sábado, 26 de agosto de 2017

"Quando se enfrenta, se vai em frente!" O bom combate em favor da vida no Piauí.

Digno de louvor o movimento em favor da vida em terras piauienses!!

Governo do PI apresenta Plano Estadual de Prevenção Suicídio

No Piauí, foram 152 mortes em 2016, o que torna o Estado com a maior taxa de mortalidade no país

O suicídio é um grande problema de saúde pública, como aponta relatório divulgado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), onde a cada 40 segundos, uma pessoa, no mundo, tira a própria a vida. No Piauí, foram 152 mortes em 2016, o que torna o Estado com a maior taxa de mortalidade no país, com 7,6 por 100 mil/habitantes. Para diminuir esses dados tão alarmantes, o Governo do Estado desenvolve diversas estratégias de prevenção ao suicídio e valorização à vida.

Um passo importante é a implantação do Plano Estadual de Prevenção Suicídio, que será lançado pelo governador do Estado, Wellington Dias, e o secretário de Estado da Saúde, Florentino Neto, na quinta 24 de agosto às 8h, no auditório da APPM. O lançamento se dará em conjunto com a realização do Seminário Estadual de Prevenção e Posvenção ao Suicídio, dias 24 e 25 de agosto, no mesmo local.

“O material foi produzido por pesquisadores e especialistas da área e prevê o conjunto de medidas que devem ser tomadas por diversas instâncias governamentais, municípios e sociedade civil para que possamos controlar o suicídio e conscientizar as pessoas sobre a importância do cuidado com a saúde mental”, comenta Gisele Martins, gerente de Saúde Mental do Estado.

O Plano prevê a implantação de fluxos e protocolos de acolhimento e manejo de pessoas que tentaram ou cometeram suicídio para as redes de Atenção à Saúde (SUS), Educação, Segurança e Socioassistencial (SUAS), para isso o Governo investirá na qualificação dos profissionais dessas redes e demais atores intersetoriais que atuam diretamente na rede de cuidados a esses cidadãos.

Será disponibilizado um sistema de hotline, com atendimento em telemedicina para assistência psiquiátrica pelo SAMU. A assistência será ampliada para todo o Piauí com a implantação de leitos psicossociais nos hospitais gerais de Picos, Floriano, Parnaíba, Oeiras e mais leitos em Teresina.

Campanhas educativas serão realizadas para conscientização da população em geral, dispondo de cartilhas com número de telefone e endereços de toda rede assistencial do Estado, direcionamentos e explicações de como agir em certas situações. As campanhas também visam esclarecer sobre depressão e comportamentos autolesivos, ainda muito estigmatizados pela sociedade.

Seminário Estadual de Prevenção e Posvenção ao Suicídio
O Seminário é voltado para gestores e profissionais de Saúde, Assistência Social, Educação, Justiça e Controle Social. Palestrantes renomados nacionalmente debaterão sobre as temáticas como valorização da vida na prevenção ao suicídio, transtornos mentais, uso de drogas e suicídio das populações LGBT e negra, o comportamento autolesivo no contexto escolar, dentre outros.

Sobre o suicídio
Segundo estudo, 804 mil pessoas cometem suicídio todos os anos em todo mundo. O Brasil é o oitavo país em número de suicídios.

O Piauí apresenta uma taxa bruta de mortalidade por suicídio superior à do Brasil e Nordeste no período de 2010 a 2014, caracterizado por uma tendência crescente, ao se fazer uma comparação entre os anos de 2010 e 2014 respectivamente. Em termos de dados absolutos evidencia-se que Teresina é o município com maior número de óbitos por suicídio, seguido pelos municípios de Parnaíba e Picos.

Os fatores de risco para suicídio incluem a doença mental e física, abuso de álcool e drogas, doença crônica, tensão emocional aguda, violência, uma mudança súbita e importante na vida de um indivíduo.

Apesar dos problemas de saúde mental desempenharem um papel que varia nos contextos diferentes, outros fatores, como situação cultural e socioeconômica são particularmente influentes. O impacto do suicídio nos sobreviventes, como cônjuges, pais, filhos, família, amigos, colegas de trabalho e pares que são deixados para trás, é significativo, tanto imediatamente como em longo prazo.

