quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Prevenção do suicídio: por que fracassamos tanto?

No início da década de 1970, morriam pouco mais de 2000 suecos, tanto por suicídio, quanto por acidentes automobilísticos. Naquele mesmo período (não por mera coincidência ou intenção específica de comparação, mas pelo mesmo despertar de consciência social) foram desenvolvidas duas séries de estratégias para enfrentar os dois problemas. Na década seguinte, as mortes por acidentes tinham caído a menos da metade e as devidas a auto-extermínio continuavam nos mesmos patamares (Lars Jocobsson, 1986). Estavam os suecos diante de um sucesso e de um fracasso retumbantes.

Inútil dizer, como fazem muitos nesses casos, que, na ausência das intervenções, os números para o suicídio teriam sido ainda maiores. Eis um argumento que denuncia uma pequena honestidade intelectual e mais serve para "autotranquilização" do que para fazer avançar o entendimento!

Esse foi apenas o dado mais eloquente que encontramos, diante do desafio de prevenir o suicídio, mas as sérias dúvidas quanto à efetividade de todos os esforços e investimentos, dispendidos para esse fim, atingem todos os que com ele trabalham. Medidas pontuais, como, por exemplo, modificações na composição de defensivos agrícolas ou no fornecimento de gas, dão algum resultado imediato, mas logo perdem qualquer efetividade na diminuição marcante das taxas nas diversas sociedades. O que podemos concluir, a partir dessa constatação?

Até hoje, apenas roçamos o problema dos dramas sociais e pessoais que levam as pessoas a dar fim às suas própias vidas.

O entendimento das razões para tanto fracasso pode brotar das observações (mais que centenárias) do primeiro pesquisador sério do assunto, E. Durckheim: há, em cada sociedade, uma "corrente suicidogênica" que faz com que o suicídio seja o fenômeno demográfico mais previsível dentre todos. O suicídio não é um problema originalmente médico e nem mesmo decorrente de simples dramas individuais. Antes do início de um ano qualquer, podemos dizer, com uma margem mínima de erro, quantos suecos, japoneses, húngaros ou alemães darão fim às suas próprias vidas nos doze meses seguintes. Ou seja: o suicídio é um problema eminentemente sociológico. Dessa constatação muito genérica, até o desenvolvimento de estratégias efetivas para atacar o problema, entretanto, quanta distância!

Do ponto de vista médico, os fracassos são até relativamente fáceis de explicar. Nossa intervenção mais específica somente se inicia depois do surgimento da ideação suicida mais permanente ou, pior ainda, depois de alguma tentativa. Desse ponto em diante, e da cristalização de certos perfis de personalidade, nossa possibilidade de modificar alguma coisa diminui sensivelmente (há que assinalar que, diante de qualquer caso específico, sempre investimos em uma expectativa de enorme esperança).

Outro engano grosseiro, que muitos cometem, é a hipervalorização das doenças mentais como causa específica para o suicídio. A simples observação de que cerca de 90% dos suicidas sofriam de alguma doença psiquiátrica, parece ser suficiente aos mais apressados (e menos cuidadosos) para o estabelecimento daquela relação. A constatação, porém, da enorme diferença nas taxas de suicídio encontradas entre os diversos países e culturas (até mais de dez vezes), enquanto a prevalência das doenças mentais é muito semelhante entre os vários países e culturas, deveria ser suficiente para um maior cuidado no estabelecimento de relações causais.

Só para efeito de raciocínio, se subdividíssemos os períodos de vida das pessoas adultas (deixemos de lado os suicídios entre adolescentes), até a chegada à ideação suicida, em cinco estágios (com suas vicissitudes): 1-primeira infância; 2-início da vida escolar; 3-surgimento da puberdade; 4-exigências da adultidade e; 5-seus fracassos repetidos, nossa intervenção iniciar-se-ia somente na última. Sejamos, então, mais humildes em relação aos nossos instrumentos e, ao lado de nossas ações mais propriamente terapêuticas, tentemos intervir junto à sociedade para que reflita quanto à maneira desumana com que muitos são tratados, especialmente do ponto de vista da intolerância e do estímulo à competição predatória entre as pessoas. Aquela mesma sociedade que divide as pessoas em "vencedoras e derrotadas" e transmite, às atiradas a essa última "classificação", que devem se envergonhar e que talvez nem mereçam viver.

Márcio Amaral (Formado em 1976 pela UFRJ, especializou-se em Psiquiatria no Instituto de Psiquiatria (IPUB) da UFRJ. Possui Mestrado e Doutorado em Psiquiatria. É membro da Associação Brasileira de Psiquiatria).

http://www.ipub.ufrj.br/portal/index.php/blog/item/90-preven%C3%A7%C3%A3o-do-suic%C3%ADdio-por-que-fracassamos-tanto

Acolhimento familiar na prevenção da depressão e do suicídio

Aceitação da família protege jovens homossexuais

Um novo estudo mostra que atitudes e comportamentos positivos por parte dos familiares em relação a adolescentes gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros (GLBT) reduzem os riscos de depressão, abuso de drogas e álcool e pensamentos suicidas dos mesmos ao se tornarem adultos.

