sexta-feira, 29 de julho de 2011

Replicando artigo sobre "suicídio, depressão, familia e relações interpessoais"

Suicídio, Depressão, Família e Relações Interpessoais

A Organização Mundial de Saúde estima que um milhão de pessoas cometem suicídio Anual,ou seja, aproximadamente 2740 pessoas por dia no universo. Dados da Estimativa da OMS, ainda de 2002 revelam números assustadores quanto ao avanço das doenças Neurológicas,
Psiquiátricas e Psicológicas afirmando que 154 milhões de pessoas sofrem de Depressão; e mais 15 milhões sofrem de transtornos causados pelo uso de bebida alcoólica e outras drogas, lembre-se, esses dados são de 2002.


O Brasill está entre os dez países do mundo no ranking do suicídio, cerca de 8.000 casos por ano. Vamos conversar sobre esta patologia associada a outras doenças que podem agravar esta estatística, contribuindo para sua manifestação que resulta em tristeza familiar e social.

Porém é importante acrescentar que muitas mortes não são registradas como suicídio, além de não se ter de forma precisa dados estatísticos de tentativas infrutíferas de auto extermínio, que, segundo estima a OMS podem estar na esfera de 20 vezes superiores aos casos consumados.

Aqui vale citar que o Sistema de Saúde Brasileiro, o chamado SUS, aquele que todos pagamos através de inúmeros impostos, ocupa a 125ª posição no ranking internacional de bom desempenho dos sistemas públicos de saúde.
Estamos na UTI institucional chamada Saúde, visto que nossa péssima colocação nos reporta aos níveis inferiores de países como El Salvador, que ocupa a 115ª posição.
Só para citar alguns dos melhores países em assistência a Saúde no mundo, está: França, Itália, Singapura, Espanha, Áustria e Japão. (World Health Report (2000) Organização Mundial de Saúde, p. 153).
No Brasil, segundo o psiquiatra Carlos Felipe Almeida, coordenador das Diretrizes Nacionais de Prevenção do Suicídio, isto mesmo, existe este cargo no Ministério da Saúde. Este profissional avalia que também existem diferenças entre regiões quando se fala em suicídio, faixa etária, gênero e até etnias no Brasil: "Há lugares que têm mais fatores de risco ao suicídio, como o uso abusivo de álcool e drogas. Em contrapartida, há outros que têm mais fatores de proteção, como qualidade de vida".

Em relação aos indígenas, Almeida diz que em todas as etnias, as taxas são altas, o que eleva os índices nos locais onde vivem essas populações. "A taxa em Dourados, no Mato Grosso do Sul, é elevada por causa da mortalidade entre os Guarani-Kaiowá".

Segundo Carlos Almeida, o que acontece, por exemplo, em Macapá, dados de 2004 do Ministério da Saúde, revelam que esse estado lidera o ranking de mortalidade por suicídio masculino entre as capitais: 13,6 mortes a cada 100 mil homens. E justifica: "Como no Amapá cerca de 70% da população vive na capital, é natural que lá o índice seja maior que entre outras cidades do estado”. Porém o mesmo Ministério da Saúde revela que no Rio Grande do Sul, levantamento realizado em 2004, ou seja, no mesmo período, que esse estado apresenta a maior mortalidade masculina por suicídio do país: 16,6 mortes a cada 100 mil homens. Em último lugar está o estado do Maranhão, com 2,3 mortes a cada 100 mil homens.

Em relação às mulheres, Mato Grosso do Sul ocupa o primeiro lugar, com taxa de 4,2 mortes a cada 100 mil mulheres. Em último lugar estava o Rio Grande do Norte, com mortalidade de 0,6 a cada 100 mil mulheres.
Em 2004 a média nacional era de 4,5 mortes por 100 mil habitantes, de acordo com um estudo feito pelo Ministério da Saúde, em parceria com universidades públicas e privadas, sem informar quais são estas universidades.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), no Japão, a média é de 25 mortes por 100 mil habitantes, enquanto que em países como Espanha, Itália, Irlanda, Egito e Holanda, é de menos de dez mortes a cada 100 mil habitantes.

O suicídio está entre as três principais causas de morte em idades entre os 15 e os 34 anos. Em alguns países da Ásia e Europa, o suicídio ocupa as primeiras e segundas posições entre as principais causas de morte para ambos os sexos.


