quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Prevenção do suicídio: por que fracassamos tanto?

No início da década de 1970, morriam pouco mais de 2000 suecos, tanto por suicídio, quanto por acidentes automobilísticos. Naquele mesmo período (não por mera coincidência ou intenção específica de comparação, mas pelo mesmo despertar de consciência social) foram desenvolvidas duas séries de estratégias para enfrentar os dois problemas. Na década seguinte, as mortes por acidentes tinham caído a menos da metade e as devidas a auto-extermínio continuavam nos mesmos patamares (Lars Jocobsson, 1986). Estavam os suecos diante de um sucesso e de um fracasso retumbantes.

Inútil dizer, como fazem muitos nesses casos, que, na ausência das intervenções, os números para o suicídio teriam sido ainda maiores. Eis um argumento que denuncia uma pequena honestidade intelectual e mais serve para "autotranquilização" do que para fazer avançar o entendimento!

Esse foi apenas o dado mais eloquente que encontramos, diante do desafio de prevenir o suicídio, mas as sérias dúvidas quanto à efetividade de todos os esforços e investimentos, dispendidos para esse fim, atingem todos os que com ele trabalham. Medidas pontuais, como, por exemplo, modificações na composição de defensivos agrícolas ou no fornecimento de gas, dão algum resultado imediato, mas logo perdem qualquer efetividade na diminuição marcante das taxas nas diversas sociedades. O que podemos concluir, a partir dessa constatação?

Até hoje, apenas roçamos o problema dos dramas sociais e pessoais que levam as pessoas a dar fim às suas própias vidas.

O entendimento das razões para tanto fracasso pode brotar das observações (mais que centenárias) do primeiro pesquisador sério do assunto, E. Durckheim: há, em cada sociedade, uma "corrente suicidogênica" que faz com que o suicídio seja o fenômeno demográfico mais previsível dentre todos. O suicídio não é um problema originalmente médico e nem mesmo decorrente de simples dramas individuais. Antes do início de um ano qualquer, podemos dizer, com uma margem mínima de erro, quantos suecos, japoneses, húngaros ou alemães darão fim às suas próprias vidas nos doze meses seguintes. Ou seja: o suicídio é um problema eminentemente sociológico. Dessa constatação muito genérica, até o desenvolvimento de estratégias efetivas para atacar o problema, entretanto, quanta distância!

Do ponto de vista médico, os fracassos são até relativamente fáceis de explicar. Nossa intervenção mais específica somente se inicia depois do surgimento da ideação suicida mais permanente ou, pior ainda, depois de alguma tentativa. Desse ponto em diante, e da cristalização de certos perfis de personalidade, nossa possibilidade de modificar alguma coisa diminui sensivelmente (há que assinalar que, diante de qualquer caso específico, sempre investimos em uma expectativa de enorme esperança).

Outro engano grosseiro, que muitos cometem, é a hipervalorização das doenças mentais como causa específica para o suicídio. A simples observação de que cerca de 90% dos suicidas sofriam de alguma doença psiquiátrica, parece ser suficiente aos mais apressados (e menos cuidadosos) para o estabelecimento daquela relação. A constatação, porém, da enorme diferença nas taxas de suicídio encontradas entre os diversos países e culturas (até mais de dez vezes), enquanto a prevalência das doenças mentais é muito semelhante entre os vários países e culturas, deveria ser suficiente para um maior cuidado no estabelecimento de relações causais.

Só para efeito de raciocínio, se subdividíssemos os períodos de vida das pessoas adultas (deixemos de lado os suicídios entre adolescentes), até a chegada à ideação suicida, em cinco estágios (com suas vicissitudes): 1-primeira infância; 2-início da vida escolar; 3-surgimento da puberdade; 4-exigências da adultidade e; 5-seus fracassos repetidos, nossa intervenção iniciar-se-ia somente na última. Sejamos, então, mais humildes em relação aos nossos instrumentos e, ao lado de nossas ações mais propriamente terapêuticas, tentemos intervir junto à sociedade para que reflita quanto à maneira desumana com que muitos são tratados, especialmente do ponto de vista da intolerância e do estímulo à competição predatória entre as pessoas. Aquela mesma sociedade que divide as pessoas em "vencedoras e derrotadas" e transmite, às atiradas a essa última "classificação", que devem se envergonhar e que talvez nem mereçam viver.

