terça-feira, 25 de junho de 2019

A frequência da automutilação entre os adolescentes deveria acender um "alerta permanente"...

Casos de automutilação são frequentes no público adolescente e acendem alerta

Especialista diz que contágio pelas redes sociais ajuda a explicar o fenômeno da violência autoprovocada

Greyce Bernardino (23 junho 2019)

Cortar a própria pele, bater em si mesmo, arranhar-se ou queimar-se. Este tipo de comportamento traz problemas e questões que vão muito além da pele. A  automutilação tem sido cada vez mais frequente entre crianças e adolescentes e acende um alerta aos familiares.

Para o psicólogo clínico da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e coordenador do projeto de extensão Qualidade de Vida Acadêmica (QVA): promoção de saúde mental no contexto universitário, Éverton Calado, o contágio pelas redes sociais - há jovens que publicam as lesões na internet e páginas que incentivam a prática - ajuda a explicar o fenômeno da violência autoprovocada, na qual se incluem a automutilação e as tentativas de suicídio.

"Pesquisas confirmam esse crescimento, mas quanto a uma explicação causal ainda estamos tateando em meio a muitas hipóteses. O excesso de virtualização da vida em uma sociedade aceleradamente mutante, é uma delas; a queda e a falta de referências simbólicas, a crise moral das instituições, o hiperindividualismo e a escalada da intolerância são outras. Arrisco dizer que nossa preocupação seria entender o porquê de tamanho sofrimento psíquico no mundo contemporâneo, do qual a prática do "cutting" é uma manifestação por vezes preferencial do jovem e adolescentes", explicou.

O especialista também alertou sobre os sintomas do comportamento que, por vez, pode ser a válvula de escape para dores emocionais. "Precisamos entender sintomas como expressões, algo sendo dito, mostrado, o que implica haver alguém capaz de escutar, acolher essa confissão de sofrimento. A automutilação é resultante de uma angústia, um tanto quanto inominável, incompreensível, para qual serve de escape e alívio, através da dor física. As feridas emocionais vestem-se em comportamentos de se cortar, se bater, se queimar, se escarificar etc., o que vem se tornar a uma experiência estranhamente prazerosa, de satisfação, porque é compensatória", pontuou.

Éverton Calado afirmou, ainda, que a automutilação tem um efeito de contágio, o que explica em parte como a escola surge como um dos principais cenários de sua ocorrência.

"Existe uma associação clara entre esses fenômenos, mas não se trata de uma explicação definitiva pela qual alguém se machuca sempre em função de ter sofrido bullying, embora isso apareça com frequência. Carecemos de dados epidemiológicos, de mais pesquisas acerca da autolesão que tem ares de epidemia, e somente agora as autoridades estão atentando para isso", disse.

"Sem dúvida, a escola tem um papel crucial não somente na identificação e na evitação desses comportamentos, mas na prevenção destes e isso é muito mais desafiador, pois convoca o principal agente desse processo: a família do jovem e do adolescente, cuja presença e apoio - ou sua falta - são determinantes para que o problema "estoure" na escola, mas não tenha sido engendrado naquele ambiente", completou o psicólogo.

"Alívio momentâneo"


Leonardo* - nome fictício usado para proteger a identidade - disse que a prática da automutilação servia como um alívio momentâneo. O estudante, de 22 anos, começou a se mutilar em 2013, mas garante que a prática ficou no passado. "A automutilação era uma forma de cano de escape, pois quando eu me cortava, aliviava tudo. Era dessa forma que eu atingia o meu ponto de paz", frisou.

O jovem disse, ainda, que só veio entender o motivo dos cortes após ser diagnosticado com depressão cerca de um ano depois. "O problema surgiu devido a uma mistura de tudo que eu passei no Ensino Médio, além de passar um tempo sem poder praticar atividades físicas por causa de uma cirurgia. Quando eu percebi que isso era um paliativo, que eu só estava adiando um problema maior, comecei o tratamento, transferindo o cano de escape pra outras coisas", falou.

Ele completou dizendo que os cortes eram feitos geralmente na parte superior dos braços. " A região era a escolhida por não ficar muito amostra. Era só usar uma camisa com manga, que ninguém percebia. Sem falar que evitava ficar sem camisa até mesmo em casa", finalizou

O psicólogo Éverton Calado listou algumas formas de ajuda às vítimas de automutilação. "Na escola ou fora dela, primeira e imediatamente forma é escutar, escutar muito, com respeito, empatia e disponibilidade - e aqui é preciso desmistificar que isso é tarefa ou habilidade exclusiva de especialistas da área, como o psicólogo. Ao mesmo tempo, a família tem de ser comunicada e a rede de apoio e proteção à saúde, acionada: conselho tutelar, unidade de saúde etc., preservar a segurança da pessoa, buscar uma psicoterapia, intervenção psiquiátrica ou na urgência, quando necessários também é essencial".

Lei sancionada

O presidente da República, Jair Bolsonaro, sancionou a lei que cria a Política Nacional de Prevenção da Automutilação e do Suicídio.

O texto foi publicado no Diário Oficial da União no mês de maio.  A lei cria um sistema nacional, com estados e municípios, para prevenção do suicídio e da automutilação e um serviço telefônico gratuito para atendimento ao público.

A publicação ainda determina que a notificação compulsória destes casos deve ter caráter sigiloso nos estabelecimentos de saúde, segurança, escolas e conselhos tutelares.

Nesse contexto, o Governo Federal, por meio do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) lançou, em abril, a campanha Acolha a Vida, visando à prevenção do suicídio e da automutilação.

A iniciativa é voltada a todas faixas etárias, com atenção especial para crianças e adolescentes.

