sábado, 23 de abril de 2011

Assédio moral e suicídio

O livro "Do Assédio Moral à Morte em Si - Significados Sociais do Suicídio no Trabalho" foi lançado no dia 28 de abril (2011), no Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes de Trabalho. 

Editado pelo Sindicato dos Químicos de São Paulo, trata do suicídio como resultado do assédio ao mesmo tempo em que busca fundamentos para contrapor a argumentação criada de que adquirir transtornos em ambiente de assédio seria sinal de "fraqueza" do trabalhador.
 
A organização dos textos é de três especialistas em saúde no trabalho. 

  • Margarida Barreto, médica do Trabalho e pesquisadora do Núcleo de Estudos Psicossociais de Exclusão e Inclusão Social (Nexin PUC/SP);
  • Lourival Batista Pereira, coordenador da Secretaria de Saúde e Meio Ambiente e o
  • Nilson Berenchtein Netto, psicólogo e Mestre em Psicologia Social pela PUC/SP.
Para saber mais, leia a entrevista com Nilson Berenchtein Netto, concedido à Leticia Cruz (Rede Brasil Atual). Veja um trecho abaixo:
O suicídio relacionado ao trabalho é um tema que vem crescendo estrondosamente (...) Apesar de não ser uma novidade, este tipo de suicídio não alarmava tanto. Nos últimos dez anos o número de suicídios evidentemente relacionados ao trabalho cresceu enormemente e fica realmente difícil esconder isso. Em geral, o que a sociedade costuma fazer? Esconde o fato. 

terça-feira, 19 de abril de 2011

Dores de amores e o suicídio juvenil em Portugal

Amor incompreendido mata um jovem por mês 

Amor não correspondido é dramático na adolescência
Em 2009, mataram-se 16 adolescentes de menor idade, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE). Na realidade, os números podem ser piores, tanto mais que o suicídio entre jovens está a aumentar em Portugal. Em média, todos os meses, um adolescente decide pôr termo à própria vida. A rejeição amorosa é o principal motivo.

Estes números podem ser mais elevados em 2010 uma vez que apenas o Instituto de Medicina Legal revelou que, nesse ano, se registaram dez suicídios entre adolescentes em Lisboa, Porto e Coimbra.

Muitos casos, porém, nem chegam a este instituto: quando não há dúvidas em relação à causa de morte, o Ministério Público não pede autópsia.

Carlos Braz Saraiva, coordenador da Consulta de Prevenção do Suicídio dos Hospitais da Universidade de Coimbra e um dos fundadores da Sociedade Portuguesa de Suicidologia (SPS), explicou, em declarações ao jornal Sol, que podemos estar perante «um novo padrão de suicídios consumados em Portugal».

Admitindo um aumento o número de suicídios entre adolescentes, o especialista defendeu, contudo, ser cedo para dar como garantida a existência de um padrão (que apenas se confirma em longos períodos temporais).

A verdade é que, em 2009, houve quase o dobro dos suicídios registados em 2006, quando foram feitos nove registos. Em 2007, as autoridades contabilizaram dez vítimas e no ano seguinte 12. A maioria das vítimas são rapazes.

«Tem existido um aumento de casos nos jovens do sexo masculino entre os 15 e os 24 anos», admitou Pedro Frazão, psicólogo, psicoterapeuta e terapeuta familiar, adiantando que tal se deve ao facto de «os métodos escolhidos pelos homens para por fim à vida serem mais letais».

Admitindo que os últimos dados são alarmantes, Pedro Frazão sublinha, porém, que na adolescência e início da idade adulta, o mais frequente "são as tentativas de suicídio, os gestos parasuicidários e a ideação suicida".

Realidade que não é retratada nas estatísticas, que excluem as tentativas de suicídio e os parasuicídios (tentativas de comunicar a dor sem a intenção real de morrer).

Dados de um estudo da Consulta de Prevenção do Suicídio, de Coimbra, são reveladores em relação às tentativas de suicídio ou ao parasuicídio: das mil pessoas que procuraram ajuda para prevenir o suicídio, metade têm menos de 24 anos, sendo 80 por cento mulheres, com idade média de 19 anos, de classes baixas e que revelam problemas no plano dos afectos ou reprovações.

Os especialistas defendem novas medidas para um plano de prevenção do suicídio que, apesar de ainda continuar a ser cometido, sobretudo, por homens acima dos 50 anos, está a atingir mais jovens. 