Observe como é complexa a questão do suicídio, quando comparada as principias causas de morte na China e Europa:

China:
1ª - Suicídio;
2ª - Acidentes de veículos motorizados;
3ª - Câncer.

Europa:
1ª - Acidentes de Tráfego;
2ª - Suicídio;
3ª - Câncer.

Porém, "quando comparamos a média brasileira à de outros países, pode parecer que não há problema", diz o coordenador do Núcleo de Intervenção em Crise e de Prevenção Suicídio da Universidade de Brasília (UnB), Marcelo Tavares. "Por localidades, no entanto, existem muitas diferenças, e há lugares em que as taxas são comparadas à gravidade de outros países".

Apesar desta confusão de dados estatísticos, o técnico do Ministério da Saúde tenta explicar a necessidade dos números, que mesmos imprecisos objetivam segundo Almeida: “... ser levado em consideração para que se possam organizar políticas de intervenção e prevenção ao suicídio".

Realmente tudo no Brasil é muito difícil, até apresentar dados estatísticos do mesmo Ministério da Saúde, isto o torna um Ministério de Dados SUS-peitos, pois estamos apresentando números de 2004, visto que a política pública para ser tratada de forma precisa, necessita primeiro que seus números sejam atuais e assim se compartilhem com a sociedade, dados com consistência científica para que a população possa saber das reais condições dessa patologia em nosso país.

Mas como diz Boris Casoy: “Isso é uma vergonha”!

Não há uma explicação conclusiva e nem convincente para essas taxas, visto o suicídio ser um fenômeno pessoal e social, ou seja, há uma combinação de fatores biológicos, psicológicos, psiquiátricos, sociais, econômicos e ambientais que podem estimular uma pessoa a tirar a própria vida. Porém buscar estudar esse fenômeno e nos preocupar com o mesmo, tem sido um grande desafio para os estudiosos do comportamento humano, visto que todos nós, durante nossa existência, iremos encontrar famílias acometidas por traumas, em função de um ente querido ter tirado sua própria vida, diante de um ato de fuga de contato extremado e sem uma explicação maior, pois a vida é o único bem comum ao ser humano, e diante dessa consciência, somos o regente de nossa orquestra chamada vida, embalados por sentimentos e valores sociais, que no compasso da angustia de viver, causam efeitos dialéticos e expressa o empírico do ser a convicção de nossa própria morte.
Sabemos do vasto avanço do uso de drogas ilícitas em nossa sociedade, e como me disse recente um amigo policial: “o tráfico tomou conta das cidades brasileiras”. Mas nossas autoridades estão querendo discutir altos investimentos para a copa do mundo, trem bala entre Campinas-Sp e Rio de Janeiro, Rj, e assim se constrói uma nação em que o maior marketing político é o velho pão e circo. Ou seja, comida e diversão, sem necessariamente se discutir qualidade de vida, assistência integral e real a saúde da população brasileira.

Para aprofundar a discussão sobre o Suicídio, temos que analisar a associação entre depressão, alcoolismo e impulsividade, sendo estes alguns dos fatores que podem ajudar na perversa estatística da patologia.


A depressão é um transtorno mental, que atinge a pessoa como um todo. Famílias com histórico de depressão tendem a manifestar um sentimento de menos valia por seus filhos, possibilitando o agravamento maturacional da personalidade, expondo ao risco patológico. Nesse sentido se faz necessário uma ação terapêutica de medicação e psicoterapia, objetivando combater a depressão e assim impedir o impulso suicida.

O alcoolismo é uma patologia que pode chegar a elevar o risco de suicídio, visto sua impulsividade ser severa, contribuindo para o agravamento da patologia.

O traço comum a essas duas patologias está na impulsividade que se caracteriza como uma disposição a reações rápidas e não planejadas, motivadas por estímulos internos ou externos, que ocorrem sem a devida atenção quanto à conseqüências negativas futuras para o indivíduo ou para os outros e seus familiares. O que torna a impulsividade patológica é exatamente a incapacidade sistemática de resistir a ela, ou seja, evitar que o comportamento venha a ocorrer novamente.