Os autores do estudo, realizado com 245 jovens adultos GLBTs entre os 21 e os 25 anos de idade, moradores da Califórnia, nos Estados Unidos, também constataram que os adolescentes nascidos em famílias de ampla aceitação têm níveis muito mais altos de autoestima e apoio social no início da idade adulta.

Exemplos de apoio positivo por parte dos pais ou cuidadores incluem o apoio à expressão de gênero dos jovens ou ainda a defesa dos mesmos ao sofrerem maus tratos em razão da identidade GLBT.

“Em uma época em que a mídia e as famílias estão se tornando completamente cientes dos riscos sofridos por muitos GLBTs, nossas descobertas de que a aceitação da família protege contra pensamentos e comportamentos suicidas, abuso de álcool e drogas e depressão oferecem uma porta de esperança para estes jovens e suas famílias – que lutam para equilibrar convicções religiosas e valores pessoais com o amor por seus filhos”, disse Caitlin Ryan, diretora do Projeto de Aceitação da Família da Universidade Estadual de San Francisco e autora do estudo, em um boletim da universidade.

As descobertas oferecem “as evidências mais fortes até o momento de que a aceitação e o apoio por parte dos pais e cuidadores promovem o bem-estar entre os jovens GLBTs, ajudando a protegê-los contra a depressão e o comportamento suicida”, disse no mesmo boletim Ann P. Haas, diretora de projetos de prevenção para a Fundação Americana para a Prevenção do Suicídio.

“Estas descobertas abrem as portas para um enfoque totalmente novo de como as famílias podem ser orientada a agir para reduzir o risco de suicídio entre adolescentes e jovens adultos GLBTs”, disse Haas.

Fonte: New York Times - http://www.crianca.pb.gov.br/site/?p=8508

sábado, 18 de dezembro de 2010

O combate ao suicídio "epidêmico" no interior do Rio Grande do Sul

Treinamento visa diminuir o suicídio no interior do estado

Profissionais da saúde de dezesseis municípios do estado se reuniram nos dias 13 e 14 de dezembro (2010) para a segunda etapa do Projeto de Promoção da Vida e Prevenção do Suicídio.

Promovido pelo Sistema de Saúde Mãe de Deus (SSMD) em parceria com o Centro Estadual de Vigilância em Saúde abordará temas como “Telefonemas na Crise”, “Avaliação do perfil epidemiológico e sócio-cultural dos municípios selecionados”, além de especificar de que maneira estas cidades poderão participar do projeto.

O objetivo do treinamento é diminuir o índice de suicídios do Rio Grande do Sul, o mais alto do país.

“Enquanto a média brasileira é de quatro mortes autoprovocadas a cada 100 mil habitantes, cidades como Santa Rosa chegam a 25,49, por isso, a participação dos técnicos dos municípios é de fundamental importância”, lembra o médico Ricardo Nogueira, coordenador do Centro de Promoção a Vida e Prevenção do Suicídio do Hospital Mãe de Deus.

Nos últimos 10 anos, mais de 1 mil pessoas por ano tiraram a própria vida no estado, além de ser registrada uma média de 20 mil tentativas. Considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um grave problema de saúde pública, tem recebido o apoio de instituições como o SSMD para reverter este quadro, através de ações educativas e instrução para diferentes áreas profissionais.

O treinamento aconteceu no auditório do Centro Estadual de Vigilância em Saúde e no Anfiteatro do Hospital Mãe de Deus.

Fonte: http://www.jornalnoroeste.com.br/index.php?pgID=10788

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Suicídio. Tragédia silenciosa

"Estima-se que o número de tentativas de suicídio supere o de mortes em pelo menos dez vezes; é possível evitar uma parcela desses óbitos", escreve Neury José Botega, professor titular do Departamento de Psicologia Médica e psiquiatria da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), representante nacional na Associação Internacional de Prevenção do Suicídio e coordenador da Comissão de Prevenção de Suicídio da Associação Brasileira de Psiquiatria, em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, 06-12-2010.

Eis o artigo.

Diariamente, 25 pessoas põem fim a suas vidas no Brasil. Foram 9.090 suicídios oficialmente registrados em 2008. Para cada óbito, no mínimo cinco ou seis pessoas próximas ao falecido foram profundamente afetadas. O impacto do suicídio na vida das pessoas e da nação é silenciado pela sociedade.

