sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

Ver, compadecer, cuidar... Campanha da Fraternidade 2020: união em favor da vida!

Com o objetivo de valorização à vida em várias esferas, Campanha da Fraternidade é lançada em Brusque

Bruno da Silva (26 fevereiro 2020)

Com o compromisso de valorização à vida, a paróquia São Luiz Gonzaga lançou nesta quarta-feira, 26, a Campanha da Fraternidade 2020. O pároco Diomar Romaniv destacou que o projeto de dignificação da vida é um projeto não só da igreja, mas de toda a sociedade e que existem muitos grupos, cristãos ou não, que celebram esses valores.

“Queremos motivar para que as pessoas consigam dar passos para ajudar o próximo como pode, de mãos unidas no mesmo no projeto de cuidar e promover a vida”, diz. O lema da campanha nacional é ‘Viu, sentiu compaixão e cuidou dele’.

Estiveram presentes no lançamento da campanha também a vice-presidente da Ação Social Paroquial São Luiz Gonzaga, Maria Aparecida Frainer, o comandante do Corpo de Bombeiros de Brusque, Jacson de Souza, além de dois voluntários do Centro de Valorização da Vida de Brusque (CVV), José Airton Leopoldino e Luciana Raimundo Marcos.

Maria Aparecida destacou o trabalho realizado pela Ação Social com a população carente da região, de outras cidades que se mudaram para a cidade e também de outros países. O grupo funciona com o trabalho de uma assistente social e o apoio de voluntários na distribuição de roupas e alimentos. O atendimento acontece três vezes por semana e atende 30 pessoas por dia.

“O tema da Campanha da Fraternidade leva a reflexão sobre três verbos: ver, compadecer e cuidar, e é exatamente isso que a Ação Social da paróquia faz. A Ação Social é o primeiro lugar que as pessoas que vem de fora procura, porque ele precisam de alimentos e roupas. Os voluntários que atendem são capacitados para se colocar no lugar dessas pessoas”, explica.

O CVV realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo de forma voluntária todas as pessoas que querem conversar por telefone, email e chat. Luciana destaca que o centro desenvolve um trabalho de acolher sem julgar.

“Quem nos liga, busca desabafar, conversar. O anonimato também faz com que muitas pessoas acabem contando suas histórias, seus problemas. Quem chega à nós, é acolhido. Nós conseguimos saber do sucesso do trabalho, porque, dentro da nossa história de 58 anos, as mesmas pessoas ligam de volta agradecendo pelo efeito positivo que isso causou na vida delas”, relata.

Ela também ressalta que o CVV trabalha em busca de realçar o talento e habilidade das pessoas. “As vezes é preciso conversar para reorganizar as ideias e fazer as pessoas reconhecerem seus potenciais”, ressalta.

O comandante do Corpo de Bombeiros falou também sobre o papel da corporação na valorização da vida. “Buscamos acima de tudo preservar as pessoas. Somos apenas uma pequena peça dessa engrenagem, que se chama vida. Os bombeiros militares tentam contribuir aquelas pessoas que buscam atendimento e uma forma de ser ouvidos, em alguns momentos”, conta.

Fonte: https://omunicipio.com.br/com-o-objetivo-de-valorizacao-a-vida-em-varias-esferas-campanha-da-fraternidade-e-lancada-em-brusque/

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Curso sobre “Prevenção do Suicídio e mundo acadêmico” é promovido na Unioeste, em Cascavel-PR

A Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), promove o curso “Prevenção do Suicídio e mundo acadêmico” nos dias 2 e 3 de março de 2020, das 8h30 às 12 horas e das 13h30 às 17 horas no Miniauditório II da Unioeste.

O curso será presidido pela professora Dione Menz, que é enfermeira e psicóloga, professora da Universidade Federal do Paraná, setor de educação profissional e tecnológica (SEPT). Tem aproximação com as áreas de Saúde Coletiva, Saúde Mental, Saúde da Família, Reforma Psiquiátrica, Drogadição, Prevenção do Suicídio, Psicologia Comunitária e Tecnologias na Educação.


