terça-feira, 24 de novembro de 2015

Reportagem exemplar sobre a prevenção do suicídio

Três ‘D’s indicam risco de suicídio

Carina Reis
creis@jj.com.br

Depressão, desespero e desesperança. Os três ‘D’s apontados pelo psiquiatra e especialista em terapia comportamental, Lucas Gabriel Maltoni Romano, são os principais sintomas apresentados por uma pessoa com pensamentos suicidas. Segundo ele, o ato de tirar a própria vida é desencadeado por uma sequência de fatores.

“Nunca está associado a uma só questão. É a associação da doença mental com uma mudança radical na vida e outros estímulos. É importante, portanto, ficar atento a esse comportamento desesperançoso, desesperado e depressivo”, alerta o médico.

Por ano, quase 12 mil brasileiros cometem suicídio, segundo avaliação apresentada pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) na semana passada. Dados mundiais são ainda mais alarmantes: a Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta que a cada 40 segundos, uma pessoa tira a própria vida. A perspectiva é que até 2020 um surto de casos faça dobrar a quantidade de suicídios e é isso que os profissionais de saúde mental querem evitar.

Lucas Romano explica que mais de 90% das pessoas que cometeram o autoextermínio sofriam de transtornos mentais. “Depressão é a principal dessas doenças e também a que requer mais cuidado. Uma pessoa depressiva já precisa de atenção redobrada. Na sequência de risco também encontram-se pessoas que sofrem de transtorno bipolar e de esquizofrenia.”

Outro fator que precisa ser levado em consideração é o uso e abuso de substâncias psicoativas. “Drogas e, principalmente, o álcool. Quando associamos depressão e álcool o quadro se agrava e potencializa.”

Especialista em Saúde Mental pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), a psicóloga Daniele Muzaiel Gimenez alerta, ainda, para o risco de reincidência na tentativa de suicídio. “O maior fator de risco é a pessoa já ter tentado tirar a própria vida. Isso aumenta consideravelmente a chance de tentar novamente. Um ‘acting out’, ou seja, uma tentativa de suicídio sem êxito é um sinal de alerta para a existência de profundo sofrimento que precisa ser cuidado tanto pela família como por amigos e pela equipe de saúde multidisciplinar.”

De acordo com Daniele, embora a faixa etária mais reincidente no total absoluto de suicídios seja acima dos 65 anos, nos últimos dez anos o percentual entre jovens aumentou em intensidade alarmantemente, mais de 40% entre os brasileiros de 15 a 29 anos. “E as motivações são diferentes em cada idade. O idoso, muitas vezes, por ter sofrido perdas significativas, pode deixar de ver sentido na vida ou se culpa por não querer ser um peso para os familiares. O adolescente, por sua vez, está em busca da construção de sua identidade, questiona princípios e valores sociais, pode apresentar instabilidade de humor e comportamentos impulsivos quando angustiado, diz.

“Temos, ainda, o adulto jovem, aquele com até 30 anos, que também passa por uma fase de transição, deixa a casa dos pais, busca emprego e estabilidade social. A busca por atender padrões sociais faz com que este adulto se depare com faltas inerentes à condição humana, vistas, porém, como fracasso insuportável desperta angústias e profundas cobranças internas e, até mesmo, inconscientes.” avalia a psicóloga.

Todos esses fatores são vistos como possíveis desencadeadores de sofrimento e sintomas. “É a união entre os fatores de risco e as motivações internas que leva a passagem ao ato. Um adulto jovem, por exemplo, que faz uso problemático de álcool, está desempregado, desmotivado, e diz algo como ‘estou sem esperanças’, pode estar fazendo um importante pedido de ajuda.”

Em Jundiaí, o Grupo de Apoio à Vida (GAV) iniciou recentemente uma campanha intensa por ter notado um aumento na quantidade suicídios cometidos na cidade. Três casos foram registrados em apenas um fim de semana de setembro deste ano. “Nós percebemos que aumentou muito e iniciamos uma divulgação em massa do nosso telefone. Nosso trabalho é na prevenção do suicídio por meio de atendimentos telefônicos para ouvir a pessoa que está passando por uma dificuldade e quer desabafar”, comenta Maria Bernadete Carneiro, coordenadora do GAV. Os atendimentos acontecem na Av. dos Ferroviários n° 2222 ou pelo telefone (11) 4521-4141.