A força e a natureza dos impulsos suicidas não são mais que um dos fatores que determinam se um indivíduo tentará ou não o suicídio. Algumas pessoas desenvolvem forte aversão ao assassinato de outra pessoa, bem como sua imagem narcisista reflete uma consciência em ser contra o suicídio. Porém quando as pessoas estão diante de maiores dificuldades existenciais, ou enfrentando vergonhas públicas, ou ainda período de perda de ente querido, que por ventura tenha se suicidado, ou subitamente veio a falecer, estes fatores podem gerar um rompimento com os valores estabelecidos anteriormente em sua personalidade, possibilitando o devaneio e impulso em buscar da morte, o que no sentido Freudiano, seria a vitória de Thanatos, Deus da Morte, sobre Eros, o Deus do Amor.


Diante dessa complexidade que significa discutir o Suicídio vamos avaliar não as teorias das suas possíveis causas, mesmo as citadas por Émile Durkheim, em seu necessário livro Suicídio, mas sim propor uma reflexão que nasça da análise do discurso da sociedade atual, que se propaga como sendo capaz de universalizar a busca da qualidade de vida, potencializando a chamada era do conhecimento e da comunicação, onde é ofertado um mundo on-line, disponibilizando salas de bate-papo e redes sociais, que estão disponíveis para grande parte das nações, inclusive a japonesa, que possui uma das melhores rendas per-capta do mundo, interligando o homem diante do computador, com o celular que também permite acessar a internet, possibilitando um tempo real de comunicação universal, sem fronteiras e sem aprisionamento ideológico.

Todos já ouvimos isso em todas as formas de propagação, e recentemente observamos que as chamadas redes sociais, serviram de instrumento de clamor social e convocação de ações para a queda até de ditadores, como os países árabes acabam de nos presentear com esse belo exemplo em saber usar a tecnologia. Porém o que mantém esse alto índice de suicídio, se podemos até marcar com várias pessoas em uma praça pública para troca de abraços?

Oba, falei abraço!

Vamos analisar empiricamente esta ação, de marcar em praça pública o Dia do Abraço, o Dia do Amigo e assim esses dias que na internet falam da necessidade do calor e atenção humana. Este fato parace ser um sintoma universal de falta, pois se as pessoas tivessem esse comportamento em seu cotidiano, não necessitariam marcar um lugar para conseguir viver esse momento básico e mágico da vida.
E o que está acontecendo conosco? Somos abraçados? Abraçamos alguém hoje?
Mas eu tenho tantos bens materias que agora já posso até dizer que Deus me deu, pois ter fé para algumas pessoas é receber algo material de Deus. Vejo adesivo de carro com a frase: Presente de Deus. Ter carro significa uma ação de Deus em minha vida? E os que não tem carro, estão distantes de Deus, aqui vale lembrar que Jesus não se escreve com $, pois ele não tinha nem um burro para se locomover.

Assim pergunto!

Onde está o valor da vida?

Deus nos concedeu a Vida, não existe nada melhor do que saber viver. Esse é o único e maior patrimônio, porém algumas pessoas optam em materializar a vida e desta forma somos calvinistas de nós mesmos, sendo predestinados a ter e não a ser. Logo, a felicidade passa a ser o que eu e você temos, e não o que eu e você somos, ou seja, o ter assume o horizonte da felicidade, todos em busca do ter, e assim criamos a etiqueta da sociedade material, em detrimento do ser homem e feliz diante da dificuldade de viver.


Como será que está o contato com os nossos familiares, nossas amizades, nossa comunidade, nosso bairro, nossa sociedade? Será que teremos sempre que lembrar as pessoas de que existe o dia do abraço e do amigo e assim por diante. E o que fazer com esta falta de calor humano, que pode estar patrocinando essa onda de suicídio, vamos continuar convocando pessoas através do uso da tecnologia para que possamos nos encontrar na praça, no orkut, no facebook, no twitter, no msn...

O suicídio está aí, como disse anteriormente, preocupante e desafiador, pois essa patologia faz parte de todas as sociedades, significa que está presente no meu bairro, na minha comunidade, na minhas amizades e podendo se fazer presente em minha família.

Fica claro que não podemos viver sem abraçar e isso tem que estar vinculado a família, pois nada substitui os braços que abraçam e formalizam a genética da vida.