O curso está sendo promovido pela direção do campus de Cascavel, Pronto Atendimento Psicopedagógico e Saúde Integrada (PAPSI) e o colegiado de Ciências Biológicas.

Programação


02/03/2020
Prevenção do Suicídio e o Mundo Acadêmico - Professores e profissionais.
Horário: 8 às 17h
Local: Mini Auditório 3 
Campus Cascavel

03/03/2020

Prevenção do Suicídio e o Mundo Acadêmico - Graduandos, pós-graduandos e demais profissionais.
Horário: 8 às 17h
Local: Mini Auditório 3 
Campus Cascavel

Currículo da Profª Dione Maria Menz


Dione é professora da Universidade Federal do Paraná, Setor de Educação Profissional e Tecnológica (SEPT). Doutoranda em Educação - UFPR. Mestra em Psicologia pela Universidade Tuiuti do Paraná (2012), especialista em Saúde Mental Comunitária pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (1996). Graduada em Psicologia (1994) e em Enfermagem e Obstetrícia (1987) ambas pela Universidade Federal do Paraná. Atualmente é coordenadora do projeto de extensão "Núcleo Interdisciplinar de Enfrentamento a Drogadição da UFPR (NIED)" e do Projeto de Extensão "Luto e Prevenção do Suicídio", vice coordenadora do projeto de pesquisa "Centro Regional de Referência para Formação em Políticas Sobre Drogas UFPR (CRR)". Tem aproximação com as áreas de Saúde Coletiva, Saúde Mental, Saúde da Família, Reforma Psiquiátrica, Drogadição, Prevenção do Suicídio, Psicologia Comunitária e Tecnologias na Educação.

Link para inscrição: https://midas.unioeste.br/sgev/eventos/prevencao_suicidio

E-mail para contato: ana.bittencourt@unioeste.br

Alerta! Eutanásia tem vínculo com o suicídio e a sua prevenção...

A fundamentação em 21 pontos do não à eutanásia 


O debate sobre a eutanásia traduz um sensível conflito de valores e uma mudança radical de paradigma da sociedade, que exige um referendo.

Como contributo construtivo para este importantíssimo debate, desenvolvo em sintéticos 21 pontos a fundamentação para o não à eutanásia e para a necessidade de um referendo sobre esta matéria, que não é, nem pode ser, uma questão política partidária ou sectária.

O que está em causa não é meramente uma “liberdade individual de escolha” mas sim uma mudança radical dos valores, dos princípios e da estrutura da sociedade em que vivemos. Da total proibição de matar passaremos a viver numa sociedade que permite matar, sem fronteiras bem definidas e que se vão alargando progressivamente. Tão complexa e marcante decisão só pode ser tomada em referendo e após um debate nacional, não apenas alguns debates elitistas, porque nos vai afetar a todos.

1) O conceito de “morrer com dignidade” não pode ser indevidamente associado à antecipação da morte. A vida e a morte são sempre dignas na sua essência, independentemente dos contextos. A dignidade reside nas próprias pessoas, não no tipo de morte.

2) O projeto de Lei do PS, por exemplo, permite que a eutanásia seja requerida por “pessoa, maior, em situação de sofrimento extremo, com lesão definitiva ou doença incurável e fatal”, havendo a consciente preocupação de não referir doentes terminais e aceitando a antecipação da morte em dias, semanas, meses ou anos, numa subjetividade extrema e perigosa de definições.

3) Refere-se habitualmente que a defesa da eutanásia é uma questão de defesa da liberdade individual escolha. Porém, quem o afirma cai em enorme contradição, pois, afinal, são colocadas imensas restrições à decisão individual, que depende, nomeadamente, de parecer médico e de uma comissão, pelo que o conceito de defesa da liberdade individual, não colhe.

4) É curioso o modo ilusório de utilização da conceção de “escolha pessoal”. A “escolha” da morte não é uma opção, mas sim o resultado da “exclusão” externa de todas as outras opções. De igual modo, ao contrário do que muitos ainda pensam, o suicídio não é um ato de coragem mas sim de desespero ou de pedido de ajuda.

