quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Entrevista com o psiquiatra José Manoel Bertolote


Depressão e alcoolismo são os principais fatores de risco do suicídio

Especialista garante que a prevenção é possível com aumento do conhecimento sobre situação

É possível evitar o suicídio, garante o psiquiatra José Manoel Bertolote, autor do recém-lançado livro “O suicídio e sua prevenção” (Unesp) e ex-chefe do Programa de Prevenção do Suicídio da OMS. Ainda assim, o professor da Universidade de Griffith (Austrália) e da Unesp (Botucatu-SP) diz que cada caso é um caso e ressalta que as motivações também passam por cultura e religião.

Existem fatores de risco para os casos de suicídio?

Quando se estuda a população que comete suicídio, há algumas características em comum. A mais universal é a presença de um transtorno mental. Nos países ocidentais, as duas doenças mais encontradas são a depressão e o alcoolismo. A esquizofrenia vem em terceiro lugar, um pouco longe destas duas. Seja isoladamente ou em uma combinação de fatores, cerca de dois terços de todas as pessoas que cometem suicídio têm ou depressão ou alcoolismo.

E no Oriente?

Só a China e a Índia têm um quarto de todos suicídios do mundo. São mais de 200 mil nestes dois países. Além disso, apesar de não ser maioria, quase um quarto é de suicídios impulsivos, ao passo que no Ocidente isto é raríssimo. São gestos para impressionar, não necessariamente com a intenção de morrer. Na China, tradicionalmente, quando há o casamento, a noiva vai morar na casa do noivo, onde morava o filho e os pais. O grande conflito que tem como consequência o suicídio lá é entre nora e sogra.

O senhor chefiou um programa de prevenção de suicídio da OMS. Como funciona?

Trabalhei na OMS por 20 anos e era o chefe da seção de transtornos mentais. Criei o programa que trata da melhoria do atendimento ao doente mental grave, principalmente com estes três diagnósticos que mencionei.

Como preveni-lo?

O suicídio é uma situação de crise na vida que é absolutamente evitável, é uma eventualidade que ocorre geralmente na vigência de uma doença mental e é importante que cada cidadão se sinta responsável pelo vizinho ou parente que ele perceba estar em crise.

Como identificá-los?

As pessoas se retraem. Uma das dificuldades de poder ajudar é que elas se afastam, o problema não é visível. Normalmente não nos interrogamos sobre o que está havendo. Entrevistamos famílias de suicidas em Botucatu e vimos que em alguns casos eles contaram que iam se matar para a família, mas ninguém fez nada.

Em geral, é algo que passa frequentemente pela cabeça da pessoa?

Passa pela cabeça sim, e no momento que ela sabe que existe um médico, um enfermeiro, uma associação, um padre, um pastor, um número de telefone, a quem ela possa recorrer e falar do problema, a pessoa usa.

E como ficam estas famílias?

Existem associações em vários países que se denominam “sobreviventes do suicídio”. Não para os que tentaram se suicidar, mas para os familiares e amigos que ficaram. Existe uma mistura de sentimentos, como culpa, raiva, impotência, que são fatores de risco para um novo suicídio. É comum a pessoa que ficou de um suicídio tente se suicidar também, como em “Romeu e Julieta”.

Quem são as pessoas que estão prestes a cometer o ato?

Há um grupo de pessoas que realmente quer botar um fim na vida. Ou acha que viveu tudo o que tinha para viver, que não tem mais sentido, ou que não enxerga uma saída para uma situação difícil que está vivendo, então quer acabar com tudo. Há outro grupo que não quer necessariamente morrer, mas quer mudar aquela situação. Existe um terceiro grupo para quem o ato suicida é o famoso grito de socorro.

É preciso ter um motivo específico para se cometer o suicídio?

O indivíduo se suicida na crise de ansiedade. Está deprimido, o rendimento cai e ele é despedido. É um precipitante. Mas a percepção social toma o precipitante pela causa. Acham que ele se suicidou por ter sido demitido e não pelos outros sintomas.