Os pais são os elementos da construção da estima e valorização dos filhos, não podem perder esse referência, visto que o sofrimento provido da falta de atenção, amor e respeito familiar são fortes indicadores de sentimentos de depreciação da prórpia pessoa.

Sem amor eu nada seria, já cantava Renato Russo.

O Amor se apresenta diante da vida como uma vitamina genética-afetiva, produzindo uma cascata de prazer hormonal, possibilitando uma ampliação saudável na rede de neurotransmissores, causando uma sensação de bem estar que nos reporta ao estado do bem de viver.
Quando da ausência do amor genético-afetivo, a vida revela um pesar emocional onde se faz necessário produzir medicação antidepressiva como Prozac, Paxil, Zoloft, Luvox, entre tantos outros, que diante da ausência originárias dos afetos familiares existenciais, benéficos do amor, são capazes de trazer de volta o equilíbrio químico cerebral diante de um quadro depressivo e assim ajudam a recomeçar e planejar a vida, podendo também evitar o suicídio. Porém esses comprimidos químicos não libertam a angústia causada pela falta da valorização familiar, que no sentido mais amplo passa pelo amor de pai e mãe, bem como da referência afetiva com os irmãos, tios, avós, etc.

Algumas relações familiares conflitivas são estimulativas à prática da violência entre seus membros, permitindo um jogo de culpa que faz tanto mal, como já cantava Gonzaguinha.

Quando os pais perdem o horizonte de educar, como referência de respeito aos filhos, esses por sua vez usam do mesmo exemplo em suas relações interpessoais com os irmãos chegando a valorizar mais as pessoas de fora do ambiente familiar, causando o abandono genético-afetivo, disseminando um individualismo capaz de olhar o mundo sem ver o interesse de mais ninguém, apenas o seu próprio, pois aprendeu que viver é igual a sobreviver, não importando por isso o sentimento do outro, mesmo que esse seja da família.

O suicídio é uma prática universal, assim como o amor é um sentimento universal, porém estima-se que diante das dificuldades da vida, os que têm maiores capacidades de superação tem algo importante a realizar em seu futuro. Lembre dos atletas que desafiam os limites da dor física em competições universais, eles sempre atribuem suas vitórias às pessoas que são seu ente querido, que por algum motivo não estão na presença, mas não deixa de estar presente no sentimento e na emoção da pessoa do atleta, que sem essa motivação subjetiva presente no momento da competição, sua vida ficaria um eterno abismo no horizonte da vitória.
Não podemos permitir que ainda se entenda que o homem é um ser apenas racional, pois Frejat na música Segredos canta: “procuro um amor que seja bom pra mim..., Eu procuro um amor, uma razão para viver”...ou seja um sentimento que me faça viver. Quantas pessoas você imagina que estão em busca desse momento em suas vidas?


É preciso eliminar a ideologia de que o homem possui um armário que possa guardar seus problemas, bem como precisamos fugir do formalismo técnico e a robotizaçao das relações interpessoais, sendo necessário aquecer o abraço da solidariedade e humanização das relações interpessoais nas instituições como um todo, somos frágeis e ao estarmos distantes de nossa natureza maior que é amar, corremos o risco de suicidar pela falta.

Com isto, temos que avaliar esses expressivos números de Suicídios no Brasil e no Mundo como algo muito desafiador no sentido de tomarmos medidas familiares e sociais capazes de encontrar uma condição de reduzir esse agravo provocado por questões gerais, como: pelos chamados transtornos neuropsiquiátricos, bem como avançar em estudos psicológicos objetivando oferecer tratamento que possam despertar o interesse em mudança de vida e valorização das pessoas diante dos afetos humanos, possibilitando também um maior aumento em investimento científico sem deixar de dar a atenção devida à genética-afetiva.

Mauri Gaspar
Psicólogo e Professor

Bibliografia
ANDREASEN, Nancy C. Admirável cérebro novo: Vencendo a doença mental na era do Genoma. Artimed, Porto Alegre/2005.
CORDIOLI, Aristides Volpato e colaboradores. Psicoterapias: abordagens atuais. 3ª edição, artimed, Porto Alegre/2008.
MACKINNON , Roger A. e MICHELS, Robert. A entrevista psiquiátrica na prática diária. 3ª edição, artes médicas, Porto Alegre/1987.

