sexta-feira, 26 de julho de 2019

Saúde mental e suicídio entre profissionais da segurança pública em Minas Gerais


Psicóloga alerta para importância de debater a saúde mental de profissionais da segurança

Redação (25 julho 2019)

A cada 45 minutos, uma pessoa se mata no Brasil. O país, é o oitavo país com mais suicídios, de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). Apenas no ano passado, o Centro de Valorização a Vida (CVV), que trabalha com prevenção ao suicídio recebeu mais de 3 milhões de atendimentos.

Em meio aos alarmantes dados, estão os agentes da Segurança Pública, que sofrem com a periculosidade da profissão e a pressão por resultados. Ao longo desta semana, a Itatiaia veiculou reportagens especiais para mostrar como o tema é delicado e pouco abordado.

Pelo menos quatro agentes da segurança pública de Minas tiraram a vida em apenas uma semana, o que chamou atenção para o tema. De acordo com especialistas, o estressa da profissão não é o maior problema, mas sim a falta de mecanismos para coibir o adoecimento dos policiais.

“Eu trabalho sobre um estresse profundo. Eu durmo a poder de remédio. Eu me automedico, às vezes. Alimento-me mal. Durmo mal. Eu tenho que absorver essa energia negativa o máximo que eu puder e tentar não repassá-la para a sociedade, porque eu tenho que ser cordial”, desabafa um profissional que não será identificado.

De acordo com a psicóloga Vivian Zicker, membro da Associação Brasileira de Estudos e Prevenção do Suicídio, o ato de tirar a própria vida é multifatorial. Ela destaca que os profissionais da segurança são submetidos a enormes pressões.

“Isso potencializa alguns adoecimentos que a agente tem: ansiedade, depressão, síndrome do pânico... Os militares tem uma profissão que não podem expressar fragilidade e medo, então eles acabam ficando mais contidos e guardam para si questões que vão aumentando se não forem tratadas”, destaca.

Vivian Zicker ainda ressalta a importância de falar sobre o suicídio, já que o comportamento pode se manifestar mesmo em pessoas que, aparentemente, estavam bem. “Depois que houve o suicídio, a gente faz uma retrospectiva da vida e percebe que ela deu vários sinais. Isso não é do nada.”

Em nota, o governo de Minas informou que por meio da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (SEJUSP), garante o acompanhamento periódico da saúde de todos os agentes e que está trabalhando na melhoria das condições de trabalho dos profissionais que atuam com a segurança pública em Minas Gerais.


Esta matéria pode ser ouvida aqui.


Fonte: www.itatiaia.com.br/noticia/psicologa-alerta-para-importancia-de-debater

segunda-feira, 15 de julho de 2019

Celebridade: saudável depoimento que pode salvar vidas...

Bento Ribeiro retoma vida após tratamento contra a depressão

Apresentador do extinto “Furo MTV” estava internado em rehab há meses e deu conselho emocionante aos fãs que passam pelo mesmo problema

Redação (14 julho 2019)

Bento Ribeiro tem recebido mensagens de apoio há cerca de duas semanas, tempo este que voltou a utilizar as redes sociais, depois de passar meses afastado para se tratar de uma depressão. O ator, que no auge da carreira comandava o humorístico “Furo MTV”, na antiga MTV, precisou ficar internado em uma clínica de reabilitação para tratamento. O tempo que o humorista passou lá ninguém sabe. Porém, a última postagem que ele fez antes de ‘sumir’ da web foi em setembro de 2018.

Já em 1º de julho, o famoso fez um post em que relatou rapidamente como haviam sido os últimos meses de sua vida. “Longos dias na clínica. Finalmente me sentindo bem o suficiente para voltar pro mundo real. Anos isolado cuidando da minha saúde física e sanidade mental”, escreveu.

Depois disso, diversos amigos, seguidores e famosos, como Tatá Werneck, Dani Calabresa e Paulinho Serra, mandaram mensagens de carinho e incentivo para que ele continue seguindo em frente. Ribeiro, por sua vez, tem retribuido as mensagens respondendo aos fãs que relataram passar por situações semelhantes a dele. Um dos posts, inclusive, ele falou sobre o CVV, Centro de Valorização da Vida, que tem como base a prevenção do suicídio.