Fonte: https://gazetaweb.globo.com/portal/especial.php?c=79417

segunda-feira, 24 de junho de 2019

Associação de apoio aos veteranos de guerra atua firmemente na prevenção do suicídio nos EUA

Guerras, depressão, suicídio: os veteranos dos EUA encontram conforto

Roger King tinha 19 anos quando se alistou nos fuzileiros navais, em 2005. Saiu em 2009, após duas temporadas no Iraque e quando a bala de um franco atirador quase lhe tirou a vida.

AFP/Estado de Minas (13 junho 2019)

Mas isso não foi nada em comparação com os problemas que teve quando entregou o uniforme. Estado de hipervigilância permanente, ansiedade, dificuldade para estar em grupo: sofria de transtorno de estresse pós-traumático (PTSD) e traumatismo cranioencefálico, dois males que afetam os veteranos do primeiro exército do mundo, envolvidos desde 2001 em intermináveis conflitos no Iraque e no Afeganistão.

King, hoje com 33 anos, começou a beber, ficou deprimido. Conta que tentou se suicidar duas vezes.

Russell Keyzer, de 42 anos, se alistou na Guarda Nacional americana justo depois dos atentados de 11 de setembro de 2001.

Com lembranças recorrentes, insônia ou crise de pânico, Keyzer também sofreu os sintomas do PTSD após dois anos na força internacional da Otan em Kosovo, onde períodos de relativa estabilidade se alternavam com distúrbios violentos.

Após seu regresso em 2008, se afundou no álcool e na depressão. Seu casamento acabou, ficou sem casa. Sete vezes tentou pôr fim a seus dias, contou.

Hoje ambos dizem que estão melhor, em parte graças a uma terapia de grupo para ex-combatentes, o Joseph Dwyer Project, uma associação criada em 2012 na península de Long Island, no estado de Nova York, em homenagem a um herói da guerra no Iraque que se suicidou após seu retorno, em 2008.

Eles relataram seus períodos difíceis em um recente "dia de bem-estar" organizado pela associação em um parque de Center Moriches: piquenique, saudação à bandeira, ioga, meditação, caiaque... Uma série de atividades destinadas a alimentar o sentimento de segurança e companheirismo.

Uma associação deste tipo "deveria ter sido criada há muito tempo", diz King, hoje animador de uma filial do Dwyer Project que reúne a cada semana uma dezena de veteranos.

"Pensamos em Alcoólicos Anônimos, em Narcóticos Anônimos, mas ninguém havia pensado que a mesma coisa funcionaria para os ex-combatentes (...), que haja amizade e camaradagem entre diferentes gerações".

"Se tivessem existido recursos adaptados quando regressamos, não teríamos chegado a este ponto, não teríamos caído nas drogas e no álcool", ressalta Keyzer. "Mas as coisas melhoram lentamente, há cada vez mais programas para os veteranos".

Longe de estar orgulhosos

Grupos de apoio psicológico como o Dwyer Projet se multiplicam nos Estados Unidos, prova dos esforços da primeira potência mundial para ajudar seus 20 milhões de ex-combatentes - cerca de 10% da população adulta americana - a superar suas dificuldades e inclusive seus impulsos suicidas.

Entre 2008 e 2016, mais de 6.000 veteranos se suicidaram por ano, segundo um informe publicado no fim de 2018 pela secretaria americana para ex-combatentes.

Em 2014, a cifra correspondeu a 20 suicídios por dia.

Em comparação, 6.951 militares americanos morreram em operações entre 2001 e 2018, segundo uma análise recente da Universidade Brown.

Neste contexto, a secretaria para ex-combatentes, que administra cerca de 1.200 hospitais e policlínicas reservadas aos veteranos, fez da prevenção do suicídio uma prioridade nacional, e implementou uma linha telefônica que está entre as mais solicitadas do mundo.

Lançada em 2007 com 14 pessoas, conta agora com três centros de chamadas e mais de 900 funcionários em todo o país, indicou à AFP seu diretor, Matt Miller.

Meio século depois da guerra do Vietnã, e 17 anos depois do início da intervenção americana no Afeganistão, "há uma maior tomada de consciência" das necessidades dos veteranos, embora ainda "reste muito por fazer", estima Marcelle Leis, diretora do Dwyer Project após 20 anos na Guarda Nacional.

Quando os veteranos enfrentam problemas "não estão acostumados a pedir ajuda (...) Uma grande parte de nosso trabalho consiste em ensiná-los a pedir ajuda, mostrar a eles que ser forte também é isso".

King, hoje casado e pai de um bebê de três meses, tem projetos para o futuro: acaba de concluir uma licenciatura em História e espera em breve ser professor de ensino médio.

Embora sinta falta da adrenalina do combate, aos fins de semana trabalha como bombeiro para encontrar a mesma sensação.

"Quando toca a sirene, sinto o sangue subir: saio para salvar alguém!", diz sorrindo.
 
Fonte: www.em.com.br/app/noticia/internacional/2019/06/13/interna_internacional,1061664/guerras-depressao-suicidio-os-veteranos-dos-eua-encontram-conforto.shtml

Matéria em jornal do Piauí surpreende pela qualidade da análise temática e abordagem adequada

Suicídio: fenômeno para exercitar empatia desafia sociedade

Há um mito dito com recorrência que as pessoas que falam em cometer o suicídio não farão mal a si próprias, pois querem apenas “chamar a atenção”

Sandy Swamy, Maria Clara Estrêla e Glenda Uchôa (22 junho 2019)

“O suicídio é um fenômeno complexo e multicausal, ou seja: algo muito simples não pode explicá-lo”. O destaque é feito por Marcelle Beatriz, psicóloga terapeuta de casal e família e pós-graduanda em prevenção e posvenção ao suicídio. A especialista faz o destaque para que se encare o tema com a complexidade que ele se apresenta, por isto, neste cenário, julgamentos, busca por culpados ou negação, não contribuem para que a sociedade lide, de forma saudável, com as vidas que se perdem ou são afetadas em consequência deste fenômeno. “A pessoa quando comete suicídio não quer tirar sua própria vida, ela quer minimizar a dor que está sentido, ela se vê sozinha, não se vê compreendida e a gente vive em uma cultura que dá muito valor as pessoas quando ela se vão”, explica a psicóloga.