As fotografias fazem parte do acervo pessoal de obras de artes.

Fonte:  http://mginsight.blogspot.com/2011/07/suicidio-depressao-familia-e-relacoes.html

Resumo de artigo científico sobre a atuação dos profissionais diante de situação de suicídio

ANÁLISE DE CONTEÚDO DO DISCURSO DE PROFISSIONAIS FRENTE A
UMA SITUAÇÃO DE SUICÍDIO

Geórgia de Oliveira Moura (Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN)
Carla de Sant’Ana Brandão (Universidade Estadual da Paraíba - UEPB)
Manuela Ramos Caldas Lins(Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN)
Mirela Dantas Ricarte (Universidade Estadual da Paraíba - UEPB)

Email do apresentador: georgiaio@hotmail.com
Telefone para contato: (83) 9342-7668

Estudos  acerca  fenômeno  do  suicídio  põem  em  xeque  questões  de  ordem  social,
levantando  discussões  sobre  o  sofrimento  do  outro,  e  a  tentativa  por  parte  de
acadêmicos  e  profissionais  da  área  de  saúde,  de  compreender  esta  angústia  que
invariavelmente atinge a comunidade como um todo. Este é um tema discutido ao longo
do  tempo  e  algo  ainda  lidado  com  cuidado  por  profissionais  da  área  de  saúde  e  das
ciências humanas. A presente pesquisa caracteriza-se por ser uma pesquisa qualitativa
que tem como objetivo principal analisar as percepções e sentimentos dos profissionais
do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) da cidade de Campina Grande/PB mediante
uma situação de suicídio ocorrida no local de trabalho com uma usuária do serviço. Para
tanto, com base nesta situação, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com nove
profissionais  do  serviço  que  responderam  a  questões  acerca  das  explicações  para  a
ocorrência  do  suicídio,  das  suas  percepções  e  sentimentos  diante  do  fato  e  suas
impressões acerca do seu papel e do CAPS na prevenção do suicídio na instituição. As
entrevistas, após transcritas, foram submetidas ao Método de Análise de Conteúdo. Os
resultados  indicaram  que  os  profissionais  percebem  a  situação  de  suicídio  como:
fatalidade; algo inexplicável; e decorrente da irresponsabilidade da equipe. Em relação
aos  sentimentos  destes  frente  à  situação,  identificamos  sentimentos  de  impotência,
perda, surpresa e culpa. Sobre o papel da instituição para inibir o fato, os profissionais
apontaram a necessidade de adequação da estrutura do prédio e de maior cuidado por
parte dos profissionais do serviço. Em relação ao papel da equipe, alguns destes indicam
que foi feito o possível, enquanto outros apontam a necessidade de um maior cuidado.
Portanto, foi possível concluir que há uma grande cobrança por parte dos profissionais
tanto   no   que   tange   ao   seu   trabalho   pessoal,   quanto   em   relação   ao   trabalho
multidisciplinar  na  prevenção  do  suicídio,  também  sendo  possível  observar  que  o
discurso dos profissionais se prendeu a justificativas apoiadas no transtorno mental da
usuária,  procurando,  de  alguma  maneira,  encobrir  seus  sentimentos  de  impotência
diante da atitude da mesma, mostrando-nos assim uma necessidade de discussão sobre
perdas e morte no ambiente de trabalho dos profissionais de saúde.

PALAVRAS-CHAVE: Sofrimento Psíquico, Suicídio, Profissionais de Saúde Mental 

quinta-feira, 28 de julho de 2011

O caso da advogada paulista...

Raul Dias Filho, jornalista mineiro, publicou recentemente em seu blog o texto abaixo, chamando-nos a atenção para o Transtorno de Borderline e a tendência suicida. Vale a leitura.   

Kill me, please...