Por que homens se suicidam mais? No Brasil, são três para cada mulher.

Uma das manifestações típicas em homens é o uso de álcool e, em menor quantidade, drogas. Além disso, a depressão no homem nem sempre é diagnosticada porque apresenta características diversas da da feminina. No homem, se manifesta mais como transtorno de comportamento, agressividade.

E na faixa etária, são os idosos que se suicidam mais?

A taxa de suicídio cresce com a idade. Ela é zero até os 5 anos, praticamente zero até os 10 anos, baixíssima até os 15; aí começa a subir progressivamente e as taxas mais altas estão em idosos. A taxa média do Brasil é de seis suicídios por 100 mil habitantes, entretanto, em idosos, ela chega a 25/100 mil.

Por que a taxa brasileira é baixa?

O Brasil é tradicionalmente religioso, a maioria não tem armas de fogo, a população idosa não é tão grande, é uma série de fatores. Há dez mil suicídios por ano, está em décimo lugar. Mas a taxa é mesmo muito baixa. Só que vem aumentando nos últimos dez anos, principalmente em jovens, que é uma população muito desassistida.

No Brasil, a tentativa e a facilitação do suicídio são crimes. O que o senhor acha do direito ao suicídio?

Há mais de 50 anos que nenhum juiz processa alguém por tentativa. Há países onde isso é mais sério, como na Índia, o que complica o tratamento, porque o paciente foge do hospital e o médico omite o fato. Há países que reconhecem o direito, como a Suíça. É uma decisão de foro íntimo que varia muito dada a situação do indivíduo.

Existe um grupo social com maior incidência?

São os policiais, por uma questão muito clara: eles têm uma arma do lado. O acesso ao meio é fundamental. Médicos e dentistas, que têm acesso a substâncias, também.

Nesta linha, países com facilitação de acesso a substâncias ou armamentos têm esta propensão? Como exemplo, o acesso às armas nos EUA?

A taxa é relativa. Nos EUA não é muito alta, entretanto, a grande maioria de suicídios é por arma de fogo. Seria de se esperar uma queda drástica dessa taxa com um controle maior de armas.

Ou seja, é uma questão que envolve vários setores da sociedade.

A saúde está na ponta, inclusive tem só 200 anos que isto entrou no rol da ciência médica. A religião tem uma enorme influência. Um estudo que fiz na OMS comparando países de religiões diferentes mostrou que os mais ateus na época, como URSS, China e Vietnã, tinham taxas muito mais elevadas do que países com religião, seja budismo, cristianismo ou islamismo. Aliás, é extremamente raro o suicídio em países muçulmanos. Os casos famosos de suicidas terroristas não são suicidas, são pessoas que morrem para matar o inimigo. É o suicídio altruísta.

Há picos e vales de suicídios?

Na Europa, houve queda vertical na 1ª e 2ª guerras. Há algumas explicações, como por exemplo a pessoa ter que lutar pela sobrevivência se desvia de seus problemas. Em praticamente todos os países com conflito armado com inimigo externo, o suicídio diminui. Por outro lado, aumenta com uma desorganização social. Quando a Noruega descobriu petróleo e ficou rica da noite para o dia, houve onda de suicídio.

Fonte: http://noticias.orm.com.br/noticia.asp?id=628379&%7Cdepressao+e+alcoolismo+sao+os+principais+fatores+de+risco+do+suicidio#.UQrDEqXEwZU

domingo, 13 de janeiro de 2013

Livremos nossos filhos do suicídio, educando-os para a adversidade...


Na edição de 2 de novembro de 2008 de Cambio (www.cambio.com.co), na seção 10 Perguntas, Miguel de Zubiría conversa sobre o seu livro  Cómo prevenir la soledad, la depresión y el suicidio en niños y jóvenes.