Partindo deste entendimento, a profissional lembra que, em situações de desespero, as pessoas têm de ser amparadas, não julgadas. Isto talvez possa fazer a diferença entre salvar uma vida ou perdê-la. “A coisa que a gente menos deve fazer é julgar aquela pessoa, a gente vai tentar o máximo acolher o sofrimento dela, tentar entender o que ela está passando. Não usar religião ou uma cultura para fazer aquele tipo de indicação: você não acredita em Deus? Você não acredita que Deus pode te salvar? Imagina como tua família vai se sentir? Esse tipo de coisa só faz a pessoa se sentir mais culpada e mais errada, tudo isso pode intensificar aquela situação.

Então, o momento é de não atribuir culpa”, considera. A orientação serve como base para que pessoas que não tenham um conhecimento aprofundado sobre o tema saibam lidar com alguma inesperada situação, mas, é claro, que é através da intervenção de um profissional da saúde a forma mais correta de lidar com qualquer tipo de situação.

“Para ajudar, acolher, você precisa conhecer, não pode tratar um tema tão complexo sem buscar entender os sinais de alerta, a forma de abordagem. Mas é claro que não vamos capacitar toda uma sociedade para lidar com isso, mas nós, como sociedade, não podemos ficar alheio ao problema do outro. Precisamos entender, porque ninguém está alheio a essa temática. Precisamos nos cuidar para cuidar do outro”, finaliza.

Atenção a frases alarmistas

Há um mito dito com recorrência que as pessoas que falam em cometer o suicídio não farão mal a si próprias, pois querem apenas “chamar a atenção”. Além de não contribuir com o debate, o pensamento é um conceito falso, como alerta a cartilha do Centro de Valorização da Vida (CVV).

Existem diversas dicas que podem indicar que uma pessoa possa estar enfrentando esse tipo de problema e planejando cometer suicídio e as frases de alarme podem denunciar a situação: “A vida não vale a pena”, “Nada mais importa”, “Não ficarei magoado mais pois não estarei mais aqui”, “Vão sentir a minha falta quando eu me for”, “Você se sentirá mal quando eu me for?”, “Não aguento a dor”, “Não consigo lidar com tudo isso – a vida é muito difícil”.

Parentes, amigos ou pessoas que convivam no ciclo social de indivíduos que deixam tais alertas devem permanecer abertos para ajudar a lidar com a situação.

CVV na rede de amparo

Para contribuir com este contexto, o CVV realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, no número 188; email e chat 24 horas (https://www.cvv.org.br) todos os dias.

“O que fazemos é uma escuta ativa, uma conversa que pode contribuir para a pessoa que esteja precisando ser ouvida e poder estimular que ela busque solucionar seus problemas”, explica Eyder Mendes, atendente e coordenador de divulgação do CVV Piauí. As pessoas que querem ser voluntárias do CVV tem que fazer parte de um treinamento, que dura em média três fins de semana, e ter disponibilidade de 4h por semana em qualquer horário.

(Glenda Uchôa)

Um tema para ser abordado com responsabilidade

O suicídio ainda é considerado um tema tabu na sociedade, entre os veículos de comunicação a dúvida é, em como noticiar tentativas de suicídio. O psicólogo e professor Denis Carvalho, explica que a melhor maneira é trazer a temática para o sentido reflexivo da questão e apresentando dados. “A forma correta é nunca focar no caso especifico, quando tem notícia de um caso especifico aproveitar pra falar do suicídio em si, uma matéria de como prevenir, quais são os principais riscos, e nunca com detalhe de faixa etária, modo de suicídio e local”, esclarece.

Os jornalistas ao noticiar qualquer assunto devem ter em mente se o conteúdo vai trazer danos a sociedade, como é o caso do suicídio, “com essas informações pode -se criar o efeito contágio, pois várias pesquisas mostram que quando você detalha o suicídio, você pode provocar uma indução à pessoas vulneráveis, com uma certa tendência ao suicídio, muitas delas criam coragem, e outra coisa é que tem o modelo de como cometer o ato”, explica o psicólogo.

Os comunicólogos contam ainda com uma “Cartilha de suicídio para os profissionais de imprensa”, que detalha como deve se dar com o assunto, além de frases de alertas que as pessoas costumam falar e locais de apoio.

Compartilhamento de  vídeos nas redes sociais

Divulgar fotos e vídeos de pessoas mortas para satisfazer a curiosidade, pode causar prejuízos graves. Esse ato se tornou crime através da PL 2175/15 aprovada em abril deste ano, a lei pune quem reproduzir imagens de cadáveres seja na internet ou outras mídias. A pessoa pode cumprir mandado de prisão, de um a três anos e pagar multa. A pena aumenta em um terço, se o responsável tiver acesso por meio da profissão.

O professor ainda explana que essa é uma ação que  jamais deve ser feita, “nunca se deve filmar, pois é algo absurdo,condenável, repudiável no mais alto grau, se você tiver próximo, tente conversar, mesmo à distância, falar coma a pessoa, para ganhar tempo e acionar o Corpo de Bombeiros e a Polícia. Por que geralmente esses órgãos tem gente com treinamento específico para abordagem”, esclarece.

O prejuízo à pessoas próximas, pode ser ainda mais devastador, ao ver as imagens circulando na internet, “com os pais é uma violência, leva uma segunda facada na vida, reativa a dor, reativa a ferida, por que é um tipo de imagem que não deveria ser permitida, e nas pessoas mais vulneráveis, você pode ter o efeito inspirador, de apresentar um modelo bem sucedido de suicídio, isso pode aumentar o risco”, alerta Denis Carvalho.