Ainda assim, para ser uma genuína “escolha” significaria que, primeiro, todos teriam de ter direito a optar pelos cuidados paliativos precoces e ter acesso a cuidados domiciliários e apoios sociais adequados, para não fragilizar e pressionar os mais vulneráveis a recorrer, afinal, à única “opção” disponível, pedirem para serem mortos, o que seria profundamente antissocial.

5) Afirma-se que “os cuidados paliativos não eliminam por completo o sofrimento”, como se fosse possível alguém ter uma vida sem sofrimento e como se devêssemos perseguir uma vida sem sofrimento, desde logo uma irreal impossibilidade. Com os recursos farmacológicos e tecnológicos atualmente existentes faz ainda menos sentido falar-se em dor descontrolada ou incontrolável.

Sem aprofundar o tema, recordamos que Marguerite Yourcenar disse que o prazer e a dor são duas sensações vizinhas e Sófocles afirmou que o que nos liberta do sofrimento da vida é o amor.

Quem, como e onde? O que propõem os partidos sobre eutanásia

6) Persiste uma enorme confusão de conceitos. Note-se que dois em cada três adultos do Quebec pensa que eutanásia é a simples retirada de tratamento, o que não é verdade. Também em Portugal, muitas pessoas defendem a eutanásia com base neste mesmo erro.

7) Os defensores da eutanásia recusam a via francesa, da sedação terminal/paliativa a pedido sem indução deliberada da morte. A sedação terminal ultrapassa todos os argumentos dos defensores da eutanásia, sem ser necessário alterar a legislação e o paradigma da sociedade. Apenas fica menos barata.

8) Ignora-se a real experiência de outros países e a verdadeira rampa deslizante a que deu origem a aprovação da eutanásia e a extensão da inerente cultura, com aumento progressivo de pessoas eutanasiadas, mesmo sem ser a pedido. Não são especulações ou ilegítimos temores, é a realidade, que a seguir se descreve.

9) Não há salvaguardas eficazes para o doente potencialmente submetido a bullying familiar no sentido de pedir a eutanásia para “deixar de ser um fardo”... Esta matéria é tanto mais sensível quanto se sabe que os idosos têm uma particular dificuldade/inibição em se queixarem dos maus tratos e pressões que recebem. Os defensores da eutanásia sabem que muitas pessoas em situação mais frágil e de maior dependência vão ser “massacradas” para “pedirem” a eutanásia, mas não se importam. A aprovação deste “direito individual” iria colidir frontalmente com o “direito coletivo” das pessoas não serem pressionadas a “pedirem” a sua eutanásia. E não há salvaguarda legal que o impeça!

10) Devido ao segredo médico, a família de um doente pode em qualquer altura ser surpreendida pela informação de que um seu familiar foi eutanasiado, sem sequer ter uma hipótese de o ajudar. O caso de Tom Mortier, completamente surpreendido pela eutanásia da mãe, que pediu para ser morta por sofrer de uma depressão, é paradigmático, tendo avançado com um processo contra o Estado belga no Tribunal Europeu dos Direitos do Homem.

11) Na Bélgica e na Holanda a eutanásia tem sido aplicada a doentes mentais, incluindo síndroma de asperger, distúrbios da personalidade, doentes que nunca tiveram sequer uma hospitalização por doença psiquiátrica e casos com forte componente de isolamento social e solidão, sugerindo que a eutanásia foi aplicada como um substituto para um efetivo suporte psicossocial. Discute-se agora a extensão da eutanásia às demências. Progressivamente a eutanásia vai sendo transformada numa “terapêutica” simples, barata e eficaz...

12) A sociedade pode desistir de programas de prevenção do suicídio, que representa um grave problema de saúde pública, e passar até a facilitá-lo. O"cansaço da vida" pode ser uma razão cada vez mais comum para as pessoas escolherem o suicídio assistido.