“Galera fico muito feliz mesmo com todas as msgs privadas q recebo e a confiança q vcs depositam em mim. Mas às vezes sinto que não tenho todas as ferramentas pra ajudar todo mundo do melhor jeito possível… Não tenho formação de nada, eu apenas tento basear na minha própria experiência pessoal ajudar do melhor jeito q posso. Lembrando que o meu problema foi um conjunto grande de vários problemas. Não precisa ter vergonha mesmo de procurar ajuda profissional de verdade, uma coisa que posso recomendar é o CVV, que é gratuito. Um grande amigo meu inclusive já trabalhou lá e sei por fato que os caras realizam um trabalho sério e bonito. Se você sentir que precisa muito mesmo de ajuda vá em frente da uma ligada lá, não é cafona nem ridículo. Tenho certeza que vai ser ajudado da melhor maneira possível mesmo. Pode continuar falando comigo por aqui sem problemas mas além disso fale lá também!”, escreveu ele, dando os telefones da entidade.

Além disso, Bento contou em seus stories que trocou os 30 cafés diários por chás, e a TV por aplicativos de filmes, séries e livros.

Doença

É normal sentir-se para baixo vez ou outra, mas depressão é mais que isso, é uma doença mental que causa alterações químicas no cérebro, provocando baixa da autoestima, sentimentos de culpa e de fracasso. Pessoas que passaram por eventos adversos durante a vida (desemprego, luto, trauma psicológico) são mais propensas a desenvolver a doença.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão atinge hoje 300 milhões de pessoas em todo o mudo e pode se tornar a doença mais incapacitante até 2020. Confira mais detalhes no link abaixo:

8 sintomas de depressão para ficar atento

Fonte: https://catracalivre.com.br/entretenimento/bento-ribeiro-retoma-vida-apos-tratamento-contra-a-depressao/

O Piauí, estado que fortemente tem prevenido o suicídio, informa que o Setembro Amarelo está logo ali!


 Para saber mais clique aqui.

sábado, 13 de julho de 2019

Cultura pró-suicídio nos EUA... Idosos se tornam alvo

Suicídio racional estaria aumentando entre os idosos nos EUA

Paulo Markun (11 julho 2019)

O fenômeno ainda está mais no noticiário do que nas estatísticas: a chegada dos baby boomers, a geração pós-guerra, à velhice estaria reforçando o que os estudiosos chamam de “suicídio racional”, uma escolha de pessoas muito velhas, saudáveis e que decidem encerrar sua história em determinado ponto da vida.

Começando pelas estatísticas, as dos Estados Unidos tem registrado um preocupante incremento na taxa de suicídios, que já é a décima causa de morte no país e aumentou consideravelmente nos últimos anos. Entre 2008 e 2017 subiu de 11,8 para 14 mortes por cem mil habitantes. Isso representa a taxa mais alta desde 1942. Maior, só durante a Depressão, quando chegou a 21,9 por cem mil habitantes em 1932.

Mas a faixa etária onde o suicídio mais cresceu foi entre os 55 e os 64 anos – passou de 15,5 para 19,1, para o período 2000/2017. No caso dos mais velhos, a situação não mudou muito: foi de 17,6 por cem mil para 18,01 entre 75 e 84 e de 19,4 para 20,1 acima de 84 anos. Quer dizer, essas taxas já eram elevadas entre os idosos. Vale lembrar que o grupo etário em que o suicídio aumentou mais faz parte da geração baby boomer, que inclui todos os nascidos entre 1946 e 1964, principalmente na Europa e Estados Unidos.