 O título da matéria originalmente é "Estamos formando unos hijos ineptos". Deixamos o adjetivo ineptos tal como está no original e apresentamos abaixo o seu significado, conforme o Aulete:

. Diz-se daquele que não tem habilidade(s) ou aptidão (para algo).
. Que não é inteligente; a quem falta inteligência; IDIOTA; IMBECIL; PARVO.
. Que denota falta de inteligência, estupidez ou ingenuidade.

Segue abaixo a entrevista completa.

Estamos formando filhos ineptos

Cambio: Por que você escreveu o livro "Como prevenir a solidão, a depressão e o suicídio em crianças e jovens"? 

Miguel de Zubiría: Porque desde 1945 o suicídio era uma exceção entre exceções, mas suas taxas vêm crescendo com consistência em todos os países, sobretudo entre jovens entre 15 e 25 anos.

C: A decisão de escrever este livro teve alguma motivação pessoal, específica?

M: Sim, a perda de vários amigos, pessoas com um imenso potencial, e por descobrir que o que faz a diferença entre os seres humanos não são as atitudes, mas as paixões.

C: Qual a causa do aumento do suicídio?

M: Passamos de famílias extensas, com muitos irmãos e primos, a famílias reduzidas. As crianças, hoje, têm pouca capacidade de socialização. Não há quem as oriente, corrija e por isso são pessoas pouco competentes neste sentido. Nós também acreditávamos que o paraíso era a geladeira e o armário cheios, porém as evidências mostram que quanto maior a abundância, mais infelicidade se tem.

C: A permissividade é um caldo de cultura para o suicídio?

M: Sim. Hoje, os pais se consideram bons à medida que tornam fácil a vida dos filhos. Não se dão conta que estão educando uma pessoa para viver em um mundo que não existe. Quando a criança chega à escola encontrará gente egoísta, agressiva, cruel, exigente... E isso acaba criando um contraste muito forte entre a liberdade que se tem em casa e a violência da vida real. Uma criança que só faz o que quer se torna um inadaptado; a vida, para ele, se torna um peso e pode levá-lo à ideia de que não vale a pena viver. 

C: Isto quer dizer que não perdeu sentido o famoso ditado “por tanto te querer acabo te sufocando”?

M: Neste sentido, funciona sim. Nunca na história da humanidade os pais têm amado tanto os seus filhos. Antes do movimento hippie, o papel dos pais era formá-los; a educação das crianças tinha por base obrigações e deveres. É uma hipótese ousada, mas acredito que a criança que receba tão somente amor e carinho pode ser a origem desta tragédia.

C: Você afirma que são três as causas fundamentais do suicídio: fragilidade, solidão e depressão. Analisemos uma por uma:

Fragilidade

M:  É a característica de uma pessoa que não sabe se defender quando agredida. É provável que tenha sido criada por pais que não entenderam que sua tarefa era formar seus filhos para uma vida, que na maioria das vezes, não é nada fácil.  Estamos formando crianças e jovens ineptos, incapazes de arrumar a própria cama, a comprar alguma coisa na padaria, a fritar um ovo,  a fazer coisas mínimas do nosso cotidiano. 

Solidão

M: A solidão é a epidemia do século XXI, um tema que ainda a psiquiatria não tem abordado com a profundidade que se faz necessário. Mas temos que fazer a distinção entre ser só e estar só. Estar só é um estado apropriado à reflexão, à meditação, enquanto ser só é não conseguir amigo ou namorado. É o fruto de uma incompetência, de ser filho único, de não ter tido a experiência de partilhar suas coisas, de não ter aprendido a negociar, de ser incapaz de exercitar-se na arte mais refinada que existe: a de estabelecer interação íntima com outro ser humano. 