13) Atualmente, na Holanda, já se antecipa a criação de uma clínica especializada na eutanásia infantil e Eduard Verhagen, um dos arquitetos do Protocolo de Groningen, relativo à eutanásia infantil, considera que algumas crianças com menos de 12 anos estão aptas a tomar a decisão sobre a sua própria eutanásia.

14) A cultura da eutanásia será naturalmente transmitida aos doentes e será mais uma forma de indução do pedido. A aprovação cultural pode servir como um incentivo para o suicídio. Muitos doentes poderão ser avaliados por médicos que não os conhecem e a quem foram referenciados apenas para avaliação da eutanásia, uma decisão simplificada se o médico for favorável à solução. Na Holanda, a eutanásia tornou-se num tratamento normal.

15) Uma elevada percentagem de casos de eutanásia não são reportados porque os médicos não os considerarão como verdadeira eutanásia, sendo muitas vezes os fármacos administrados por enfermeiros (BMJ, 2010; 341: c5174). É uma ilusão pensar que salvaguardas e controlos legais evitam abusos e a verdade é que as transgressões identificadas nunca foram julgadas.

16) Na prática, atribui-se ao médico o poder legal de matar. A relação médico-doente pode ser afetada, perturbando a confiança do doente e da família do doente no médico. “A ideia da medicina como uma profissão que encarna um compromisso comum para cuidar de pessoas que estão doentes e debilitados, de modo a restaurar sua saúde, vai desaparecer rapidamente da memória” (JAMA, 2016; 315: 247-8).

17) A morte assistida não é compaginável com o conceito de ato médico aprovado pela União Europeia dos Médicos Especialistas (UEMS).

18) Com a Declaração Antecipada de Vontade, ou o recurso ao (não) Consentimento Informado, o doente tem a tranquilidade de saber que nunca será submetido a tratamentos ou intervenções que não pretenda ou que possam configurar distanásia.

19) Afirmam alguns que a aprovação da eutanásia é um progresso civilizacional e dão os exemplos dos países que já a aprovaram, que são uma esmagadora minoria! Porque não se referem os países que a recusaram, como a França e a Finlândia, mais recentemente, e todos os outros? Já agora, para correção, a Suíça não aprovou a eutanásia, mas apenas o suicídio assistido.

20) O grande progresso da civilização foi a defesa da vida! Modificar um dos pilares centrais dos valores da sociedade, do edifício do Direito e dos princípios milenares da Medicina, que evoluíram para uma efetiva salvaguarda do direito das pessoas à vida, à sua dignidade como pessoas e a uma vida que cumpra os preceitos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, seria mudar radicalmente a estrutura e o modelo da Sociedade em que vivemos, com consequências facilmente (im)previsíveis.

21) Porque o que está em causa não é meramente uma “liberdade individual de escolha” mas sim uma mudança radical dos valores, dos princípios e da estrutura da sociedade em que vivemos, pois da total proibição de matar passamos a viver numa sociedade que permite matar, sem fronteiras bem definidas e que se vão alargando progressivamente, tal decisão só pode ser tomada em referendo. Afinal, quem tem medo deste debate e da decisão livre e esclarecida do povo?

*José Manuel Silva é médico, especialista em medicina interna e foi bastonário da Ordem dos Médicos entre 2011 e 2017

Fonte: https://rr.sapo.pt/2020/02/16/pais/a-fundamentacao-em-21-pontos-do-nao-a-eutanasia/noticia/182189/

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

Conquistas relevantes de saúde pública no Piauí privilegia a saúde mental

Teresina implanta leitos para internação de pessoas com risco de suicídio


A Fundação Municipal de Saúde (FMS) iniciou a implantação de oito novos leitos psiquiátricos no Hospital da Primavera, zona norte de Teresina, destinados, prioritariamente, à internação de pessoas com alto risco para suicídio. A adequação do espaço, prevista para ser concluída em 70 dias, fará de Teresina a capital pioneira no Brasil a implantar leitos específicos para esse cuidado. O dado foi divulgado pela Gerência de Saúde Mental, após pesquisa junto às outras capitais brasileiras.