Em 2017, a doutora Meera Balasubramaniam, especialista em psiquiatria geriátrica da escola de Medicina da Universidade de Nova Iorque e o geriatra Robert E. McCue publicaram um livro sobre o assunto. Antes deles, Dena Davis, 72 anos, professora de bioética da Lehigh University já defendia o suicídio racional. Em artigo publicado no Journal of Medical Ethics de agosto de 2014, Davis afirmou que o desenvolvimento de testes mais acurados para a detecção precoce de Alzheimer oferecia melhor condição para quem for desenvolver a doença coloque o suicídio como possibilidade. Textualmente: “Há uma avalanche de artigos sendo publicados sobre novas formas de diagnosticar a doença de Alzheimer (DA) antes que ela seja sintomática, envolvendo uma combinação de testes invasivos (por exemplo, punção lombar) e testes de papel e caneta. Isso muda a paisagem no que diz respeito aos testes genéticos para risco de DA, tornando o suicídio racional uma opção muito mais viável. Antes da disponibilidade desses testes pré-sintomáticos, mesmo alguém com alto risco de desenvolver DA não sabia se e quando a doença estava se aproximando. Poderia perder anos de boa vida se cometesse suicídio cedo demais, ou arriscar-se a esperar até que fosse tarde demais e a demência já tivesse minado a capacidade de formar e executar um plano. A vigilância contínua por meio desses testes clínicos permite agora juntar o que se sabe sobre o risco de alguém e estabelecer uma boa estratégia para planejar o suicídio antes que alguém se torne demente. Isso tem implicações sobre como esses testes genéticos e clínicos são comercializados e implantados, e a linguagem usada para falar sobre eles. A frase “não há nada que se possa fazer” insulta e desrespeita a opção planejada de suicídio, assim como a linguagem dos estudos de Avaliação de Risco e Educação para Doença de Alzheimer (REVEAL) e outros que concluem que é “seguro” dizer aos sujeitos seu status de risco para AD. Além disso, o argumento apresentado por alguns pesquisadores de que os testes pré-sintomáticos devem permanecer dentro dos protocolos de pesquisa, e os resultados não compartilhados com os sujeitos até o momento em que os tratamentos se tornam disponíveis, desrespeita a autonomia das pessoas de alto risco que consideram o suicídio uma opção.”

Recentemente, Melissa Balley, correspondente da Kaiser Health News em Boston relatou que um grupo de dez idosos da Filadélfia encontrou-se com a doutora Davis, para entender melhor até onde parece aceitável essa hipótese – que nenhum dos participantes pretendia pôr em prática imediatamente. O trabalho de Melissa ganhou relevância ao ser republicado pelo Washington Post e foi rebatido em termos duros por artigo de Wesley J. Smith, na National Review, um veículo conservador, que assinalou: “Estamos nos tornando uma cultura pró-suicídio. Eu prevejo que em cinco ou dez anos, as histórias sobre ‘suicídio racional’ para os idosos não apresentarão nenhuma voz de oposição.”

Uma investigação de seis meses realizada em parceria pela Kaiser Health News e pelo programa NewsHour da PBS, a TV pública norte-americana revelou que os idosos norte-americanos estão se matando silenciosamente em casas de repouso, centros de convivência e lares para adultos. A constatação resulta de uma análise feita pela KHN sobre dados da Universidade de Michigan.

Extrapolando dados apresentados em artigo da professora Briana Mezuk, sobre o estado de Virgínia, para o país inteiro, a KHN concluiu que ocorrem pelo menos 364 suicídios por ano entre pessoas que vivem ou se mudam para instituições de longa permanência.

No século XIII, a Inglaterra criminalizou o suicídio racional – apenas as pessoas consideradas mentalmente sãs eram processadas, uma em cada oito – e a punição se estendia aos membros da família, que perdiam seus bens. Essa norma durou até 1950.

Todo esse debate contraria, de certo modo, as disposições da Organização Mundial de Saúde, que elegeu setembro como o mês de prevenção do suicídio. A entidade vê a mídia como um canal útil para divulgar mensagens de saúde pública sobre suicídio, prevenção e busca de ajuda, mas recomenda que os jornalistas relatem responsavelmente os casos, seguindo o protocolo da própria OMS. “O relato responsável de suicídio na mídia tem sido eficaz em limitar a imitação entre pessoas vulneráveis”, assinala o documento.
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Para a OMS, que tem uma política específica para o problema desde 1999, cerca de 90% dos indivíduos que puseram fim às suas vidas cometendo suicídio tinham alguma perturbação mental e que, na altura, 60% deles estavam deprimidos.