Márcio Amaral (Formado em 1976 pela UFRJ, especializou-se em Psiquiatria no Instituto de Psiquiatria (IPUB) da UFRJ. Possui Mestrado e Doutorado em Psiquiatria. É membro da Associação Brasileira de Psiquiatria).

http://www.ipub.ufrj.br/portal/index.php/blog/item/90-preven%C3%A7%C3%A3o-do-suic%C3%ADdio-por-que-fracassamos-tanto

Acolhimento familiar na prevenção da depressão e do suicídio

Aceitação da família protege jovens homossexuais

Um novo estudo mostra que atitudes e comportamentos positivos por parte dos familiares em relação a adolescentes gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros (GLBT) reduzem os riscos de depressão, abuso de drogas e álcool e pensamentos suicidas dos mesmos ao se tornarem adultos.

Os autores do estudo, realizado com 245 jovens adultos GLBTs entre os 21 e os 25 anos de idade, moradores da Califórnia, nos Estados Unidos, também constataram que os adolescentes nascidos em famílias de ampla aceitação têm níveis muito mais altos de autoestima e apoio social no início da idade adulta.

Exemplos de apoio positivo por parte dos pais ou cuidadores incluem o apoio à expressão de gênero dos jovens ou ainda a defesa dos mesmos ao sofrerem maus tratos em razão da identidade GLBT.

“Em uma época em que a mídia e as famílias estão se tornando completamente cientes dos riscos sofridos por muitos GLBTs, nossas descobertas de que a aceitação da família protege contra pensamentos e comportamentos suicidas, abuso de álcool e drogas e depressão oferecem uma porta de esperança para estes jovens e suas famílias – que lutam para equilibrar convicções religiosas e valores pessoais com o amor por seus filhos”, disse Caitlin Ryan, diretora do Projeto de Aceitação da Família da Universidade Estadual de San Francisco e autora do estudo, em um boletim da universidade.

As descobertas oferecem “as evidências mais fortes até o momento de que a aceitação e o apoio por parte dos pais e cuidadores promovem o bem-estar entre os jovens GLBTs, ajudando a protegê-los contra a depressão e o comportamento suicida”, disse no mesmo boletim Ann P. Haas, diretora de projetos de prevenção para a Fundação Americana para a Prevenção do Suicídio.

“Estas descobertas abrem as portas para um enfoque totalmente novo de como as famílias podem ser orientada a agir para reduzir o risco de suicídio entre adolescentes e jovens adultos GLBTs”, disse Haas.

Fonte: New York Times - http://www.crianca.pb.gov.br/site/?p=8508

sábado, 18 de dezembro de 2010

O combate ao suicídio "epidêmico" no interior do Rio Grande do Sul

Treinamento visa diminuir o suicídio no interior do estado

Profissionais da saúde de dezesseis municípios do estado se reuniram nos dias 13 e 14 de dezembro (2010) para a segunda etapa do Projeto de Promoção da Vida e Prevenção do Suicídio.

Promovido pelo Sistema de Saúde Mãe de Deus (SSMD) em parceria com o Centro Estadual de Vigilância em Saúde abordará temas como “Telefonemas na Crise”, “Avaliação do perfil epidemiológico e sócio-cultural dos municípios selecionados”, além de especificar de que maneira estas cidades poderão participar do projeto.

O objetivo do treinamento é diminuir o índice de suicídios do Rio Grande do Sul, o mais alto do país.

“Enquanto a média brasileira é de quatro mortes autoprovocadas a cada 100 mil habitantes, cidades como Santa Rosa chegam a 25,49, por isso, a participação dos técnicos dos municípios é de fundamental importância”, lembra o médico Ricardo Nogueira, coordenador do Centro de Promoção a Vida e Prevenção do Suicídio do Hospital Mãe de Deus.

Nos últimos 10 anos, mais de 1 mil pessoas por ano tiraram a própria vida no estado, além de ser registrada uma média de 20 mil tentativas. Considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um grave problema de saúde pública, tem recebido o apoio de instituições como o SSMD para reverter este quadro, através de ações educativas e instrução para diferentes áreas profissionais.

O treinamento aconteceu no auditório do Centro Estadual de Vigilância em Saúde e no Anfiteatro do Hospital Mãe de Deus.

Fonte: http://www.jornalnoroeste.com.br/index.php?pgID=10788

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Suicídio. Tragédia silenciosa

"Estima-se que o número de tentativas de suicídio supere o de mortes em pelo menos dez vezes; é possível evitar uma parcela desses óbitos", escreve Neury José Botega, professor titular do Departamento de Psicologia Médica e psiquiatria da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), representante nacional na Associação Internacional de Prevenção do Suicídio e coordenador da Comissão de Prevenção de Suicídio da Associação Brasileira de Psiquiatria, em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, 06-12-2010.