Todo mundo sabe o que é depressão. Por ter ouvido falar ou por conviver com pessoas que padecem com a doença. Ela é sorrateira. Se instala e vagarosamente consome sentimentos básicos e essenciais como a alegria, a felicidade e, algumas vezes, até a vontade de viver. Mas até onde pode chegar essa sensação que corrói e, eventualmente, deforma a personalidade das pessoas ? A resposta pode estar na reportagem sobre a mulher que planejou seu próprio assassinato. Durante anos, a jovem advogada foi tratada como depressiva. Mas tinha, na verdada, uma doença ainda mais grave. Se chama Transtorno de Borderline. Borderline significa 'limitrofe'. É a fronteira exata entre o que chamamos de normal e aquilo que conhecemos como insano. Quem sofre desse mal caminha o tempo todo no fio da navalha. Basta um escorregão para cair. E quem cai,  muitas vezes, não consegue mais se levantar. Foi o que aconteceu com a advogada de Penápolis, no interior de São Paulo. Para ela, a sensação de abandono e rejeição foi mais forte que qualquer razão para viver.

Ainda existe uma controvérsia sobre o mal que afligia a advogada. O Transtorno de Borderline transforma a pessoa num potencial suicida. Mas a vontade de tirar a própria vida se manifesta em situações pontuais. É como se fosse um surto. Vem, se manifesta, e passa. Mas o plano da advogada foi calculado nos minimos detalhes. A elaboração da propria morte começou na noite de sábado. E só se consumou na madrugada da terça-feira. Ela teve tempo de pensar e repensar em tudo. E de se arrepender tambem. Mas escolheu morrer pelas mãos de outra pessoa. Uma fonte segura disse que, na véspera, ela esteve na igreja e se confessou para o padre. Será que foi a religiosidade que a impediu de tirar a própria vida ? Nunca saberemos.

Ps: Muita gente, médicos inclusive, confundem o Transtorno de Borderline com a depressão. E, por esse Brasil afora, inúmeros pacientes são diagnosticados de forma equivocada. E tratados com medicamentos que não inibem os sintomas perigosos e, as vezes fatais, do transtorno de Borderline. 

Fonte: http://umgiramundocomoeu.blogspot.com/2011/07/kill-me-please.html





segunda-feira, 25 de julho de 2011

Suicídio infantil

Segue abaixo dados sobre um artigo recém-publicado (no sítio Psicologia.PT) sobre o suicídio em crianças.
Suicídio infantil: reflexões sobre o cuidado médico
Elisa Pinto Seminotti (elisaseminotti@hotmail.com)

Graduada em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) - Brasil. Especialista em Saúde Pública pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)-BR. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Palavras-chave: Suicídio, criança, medicina

Resumo

O suicídio na infância e na adolescência é um sério e crescente problema, que tem se constituído como uma questão de saúde pública. Mesmo que a sociedade não disponha de espaço para tal discussão - carregada de tabus, medos, crenças religiosas e pessoais -, as crianças também fazem parte do contingente de tentadores de suicídio e suicidas no país e no mundo. O suicídio, em todas as faixas etárias, está entre as dez principais causas de morte no mundo, sendo a terceira causa mais comum de morte em jovens com idades entre 15 e 34 anos, e a quinta mais comum em crianças de idade escolar. O suicídio é considerado uma tragédia familiar e pessoal, que causa sofrimento naqueles envolvidos com a vítima. Considerando a dificuldade que existe para diferenciar ideações suicidas, tentativas e suicídio completo entre crianças, principalmente pequenas, a intervenção clínica para apoiar e tratar crianças em risco é difícil, mas de vital importância, principalmente quando visamos à prevenção do ato suicida. Dessa forma, o médico, como profissional próximo à criança e à família, porto seguro destas quando algo vai mal, tem o papel fundamental de ser um profissional capacitado para lidar com os temas da morte e da morte produzida, compreendendo este processo e disponibilizando sua atenção especial para casos de tentativa ou de risco de suicídio. O cuidado do médico vem como uma estratégia para tentar evitar que o desfecho trágico ocorra, e para auxiliar a família a reduzir o sofrimento que abate a criança suicida.
 Para ler o artigo completo clique aqui.

sábado, 23 de julho de 2011

Suicídio e Ecocídio no 7º Muticom - Mutirão Brasileiro de Comunicação

Destaque no painel “Comunicação como processo de valorização da vida”, André Trigueiro, professor do Departamento de Comunicação Social da PUC-Rio e jornalista da Globo News, levantou questões sobre “ecocídio” e suicídio.