A entidade afirma que todos os tipos de perturbações do humor têm sido claramente associados aos comportamentos suicidas. O manual da OMS aponta vários mitos que cercam o suicídio. Alguns deles:

– as pessoas que falam sobre o suicídio não farão mal a si próprias, pois querem apenas chamar a atenção;

– o suicídio é sempre impulsivo e acontece sem aviso. FALSO. Morrer pelas suas próprias mãos pode parecer ter sido impulsivo, mas o suicídio pode ter sido ponderado durante algum tempo. Muitos indivíduos suicidas comunicam algum tipo de mensagem verbal ou comportamental sobre as suas ideações da intenção de se fazerem mal;

– suicidas querem mesmo morrer ou estão decididos a matar-se. FALSO. A maioria das pessoas que se sentem suicidas partilham os seus pensamentos com pelo menos uma outra pessoa, ou ligam para uma linha telefônica de emergência ou para um médico, o que constitui prova de ambivalência, e não de empenhamento em se matar;

– os indivíduos que tentam ou cometem suicídio têm sempre alguma perturbação mental. FALSO. Os comportamentos suicidas têm sido associados à depressão, abuso de substâncias, esquizofrenia e outras perturbações mentais, além de aos comportamentos destrutivos e agressivos. No entanto, esta associação não deve ser sobrestimada. A proporção relativa destas perturbações varia de lugar para lugar e há casos em que nenhuma perturbação mental foi detectada;

– o suicídio só acontece “àqueles outros tipos de pessoas,” não a nós. FALSO. O suicídio acontece a todos os tipos de pessoas e encontra-se em todos os tipos de sistemas sociais e de famílias;
após uma pessoa tentar cometer suicídio uma vez, nunca voltará a tentar novamente. FALSO. Na verdade, as tentativas de suicídio são um preditor crucial do suicídio.

Em 2017, o Ministério da Saúde lançou o primeiro boletim epidemiológico sobre o suicídio no Brasil, que apontou um aumento na taxa geral – de 5,3 por cem mil indivíduos em 2011 para 5,7 em 2015 e estabeleceu como meta reduzir em 10% a mortalidade por suicídio até 2020. Em 2018 não foi publicada nova versão do boletim.

Fonte: https://emtempo.blogfolha.uol.com.br/2019/07/11/suicidio-racional-estaria-aumentando-entre-os-idosos-nos-eua/

Atenção primária à saúde: prevenção do suicídio junto aos adolescentes

Prevenção do suicídio em adolescentes na atenção primária à saúde

Dolores Henriques (12 julho 2019)

O comportamento suicida em adolescentes é um fenômeno que alcança cada vez maior posição de destaque nos dias atuais. Pais, profissionais que atuam com adolescentes, sejam da área da educação ou da saúde, e a sociedade como um todo tenta entender melhor como prevenir, ou ao menos, reduzir o impacto do suicídio, esse alarmante problema de saúde pública.

Dados do Ministério da Saúde (2017) indicam que a população entre 10-19 anos representa de 17 a 24% das tentativas de suicídio perpetradas em todas as idades. Embora a mortalidade nessa faixa etária não seja a mais alta, o número preocupa. Isso acontece porque acredita-se que esses dados sejam subestimados, e não levam em consideração outros comportamentos suicidas, como a ideação e os comportamentos autolesivos, popularmente conhecidos como automutilações. 

O profissional da atenção primária tem uma importância fundamental em medidas preventivas para o suicídio, nessa faixa etária (e em outras também). Como se encontram na porta de entrada do sistema de saúde, o Médico de Família e Comunidade e/ou o Pediatra passam muitas vezes a ser a primeira oportunidade de rastreio do adolescente em sofrimento psíquico.

Muitas vezes, é esse profissional que vai ter o primeiro, e porque não, o único olhar para aquela questão que passou despercebida pela família e pela escola. Esse profissional também pode servir para o adolescente como uma referência adulta fora do contexto escolar, que pode ser procurado em situações de crise. Além disso, é o profissional que habitualmente irá triar e encaminhar os pacientes que necessitam de atendimento com médico especialista.