Confira a programação do Seminário:

24 de agosto
7h30 – Credenciamento

8h – Solenidade de abertura com a apresentação do Plano Estadual de Prevenção ao Suicídio

10h – Palestra Magna

Suicídio como problema de saúde pública no Brasil

Palestrante: Dr.Nelson Goldenstein Psiquiatra - UFRJ / IPUB

11h – Debate

11h10 – Ações da RAPS/PI na prevenção ao suicídio

Palestrantes: Gisele Martins – Psicóloga(Secretaria de Estado da Saúde/PI)

Larissa Andrade – Ministério da Saúde

Krieger Olinda – Psiquiatra/ Diretora Clínica do Hospital Areolino de Abreu

11h50 - Debate

12h às 14h – Intervalo para almoço

14h - A valorização da vida na prevenção do suicídio

Palestrante: Larissa Carvalho - Psicóloga

15h - Debate

15h10 - Monólogo com a atriz Elis Regina

15h30 – Mesa: Transtornos mentais, uso de drogas e suicídio nas populações LGBT e negra

Palestrantes: Cristóvão Madeira – Psiquiatra / Hospital do Mocambinho

Benedito Carlos – Sociólogo - UFPI

Vitor Koslowsk - Coordenação do Centro de Referência LGBT “Raimundo Pereira -Diretoria de Direitos Humanos - SASC

Assunção Aguiar - Coordenação de Igualdade Racial-Diretoria de Direitos Humanos-SASC

16h30 – Debate

25 de agosto
8h – Apresentação cultural: Weverton Santos

8h20 – Palestra: O comportamento autolesivo no contexto escolar

Palestrante: Daniel Feitosa dos Santos – Psicólogo no Programa de Valorização da Vida e Prevenção do suicídio - PróVida, da Fundação Hospitalar de Teresina/PI. Compõe o Núcleo de Estudos e Prevenção do Suicídio

9h10 – Debate

9h30 – O papel da mídia e os efeitos frente ao suicídio

Palestrantes: Nelson Goldenstein – Psiquiatra - UFRJ / IPUB

Graciene Nazareno - Jornalista/Assessoria de Comunicação da Secretaria de Estado da Saúde

Washington Moura Filho - Jornalista

10h20 - Debate

10h30 – Apresentação cultural

10h50 – Avaliação e intervenção em crise

Palestrantes: Thátila Brito – Psicóloga / Vice-Presidente do Centro Débora Mesquita

Ralph Webester – Psiquiatra / Diretor geral do Hospital Areolino de Abreu

11h40 - Debate

12h às 14h – Intervalo para almoço

14h – Posvenção do suicídio

Palestrante: Ms. Carlos Aragão – Psicólogo/Doutorando UNB

14h50 - Debate

15h – Resiliência e bem-estar pleno à luz da Biopsicologia

Palestrante: Soraya Pessoa – Psicóloga/ Coordenadora da ONG Visão Futuro – Consciência Corporal e qualidade de vida.

15h40 - Debate

18h – Encerramento

sábado, 12 de agosto de 2017

Posvenção e sobreviventes do suicídio: prevenção para se impedir a imitação

Apoio para quem fica

Esse é o conceito de posvenção, a prevenção para futuras gerações. São grupos que assistem os 'sobreviventes' do luto por suicídio (pais, filhos, irmãos, familiares, amigos, colegas)

12.08.2017 - Giovanna Sampaio

 Raiva, culpa e luto são alguns dos sentimentos ambivalentes em relação ao ente querido que faleceu de suicídio. É importante aceitá-los como naturais, conversar e apoiar familiares e amigos, além de buscar atendimento médico e/ou psicológico, quando necessário. Estudos indicam que cada caso de suicídio exerce um sério impacto na vida de pelo menos seis pessoas de forma direta.