Rupturas

Lucas Romano considera particularmente perigosos eventos de rompimento como mudança de status social causada por desemprego e término de relacionamentos. “Mudar o status econômico é um fator grave de risco. A pessoa está acostumada a algo e de repente precisa rever sua vida, seus costumes, seu padrão. Outra situação alarmante é a perda da estabilidade emocional causada por uma separação de casal.”

A psiquiatra Maria Cristina de Stefano acrescenta que familiares e amigos podem estar atentos à mudança emocional das pessoas. “Se for criança ou adolescente, é possível observar um desinteresse na escola, tanto com relação à aula, quanto aos amigos. Passa a dormir muito ou não dormir nada, comer muito ou deixar de comer.” No caso de adultos, outros aspectos são analisados. “Ele passa a faltar no trabalho e não ligar para regras profissionais e sociais. E, principalmente, quando passa a falar que a vida não vale a pena, esse é o momento de oferecer ajuda.”

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Prevenção do suicídio no Mato Grosso do Sul: para brancos e indígenas...

Os índices alarmantes do suicídio de brancos e indígenas no Mato Grosso do Sul tem preocupado os profissionais da saúde e os políticos.

Abaixo as duas notícias, em sequência.

CAMPO GRANDE JÁ REGISTROU 598 TENTATIVAS DE SUICÍDIO SÓ EM 2015, REVELA SESAU

Dados alarmantes sobre suicídio em Campo Grande chamaram atenção de autoridades e especialistas durante audiência

Em Audiência Pública realizada na manhã desta quarta-feira (18) na Câmara Municipal, dados alarmantes sobre o suicídio em Campo Grande chamaram atenção de autoridades e especialistas que debateram ações de prevenção deste ato que, só em 2014, ceifou 53 vidas na Capital.

Representando a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), a enfermeira do Núcleo de Prevenção de Violências, Laura Maria Souza de Linhares afirmou na Audiência que foram registrados 53 óbitos e 750 tentativas só no ano passado. Em 2015 já foram registradas 598 tentativas até o mês de outubro. “Cada ano tem um crescimento tanto nas tentativas quanto nos suicídios. São dados que podem ser maiores, pois muitos familiares têm vergonha de dizer que a pessoa se matou e não registram o suicídio. O suicídio em 90% dos casos é evitável, não é uma morte que a pessoa não demonstra sinais. 90% das pessoas evidenciam sinais, em ações ou falas, alertando sobre a possibilidade de suicídio. O suicídio responde pela terceira causa de morte em 2014 dentre as causas externas. A tentativa também é a 3ª violência mais registrada. Ou seja, ser humano está em sofrimento, este é um problema complexo. A principal faixa etária que pratica o suicídio é o jovem de 15 a 34 anos. O setor de saúde desempenha papel fundamental nessa prevenção. Quando a pessoa tenta o suicídio ela chega a Unidade de Saúde 24 horas, que tem um assistente social, que é um grande diferencial, pois não é comum nos outros municípios, que faz o acolhimento do paciente e seus familiares. E então ele é encaminhado para a rede CAPS (Centro de Atenção Psicossocial). São seis CAPS em Campo Grande, sendo dois 24 horas. Este é um grave problema de saúde pública, com uma demanda bastante elevada, às vezes tem uma fila, mas elas são priorizadas no atendimento”, afirmou.