É fundamental, portanto, que os profissionais da APS estejam alertas e orientados para os fatores de risco do suicídio em adolescentes e preparados para atuar em medidas de prevenção.

Segue abaixo uma breve orientação em relação a esses fatores.

Sexo

O sexo é um fator relevante ao se realizar a avaliação do suicídio na adolescência. Meninas apresentam maior número de tentativas que os meninos. Entretanto, esses apresentam taxas de mortalidade mais altas, uma vez que os métodos utilizados costumam ser mais agressivos.
Tentativas prévias de suicídio

Existem inúmeros fatores de risco para o comportamento suicida. Um dos mais importantes é a presença de tentativas prévias de suicídio. Portanto, sempre olhar esses pacientes com mais cuidado, uma vez que esse comportamento intui que existe um comportamento mais direcionado para o planejamento e execução do ato.

Depressão

Os transtornos psiquiátricos estão fortemente relacionados ao ato suicida. Dentre os transtornos, o mais comumente relacionado é a depressão. É muito importante a observação do comportamento do adolescente, tanto no momento da consulta, quanto em seu convívio com família e amigos e na escola. Os indícios de depressão em adolescentes diferem daqueles vistos em adultos, e nem sempre a tristeza intensa é descrita por eles. Tédio (“a todo o tempo”), a irritabilidade / agressividade, queda do rendimento escolar e transtornos de conduta podem ser indícios de um adolescente deprimido e com maior risco para o suicídio.

Acesso à arma de fogo ou outros meios de lesão intencional

É extremamente importante que o médico da APS questione ativamente sobre o acesso do adolescente a armas de fogo. Embora o porte de arma de fogo não seja liberado extensivamente no Brasil, muitos adolescentes vêm de famílias onde um de seus membros tem permissão para o porte, ou mesmo, estão em locais onde o acesso é feito a armas não registradas. Estima-se que a limitação do acesso a esses dispositivos seja uma das melhores estratégias para a prevenção. Portanto, a orientação de pais e cuidadores de como armazenar de forma adequada suas armas, se for o caso, é fundamental.

Uso de drogas ilícitas

O consumo de substâncias lícitas e/ou ilícitas está intimamente relacionado a atos suicidas, seja por indicar uma maneira de se “automedicar” para se livrar da dor emocional, seja porque a intoxicação aumenta a impulsividade e retirar os mecanismos de controle emocional do adolescente.
Eventos de estresse agudo

Muitas tentativas de suicídio ocorrem após algum evento de estresse agudo, seja no ambiente familiar, escolar ou outros. Importante ensinar maneiras de lidar com essas situações, além de estabelecer pessoas e locais seguros, para que o adolescente possa ajustar seus sentimentos e se reorganizar.

Conectividade escolar e familiar

Diversos estudos demonstram a importância da conectividade escolar e familiar na vida dos adolescentes. Existem algumas definições de conectividade, mas a maior parte dessas definições se relaciona ao sentimento que o adolescente tem de pertencimento e aceitação naquele local. Dessa forma, estimular o contato familiar intenso, orientar a família sobre maneiras de potencializar esses sentimentos e ajudar a resolver conflitos familiares são medidas que podem contribuir para o aumento da conectividade familiar.

Da mesma forma, se o médico da APS conseguir abertura dentro do contexto escolar, tentar abordar formas de gerenciamentos de conflitos com o paciente e seus amigos. Também é importante convidar professores e outros profissionais da escola a melhorar a aceitação e o pertencimento desse paciente ao grupo e tentar avaliar e amenizar situações de bullying e assédio pode ser de fundamental importância para o adolescente. Não se esquecer de sempre perguntar ao adolescente e sua família a respeito da dinâmica familiar e escolar, tentando perceber que nem sempre o que importa é o que é dito explicitamente.