O presidente da FMS, Charles Silveira, afirma que a ação vai beneficiar a população que está em sofrimento mental. “Nesse momento, estamos fortalecendo essa rede de assistência. Nos próximos dias iremos expandir o PROVIDA, ambulatório que atende quem tentou suicídio, e inaugurar o novo CAPS da zona Sudeste. Ainda queremos conscientizar a população de que todos, com conhecimento e atitude acolhedora, podem contribuir com a prevenção do suicídio”, afirmou o gestor.

Para ter acesso aos leitos psiquiátricos do Hospital da Primavera, a pessoa deverá estar em situação de urgência psiquiátrica, como tentativa de suicídio, e ser atendida em hospitais públicos de Teresina. “Nesses casos, se houver necessidade, os médicos desses locais poderão solicitar a transferência do paciente para ser internado no Hospital da Primavera e receber cuidados mais intensivos antes de ter alta médica”, explica a gerente de saúde mental da FMS, Luanna Bueno.

O suicídio é um grave problema de saúde pública, que pode ocorrer por vários fatores e, segundo a Organização Mundial de Saúde, 90% dos casos estão atrelados a transtornos mentais. “É preciso discutir e quebrar tabus, porque não falar sobre suicídio é tão nocivo quanto falar de maneira errada. A gente não pode divulgar casos isolados, mas pode falar sobre doenças mentais e onde buscar tratamento. Temos uma rede extensa que presta esse tipo de serviço”, finaliza Luanna Bueno.

Conheça a atual rede de assistência à saúde mental da FMS:

  • PROVIDA - ambulatório especializado que atende especificamente pessoas que tentaram suicídio e que fica localizado dentro do Centro de Saúde Lineu Araújo. O local funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, e atende por demanda espontânea.
  • Sete Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) - atendem pessoas com transtornos mentais severos e possuem equipe composta por psiquiatra, psicólogo, enfermeiro, terapeuta ocupacional, assistente social e equipe de apoio. Nestes locais, são realizadas atividades em grupo, atendimentos individuais, oficinas terapêuticas e atendimento à família.
  • 90 Unidades Básicas de Saúde - podem atender casos de transtornos mentais leves e possuem médicos e enfermeiros capacitados para esse tipo de atendimento. Se houver necessidade, na própria Unidade a pessoa faz a marcação para se consultar com psicólogos e psiquiatras nos ambulatórios espalhados em Teresina.
  • SAMU 192 - Em caso de urgência psiquiátrica, como surto psicótico ou tentativa de suicídio, a população pode acionar o SAMU, por meio do número gratuito 192 ou ir por meios próprios para o Hospital Areolino de Abreu, que possui psiquiatras 24 horas e é o hospital referência em atendimento de urgência psiquiátrica. Outra opção é se dirigir aos CAPS.
  • ONGs:  Centro de Valorização da Vida (CVV) - telefone 188; Centro Débora Mesquita (CDM) - telefone: (86)99827-3343/ 98894-5742;  e Grupo Apoio Contato e Esperança (GRACE) – telefone: (86)3237-0077/3237-0202 são organizações filantrópicas que contribuem com a prevenção e posvenção do suicídio em Teresina.
Fonte: https://cidadeverde.com/noticias/317405/teresina-implanta-leitos-para-internacao-de-pessoas-com-risco-de-suicidio

sábado, 8 de fevereiro de 2020

Vulnerabilidade social e suicídio

Qual a relação entre o suicídio de crianças e adolescentes e a pobreza?


Clara Barreto (4 fevereiro 2020)

As taxas de suicídio entre jovens são mais altas em municípios americanos com índice elevado de pobreza. Além disso, essa associação foi particularmente proeminente para suicídios por armas de fogo. Essas foram as conclusões do estudo da Association of Pediatric Suicide With County-Level Poverty in the United States 2007-2016, publicado no JAMA Pediatrics.