André Trigueiro frisou em seu discurso que é necessário uma prevenção do suicídio. O jornalista chamou a atenção pro fato de ter, em média, 1 milhão de mortes por ano e essas estatísticas aumentam na faixa etária de 21 anos. E para cada caso consumado, um grupo de 5 ou 6 precisam de ajuda. A OMS pede urgência para jornalistas não omitirem casos de suicídio da mídia, mas terem sempre cuidado ao abordar este tema para que não seja absorvido pelo público como uma sugestão, pois o suicídio já um caso de saúde pública no Brasil e no mundo.

Outro ponto muito explorado por Trigueiro foi o “ecocídio”. Para ele não é possível falar de comunicação e vida sem falar deste risco: “As escolhas que nossas civilizações fazem, determinam o risco do apagão da vida”. O jornalismo deve ser usado tanto para informar coisas benéficas como para fazer denúncias, mas não deve focar apenas no sensacionalismo e nem mostrar abusadamente imagens de tragédias: “Isso pode ser considerado crime de lesa-planeta”.

Outro integrante da mesa desta manhã, Joel Birman, professor do Instituto de Psicologia da UFRJ, quando questionado pelos participantes, disse que uma das possíveis causas do suicídio é o declínio da autoestima, devido ao não reconhecimento do sujeito.

Para Birman, a perda da autoestima que geralmente é ligada a uma perda impossível de ser suportada. Mas ele destaca que apesar dos sinais que esta dor provoca, é preciso muita sensibilidade para interpretar a possibilidade desta pessoa se matar, pois isso é um ato inesperado.

Ainda sobre esse assunto, ele percebe que os jovens de todas as classes sociais têm, hoje em dia, uma grande falta de autoestima. Isso ocorre por que eles fazem parte da parcela que está menos inserida no mercado de trabalho. Este não reconhecimento social e simbólico que os jovens estão fadados pode gerar uma série de problemas e o suicídio é um deles.

Birman também fez uma contextualização sobre a impotência do ser humano e a necessidade de transformar sinais em símbolos para traduzir as reações naturais do corpo. Para ele, o organismo humano possui a necessidade da oferta de um ato de amor para que haja a restauração da sua inquietude. O conforto é visto pelo professor como sinal de duas coisas: experiência básica de satisfação e princípio do prazer. Este acolhimento esperado é o reconhecimento da condição de sujeito. Sem isso, o organismo humano tenderia à morte.

Trigueiro disse, ainda, que a função do comunicador, hoje, é estratégica em denunciar o que está errado e comunicar iniciativas em favor da vida. "Também não adianta derramar sobre os jovens toda a desgraça, por que isso vai desarmar toda a sua capacidade criativa de buscar soluções". Para Trigueiro, reportar a crise significa "instigar principalmente os jovens na busca de soluções", sugeriu.

Fonte: Camila Santos e Revista Missões

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Frase ilustrada - Tom Jobim & Ceó Pontual

Facebook e a prevenção do suicídio

Na Central de ajuda do Facebook há algumas questões sobre o suicídio e suas formas de prevenção.

Apesar destas informações estarem voltadas ao público norte-americano elas são úteis de alguma forma.

Segue abaixo a resposta mais consistente e melhor traduzida para o português.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Ausência de amor próprio, depressão, suicídio...

O AMOR NÃO MATA. O QUE MATA É A FALTA DE AMOR E A DEPRESSÃO GRAVE

Histórias da literatura, como a de Romeu e Julieta, e vários outros mitos do amor romântico valorizam o suicídio como forma de demonstrar amor. Isso é um engano, pois o amor está ligado à vida, à alegria. Quando amamos ficamos mais bonitos, mais criativos, cheios de vida. Se o amor acaba, sofremos, é claro, mas para matar a dor não é necessário matar-se.

Em abril, lemos nos jornais a trágica história de uma jovem linda e talentosa que se matou e deixou cartas na quais dizia que “morria por amor”. Em sua triste despedida, falava que era impossível continuar vivendo sem a companhia de seu amado. O que eu gostaria de frisar com este artigo é que não se morre de amor e sim por falta dele, ou de amor-próprio, e por depressão grave.