(Sandy Swamy)

Igrejas se unem em campanha contra o suicídio em Teresina

Sub: Grupos ficam acampados nas entradas das principais pontes da cidade compartilhando mensagens de amor e esperança a quem passa. Quem passa pela Avenida Frei Serafim tem se deparado com um grupo de pessoas acampadas na entrada da ponte Juscelino Kubitscheck, segurando faixas e cartazes com palavras de amor e esperança.

A escolha do lugar não foi aleatória e tem muito a ver com o propósito da ação. É que as pontes de Teresina têm sido cenário de um número frequente de casos de suicídios na Capital e os grupos que ali se fixam estão tentando justamente ajudar a reverter este quadro.

A iniciativa partiu de grupos das Igrejas Evangélicas e da Igreja Católica de Teresina, que se uniram para levarem palavras de conforto, carinho, amor e esperança para ,aqueles que mais precisam e que não conseguem enxergar mais nenhuma perspectiva na vida. Munidos de fé e muita disposição, os grupos oferecem abraços e acolhimento a quem a eles recorrerem.

A iniciativa é recente na Capital piauiense, tendo iniciado nos primeiros dias deste mês de junho, por incentivo de grupos voluntários do Rio Grande do Norte, após casos seguidos de suicídio naquela cidade. É o que explica o voluntário Thiago Melo: “Aquilo meio que mexeu com a gente e sabendo desse alto índice de suicídio aqui na nossa Capital, a gente decidiu fazer algo. Nos reunimos com o pessoal, fizemos divulgação nas redes sociais, recrutamos mais gente e formamos essa rede de ajuda ao próximo”. O projeto começou com 30 pessoas e hoje já são mais de cem voluntários se revezando em grupos e em esquema de plantão das 7h da manhã até as 20 horas todos os dias nas pontes de Teresina.

Nas reuniões de preparação, os participantes receberam instruções de psicólogos e demais profissionais da saúde, como enfermeiros e médicos, além de terem contado também com a ajuda de profissionais da segurança para aprenderem a lidar em casos de situações extremas e necessidade de abordagem.

Yara Naira, que também é voluntária, relata que o principal propósito da iniciativa é mostrar para o outro que há alguém que se importa com ele mesmo quando ele se sente  sozinho no mundo. “Nós estamos aqui para conversar, abraçar, acolher, porque a gente sabe que o mundo é carente de amor. Às vezes são mães, são pais, são filhos que não conseguem mais ver o amor em nada, nem dentro de suas próprias casas e a gente tenta mostrar que nem tudo está perdido, que há sempre uma outra saída, uma palavra positiva para que ela não desista jamais. Que existe ainda muita vida para ser vivida”, diz Yara.

(Maria Clara Estrêla)

Papel da família

Ao detectar atitudes diferentes em amigos ou familiares, o primeiro passo, é não diminuir a dordo outro, pois o suicida só chega ao ato, após a ideação e ter feito tentativas. Como reforça o psicólogo, “o indicativo é não minimizar que há um quadro de problema de saúde mental, então, é recomendado buscar apoio para que haja assistência, e os apoios mais importantes são aqueles que integram o trabalho e um psiquiatra quando há indicação de medicamento” expõe.

Outro ponto que merece atenção, é que durante o tratamento ou após a internação o suicida pode tentar mais uma vez, “quando ele está melhorando, é que tem mais risco, por que já tem um incômodo de sofrimento grande, só que agora eles estão com força, com energia para fazer alguma coisa e muitos se matam, há casos de suicídio dentro do hospital”, relata Denis.

Entretanto o acompanhamento é indispensável, não se deve flexibilizar e brincar sobre a situação com pessoas que estejam com ideação suicida. O correto é conversar, mostrar que se importa, que quer ajudar e nunca julgar. O suicídio nunca é sinônimo de fraqueza ou força. Um abraço, uma palavra amiga, pode auxiliar neste momento.

Grupos de vulnerabilidade

Quando se fala sobre suicídio a primeira palavra que interligam é com a depressão. Só que a sociedade não compreende que essa é apenas uma das causas que pode levar ao ato, “existe um grupo em que tem relação com o suicídio e algumas relações de vulnerabilidade de saúde mental, depressão, tem uma associação muito intensa, boa parte dos suicidas tem um histórico de problemas de saúde”, fala o professor.

Isso acontece por que muitas pessoas não tem acesso a um tratamento de saúde adequado e, portanto, não têm diagnóstico. Outra situação são pessoas bipolares, “essa doença aumenta o risco em 4 ou 5 vezes mais de cometer o suicídio, do que em pessoas com situação sem ter esse problema, então, pessoas com vulnerabilidade de saúde mental, precisam ser acompanhadas, por que elas têm maior risco de ter esse efeito, de recepção como  estimulo”, elucida o psicólogo.

Cuidado para quem fica

A pósvenção é pouco debatida no meio desse cenário doloroso. Este é o momento após o ato do suicídio, quando a família e pessoas próximas passam pelo período de luto, “existe o luto natural de quem perde alguém, que o sofrimento pode ser patológico. Tem que observar se vai durar muito tempo qual a intensidade desse sofrimento,  se impede a pessoa de ter uma vida normal, trabalhar, ter vida social. Chegando nessa dimensão, precisa-se encaminhar para uma assistência mais especializada na área da saúde mental, com psicólogo e psiquiatra”, informa o professor Denis Carvalho.

O psicólogo continua, “o sofrimento nos primeiros meses é natural, o luto que tem que ser trabalhado, mas temos outros problemas, em alguns casos a situação estatística mostra que fica aquele medo, os questionamentos, sobre em que eu falhei, junto comum sentimento de dor profunda, que gera um adoecimento, a sensação de que as pessoas poderiam ter feito mais do que fizeram, e se culpam, sofrem e adoecem, isso precisa trabalhar bem”, detalha.

Observar quem ficou é importante para que as pessoas não comentam também suicídio, pelo sentimento de culpa, “mas é bom lembrar que o sofrimento é a situação de luto não  é um sinal de doença, é normal, todo mundo  tem que trabalhar o luto, a perda. A gente te uma sociedade que tem dificuldade em admitir que o sofrimento e a dor fazem parte da vida.