Em seu pronunciamento, o professor e pesquisador do Hospital Universitário e capelão do Corpo de Bombeiros, Edílson dos Reis revelou que “quando um caso de suicídio é notificado, quatro outros não são, então esse número de 598 suicídios em 2015 é muito maior. É triste quando vemos crianças de 10 anos tentando suicídio, um adolescente de 14 anos querendo tirar a própria vida e uma menina de 12 anos que quer por fim à vida. Essas crianças estão dentro das unidades escolares. Na UFMS temos condições de capacitar os professores a trabalharem com a prevenção ao suicídio. Precisamos trazer isso como pauta. Temos que marcar audiência com a ACP para começarmos esse discurso com os professores. A lei já foi sancionada e agora o que precisa é normatizarmos isso para capacitar os professores. Temos condições de capacitar eles e termos efetividade prática. Fazemos um Curso de Prevenção de Suicídio, que é o primeiro do Brasil. Estamos debatendo algo fantástico, que é a vida. Estamos criando o laboratório de luto, para trabalharmos essa questão de familiares que perdem pessoas para o suicídio”, disse.

Vale ressaltar, que os vereadores de Campo Grande aprovaram a Lei nº 5.613/15, de autoria do vereador Carlão, que dispõe sobre a implantação de medidas de prevenção ao suicídio nas escolas municipais de Campo Grande MS, a qual foi sancionada e publicada no Diário Oficial no dia 30 de setembro deste ano.

A assistente social do Setor Psicossocial de Apoio ao Servidor Penitenciário, Maria Roseneuza dos Santos salientou que “o suicídio é assunto delicado, é um tabu. Vejo um assunto permeado pelo preconceito. No âmbito da segurança pública o suicídio é o ápice, o ponto culminante da depressão de forma trágica. Lidamos com a depressão de forma errada e muito preconceituosa. A gente protege, a depressão ou é frescura ou não é coisa de homem. Com isso estamos suscitando para que tudo isso aconteça Este é um problema da nova geração, a geração do tudo pronto, que não está disposta a construir e com a falta do construir e o vazio se instala, culminando com o suicídio. Temos que romper esse preconceito, é uma coisa que deve ser levada a sério”, disse.

Para o coordenador de divulgação do Grupo Amor Vida-GAV (antigo CVV), Roberto Sinai, “o suicídio é um problema de saúde pública. Atendemos diuturnamente pessoas que nos ligam e não julgamos, não direcionamos, não aconselhamos. Ela fala sobre aquilo que incomoda. Não temos, nem somos profissionais da saúde mental, somos voluntários, com espírito de amor ao próximo, para oferecer o melhor que temos. Falar é a melhor opção, pois uma dor não compartilhada dói mais. Então damos à pessoa essa oportunidade do desabafo, de falar dos sentimentos dela, temos a certeza que naquele momento ela não vai se auto destruir”, afirmou

O Tenente Ivanaldo Ferreira dos Santos, que é capelão evangélico destacou que “O Exército preocupado com esse índice crescente de suicídio está implementando a nível nacional um projeto de valorização da vida para combate e prevenção do suicídio, com uma equipe multidisciplinar composta de psicólogos, psiquiatras, capelães militares, visando diminuir, evitar, conscientizar e orientar os militares para reduzir o índice alto de suicídio em toda sociedade”, destacou.

O psicólogo da Coordenadoria de Atendimento Psicossocial da Polícia Civil/CEAPOC/MS, Carlos Afonso Marcondes Medeiros atua há mais de 30 anos na profissão de psicólogo e afirmou que já conseguiu evitar que muitas pessoas praticassem o suicídio. “Estamos fazendo alguns trabalhos na Polícia Civil que poderiam ser ampliados para a sociedade. Temos o Projeto ‘Tira Solidário’, que trata do bom amigo, para que a corporação observe algum sinal de transtorno mental, de adoecimento, de sofrimento para fazermos uma abordagem, principalmente aqueles policiais que se acham super-homem. O policial tem um agravante: ele usa uma arma, ele pode usar essa arma contra si mesmo. Ouvir é muito importante, abordar a família, pois quem pode ajudar uma pessoa que está em sofrimento mental e ideação suicida, é quem está ao seu lado. Este grupo está atento, junto com os colegas observando, nos passando informação de que tem uma pessoa que não está bem”, disse o psicólogo destacando ainda que “política pública se constrói com discussão, com debate e reunião técnica. Temos que reunir os técnicos e fazer a rede, pois o trabalho de rede é fundamental para fazer a prevenção”, revelou.

