possível, omitindo a dor de familiares e amigos, dentre outros).

Assim, ao contrário da ideia simplista de que os suicídios não devem ser noticiados a fim de evitar sua difusão por contagio ou imitação, num documento de prevenção do suicídio direcionado a profissionais da mídia (World Health Organization, 2000: 6), “certos tipos de cobertura [jornalística] podem ajudar a prevenir a imitação do comportamento suicida”.

O documento enfatiza ainda que “sempre existe a possibilidade de que a publicização do suicídio possa tornar a ideia de suicídio ‘normal’. A cobertura contínua e repetida do suicídio tende a induzir e a promover preocupações suicidas, particularmente entre adolescentes e adultos jovens.” (Ibid). Neste sentido, a conclusão geral é a de que “reportar os suicídios de uma maneira apropriada, acurada e potencialmente útil pela mídia esclarecida pode prevenir a perda trágica de vidas pelo suicídio”.  (Ibid.).

Dada a exposição a que temos sido submetidos ao suicídio na UFPE, ao poder das novas mídias em difundir boatos que são reforçados pelas mídias tradicionais e à situação de pânico moral que isso ajuda a difundir, o silêncio da UFPE em torno de um tema tabu não contribui em nada para a resolução desta situação: ao contrário, tende a perpetuá-la e a gerar uma série de problemas associados à ansiedade, ao sentimento de insegurança e aos conflitos que decorrem deles.

Para o bem ou para o mal, o suicídio não pode mais ser tratado como um tabu entre nós, mas como algo “humano, demasiado humano”. Já está mais do que na hora de começarmos a falar sobre assunto de forma clara, informada e responsável. Façamos, cada um de nós, a nossa parte.

Referências

Brym, Robert J.; Hamlin, Cynthia Lins. (2009) “Suicide Bombers: Beyond Cultural Dopes and Rational Fools”. In: Cherkaoui, Mohamed; Hamilton, Peter. (Org.). Raymond Boudon: A Life in Sociology: Essays in Honour of Raymond Boudon. 1 ed. Oxford: The Bardwell Press, v. 2, p. 83-96.

Durkheim, Émile (2000). O Suicídio. São Paulo: Martins Fontes.

Hamlin, Cynthia Lins; Brym, Robert J. (2006) The Return of the Native: A Cultural and Socio-Psychological Critique of Durkheim's Suicide based on the Guarani-Kaiowá of South-Western Brazil. Sociological Theory, Estados Unidos, v. 24, n. 1, p. 42-57.

Morin, Edgar (1951) L’Homme et la mort. Paris: Éditions du Seuil.

Thompson, Kenneth (1998). Moral Panics. Londres e Nova York: Routledge.

Wasserman, Ira M. (1984). Imitation and Suicide: a reexamination of the Werther effect. American Sociological Review, V. 49, June, p. 427-436.

World Health Organization (2000). Preventing Suicide: a resource for media professionals. Genebra: Mental and Behavioural Disorders, Department of Mental Health, WHO.

1º de outubro de 2011.
Fonte: http://http://quecazzo.blogspot.com/2011/10/centro-de-filosofia-e-ciencias-humanas.html