Isso não pode ser transformado em doença e somente tratado com medicamentos, é preciso ver a intensidade, se for muito tempo e se inviabilizar que a pessoa tenha uma vida normal, aí sim, deve começar a se preocupar”, pontua o psicólogo Denis Carvalho.

(Sandy Swamy)

Fonte: www.portalodia.com/noticias/especiais/suicidio-fenomeno-para-exercitar-empatia-desafia-sociedade-366426.html

sexta-feira, 21 de junho de 2019

Quando prevenir o suicídio depende de acolhimento, tolerância, compreensão...

O título desta postagem é diferente. A razão é este trecho aí abaixo:
O grau de aceitação de tais estudantes pode ser literalmente "uma questão de vida ou morte", dizem os especialistas. Uma pesquisa nacional de 34 mil jovens LGBTQ, de 13 a 24 anos, divulgada na semana passada, revelou que 39% dos inquiridos considerou seriamente o suicídio nos últimos 12 meses. Assim como mais da metade dos jovens transexuais e não-binários, segundo o Trevor Project, um grupo pró-LGBTQ focado na prevenção do suicídio.

Outro estudo, publicado no "Journal of Adolescent Health" em 2018 e baseado num estudo com 129 jovens transexuais e sem género definido, de 15 a 21 anos, constatou que as tentativas de suicídio descem 65% e os sintomas de depressão diminuem 71% se puderem usar os nomes que preferem na escola, em casa, no trabalho e com os amigos. A questão surge muito antes da adolescência, uma vez que a identidade de género geralmente se manifesta em crianças ainda no jardim de infância.

A matéria completa "Quero ser drag queen". Criança está a mudar mentalidade de professores está aqui

Mais um trecho:
"Drag queen". Estas foram as palavras que Keegan, uma criança de nove anos, escreveu no quadro quando a professora do terceiro ano, no Texas, EUA, perguntou aos alunos o que queriam ser quando crescessem. Quando for grande, ele quer ser transformista, criar a sua personagem vestido de mulher. Mas mais do que isso, quer transformar a mentalidade das pessoas. Para que a palavra "ele" não pese na personagem que não é.

quinta-feira, 20 de junho de 2019

Um bom exemplo no parlamento gaúcho: frente em favor da vida!

Instalada frente em prol da vida no Rio Grande do Sul

Movimento busca discutir maneiras de enfrentar elevados índices de suicídios

Christian Bueller (11 junho 2019)

A cada 46 minutos, um brasileiro tira a própria vida. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de óbitos autoprovocados é quase o dobro do que aqueles causados por homicídio: 800 mil por ano, contra 470 mil, respectivamente. Pensando na relevância de debater o tema, foi instalada, na Assembleia Legislativa ontem a Frente Parlamentar de Combate ao Suicídio, que fará ações com instituições que já tratam do assunto e desenvolverá políticas públicas que possam focar na prevenção visando à valorização da vida. “Falar de suicídio ainda é um tabu, mas não tem dado certo não falar sobre isso. Os números não têm diminuído, pelo contrário. Temos que mostrar para as pessoas que, apesar de crises e conflitos, vale a pena lutar pela vida”, disse a presidente e autora da iniciativa, deputada Franciane Bayer (PSB). A ideia, de acordo com a parlamentar, é conscientizar as pessoas de que a identificação dos sinais de ansiedade e depressão podem salvar a vida de uma pessoa. “Precisamos criar ambientes que possibilitem à família, aos amigos e aos professores identificar estes sinais”, afirmou. “Não podemos deixar esta tarefa só para os profissionais da saúde, em especial a mental, pois nem todas as pessoas procuram socorro ou têm acesso a um tratamento adequado”, opinou.

Ideia, segundo a deputada Franciane Bayer, ao centro, é conscientizar as pessoas sobre a importância da vida

Estudantes voluntários, vestindo camisetas laranjas, carregavam placas como “Aceita um abraço?” e “Você é único”. Franciane lembrou que o alerta a potenciais suicidas é dado e muitas vezes a sociedade não enxerga. “Queremos salvar o mundo, mas é preciso olhar para quem está ao nosso lado”, salientou. Outro ponto destacado é o significado dos debates sobre suicídio. “Quando se fala disso, não estamos ensinando as pessoas a fazer. Mas, sim, como uma maneira de dizer que não é uma saída. O suicídio é como um vidro que, quando quebra, os estilhaços atingem a todos que estão ao redor”, exemplificou.

A deputada lembrou que a frente parlamentar dava continuidade ao trabalho iniciado na legislatura passada por sua irmã, Liziane Bayer (PSB/RS), hoje deputada federal. Liziane é secretária-geral da Frente Parlamentar de Combate ao Suicídio e Automutilação da Câmara Federal e relatora da Subcomissão Especial de Adoção, Pedofilia e Família, vinculada à Comissão de Seguridade Social e Família. Presente ao evento, a deputada federal lembrou que a taxa de suicídio na faixa etária de 10 a 14 anos aumentou 40% em dez anos no país. “É evidente que não podemos reduzir a questão somente à família, pois há aspectos clínicos relevantes que devem ser considerados. É também uma questão de saúde pública e exige, como tal, políticas públicas dirigidas e eficientes”, observou Liziane.

A promotora Liliane Dreyer da Silva Pastoriz, da Promotoria de Defesa dos Direitos Humanos do Ministério Público, apresentou números indicando aumento nas notificações de suicídios em todas as faixas etárias, de 2011 a 2017. Disse que eram importantes essas notificações para o encaminhamento e tratamento adequado do problema. “As estatísticas estão aumentando em relação aos idosos, inclusive com mais de 80 anos para mais”, informou.

