sábado, 30 de dezembro de 2017

Morte de jovens no Japão abre debate sobre redes sociais e suicídio

O governo japonês prevê reforçar a regulamentação contra as páginas da Internet com conteúdo "inapropriado" sobre o suicídio

A morte de vários jovens com tendências suicidas que entraram em contato com seu suposto assassino no Twitter reabriu o debate sobre o uso das redes sociais no Japão.

A Polícia prendeu no fim de outubro o suspeito Takahiro Shiraishi, de 27 anos, após encontrar em seu apartamento, perto de Tóquio, nove corpos esquartejados e cobertos com areia para gatos para amenizar o odor da decomposição.

Os investigadores chegaram a ele investigando o recente desaparecimento de uma jovem de 23 anos que tuitou que procurava por alguém para morrer com ela. Segundo os meios de comunicação, Takahiro Shiraishi a atraiu assegurando nas redes sociais que podia ajudá-la a alcançar seu objetivo.

Mas o Twitter serviu como forma de fazê-la cair em uma armadilha do suposto assassino. A Polícia convenceu uma jovem a encontrá-lo por meio desta rede social. Dias depois da macabra descoberta dos corpos, o Twitter esclareceu suas regras, reiterando sua política de luta contra a promoção do suicídio e da automutilação, sem proibir os tuítes que expressem esse tipo de desejo.

O governo japonês prevê reforçar a regulamentação contra as páginas da Internet com conteúdo "inapropriado" sobre o suicídio. O porta-voz do governo japonês, Yoshihide Suga, também acrescentou que o governo poderia reforçar o apoio aos jovens que enviam mensagens desesperadas na rede.

O Japão tem um dos maiores índices de suicídio entre os países industrializados do G7, com 17,6 casos a cada 100.000 pessoas em 2014, segundo dados da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Dos cerca de 20.000 suicídios anuais no país, 500 são de jovens de menos de 20 anos e um estudo da fundação filantrópica Nippon Foundation revelou que um em cada quatro japoneses pensou seriamente em se matar. As autoridades japonesas tentam lutar há anos contra o uso da Internet com fins suicidas, sobretudo desde 2005, quando o fenômeno de suicídios coletivos organizados na Internet alcançou um recorde no Japão.

Para tentar impedir isto, a Polícia e o Ministério de Comunicações obrigaram os provedores de acesso à Internet a assinalar qualquer expressão de pensamento suicida on-line e detalhar a hora e o local onde o internauta tem a intenção de agir.

A Polícia também pediu que suprimam as páginas que incitem o suicídio, ou recrutem candidatos à morte coletiva. Mas esses esforços não frearam o fenômeno.

Um 'tabu'

Segundo alguns especialistas, é normal que os jovens usem as redes sociais para expressar seu mal-estar e, por isso, consideram contraproducente bloquear esta forma de expressão. "No Japão, falar da morte e do suicídio foi durante muito tempo um tabu (...), mas é mais fácil falar disso nas redes sociais", recorda à AFP Akiko Mura, responsável do centro de prevenção do suicídio em Tóquio da rede internacional Befrienders Worldwide. 

As vítimas do assassino em série "provavelmente pensaram que ele era a única pessoa capaz de ouvir seus problemas", segundo Mura, que não é favorável a regulamentar os comentários on-line. "As pessoas precisam de um espaço onde sejam escutadas. Sem isso, temo que o número de suicídios aumente ainda mais".

Fonte: http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/mundo/2017/12/29/interna_mundo,650448/morte-de-jovens-no-japao-abre-debate-sobre-redes-sociais-e-suicidio.shtml

sábado, 23 de dezembro de 2017

Aumento exponencial no registro de tentativas de suicídio em Pelotas-RS

Com mudança no protocolo, registro de tentativas de suicídio aumenta 910% este ano em Pelotas
Secretaria de Saúde da cidade registrou 192 tentativas de suicídio até o final de outubro. Em 2016, foram 19
Com mudanças na forma de tratar os registros de tentativas de suicídio, Pelotas, no sul do Estado, viu aumentar significativamente a quantidade de notificações de casos na cidade. Em 2016, foram registrados 19 casos de pessoas que tentaram colocar fim à própria vida; em 2017, até o final de outubro, o número aumentou 910%, chegando a 192 tentativas. Com um controle maior desses registros, o objetivo da prefeitura, através da Secretaria de Saúde, é entender melhor o problema a fim de encontrar soluções adequadas.

Desde julho, os serviços de saúde de Pelotas passaram a dedicar mais atenção às tentativas de suicídio, questionando se muitos dos casos de lesões que passavam para atendimento se deviam mesmo a acidentes. Na cidade, os casos são mais frequentes entre os jovens, mas também houve aumento considerável nos registros envolvendo adultos e idosos.

— Temos tentado fazer eventos de conscientização, promover palestras em escolas e prestar esclarecimentos à população, sempre colocando os serviços da Secretaria Municipal da Saúde à disposição — relata Gicelma Kaster, coordenadora de Saúde Mental em Pelotas.

Sabe-se, porém, que os números podem ser ainda maiores, já que muitos casos acabam não indo para atendimento e, assim, não são registrados. Gicelma explica que está sendo realizado um estudo aprofundado sobre as tentativas de suicídio na cidade, em parceria com a Vigilância Epidemiológica.