Depressão

M: A depressão sinaliza o mesmo que a solidão, mas o foco está voltado a alguém muito importante: você mesmo. É a incapacidade de se valorizar, de acordar e dizer: “Que bom viver mais um dia!” A pessoa depressiva não consegue gostar de si mesma e se for solitária e frágil o mecanismo do suicídio poderá ser ativado em face de ocorrências como: não passar de ano, perder o namorado, ir à falência nos negócios ou até mesmo sofrer um constrangimento qualquer.

C: Como preparar os filhos para enfrentar as adversidades?

M: Ajudando-os a enfrentá-las gradativamente. Não é possível escalar altas montanhas antes das de baixa altitude. Só possível tocar em um concerto de Mozart se começarmos com os pequenos exercícios ao piano.  É isso o que os pais “amorosos” de hoje não entendem. 

C: As taxas de suicídio são mais altas em países ricos, desenvolvidos?  

M: Esta relação não é direta: maior riqueza, maior taxa de suicídio. As sociedades mais desenvolvidas  tem abandonado a as raízes familiares, rompido os vínculos com a comunidade e criado condições de vida que tem se mostrado ruins. Um estudo muito interessante e que nos serve de exemplo é o do psicólogo Martin Seligman. Em um experimento para sua tese de doutorado ele colocou 50 ratos em uma gaiola e anotou o tempo que eles demoravam a morrer sem alimento. 45 morreram nas primeiras 24 horas e cinco deles sobreviveram até 72 horas. Seligman não encontrou qualquer particularidade biológica entre eles. Um dia, porém, o seu auxiliar de laboratório lhe forneceu a chave do mistério: quando ele tinha ido comprar os ratos só havia 45. O vendedor lhe disse que ele esperasse um dia a mais que ele forneceria os outros cinco. Sabe onde o vendedor os conseguiu? No esgoto. Eles eram justamente os cinco que haviam sobrevivido. A única particularidade era o fato de que eles enfrentavam todos os dias a adversidade.

Quem é Miguel de Zubiría Samper?
Local e data de nascimento: Bogotá, 9 de fevereiro de 1951.
Estado civil: casado, dois filhos.
Formação: Psicologia, Composição musical, Antropologia, Biologia e Matemática.
Percurso profissional: professor universitário, diretor da Fundação Alberto Merani, presidente da Liga Colombiana contra o Suicídio.
Área de pesquisa: Nos últimos anos tem estudo a afetividade e a felicidade em uma perspectiva científica.
Obras publicadas: Psicología de la felicidad (2006), La afectividad humana (2006), Cómo prevenir la soledad, la depresión y el suicidio en niños y jóvenes (Aguilar, 2007).

Fonte desta entrevista
Cambio (www.cambio.com.co)
Domingo 2 de noviembre de 2008 :: Inicio/10 preguntas :: "Estamos formando unos hijos ineptos"
http://www.cambio.com.co/paiscambio/10preguntascambio/738/ARTICULO-WEB-NOTA_INTERIOR_CAMBIO-3684900.html

Biografia de Miguel de Zubiría na Wikipédia:
http://es.wikipedia.org/wiki/Miguel_de_Zubir%C3%ADa_Samper

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Suicídio infantil


O que leva uma criança a se suicidar?

Matéria publicado em El Espectador aborda esta dramática questão, que tem inquietado estudiosos, professores e pais.

Ao tomar contato com a obra de Miguel de Zubiría Samper buscamos conhecer melhor suas ideias. Até que consigamos traduzir a sua entrevista ao jornal Cambio, intitulada "Estamos formando filhos ineptos", segue o link para a versão original.

Segue abaixo a transcrição do texto em espanhol.

Dos casos registrados esta semana, en el Tolima y en el Valle del Cauca [Colômbia], prendieron las alarmas sobre este fenómeno, que el año pasado cobró la vida de 193 menores de edad.

¿Qué tiene en la cabeza un niño de cinco años que se suicida (como lo registra el informe de Medicina Legal Forensis 2011)? El año pasado, 193 menores de edad entre los 5 y 17 años decidieron quitarse la vida. ¿Qué los llevó a tomar esa decisión?