Um vídeo produzido pelo gabinete da deputada Franciane Bayer foi apresentado, com dados do Comitê Intersetorial de Promoção da Vida e Prevenção do Suicídio e a participação de jovens da Juventude da Graça. A deputada pediu que se compartilhasse o material nas redes sociais e ainda destacou o trabalho do Centro de Valorização da Vida, que atende pelo telefone 188. No dia 8 de julho, no auditório do Ministério Público do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, as deputadas Franciane Bayer e Liziane Bayer conduzirão um seminário sobre o tema.

Fonte: www.correiodopovo.com.br/not%C3%ADcias/geral/instalada-frente-em-prol-da-vida-no-rio-grande-do-sul-1.344619

Crédito da foto: Guilherme Almeida


segunda-feira, 10 de junho de 2019

Prevenção do suicídio da PM do Mato Grosso

Policiais de especializadas participam de palestras de prevenção ao suicídio

8 junho 2019

Policiais das cinco unidades do Comando Especializado da Polícia Militar de Mato Grosso participaram durante a semana de um ciclo de palestras sobre prevenção ao suicídio. Promovido pelo Comando-Geral da PM, o projeto encerrou essa etapa com os policiais das especializadas na tarde desta sexta-feira (07.06) no mini-auditório da Secretaria de Estado de Saúde, em Cuiabá. 

Cerca de 360 policiais militares das unidades  do Batalhão de Operações Especiais (BOPE), Batalhão de Ronda Ostensiva Tática ( ROTAM), Regimento de Policiamento Montado (RPMon), Batalhão de Proteção Ambiental (BPMPA) e  Batalhão  de Policiamento de Trânsito (BPTran) assistiram palestras e receberam orientações sobre fatores de risco, estados afetivos, depressão e outros temas. Palestrantes também desmistificaram alguns tabus e mitos sobre suicídio. Na ocasião, os policiais também puderam interagir com outros colegas, debater e tirar dúvidas sobre o assunto.

O tenente-coronel Dalton Luiz de Magalhães que responde pelo comando das unidades especializadas da PM conta que o ciclo de palestras sobre suicídio é muito importante para os policiais militares, já que diariamente esses policiais são submetidos  às diversas situações de estresse e ainda tomada de decisões de alta complexidade.

“Essas informações nos permite aprender ainda mais sobre comportamentos típicos de suicídio, quer seja em nossos companheiros de profissão, nós próprios, familiares ou um desconhecimento. Esse trabalho vem de encontro a um mal silencioso e altamente perigoso para nossos policiais militares. Se tivermos um comportamento adequado para acolher, identificar o sinais, podemos salvar vidas”, conta o tenente-coronel Dalton Luiz.

Para o subcomandante do BOPE, Major Carlos Evane o suicídio realmente é um tabu, as pessoas evitam a tocar nesse assunto.  “Um evento desse permite  que a gente entenda como isso funciona, a sua origem e a quem procurar. Os números não mentem, o Brasil têm uma incorrência muito grande. Ações como estas partindo do Comando-Geral da PM favorecem a saúde individual, familiar e por fim da instituição da Polícia Militar”, ressalta Major Evane. 

Por meio da Diretoria de Saúde da Policia Militar, a corporação oferece uma rede atenção formada por diversos profissionais de diferentes especialidades que realiza aos policiais encaminhamentos e tratamentos de saúde adequada para cada militar.

O policial da Rotam, tenente João Dorileo diz que esse tratamento é muito importante para os militares. “Nos  conforta muito saber que o nosso comandante-geral está preocupado com o bem estar da tropa. Nessa palestra eu vi os índices e os números são preocupantes, então a gente se sente acolhido e confortável em saber que esse assunto está sendo levado para as unidades”, conta o tenente.

Serviço

Para mais informações, a  Diretoria de Saúde da PM fica localizada no Centro Político Administrativo, nas proximidades do Detran-MT, em Cuiabá. Para mais informações sobre os atendimentos, os interessados podem entrar em contato pelo telefone (65) 3631-2730.

Outro canal de apoio é o Centro de Valorização da Vida (CVV), que oferece apoio emocional e pode ajudar na prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente e sob total sigilo pelo telefone 188. Também há atendimento por email e chat 24 horas todos os dias.

Fonte: https://odocumento.com.br/policiais-de-especializadas-participam-de-palestras-de-prevencao-ao-suicidio/

domingo, 2 de junho de 2019

Caso Verônica, da Espanha...

COLEGAS DE TRABALHO induzem Verônica ao suicídio...

O caso ocorreu na Espanha. Assédio virtual (ciberbullying).

Ana Moniz, psicóloga portuguesa, analisa o caso.

Eis a pergunta que ela nos convida a fazer (sempre que o grupo a que pertencemos está a praticar um ato ilícito): "O que é que você faria se estivesse sozinho?

Para ler a matéria completa, a qual muito recomendamos, o link é este.


sábado, 1 de junho de 2019

Entrevista com Wilma Pereira, especialista na prevenção de mortes autoprovocadas


Ansiedade, depressão, estresse e bullying podem levar ao suicídio, diz especialista

Segundo Wilma Pereira, dados da OMS mostram que em 2020, a depressão será considerada uma das doenças mais significativas para a humanidade

O Programa a Voz do Povo, apresentado pelo jornalista e advogado Arimar de Souza Sá ao vivo de segunda-feira à sexta-feira do meio-dia às 13 horas na capital em pela Rádio Caiari 103,1 e pela Antena FM em Rede Estadual, recebeu nessa quarta-feira (29 de maio de 2019), a enfermeira Wilma Pereira, doutora em ciências: desenvolvimento socioambiental, e membra da Associação Brasileira de Estudos e Prevenção do Suicídio.

Com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) referentes à 2018, que mostram 322 milhões de pessoas, ou seja 4,4% da população mundial, sofrem de depressão, doença que, segundo ela, pode levar ao suicídio, a enfermeira destacou que o levantamento aponta que “em 2020, a depressão será considerada uma das doenças mais significativas para a humanidade”.