Para esses 'sobreviventes' o luto é mais sofrido, uma vez que muitos familiares e a rede de amigos costumam ser julgados erroneamente. A sociedade tende a apontá-los como culpados por não terem percebido sinais e mudanças no comportamento de quem se desapegou da vida.

A conscientização sobre a necessidade de se falar mais sobre o tema é evidenciada em setembro quando é comemorado o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio. O mês também foi escolhido para a Campanha Setembro Amarelo, resultado da parceria entre a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e o Conselho Federal de Medicina.

A ABP possui uma cartilha voltada para profissionais de saúde que fala do tratamento preventivo ao suicídio também para os sobreviventes, lançada em parceria com o CFM em 2014. "Inicialmente, foi feita para 450 mil médicos, mas devido à alta procura pelo tema, o PDF da publicação é disponibilizado no site ABP", explica o médico psiquiatra Antônio Geraldo da Silva, ex-presidente da ABP e membro da Comissão Nacional do Setembro Amarelo.

Refletir é preciso

É importante proporcionar às crianças e jovens a oportunidade de desenvolverem habilidades emocionais. Abordar o tema 'morte/finitude' e discuti-lo fora de situação real é uma delas. Isso pode dar a eles a compreensão mais ampla.

"Podemos explicar para crianças pequenas que o suicídio é como estar na estrada dirigindo e baixar um nevoeiro - tão forte que a pessoa perde a visão do caminho, pega uma estrada errada e cai num precipício. Não foi escolha dela, muito menos de quem estava no carro com ela. Mas foi uma fatalidade porque ela não percebeu que precisava de ajuda. Promover esse tipo de reflexão ajuda a criança a ter uma base conceitual impessoal nos momentos difíceis", justifica Tânia Paris, da Associação pela Saúde Emocional de Crianças (ASEC).

Quando a situação já existiu, a família pode acolher e explicar que a pessoa estava doente e sofrendo muito. Não conseguiu sentir-se melhor nem acreditar que um dia isso iria passar. "Mas é possível que o sobrevivente precise de apoio psicológico para superar", explica.

Entre 'iguais'

Atualmente, o Centro de Valorização da Vida (CVV) conta com 13 Grupos de Apoio aos Sobreviventes do Suicídio (GASS) em funcionamento nos estados do Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso e Brasília. Estão previstos ainda para este ano novos grupos no Pará, Pernambuco e Roraima. Apesar de poder ocorrer com qualquer pessoa, a ideia de tirar a própria vida é mais comum em pessoas que já tentaram suicídio ou em familiares de vítimas.

Os participantes têm histórias afetadas pelo suicídio e, na troca de experiências e apoio entre esses 'iguais' buscam superar as dificuldades de ter um recomeço ou superar o drama vivido.

Além da CVV, o atendimento pode ser feito por outras organizações (casas religiosas, universidades, secretarias de saúde, hospitais e ONGs). É exigido o cumprimento do modelo (periodicidade nos encontros, a gratuidade e a supervisão de um psiquiatra ou psicólogo).
Fique por dentro

Habilidades emocionais para jovens e crianças

Por mais impactante que seja uma situação de perda, é importante que crianças e jovens tenham a oportunidade de compreender o que aconteceu e falar sobre seus sentimentos para minimizar a tendência de atribuir a culpa a si mesmos, para que possam elaborar o luto. Crianças muito pequenas, muitas vezes, nem sequer entendem a morte como um evento inevitável da vida e podem se traumatizar mesmo com as que tiveram causas naturais.

"A atenção é fundamental. Não diria 'redobrada', porque cada um lida com seu luto a partir dos recursos que possui. Se antes do ocorrido a criança ou jovem teve oportunidade de desenvolver habilidades emocionais, sua resiliência pode até vir a ser maior que a de um adulto", pondera Tânia Paris, fundadora da Associação pela Saúde Emocional das Crianças, entidade sem fins econômicos, que desenvolveu o projeto 'Amigos do Zippy, presente em mais de 30 países. "Todos merecem atenção, acolhimento, carinho e apoio nessa fase", diz.

Fonte: http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/vida/apoio-para-quem-fica-1.1802509