Encaminhamento para profissionais especializados

Nem todos os adolescentes em sofrimento psíquico devem necessariamente ser encaminhados para profissionais de saúde especializados. Muitas vezes o aprendizado de técnicas de controle emocional, de lidar com situações difíceis e de melhoria da autoconfiança pode colaborar para amenizar tais situações. Porém, sempre atentar para pacientes que apresentem fatores de risco importantes, como tentativas prévias de suicídio, presença de transtornos psiquiátricos subjacentes e abuso de substâncias, que podem necessitar de uma avaliação e um tratamento mais individualizado.

Dolores Henriques
Médica formada pela UNIRIO ⦁ Residência médica em pediatria pelo HUPE/UERJ ⦁ Médica concursada do Ministério da Educação (Colégio Pedro II e CEFET-RJ) ⦁ Tem experiência nas áreas de Terapia Intensiva Pediátrica, Pediatria Geral e Medicina de Urgência.

Referências:

Perfil Epidemiológico das tentativas e óbitos por suicídio no Brasil e a rede de atenção à saúde. Boletim Epidemiológico – Volume 48 – N° 30 – 2017.

Taliaferro LA, Oberstar JV, Borowsky IW. Prevention of youth suicide: the role of the primary care physician. JCOM, v. 9, p. 270-83, 2012.

Steiner RJ, et al. Adolescent Connectedness and Adult Health Outcomes. Pediatrics, p. e20183766, 2019.

Fonte: https://pebmed.com.br/prevencao-do-suicidio-em-adolescentes-na-atencao-primaria-a-saude/   

segunda-feira, 8 de julho de 2019

Amazonas promoverá ações de prevenção do suicídio nos municípios de fronteira

Comitê prepara oficinas de prevenção ao suicídio em municípios do AM

As oficinas devem acontecer no mês de agosto nos municípios de Manaus, São Gabriel da Cachoeira e Tabatinga. Os municípios foram escolhidos por liderarem as ocorrências

Portal A Crítica (7 julho 2019) com informações de assessoria de imprensa da Secretaria de Saúde do Amazonas

O Comitê Gestor de Prevenção ao Suicídio realizará, no mês de agosto, oficinas do projeto para promoção da saúde, vigilância, prevenção e atenção integral relacionada ao suicídio nos municípios de Manaus, São Gabriel da Cachoeira e Tabatinga. É mais uma etapa do projeto que no Amazonas tem a frente profissionais da Secretaria de Estado de Saúde (Susam), das secretarias municipais, da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), Secretaria de Estado de Educação (Seduc), Secretaria Estadual de Assistência Social (Seas), Núcleo de Apoio à Vida Manaus (Navima) e Universidade Paulista (Unip).

O Comitê Gestor de Prevenção ao Suicídio foi criado em maio deste ano para planejar as ações do projeto a partir do grupo de trabalho relacionado ao tema e iniciou as atividades em janeiro. A última reunião ocorreu na última sexta-feira (05), na sede da Susam.

Os municípios foram escolhidos por liderarem as ocorrências. Em Manaus, no ano de 2017, foram registrados 87 casos, conforme dados da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS). De  2015 a 2017 foram 310 casos registrados no Estado. “O projeto é para qualificar os profissionais e preparar a sociedade para esse fenômeno que é multifatorial e que tem se tornado cada vez mais presente", afirma o secretário Estadual de Saúde, Rodrigo Tobias.

Conforme a coordenadora do Comitê Gestor de Prevenção ao Suicídio, Luciana Diederich, as oficinas terão duração de dois dias em cada município e as inscrições destinadas a profissionais dos setores de saúde, assistência, justiça, segurança, educação, movimentos sociais indígenas e não indígenas. “Quanto mais segmentos da sociedade pudermos atingir, será melhor ainda. Não ficar só no âmbito da Saúde, estabelecer o que a gente chama de intersetorialidade. Vamos envolver o máximo de profissionais que também lidam com esse tema e fazem esses atendimentos para orientar sobre as diretrizes do programa”, disse Luciana Diederich.

As oficinas vão abordar conhecimentos tradicionais, os cuidados com álcool e drogas, a cultura de paz, humanização nos serviços, além de realizar treinamentos para a notificação compulsória de automutilação e tentativa de suicídio, instituída pela lei nº 13.819/2019.