A Audiência contou ainda com a participação de Jucinéia Costa, assistente social do Fundo de Assistência Feminina da PM; tenente José da Cruz Gomes de Araújo, capelão católico da 9° Região Militar do Exército, Giovana Guzzo, psicóloga representando o Conselho Regional de Psicologia de Mato Grosso do Sul; Veralice Carneiro Lima, presidente da diretoria administrativa do Grupo Amor Vida (GAV) e o coordenador de Defesa Civil de Mato Grosso do Sul, Coronel Isaías Ferreira Bittencourt.

Fonte: http://www.acritica.net/editorias/saude/campo-grande-ja-registrou-598-tentativas-de-suicidio-so-em-2015/157504/

DEFENSORIA PÚBLICA PARTICIPA DE REUNIÃO PARA PLANO DE COMBATE AO SUICÍDIO INDÍGENA

O levantamento mostra que entre as principais características das situações que causam o suicídio estão consumo abusivo de álcool e uso de drogas

Myllena de Luca 

A Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul participou, na última sexta-feira (13), da reunião para discutir propostas de políticas públicas no combate ao suicídio na comunidade indígena. O encontro aconteceu na sede do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei), da Secretaria Especial de Saúde Indígena, vinculada ao Ministério da Saúde.

Durante a abertura, a mestre em psicologia e responsável técnica da área da saúde mental do Dsei de Mato Grosso do Sul, Fabiane Vick, divulgou índice preocupante de suicídios que vem ocorrendo nas aldeias. “Nós temos uma das maiores populações indígenas do Brasil. São mais de 73 mil pessoas que vivem em 75 aldeias. Nos últimos 40 anos, as mortes por suicídio aumentaram 60% aqui em Mato Grosso do Sul. Para se ter uma ideia, no ano passado 48 índios tiraram a própria vida. Nesse ano, os números já somam 30 casos. Um deles é de um menino de 7 anos”, lamentou Fabiane.

De acordo com a assessoria, o levantamento feito pelo Dsei mostra que entre as principais características das situações que desencadeiam o suicídio ou a tentativa estão: consumo abusivo de álcool, o uso de drogas, desentendimento familiar e situação de vulnerabilidade. “Precisamos fortalecer as ações de promoção, prevenção e atenção a agravos relacionados à saúde mental, compartilhando responsabilidades e ações com as comunidades, profissionais de atenção primária e redes de apoio locais para a produção de cuidados que valorizem e potencializem a organização sociocultural de cada local e incentivem o protagonismo indígena”, disse a psicóloga.


A Defensora, que atua na 12ª Defensoria Cível de 2ª Instância, tem recebido diariamente casos que demonstram o desrespeito à comunidade indígena. “Nos últimos meses, recebemos processos da região de Ponta Porã, sul do Estado, em que 6 crianças indígenas foram retiradas de sua família natural e inseridas em lares com mães sociais não indígenas. A lei e a Constituição Federal garantem a essas crianças e adolescentes a preservação de suas identidades, e, portanto, lhes é garantido o direito de serem inseridas em famílias da mesma etnia e se possível na mesma comunidade”, finalizou.

Fonte: http://www.capitalnews.com.br/cotidiano/defensoria-publica-participa-de-reuniao-para-plano-de-combate-ao-suicidio-indigena/285358

sábado, 7 de novembro de 2015

Livro sobre saúde mental dos jovens em face da depressão e da ideação suicida será lançado

O emocional do jovem do século XXI apresentado a 13 de novembro

O livro da autoria de Helena Gonçalves Jardim intitulado "O emocional do jovem no século XXI"  será apresentado no próximo dia 13 de novembro, pelas 18:30h no Colégio dos Jesuítas - Universidade da Madeira. 

 A obra versa essencialmente a saúde mental dos jovens (depressão e ideação suicida) perante as conturbações financeiras, socio-culturais e económicas decorrentes da conjuntura atual, em consonância com o preconizado pela OMS em 2014 como um imperativo global a prevenção do suicídio e da depressão nos jovens a nível global.

 É um dos produtos da licença sabática de Helena Gonçalves Jardim, decorrida no ano lectivo 2014 – 2015, concebido a partir de uma pesquisa científica efectuada aos jovens estudantes, dos 12 aos 18 anos, das escolas básicas e secundárias da Região Autônoma da Madeira (Ilha da Madeira).