Ao tratar sobre o suicídio no programa, a especialista disse que, entre os fatores que levam as pessoas a cometerem tal ato de fragilidade de vinculação com a vida, estão casos de perda de pessoas próximas aliada a não superação do luto, e rompimentos de relacionamentos a exemplo de namoros ou casamentos.

O luto de um suicídio é outro fator agravante apontado por ela que pode levar o indivíduo a cometer o mesmo ato, “porque o luto depois do suicídio é diferenciado dos outros, pois geralmente é permeado de ira, culpa, revolta, por se tratar de uma morte anti-natural, violenta”, explanou.

Bullying

O bullying, situação que se caracteriza por agressões intencionais, verbais ou físicas, feitas de maneira repetitiva, é outro problema que, conforme a especialista, deve ser tratado com prioridade, especialmente nas Escolas com presença de profissionais de saúde a fim de evitar que a situação se agrave.

A ansiedade, que pode levar a quadros depressivos, e o estresse também foram explanados por ela e citados como fatores ligados a descontroles emocionais que podem levar ao suicídio caso não sejam tratados com a devida atenção.

Sintomas

Entre os sinais que podem ser detectados conforme relatado pela doutora e acordo com a OMS, podem ser vistos atualmente de maneira mais clara através das redes sociais a exemplo de postagens com notícias de mortes, de pessoas que sofrem, coisas referentes à morte, desejo de desaparecer “de largar tudo”; o isolamento de amigos, entre outros.

Questionada se a característica pode ser de uma pessoa forte ou fraca, Wilma Pereira explicou que, o suicídio é um quadro mental, que precisa de intervenção imediata. “A pessoa não está necessariamente fora de si, e sim diferente do que seria normalmente”, esclareceu.

Prevenção

Entre as formas de prevenir, a especialista citou o cultivo de laços afetivos, amizades, hobbies, manter-se ligado a praticas religiosas, terapias, e até mudanças ambientais, são algumas medidas que podem ajudar à manter-se longe de sentimento de tristeza e sofrimento que podem evitar à tal ato. “E terapia, buscar um psicólogo para ajudar a tomar as decisões certas”.

O ambiente de trabalho é um dos locais que, de acordo ela, também pode trazer situações difíceis. “É importante neste sentido, evitar o estresse da carga de trabalho e relações interpessoais”, orientou.

Saúde pública

O suicídio, na visão da profissional, é uma questão de saúde pública gravíssima, que requer atenção multifatorial, pois trata de uma luta pela preservação da vida. “É de fato um problema que é de saúde pública, que perpassa pela segurança, assistência social, e educação porque muitas vezes, o estresse e a depressão passam desapercebidos no ambiente escolar onde pode ser mais visível”, complementou, acrescentando que, apesar de preocupante, o assunto ainda não tem tido a atenção devida do Poder Público, “as mobilizações ainda são tímidas e direção à preservação da vida”, disse, citando como exemplo da falta de psicólogos nas Unidades de Saúde, “sendo apenas utilizados nos CAPS”.

Divulgação

A divulgação de vítimas de suicídio em veículos de comunicação é vista pela profissional como um desserviço pela doutora.

“Imagens e relatos detalhados são desaconselháveis, e pode inclusive levar ao entendimento ilusório de que a morte repercutida pode ser uma forma de punição aos que os que sofrem com o problema, possam ter”, disse, parabenizando o apresentador, que também é diretor do Rondonoticias pela atitude de não veicular matérias desta natureza.

No programa, Wilma Pereira também respondeu perguntas dos ouvintes, orientou pais e responsáveis, e detalhou mais informações sobre o assunto.

Fonte: http://www.rondonoticias.com.br/noticia/saude/25463/ansiedade-depressao-estresse-e-bullying-podem-levar-ao-suicidio-diz-especialista

Para assistir o vídeo da entrevista completa clique aqui.

Trabalhando o luto. CVV em ação no Mato Grosso

Grupo de apoio acolhe pessoas que perderam parentes e amigos para o suicídio

Rafael Medeiros

O Centro de Valorização da Vida (CVV) passa a realizar, nas noites de quinta-feira, os encontros de um grupo de apoio para familiares e amigos de pessoas que se suicidaram. O ‘CVV GASS’ é direcionado também àqueles que tentaram tirar a própria vida, e a intenção é fazer reflexões sobre questões emocionais.

“Quem já viveu a experiência do suicídio de uma pessoa sabe do desamparo e do sofrimento que implica. O efeito é devastador. É como se o chão desabasse e, a partir daí, como em uma fila de peças de dominó, todas as outras esferas da vida vão também caindo. Mesmo o suicídio sendo um ato individual e solitário, pode ser considerado como o tipo de morte mais dolorida para as famílias lidarem”, afirma o CVV no site oficial.

O grupo de apoio surgiu em Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul, em 2013, e hoje está presente em postos de todo o país. “Quando ocorre [o suicídio], instala-se o silêncio, a família busca esconder a causa da morte e as pessoas em torno se calam. O pacto de silêncio gera exclusão social e aumento do sofrimento. Neste momento, a tendência é se recolher, se isolar, e reaprender devagarinho a viver. Mas essa solidão é também terrível, pois ocorre exatamente em um momento em que mais precisam falar dessa experiência difícil, em que precisam procurar dar um sentido à vida e saber”, completa.

CRC

Outro grupo de apoio disponível no CVV Cuiabá é o ‘Caminho de Renovação Contínua’ (CRC), que tem por objetivo ajudar na reflexão e troca de experiências a respeito de questões emocionais e comportamentais, sem julgamentos, direcionamentos ou viés religioso ou ideológico.