Suicídio de crianças e adolescentes


O suicídio é a segunda principal causa de morte entre indivíduos de 10 a 19 anos nos Estados Unidos, e as taxas praticamente dobraram na última década. Os jovens em comunidades mais pobres correm maior risco de resultados negativos para a saúde. Todavia a associação entre suicídio pediátrico e pobreza não é bem conhecida. Portanto, para avaliar a associação entre as taxas de suicídio pediátrico e a concentração de pobreza em municípios americanos, Hoffman e colaboradores analisaram, em estudo retrospectivo e transversal, os suicídios entre jovens de 5 a 19 anos ocorridos de 1° de janeiro de 2007 a 31 de dezembro de 2016 nos Estados Unidos.

Os suicídios foram identificados por meio dos códigos da Classificação Internacional de Doenças, Décima Revisão (CID-10) oriundos do Centers for Disease Control and Prevention’s Compressed Mortality File. O número de óbitos foi contado anualmente. O desfecho primário foi a morte por suicídio entre jovens de 5 a 19 anos. Os códigos incluíam auto-mutilação intencional. A análise dos dados foi realizada de 1° de fevereiro a 10 de setembro de 2019.

Os pesquisadores utilizaram um modelo de regressão binomial negativa multivariável para analisar a associação entre as taxas de suicídio pediátrico e a concentração de pobreza nos municípios, relatando taxas de incidência ajustadas (adjusted incidence rate ratios – aIRRs) com um intervalo de confiança de 95% (IC 95%). Foram controladas, por ano, as características demográficas das crianças que morreram (idade, sexo e raça/etnia), urbanidade do município e características demográficas do município (idade, sexo e composição racial).

De 2007 a 2016, um total de 20.982 jovens de 5 a 19 anos morreram por suicídio. Destes, 17.760 (84,6%) tinham entre 15 e 19 anos, 15. 982 (76,2%) eram do sexo masculino e 14.387 (68,6%) eram brancos de origem não-hispânica. A taxa anual de suicídios foi de 3,35 por 100.000 jovens de 5 a 19 anos.

No modelo multivariável, os municípios com concentrações de pobreza de 10% ou mais apresentaram taxas de suicídio mais altas de maneira gradual [10,0%-14,9%: aIRR, 1,25 (IC95%, 1,06-1,47); 15,0% -19,9%: aIRR, 1,30 (IC95%, 1,10-1,54); e 20,0% ou mais: aIRR, 1,37 (IC95%, 1,15-1,64)], comparados com os municípios com menor concentração de pobreza (0% -4,9%). Isto é, os municípios com taxas de pobreza de 20% ou mais tiveram 1,37 vezes mais suicídios por jovens a cada ano.

Os pesquisadores então analisaram as três formas mais comuns de suicídio durante o período do estudo (asfixia, armas de fogo e envenenamento). Não foi encontrada associação entre a taxa de suicídio por asfixia ou envenenamento e os níveis de pobreza. No entanto, os suicídios por armas de fogo tiveram a associação mais forte com a concentração de pobreza (aIRR, 1,87; IC 95%, 1,41-2,49), em municípios com concentração de pobreza de 20% ou mais em comparação com municípios com concentração de pobreza de 0% a 4,9%.


Os resultados do estudo de Hoffman e colaboradores sugerem que uma maior concentração de pobreza nos municípios está associada ao aumento das taxas de suicídio entre jovens de 5 a 19 anos. De acordo com os pesquisadores, esses achados podem orientar a pesquisa sobre fatores de risco associados ao suicídio pediátrico, visando ao incremento de esforços para sua prevenção.


Referência bibliográfica


Hoffmann JA, Farrell CA, Monuteaux MC, Fleegler EW, Lee LK. Association of Pediatric Suicide With County-Level Poverty in the United States, 2007-2016 [published online ahead of print, 2020 Jan 27]. JAMA Pediatr. 2020;10.1001/jamapediatrics.2019.5678. doi:10.1001/jamapediatrics.2019.5678

Fonte: https://pebmed.com.br/qual-a-relacao-entre-o-suicidio-de-criancas-e-adolescentes-e-a-pobreza/