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Audiência pública na Comissão de Direitos Humanos, do Senado, trata do suicídio como questão de saúde pública

Antecedentes e contexto 

De autoria  dos senadores Hélio José, Cristovam Buarque e outros, o requerimento da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa nº 165, de 2015 foi elaborado no dia 9 de outubro de 2015 e menos de um mês depois houve o evento.

A ementa do requerimento é esta:

Requer que seja realizada, no âmbito desta Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa, audiência pública para debater estratégias e políticas públicas de prevenção ao suicídio e de promoção da vida.

Sugerimos que sejam convidadas as seguintes pessoas para a mencionada audiência:

Antônio Geraldo da Silva – Presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria;

Marcelo da Silva Araújo Tavares – Professor do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília;

Eveni Meireles Costa dos Santos – Representante do setor de Saúde Mental do Conselho Nacional de Saúde;

Lúcio Costa – Coordenador de Direitos Humanos de Saúde Mental, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República;

Volnei Garrafa – Professor de Bioética da Universidade de Brasília;

Olga Oliveira – Médica do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência da Secretaria de Estado da Saúde do Distrito Federal;

Alexandrina Maria Augusta da Silva Meleiro – Médica da Universidade de São Paulo;

Ana Beatriz Barbosa Silva – Psiquiatra, autora do livro "Mentes Perigosas".

Cobertura jornalística
Serviços de saúde mental precisam alcançar pessoas em crises ou desespero, diz professor da UnB
Este foi o título da chamada para o vídeo em que Lúcio Costa e Marcelo da Silva Araújo Tavares debatem o tema. Pode ser assistido aqui

A notícia

CDH debate com especialistas políticas públicas para prevenir casos de suicídio
Agência Senado

O suicídio é uma epidemia silenciosa e mata mais de 10 mil brasileiros por ano. A avaliação foi feita em audiência pública na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa nesta quinta-feira (5). O encontro discutiu com especialistas e autoridades governamentais as estratégias e políticas públicas desenvolvidas para prevenir os casos de suicídio no país.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada 40 segundos uma pessoa se suicida no mundo. No Brasil, quase 12 mil pessoas se matam por ano e a tendência é de crescimento destas mortes entre adolescentes e jovens. Nos últimos dez anos, a taxa de suicídio cresceu mais de 40% entre os brasileiros de 15 a 29 anos. Os números, considerados alarmantes,  foram revelados na audiência pública. O autor do pedido, senador Hélio José (PSD-DF), lamentou que o suicídio ainda seja um tema cercado por tabus e preconceitos e disse que o problema representa uma epidemia no Brasil e no mundo.

— Muitos já falaram mas é preciso reprisar. Vivemos uma epidemia silenciosa. De fato é uma epidemia que está afetando muita gente perto da gente. Por isso é importante estarmos aqui discutindo este tema.

Os médicos e psicólogos participantes lembraram que há diversas oportunidades para salvar a vida de quem pensa em se matar e explicaram que é importante falar sobre o assunto e dar voz a quem sofre. Professor de Psicologia da Universidade de Brasília (UnB), Marcelo Tavares argumentou que as campanhas educativas e ações de prevenção são eficientes e defendeu que o suicídio deve ser tratado como um problema de saúde pública, com políticas e programas específicos.

— Nossos desafios são muito grandes. O contexto da prevenção do suicídio é muito mais amplo, requer que a gente pense nas nossas crianças, nos nossos adolescentes, nos nossos idosos, nas profissões de risco e nas pessoas que possam ter experiências agudas de sofrimento.

No Brasil, o Centro de Valorização da Vida (CVV) trabalha há 53 anos na prevenção do suicídio. A entidade atende vinte e quatro horas por dia no telefone 141, por e-mail ou bate papo na internet, no endereço www.cvv.org.br.

Fonte: http://www.jb.com.br/pais/noticias/2015/11/05/cdh-debate-com-especialistas-politicas-publicas-para-prevenir-casos-de-suicidio/