Eis o artigo.

Diariamente, 25 pessoas põem fim a suas vidas no Brasil. Foram 9.090 suicídios oficialmente registrados em 2008. Para cada óbito, no mínimo cinco ou seis pessoas próximas ao falecido foram profundamente afetadas. O impacto do suicídio na vida das pessoas e da nação é silenciado pela sociedade.

Nos meios de comunicação há orientação, discutível quando adotada em termos absolutos, de não se noticiar suicídio. Silencioso, ele resta à margem das tragédias nacionais. Mas é possível evitar uma parcela dessas mortes.

Numa escala mundial, nosso coeficiente de mortalidade por suicídio é relativamente baixo: 5,4 mortes em cada 100 mil habitantes, ao longo de um ano. Esse índice cresceu 30% nos últimos 25 anos.

O coeficiente é uma média nacional e esconde importantes contrastes. Em algumas cidades, os índices equiparam-se aos de países do Leste Europeu. Ademais, como somos um país populoso, atingimos o décimo lugar mundial em número total de suicídios, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

No espectro do comportamento autoagressivo, o suicídio é a ponta de um iceberg. Estima-se que o número de tentativas supere o de mortes em pelo menos dez vezes. Um inquérito populacional elaborado pela OMS e levado a cabo por pesquisadores daUnicamp apurou que, em cada cem habitantes da cidade de Campinas, 17 já haviam pensado seriamente em pôr fim à vida e três efetivamente tentaram o suicídio.

A causa de um suicídio é invariavelmente mais complexa do que um acontecimento recente que salta à vista e que é tomado como explicação rápida para o ocorrido.

A perda do emprego ou o rompimento de um relacionamento amoroso geralmente são os fatores precipitantes. Na maioria das vezes, pessoas que põem fim à vida sofrem de um transtorno mental subjacente (fator predisponente) que aumenta a vulnerabilidade para o suicídio. Depressão e dependência de álcool são os mais frequentes.

Recentemente, nossa sociedade vem-se abrindo para discutir o tema-tabu. O suicídio passou a ser enfrentado na arena da saúde pública. Um exemplo disso é a parceria firmada entre a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e a Rede Globo, a partir da qual inserções de 30 segundos entram na programação da televisão.

Há, hoje, considerável informação a respeito do que, em vários países, deu certo em prevenção.

Exemplo recente foi um estudo realizado em serviços médicos de vários países, entre os quais o Hospital de Clínicas da Unicamp, que acompanhou, desde o atendimento em um pronto-socorro, 1.867 pessoas que tentaram o suicídio.

Metade delas, após sorteio, foi acompanhada por meio de telefonemas periódicos. Após 18 meses, o número de suicídios nesse grupo foi, comparativamente, dez vezes menor. Com os telefonemas, a tentativa de suicídio deixou, assim, de ser um pedaço de história a ser esquecido ou silenciado.

Em agosto de 2006, o Ministério da Saúde publicou as diretrizes que orientariam umPlano Nacional de Prevenção do Suicídio. O plano ainda não saiu. É preciso transformar as diretrizes em ações assistenciais baseadas em evidências científicas, as quais, por sua vez, poderão orientar novas políticas de prevenção e estratégias de atendimento.

Na área da saúde, isso constitui um desejado círculo virtuoso entre política, assistência e pesquisa, que não é simples de ser alcançado.

Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=39039

domingo, 5 de dezembro de 2010

Trevor Project e Pixar juntos em campanha para combater o bullying que atinge os homossexuais americanos


PIXAR contra a Homofobia!

Funcionários da mega empresa lançam vídeo em prol da campanha "It Gets Better"

Seguinte, lá na terra do Tio Sam tem aumentado consideravelmente o número de suicídios por conta de bullying contra gays. Então, resolvendo ajudar a combater essa palhaçada irracional, várias empresas e artistas norte americanos começaram a campanha "It Gets Better" ( algo como tudo vai melhorar; vai ficar melhor... ) encabeçada pelo colunista Dan Savage.

E para surpresa geral da nação, a PIXAR aderiu à campanha fazendo um vídeo com depoimentos de funcionários da empresa que são homossexuais. No vídeo eles contam as suas experiências com bullyng, mas mostram também que por mais difícil que esteja a situação, tudo vai melhorar. Se eles chegaram lá e hoje trabalham na maior empresa de animação do mundo, porque você também não pode ?!