O amor romântico valoriza o suicídio. Filmes, livros e revistas falam de jovens que se matam “por amor”, comparando-os a Romeu e Julieta, os personagens de William Shakespeare (1564-1616) considerados os maiores exemplos do amor romântico.

Romeu e Julieta é a história de um terrível engano. Julieta é proibida pela família de viver com Romeu e, aconselhada por frei Laurence, toma uma poção que fará com pareça morta. A ideia é enganar a todos para que Romeu venha resgatá-la. Mas antes que o frade avise Romeu sobre a poção alguém lhe fala da morte da amada. Ao lado dela, no jazigo, ele também toma veneno e morre. Julieta acorda e, vendo Romeu morto, mata-se com o punhal dele.

Vários exemplos na literatura que alimentou nossa formação glamourizam a patologia e de certa forma estimulam jovens deprimidos a cometer suicídio, como se fosse um ato louvável. Os mitos têm grande influência em nossa vida. Os jovens se identificam com esses heróis românticos e tentam repetir sua história.

Quem pensa em matar-se está extremamente confuso. A depressão baixa as defesas e a pessoa perde o controle. Sente que algo dentro de si tem que morrer e confunde a morte simbólica com a morte real. Quer matar a dor, a  angústia, não aguenta mais sofrer. Precisa é curar a alma, tratar-se para renascer. O amor é para ser vivido. Se mata, a si ou ao outro, não é amor. O amor de verdade é alegre, tem momentos de loucura, de paixão, mas é pura alegria. O amor nos deixa criativos, bonitos, cheios de vida.

Mas às vezes o amor acaba, e quase nunca isso acontece ao mesmo tempo para os dois envolvidos. Há sempre um que sofre e não se conforma. Nada mais terrível num relacionamento do que ser rejeitado e conviver com o fato de que aquele a quem ainda amamos não nos ama mais.

Apesar do sofrimento, porém, temos que entender que é preferível a verdade cruel do que viver numa mentira ou com alguém que não nos deixa por pena ou covardia. Aquele que é abandonado deveria até agradecer ao outro, que foi honesto, por já não viver mais com alguém que não o ama mais. Se o outro nos deixa, temos a chance de refazer a vida, de amar novamente. Isso é possível em qualquer idade.

Quando descobrimos uma traição, ou o fim de um amor, passamos por várias fases de luto, é como se fosse uma morte. Experimentamos a negação — “Não, ele ainda me ama” —, a revolta — “Não vou permitir, não me separo!” —, a depressão — “Ele não me quer, quero morrer!” — e finalmente, com o tempo, a vida vence, aceitamos a perda, voltamos a nos amar e recomeçamos. Como propõe a bonita canção de Ivan Lins (65) e Vitor Martins: “Começar de novo/ E contar comigo/ Vai valer a pena/ Ter amanhecido/ Ter me rebelado/ Ter me debatido/ Ter me machucado/ Ter sobrevivido/ Ter virado a mesa/ Ter me conhecido/ Ter virado o barco/ Ter me socorrido/ Começar de novo/ E só contar comigo/ Vai valer a pena/ Já ter te esquecido/ Começar de novo...”.

Leniza Castello Branco, psicóloga e analista junguiana na capital paulista, é membro da Sociedade Brasileira de Psicologia Analítica (SBPA).

Fonte: Revista Caras.  24 de junho de 2011. Edição 920. Ano 18.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Novo curso do Posto Samaritano Abolição, do CVV, para voluntários

Posto Samaritano Abolição, vinculado ao Programa CVV de Apoio Emocional e Prevenção ao Suicídio realizará nos dias 17 de julho (das 8:30 às 18:30h), um curso para a seleção de novos voluntários da entidade.

Requisitos para ser voluntário:

. Ter mais de 18 anos
. Disponibilidade de tempo (média de 4 horas e meia por semana)
. Disposição para ajudar o próximo e abertura para o autoconhecimento.
. Disponibilidade para comparecer e permanecer durante o evento de formação.

Inscrição:

Pessoalmente: Rua da Abolição 411 - Bela Vista - SP (horário comercial)
Telefone: 3242-4111 depois das 19h
E-mail: samaritanos.abolicao@gmail.com

É sempre bom lembrar que o CVV também está atendendo via chat (www.cvv.org.br) a todos quantos precisam de um ombro amigo.