Data de publicação original: 18-04-2011
Fonte: http://sexoforte.net/mulher/artigos.php?id=2992&w=amor_incompreendido_mata_um_jovem_por_mes 

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Ainda a propósito do suicídio como notícia

Suicídio: como e quando noticiar?

Muitos evitam, outros deixam o suicídio subentendido. Com a divulgação da morte do apresentador Gilberto Scarpa e de sua namorada, a atriz Cibele Dorsa, o assunto voltou à mídia. A morte do casal foi notícia em quase todos os veículos, a maioria usando a palavra suicídio no corpo do texto. No entanto, recentemente, O Estado de S. Paulo noticiou suicídio no título das matérias “Judoca medalhista olímpica comete suicídio na Áustria” e “Polícia do Rio abre inquérito após suicídio em delegacia”, mas o assunto ainda é polêmico na imprensa.

O secretário de redação da Folha de S.Paulo Vinicius Mota diz que o tema “recebe o mesmo tratamento dispensado a qualquer objeto potencial de notícia” do jornal. O Manual da Redação do veículo orienta o jornalista a não omitir “o suicídio quando ele for a causa da morte de alguém”.

O poder da mídia

No entanto, de acordo com especialistas, a notícia pode influenciar pessoas vulneráveis e alguns cuidados devem ser tomados. “Pode influenciar sim, não há certeza do grau de influência, mas o assunto é sério o suficiente para que não se experimente. Há também a preocupação de poupar os sobreviventes que podem estar em grande sofrimento e podem ter uma exposição pública que pode aumentar ainda mais a sua dor”, afirma a Dra. Maria Júlia Kovács, autora do livro “Morte e desenvolvimento humano”, professora e coordenadora do Laboratório de Estudos sobre a Morte do Instituto de Psicologia da USP.

Um exemplo é o que aconteceu em Viena na década de 80, quando o metrô da cidade registrou 22 casos de suicídio em 18 meses, após uma cobertura sensacionalista de um incidente em 1986. Com o aumento das mortes, a imprensa e Associação Austríaca para a Prevenção do Suicídio desenvolveram um manual sobre como os profissionais deveriam abordar o assunto. Com a nova orientação, a taxa de suicídio no metrô austríaco caiu 75% em cinco anos.

Veja algumas orientações da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) sobre como e quando noticiar esse delicado assunto.

Fonte: http://www.agenciamanchete.com.br/?p=4300

A propósito do suicídio como notícia

O suicídio como notícia (vale para jornalistas e todos os formadores de opinião)

   1. O suicídio como notícia

      Veja as orientações do documento “Comportamento Suicida: conhecer para prevenir” (http://bit.ly/heXC02), da Associação Brasileira de Psiquiatria

   2. Antes de iniciar a matéria

      • Por que divulgar? É relevante?
      • Que tipo de impacto a reportagem poderá ter?

      Ao montar a matéria

      Ponha-se no lugar do outro. Ou seja:
      • Dos que enfrentam o luto por alguém que se matou.
      • Dos que estão vulneráveis, pensando em tirar a própria vida.

   3. Evite

      • Usar a palavra suicídio em chamadas e manchetes. Melhor incluí-la no corpo do texto.
      • Colocar a matéria em primeira página.
      • Evite chamadas dramáticas, ou ênfase no impacto da morte sobre as pessoas próximas.
      • Repetir a reportagem ou novas matérias sobre o caso
      • Fornecer detalhes do método letal ou fotos
      • Termos valorativos, como por exemplo: “cometeu” suicídio; tentou o suicídio “sem sucesso”; ou generalizantes, como, por exemplo “os suicidas”.
      •“Simplificar” um suicídio, ligando-o a uma causa única. Cautela com depoimentos e explicações de primeira hora!

   4. O que devo fazer?

      • Aproveite a oportunidade para conscientizar a população sobre prevenção do suicídio.
      • Perguntas a serem feitas: a pessoa falecida já havia feito tratamento na área de saúde mental? Passava por problemas devidos a depressão, abuso de álcool ou drogas?
      • É muito útil a inclusão na reportagem de um quadro contendo as principais características de determinado transtorno mental, seu impacto sobre o indivíduo e endereços onde obter ajuda.

 Fonte: http://www.slideshare.net/Comunique-se/o-suicdio-como-notcia