Quizás una de las personas en Colombia que más conoce el tema es Miguel de Zubiría Samper, director de la Liga Colombiana contra el Suicidio Infantil y autor del libro Cómo prevenir la soledad, la depresión y el suicidio en niños y jóvenes. Zubiría dice que los cerca de diez años que ha investigado este fenómeno lo han llevado a una conclusión: existen dos razones fundamentales que llevan a una persona a tomar esta decisión.

“Detrás de los mil motivos que un niño tiene para suicidarse - desde perder una materia hasta la separación de sus padres o sentirse gordo - hemos encontrado dos causas muy precisas: la primera es la infelicidad en el sentido estricto de la palabra”.

Asegura que en Colombia hay un número “enorme” de niños y adolescentes que se sienten muy infelices porque no tienen buenos amigos, o porque su colegio les parece aburrido, o porque se sienten solos. Incluso, se atreve a calcular que un 50% de los jóvenes en nuestro país está llevando una vida infeliz.

“Si no hay fuentes de felicidad (así los papás piensen que la felicidad está en un televisor en el cuarto, en un ipod o en una camiseta nueva), cualquiera de los mil motivos que mencionamos pueden disparar ese pensamiento de que la única opción es suicidarse”, dice.

Y hay una segunda causa: el sufrimiento. “Existe un gran dolor sicológico al perder a tu mamá, a tu papá, al sentirte feo... hay mil fuentes posibles de sufrimiento. Y ese dolor es tan severo que el niño o el joven o el adulto — no hay ninguna diferencia— piensa que la única manera de eliminarlo es acabando con su vida”.

Según De Zubiría, la pregunta de fondo en estos casos es: “¿Por qué hay millones de niños tan infelices y por qué sufren tanto por cosas que a nosotros nos parecerían idioteces? Ese es el cuestionamiento que hay que resolver, y para eso hay que preguntarse también qué está pasando en las familias y en los colegios, que no estamos preparando a los niños para
que aprendan a sufrir”.

Dos suicidios ocurridos esta semana en Mariquita, Tolima, y en Jamundí, Valle del Cauca, pusieron en evidencia un recrudecimiento de esta problemática.

El más reciente fue el de Brigit Lorena González, de 14 años. Un disparo al aire enfrente de sus compañeros de colegio fue la primera alerta. Luego, con el mismo revólver calibre 38 apuntó a algunos de ellos y, de inmediato, una crisis nerviosa empezó a contagiarlos. Una crisis que estalló cuando, después de fallidos intentos de diálogo con ella, Brigit apretó el gatillo una vez más. Su estómago recibió el impacto y su muerte fue inevitable.

El otro fue el domingo en horas de la tarde. Un menor de 12 años, en el sur del Valle del Cauca, decidió ahorcarse después de un regaño de su mamá.

Y tal vez, como lo explica Luis Alberto Ramírez, médico siquiatra de niños, unas de las principales causas son los altos de niveles de ansiedad en la infancia y su vulnerabilidad a un entorno social cada vez más complicado.

“Hay un promedio de 37% y 40% de niños y jóvenes con grados críticos de ansiedad. Eso es lo que están experimentando en una sociedad donde los lazos familiares se han debilitado y las relaciones giran en torno a un consumo desfasado”, dice. A ello se suman el miedo al fracaso y el temor hacia el futuro. En suma, una desesperanza agobiante.

Según este especialista, la incomprensión de los padres es otro factor que tiene graves consecuencias. “Lo peor que se puede hacer cuando un niño dice que se va a matar, es retarlo”. Para Ramírez, hay temporadas peligrosas, como el final de un año escolar, cuando, si no se cumplen las metas propuestas, es posible que haya momentos de crisis.

“Ahí lo mejor que se puede hacer es escuchar y presentarles momentos amables. Los padres deben entender que los niños tienen diferencias intelectuales y que no todos tienen la misma capacidad”, afirma.