As gravações aconteceram nos estúdios da Pixar e o vídeo tem o objetivo também de apoiar o Trevor Project, uma organização que atua na prevenção do suicídio para adolescentes gays oferecendo atendimento gratuito e confidencial por telefone e internet.

Achei muito bacana a iniciativa da Pixar e aí está o vídeo.

E o mesmo também serve para todos nós que estamos aqui no Brasil. Preconceito é ignorância, e não apenas por opção sexual, mas por cor, religião, deficiência física, idade e tantas outras diferenças que fazem com que algumas pessoas de mentalidade pequena se julguem melhor do que as outras!

Bora abrir a cabeça galera! estamos em pleno fim da primeira DÉCADA do século XXI. Tempo pra esse tipo de besteira já passou!

Fonte: http://studiocine.blogspot.com/2010/12/pixar-contra-homofobia.html

domingo, 28 de novembro de 2010

Especialistas discutem a relação entre suicídio e seguro em evento da ANSP

As Cátedras de Microsseguro, Direito do Seguro e Contrato do Seguro da Academia Nacional de Seguros e Previdência (ANSP) discutem um tema muito importante para o mercado segurador no dia 2 de dezembro: a relação entre o suicídio e o seguro.

O evento terá como participantes o jornalista André Trigueiro, o desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo José Renato Nalini e a especialista em suicídio do Centro de Valorização à Vida do Rio de Janeiro, Maria Luiza Delavechia.

“É muito importante contar com a ilustre presença de palestrantes de alto gabarito, elucidando um tema que desperta interesse e gera muitas dúvidas para os profissionais do mercado de seguros”, declara Ana Rita Petraroli, advogada e coordenadora da Cátedra de Microsseguro da Academia.

André Trigueiro abordará o comportamento da imprensa com relação ao suicídio e os cuidados necessários para tanto, ante o crescimento dos casos em nosso país. “O suicídio pode ser evitado na maioria absoluta das situações, e a prevenção se faz com informação. Se o auto-extermínio é um problema de saúde pública no Brasil e no mundo, existem razões de sobra para que a mídia informe, da maneira apropriada e respeitando os princípios recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o que a população deve saber sobre a prevenção do suicídio. Nesse sentido, há muito o que ser feito no Brasil”, afirma o jornalista.

O entendimento jurídico sobre o suicídio, em especial à carência legal prevista no artigo 798 do Código Civil, e ainda o descabimento da cobertura acidentária para sinistros desta natureza será discutido por José Renato Nalini. “Após um longo período em que a jurisprudência multiplicou casuísmos subjetivistas sobre o pagamento do valor segurado ao beneficiário do suicida, o Código Civil de 2002 pretendeu serenar a questão e adotou a tese objetiva. A explicitação da tese objetivista solucionou a questão? É o que se verá na reflexão a ser levada a efeito no encontro”, antecipa o desembargador.

Maria Luiza Delavechia, do Centro de Valorização da Vida do Rio de Janeiro, será responsável por desvendar o comportamento do suicida, a capacidade de raciocínio no ato e a relação com a premeditação do suicídio. “A auto-destruição é um processo complexo e dinâmico. Pensar que o gesto suicida surge repentinamente é um grande equívoco. Meses e anos de sofrimento são necessários até que o desejo de morrer supere o forte impulso para a vida que todo ser humano possui. Entender um pedido de socorro, reconhecer as principais características da pessoa que pensa em suicídio, compreensão e calor humano são de grande importância no trabalho de prevenção”, afirma a especialista.

Sobre a ANSP

A Academia Nacional de Seguros e Previdência é uma associação sem fins lucrativos, voltada para o aperfeiçoamento institucional do seguro, da previdência privada e das instituições afins. Sua estratégia de atuação contempla a pesquisa, o arquivo e a informação, sendo, portanto, um centro permanente de estudos e pesquisas.

Local: Hotel Tivoli São Paulo Mofarrej - Cerqueira César

Data: 02/12/2010

Horário: 8h30 às 13h30.

O evento será gratuito e as vagas são limitadas

Fonte: http://www.atibaianews.com.br/ver_not.php?id=15218&ed=Geral&cat=Not%C3%ADcias


domingo, 21 de novembro de 2010

CVV na II Feira e Congresso de ONGS Brasileiras.