Nos meios de comunicação há orientação, discutível quando adotada em termos absolutos, de não se noticiar suicídio. Silencioso, ele resta à margem das tragédias nacionais. Mas é possível evitar uma parcela dessas mortes.

Numa escala mundial, nosso coeficiente de mortalidade por suicídio é relativamente baixo: 5,4 mortes em cada 100 mil habitantes, ao longo de um ano. Esse índice cresceu 30% nos últimos 25 anos.

O coeficiente é uma média nacional e esconde importantes contrastes. Em algumas cidades, os índices equiparam-se aos de países do Leste Europeu. Ademais, como somos um país populoso, atingimos o décimo lugar mundial em número total de suicídios, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

No espectro do comportamento autoagressivo, o suicídio é a ponta de um iceberg. Estima-se que o número de tentativas supere o de mortes em pelo menos dez vezes. Um inquérito populacional elaborado pela OMS e levado a cabo por pesquisadores daUnicamp apurou que, em cada cem habitantes da cidade de Campinas, 17 já haviam pensado seriamente em pôr fim à vida e três efetivamente tentaram o suicídio.

A causa de um suicídio é invariavelmente mais complexa do que um acontecimento recente que salta à vista e que é tomado como explicação rápida para o ocorrido.

A perda do emprego ou o rompimento de um relacionamento amoroso geralmente são os fatores precipitantes. Na maioria das vezes, pessoas que põem fim à vida sofrem de um transtorno mental subjacente (fator predisponente) que aumenta a vulnerabilidade para o suicídio. Depressão e dependência de álcool são os mais frequentes.

Recentemente, nossa sociedade vem-se abrindo para discutir o tema-tabu. O suicídio passou a ser enfrentado na arena da saúde pública. Um exemplo disso é a parceria firmada entre a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e a Rede Globo, a partir da qual inserções de 30 segundos entram na programação da televisão.

Há, hoje, considerável informação a respeito do que, em vários países, deu certo em prevenção.

Exemplo recente foi um estudo realizado em serviços médicos de vários países, entre os quais o Hospital de Clínicas da Unicamp, que acompanhou, desde o atendimento em um pronto-socorro, 1.867 pessoas que tentaram o suicídio.

Metade delas, após sorteio, foi acompanhada por meio de telefonemas periódicos. Após 18 meses, o número de suicídios nesse grupo foi, comparativamente, dez vezes menor. Com os telefonemas, a tentativa de suicídio deixou, assim, de ser um pedaço de história a ser esquecido ou silenciado.

Em agosto de 2006, o Ministério da Saúde publicou as diretrizes que orientariam umPlano Nacional de Prevenção do Suicídio. O plano ainda não saiu. É preciso transformar as diretrizes em ações assistenciais baseadas em evidências científicas, as quais, por sua vez, poderão orientar novas políticas de prevenção e estratégias de atendimento.

Na área da saúde, isso constitui um desejado círculo virtuoso entre política, assistência e pesquisa, que não é simples de ser alcançado.

Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=39039

domingo, 5 de dezembro de 2010

Trevor Project e Pixar juntos em campanha para combater o bullying que atinge os homossexuais americanos


PIXAR contra a Homofobia!

Funcionários da mega empresa lançam vídeo em prol da campanha "It Gets Better"

Seguinte, lá na terra do Tio Sam tem aumentado consideravelmente o número de suicídios por conta de bullying contra gays. Então, resolvendo ajudar a combater essa palhaçada irracional, várias empresas e artistas norte americanos começaram a campanha "It Gets Better" ( algo como tudo vai melhorar; vai ficar melhor... ) encabeçada pelo colunista Dan Savage.

E para surpresa geral da nação, a PIXAR aderiu à campanha fazendo um vídeo com depoimentos de funcionários da empresa que são homossexuais. No vídeo eles contam as suas experiências com bullyng, mas mostram também que por mais difícil que esteja a situação, tudo vai melhorar. Se eles chegaram lá e hoje trabalham na maior empresa de animação do mundo, porque você também não pode ?!

As gravações aconteceram nos estúdios da Pixar e o vídeo tem o objetivo também de apoiar o Trevor Project, uma organização que atua na prevenção do suicídio para adolescentes gays oferecendo atendimento gratuito e confidencial por telefone e internet.

Achei muito bacana a iniciativa da Pixar e aí está o vídeo.

E o mesmo também serve para todos nós que estamos aqui no Brasil. Preconceito é ignorância, e não apenas por opção sexual, mas por cor, religião, deficiência física, idade e tantas outras diferenças que fazem com que algumas pessoas de mentalidade pequena se julguem melhor do que as outras!

Bora abrir a cabeça galera! estamos em pleno fim da primeira DÉCADA do século XXI. Tempo pra esse tipo de besteira já passou!

Fonte: http://studiocine.blogspot.com/2010/12/pixar-contra-homofobia.html