O CRC é aberto a todas as pessoas que têm desejo de autoconhecimento, e acontece também às quintas-feiras, às 19h30. “É um programa idealizado por voluntários do CVV, e tem por objetivo propiciar a um determinado grupo de pessoas, através da troca de experiências, a possibilidade de promover seu autoconhecimento, ou seja, proporcionar um encontro de cada participante do grupo consigo mesmo, e como consequência, uma vida mais plena”.


O CVV é uma instituição civil sem fins lucrativos que oferece apoio emocional e prevenção do suicídio gratuitamente em todo o território nacional há 57 anos. Desde sua fundação, a entidade é movida exclusivamente por voluntários devidamente selecionados e preparados para o atendimento.

O CVV atende todos os dias da semana, 24 horas por dia, pelo telefone 188, por e-mail, chat ou serviço voip com total sigilo e de forma gratuita. O CVV Cuiabá realiza ainda diversas ações presenciais através do Programa CVV Comunidade, que leva palestras de orientação, cursos e rodas de conversa para as comunidades, escolas e instituições. (Reportagem de  Isabela Mercuri)

Serviço

CVV GASS e CRC
Rua Comandante Costa, 296 – Centro
Reuniões todas as quintas-feiras às 19h30
Informações: cvvcomunidade.cuiaba@cvv.org.br


Fonte: www.obomdanoticia.com.br/variedades/grupo-de-apoio-acolhe-pessoas-que-perderam-parentes-e-amigos-para-o-suicdio/16860

PM do Mato Grosso deu início a um projeto de prevenção do suicídio para policiais

PM dá início a projeto de prevenção ao suicídio com palestras para policiais
 Na manhã desta segunda–feira (13/5/2019), o Comando-Geral da Polícia Militar de Mato Grosso deu início a um novo projeto de prevenção ao suicídio. Serão realizadas palestras e orientações a policiais militares em Cuiabá e em todos os Comandos Regionais da PM no Estado.

Durante esta segunda-feira (13), cerca de 200 policiais militares assistem a uma palestra de prevenção ao suicídio, que é ministrada por especialistas no tema do Núcleo de Estudos em Saúde Mental da Universidade Federal de Mato Grosso (NESM/UFMT), Jesiele Neves Spindler e Samira Reschetti Marcon, no auditório do Quartel–Geral da PM.

A abertura do evento contou com a presença do comandante-geral da Polícia Militar, coronel Jonildo José de Assis, do comandante–geral adjunto da PM, coronel Wesney de Castro Sodré, do coordenador de Assistência Social da PM, tenente- coronel Diego Fabiano Souza Tocantins e da psicóloga da Diretoria de Saúde, Cirlene de Campos Duarte.

O comandante–geral da PM, coronel Jonildo José de Assis, disse que a instituição está aberta para ajudar qualquer policial e que a PM disponibiliza de uma equipe multidisciplinar que está disponível a qualquer momento para acolher os militares. Assis contou ainda sobre a importância de falar sobre suicídio.

“Nós passamos mais tempo dentro da corporação, com os colegas de farda, do que com a família. O nosso colega de trabalho pode ser esse primeiro contato que vai fazer toda a diferença. Essa capacitação nos auxilia a saber e identificar os sinais de que alguém precisa da nossa atenção, da nossa ajuda para ser acolhido em um momento difícil”, ressalta o coronel.

Informações sobre fatores de risco, estados afetivos, depressão e outros temas, foram abordados pelas palestrantes que também desmistificaram alguns tabus e mitos sobre suicídio. Na ocasião, os policiais também puderam interagir com outros colegas, debater e tirar dúvidas sobre o assunto.

A palestrante Samira Marco afirmou que muitas das vezes a pessoa sofre calada por medo de ser afastado das funções e, com isso, acaba que não buscando ajuda. “Essa questão de não falar sobre suicídio é um tabu. As pessoas não gostam de usar nem o nome suicídio, mas é um tema que precisa ser esclarecido de forma adequada para ter uma abordagem correta. Todos nós podemos reconhecer e iniciar um possível encaminhamento desta pessoa que esta em sofrimento para receber tratamento médico”, conta Samira.

Com 31 anos na corporação, o sargento da PM Esmael Mendes conta que achou importante a iniciativa do comando–geral da PM que está preocupado com o assunto e está vindo falar sobre isso abertamete.

“Eu achei importante esses esclarecimentos, principalmente sobre os mitos e verdades sobre suicídio. Um exemplo é quando a pessoa de vez em quando comenta que vai se matar, então porque ela fala, não vai fazer? Aqui aprendi que se alguém toca no assunto, precisa de atenção, de apoio. As informações nos ajudam a perceber alguns sinais de que alguém precisa de ajuda” diz o sargento.

Por meio da Diretoria de Saúde da Policia Militar, a corporação oferece uma rede atenção formada por diversos profissionais de diferentes especialidades que oferecem aos policiais encaminhamentos e tratamentos de saúde adequada para cada militar.

A psicóloga da Diretoria de Saúde da PM, Cirlene Campos, disse que a partir da palestra informativa a pessoa tem a oportunidade de falar sobre esse sofrimento. “Nós temos psicólogos, assistentes sociais e uma equipe multidisciplinar. O primeiro contato pode ser feito por meio da Diretoria de Saúde. Nós estamos aqui para atender o policial e a família dele também. Os comandantes ou colegas de trabalho podem nos procurar  porque estamos preparados para prevenção ao suicídio”.

Serviço

Para mais informações, a  Diretoria de Saúde da PM fica localizada no Centro Político Administrativo, nas proximidades do Detran-MT, em Cuiabá. Para mais informações sobre os atendimentos, os interessados podem entrar em contato pelo telefone (65) 3631-2730.

Outro canal de apoio é o Centro de Valorização da Vida (CVV), que oferece apoio emocional e pode ajudar na prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente e sob total sigilo pelo telefone 188. Também há atendimento por email e chat 24 horas todos os dias.

Fonte: http://odocumento.com.br/pm-da-inicio-a-projeto-de-prevencao-ao-suicidio-com-palestras-para-policiais/