— Com certeza ainda hoje, como antes, há uma subnotificação. Muitas vezes o familiar chega e não diz, ou não sabe dizer, que aquele acidente foi uma tentativa de suicídio. Mas realmente os números estão aumentando, o que nos preocupa — afirma Maria Regina Reis Gomes, chefe do departamento de Vigilância Epidemiológica da prefeitura de Pelotas.

Coordenador do Comitê de Prevenção do Suicídio da Associação de Psiquiatria do Rio Grande do Sul (APRS), Rafael Moreno Ferro Araújo informa que, em média, na estatística mundial, para cada suicídio registrado há entre 10 e 40 tentativas. Com cerca de 11,5 suicídios para cada 100 mil habitantes em 2016, Pelotas fica acima da taxa do Rio Grande do Sul (10) e próxima da taxa mundial (11). A cidade registrou 38 suicídios em 2016 e 36 até o final de novembro deste ano.

O psiquiatra explica que uma portaria publicada pelo Ministério da Saúde em 2014 tornou compulsória a notificação de tentativas de suicídio, mas que nem todas as secretarias de saúde e hospitais adotam a regra de maneira adequada.

No início do próximo ano, a prefeitura de Pelotas vai aderir à campanha Janeiro Branco, que planeja mobilizar a sociedade em favor da saúde mental.

Fonte: https://gauchazh.clicrbs.com.br/comportamento/noticia/2017/12/com-mudanca-no-protocolo-registro-de-tentativas-de-suicidio-aumenta-910-este-ano-em-pelotas-cjbidutmc02r101lszbimgkr3.html

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Facebook amplia uso da inteligência artificial para prevenir suicídios

Facebook amplia uso da inteligência artificial para prevenir suicídios

Kethillin Motta 29/11/2017

Você provavelmente já soube de algum caso de suicídio em que pessoa postou mensagens ou vídeos nas redes sociais indicando que estava prestes a tirar a própria vida. O Facebook quer utilizar esses sinais para identificar usuários com esse comportamento e, assim, evitar que eles cometam o ato. Para tanto, a companhia está recorrendo à inteligência artificial.

O Facebook já tinha ferramentas de prevenção ao suicídio, mas precisava de algo mais proativo, por assim dizer. A nova tecnologia estava sendo testada há algum tempo nos Estados Unidos e, nesta semana, passou a funcionar em outros países, com exceção para aqueles que fazem parte da União Europeia: as leis de privacidade online da região impedem o acesso a informações.

Para funcionar, o sistema de inteligência artificial precisa, de fato, explorar a intimidade do usuário dentro da rede social. O algoritmo pode analisar postagens públicas, mensagens trocadas via Facebook Messenger e transmissões ao vivo para identificar padrões que sugerem comportamento suicida.

É claro que a tecnologia deverá agilizar as denúncias sobre riscos de suicídio que chegam ao Facebook, mas a ideia é detectar comportamentos ligados ao problema o quanto antes, mesmo que nenhum usuário tenha dado o alerta. Faz bastante sentido. Frequentemente, uma pessoa que pensa em se matar faz postagens subjetivas, que nem sempre deixam claro a sua intenção.

A pessoa pode, por exemplo, dizer que ninguém se importa com ela ou postar imagens tristes. São comportamentos comuns, que indicam momentos de tristeza, mas não necessariamente de suicídio. Por isso, é difícil suspeitar de algo drástico.

Facebook - ferramenta de apoio

O desafio do Facebook é utilizar a inteligência artificial para cruzar essas informações com outros comportamentos e disparar o alerta. Qualquer sinal pode ser analisado, até mesmo postagens de contatos perguntando coisas “você está bem?” ou “posso ajudar?”.

São várias as abordagens que o Facebook adota para prevenir suicídio. Um usuário que reporta uma situação de risco, por exemplo, poderá receber instruções sobre como agir para ajudar. Já a pessoa com comportamento preocupante poderá receber notificações de apoio, com instruções como falar com um amigo ou procurar uma linha de ajuda — no Brasil, o Facebook tem parceria com o Centro de Valorização da Vida (CVV).

Mas o principal objetivo é agilizar o acionamento de serviços de emergência ou entidades de apoio. O Facebook estima que, com as novas ferramentas, as autoridades locais podem ser notificadas até duas vezes mais rápido.

Obviamente, a tecnologia não faz isso sozinha, afinal, pode ha

Nesse sentido, o algoritmo de inteligência artificial cumpre o papel de agilizar o trabalho das equipes, podendo, por exemplo, destacar trechos de vídeos que sinalizam para um comportamento preocupante.

Mesmo com toda a tecnologia, a sensibilização humana continua sendo importante na prevenção do suicídio. Ao notar comportamento depreciativo (como bullying) ou posts que incentivam automutilação, por exemplo, é importante denunciar ao Facebook o quanto antes.

De igual forma, é importante não tratar como “frescura” ou “besteira” o comportamento de conhecidos que indicam risco de suicídio. Geralmente, pessoas que tiram a própria vida não o fazem pela vontade de morrer, mas pela percepção de que não há outra solução para os problemas que as afligem. Nessas circunstâncias, uma simples conversa pode ajudar a evitar o pior.
ver falso positivo. O sistema detecta uma situação de risco ou recebe uma denúncia, aciona uma equipe de revisão e esta, se necessário, contata os serviços de emergência.

Fonte: www.portaltechinfo.com.br/facebook-amplia-uso-da-inteligencia-artificial-para-prevenir-suicidios-6873/