Os Postos CVV e Samaritanos vinculados ao Programa CVV de Valorização da Vida, Apoio Emocional e Prevenção ao Suicídio tem convidado a todos para visitar o estande da instituição na II Feira e Congresso de ONGS Brasileiras.

Eis uma boa oportunidade para conhecer melhor o trabalho desenvolvido pelo CVV nos seus 48 anos de existência.

Para fazer a visita é necessário inscrever-se, gratuitamente, no link abaixo:

Local: Expo Center Norte - Pavilhão Vermelho
Rua Jose Bernardo Pinto 333 - Vila Guilherme - SP

Data: 25 a 27 de Novembro, 2010.
Quinta e sexta Feira: 13h às 20h
Sábado: 10h às 17h

Notícias sobre a palestra de André Trigueiro

No último 6 de novembro, o jornalista André Trigueiro reuniu uma plateia com cerca de 300 pessoas na Instituição Beneficente Nosso Lar, em São Paulo, para falar sobre a prevenção do suicídio.


Trazendo números bastante representativos, que colocam o Brasil, segundo ele, numa condição “vexatória”, disse que no país há estimativa de 24 suicídios por dia, uma taxa pequena em relação a outros países (3,9 a 4,5 para cada cem mil habitantes), mas preocupantes em números absolutos. “Estamos entre os dez países do mundo onde ocorrem mais suicídios, com aproximadamente 8 mil casos por ano. É caso de Saúde Pública”.


Ressaltou que apesar de milhões de pessoas desistirem, todo ano, de viver no mundo, o que se revela um problema urgente, que demanda ações e respostas, o assunto ainda é tido como tabu nos meios científicos, sociais e religiosos. “É importante se falar sobre suicídio, mas não de qualquer maneira. Há formas adequadas para se abordar o assunto”. Acrescenta ainda que há estudos que demonstram que essa ação pode ser prevenida e a omissão sobre o tema não ajuda em nada. Já se sabe, por exemplo, que o suicídio dificilmente é causado por um único motivo, lembrou.


Referiu-se ao livro Suicídio – uma morte evitável , de Humberto Corrêa e Sérgio Barrero, Editora Atheneu-Rio – como obra de referência atual sobre o assunto, que traz o último capítulo inclusive dirigido aos meios de comunicação. “Aquilo que já foi febre na tv brasileirira e que focava, por exemplo, uma pessoa se jogando de uma ponte, hoje tem sido evitado”.


Entre os itens abordados, Trigueiro comentou sobre a subnotificação, em que se omite a causa real na maior da parte dos atestados, tornando, portanto, os números relativos. Falou também sobre as religiões, que consideram o suicídio um crime, estigmatizando o suicida, quando na verdade deveriam dirigir preces e boas vibrações a eles...


Fonte: http://www.correiofraterno.com.br/images/stories/site/treigo2.jpg

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Conhecer os indícios é uma forma de prevenção


Equipe vinculada à Faculdade de Medicina da UFG desenvolve Programa de Estudos e Prevenção do Suicídio e Atendimento a Pacientes com Tentativas de Suicídio

Nos últimos 45 anos, a mortalidade global por suicídio vem migrando em participação percentual do grupo dos mais idosos para o de indivíduos mais jovens, na faixa etária entre 15 e 45 anos. Desemprego, problemas escolares, comunicação pouco frequente e insatisfatória com a família, sensação de desesperança são fatores que explicam esse novo cenário.

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) o número de mortes por suicídio, em 2003, foi em torno de 900 mil pessoas. E, para cada caso, há em média cinco ou seis pessoas próximas que sofrem com consequências emocionais, sociais e econômicas. As estatísticas ainda informam que o Brasil encontra-se no grupo de países com taxas baixas de suicídio. No entanto, por ser um país populoso, está entre os dez primeiros países, em números absolutos de suicídio.

No intuito de chamar a atenção para a gravidade do problema escolheu-se 10 de setembro, como o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio. Considerado um problema de saúde pública, a dimensão de sua gravidade pode ser ainda maior. Os estudos indicam que os registros oficiais sobre tentativas de suicídio são mais escassos e menos confiáveis do que os dados dos casos consumados. Segundo a OMS, estima-se que o número de tentativas supere o número de suicídios em pelo menos dez vezes.

Como uma condição para se combater o problema é conhecê-lo, o Programa de Estudos e Prevenção do Suicídio e Atendimento a Pacientes com Tentativas de Suicídio (PATS) desenvolve ações de assistência e prevenção ao suicídio. Vinculado ao Departamento de Saúde Mental e Medicina Legal da Faculdade de Medicina da UFG (DSMML) e coordenado pela psicóloga Célia Maria Ferreira da Silva Teixeira, o programa pretende orientar e auxiliar o paciente com comportamento suicida, assim como seus familiares, por meio de tratamentos com uma equipe interdisciplinar.