Como desdobramento do combate ao suicídio, serão criados comitês nos 62 municípios para que desenvolvam ações e estratégias de prevenção permanente e intersetorial. “Embora seja um projeto que tenha início, meio e fim, as ações têm que ser de caráter permanente”, destacou a coordenadora.

Indígenas

Conforme dados do Ministério da Saúde, a taxa de mortalidade entre índios é quase três vezes maior que o registrado entre brancos e negros, o que corresponde a 15 óbitos para cada 100 mil habitantes.

Para a coordenadora do projeto e psicóloga, Melina Lima, as ações para a prevenção do suicídio devem ter “um olhar específico para a população indígena”.  “Em São Gabriel da Cachoeira, por exemplo, 70% da população é considerada indígena. É um desafio, porque é um contexto, um universo em parte desconhecido por nós. Por isso a necessidade de uma escuta diferenciada da questão da interculturalidade que a gente fala, de você tentar enxergar a cultura do outro, o olhar sob a perspectiva do outro”, explicou.

A psicóloga ressalta a participação e contribuição dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs) para atingir e sensibilizar a população indígena e os profissionais que lidam diretamente com os povos.

Fonte: www.acritica.com/channels/cotidiano/news/comite-prepara-oficinas-de-prevencao-ao-suicidio-em-municipios-do-am

sábado, 6 de julho de 2019

Alguns bons indícios de que a prevenção do suicídio saiu do estreitos limites do Setembro Amarelo...

Em maio de 2019...

Professora da UniFAI apresenta Rede Promover Vida em Congresso Brasileiro de Psicanálise

XII Congresso Brasileiro de Psicanálise das Configurações Vinculares foi realizado em Serra Negra, entre 27 e 29 de maio.

Fonte: www.sigamais.com/noticias/saude/professora-da-unifai-apresenta-rede-promover-vida-em-congresso-brasileiro-de-psicanalise/

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Unicef e CVV lançam série de vídeos para prevenção do suicídio

Material ajuda a identificar comportamento suicida e serve como diretriz para identificar sinais em jovens e adolescentes

https://emais.estadao.com.br/noticias/bem-estar,unicef-e-cvv-lancam-serie-de-videos-para-prevencao-do-suicidio,70002885088



Especulações a respeito da morte de empresário durante evento, em Sergipe, suscita reações

Abesp e Asulac emitem nota sobre a morte de empresário

A Associação Brasileira de Estudos e Prevenção do Suicídio (ABEPS) e a Associação de Suicidologia da América Latina e Caribe (ASULAC) juntas se manifestam com profundo pesar a respeito da tragédia ocorrida hoje, quinta-feira, dia 4/7/2019, durante a abertura do evento “Simpósio de Oportunidades no cenário da Cadeia de Gás Natural em Sergipe”, envolvendo um suicídio. 

Este ato gerou uma extrema comoção não só entre os participantes, como também em todo Brasil, deixando os especialistas em saúde mental e em suicidologia em alerta.

Lamentavelmente testemunhamos o surgimento de inúmeras especulações a respeito do motivo que levou a pessoa em questão a um ato tão extremo, além de informações inverídicas, vídeos e imagens a respeito deste triste episódio.

Reiteramos, portanto, as seguintes informações:
  • Suicídio em local público requer cuidados redobrados pela possibilidade de contágio A divulgação e compartilhamento de vídeos e imagens, bem como notícias de especulação em torno de possíveis causas são desaconselhados. 
  • Suicídio é um fenômeno multifatorial, não sendo possível atribuir uma única causa. Suicídio está associado a presença de transtornos psiquiátricos, em especial, transtornos de humor, como a depressão.
  • A crise econômica é apenas um dos fatores de risco possivelmente presentes. É imprescindível cuidar da redução de acesso aos meios, incluindo arma de fogo.
  • Não cabe julgamento ou indicação de culpados. Lembramos também a importância do cuidado com os que lá estavam, em função do possível trauma e seus desdobramentos.
 E enviamos nossas condolências e solidariedade a família e amigos.