Segundo Célia Teixeira, pessoas com ideação suicida dão sinais de suas intenções, que e muitas vezes são ignorados. Frases do tipo “preferia estar morto”, “os outros vão ser mais felizes sem mim” ou “sou um perdedor e um peso para os outros” podem ser indícios. De acordo com a psicóloga, as pessoas com esses pensamentos são carregadas de sentimentos ambivalentes, ou seja, não necessariamente desejam morrer, mas, sim, livrar-se de uma situação considerada insuportável.

Mitos

Diversos mitos cercam casos de tentativa de suicídio e muitas vezes levam à negligência perante situações que resultam em fatalidades possivelmente evitadas. Segundo os especialistas, um deles é o mito de que pessoas que realmente querem se matar não avisam de sua intenção. A verdade é que a maioria das pessoas que se mataram deu sinais de sua intenção. Segundo os dados, 80% avisam a intenção. Outro mito é que a melhora após a crise significa que o risco de suicídio acabou. Na verdade, muitos suicídios ocorrem na fase de melhora, quando a pessoa tem energia e vontade de transformar pensamentos autodestrutivos em ação. Segundo a psiquiatra e professora da Faculdade de Medicina Maria Amélia Dias Pereira são diversos casos de suicídio que acontecem após uma melhora de um quadro depressivo.

O que fazer

Para os especialistas, um dos grandes problemas é ignorar o pedido de ajuda. Segundo o médico residente em Psiquiatria no Hospital das Clínicas, Thiago Cezar da Fonseca, o suicídio é a consequencia de um pedido de socorro que não foi ouvido a tempo. A recomendação é que o indivíduo seja tratado com atenção e receba acompanhamento de um profissional. Além disso, a recomendação é que a família acompanhe de perto o tratamento do paciente. “A família precisa ser envolvida para discutir sinais de alerta específicos do paciente, além de reduzir o isolamento”, afirmou Thiago Cezar. Ele acrescentou que, quanto mais ajuda receber o paciente, maiores serão as chances de se evitar, o suicídio que pode e deve ser prevenido.

Fatores de risco

Há diversos fatores de risco para o suicídio, segundo os especialistas. Entre eles estão os transtornos mentais, fatores sociodemográficos, psicológicos e condições clínicas incapacitantes. Os dados revelam que histórico de suicídio na família e presença de algum transtorno mental são os principais fatores capazes de desencadear o suicídio. No caso da depressão, segundo dados mundiais, 15% dos casos mais graves terminam em suicídio. No entanto, de acordo com a psiquiatra Maria Amélia Pereira, os dados mostram que pessoas com quadros depressivos recorrentes têm a probabilidade reduzida de suicidar-se. Segundo ela, isso se justifica porque pessoas que vivenciam a situação com frequencia e buscam tratamento, sabem que o sofrimento vai passar.

08/11/2010
Fonte: http://www.jornalufgonline.ufg.br/page.php?noticia=1287151781&site_id=242

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Ecos do 28º Congresso Brasileiro de Psiquiatria em Fortaleza

Para especialistas, suicídios no Brasil são subnotificados

Segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria, a cada dia 24 pessoas se suicidam no Brasil. Porém, a própria instituição reconhece que esse número provavelmente não corresponde à realidade. “O Brasil está muito atrasado em termos de suicidologia. Os dados são precários. As taxas divulgadas são provavelmente maiores”, explicou Carlos Eduardo Estellita-Lins, médico e coordenador do Grupo de Pesquisa de Prevenção do Suicídio, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), durante o último dia do 28° Congresso Brasileiro de Psiquiatria, ocorrido semana passada na cidade de Fortaleza.

Segundo o especialista, são procedimentos importantes na tentativa de se evitar um suicídio: não deixar o paciente ficar muito tempo sozinho, proibi-lo de dirigir, proibi-lo de usar máquinas e ferramentas, não deixá-lo andar sozinho no metrô e em vias públicas, não deixá-lo acessar locais altos, entre outros.

“Os métodos para o suicídio variam de um país para o outro. Porém, os mais comuns, inclusive no Brasil, são enforcamento, armas de fogo e envenenamento”, disse Carlos. Segundo ele, há uma alta prevalência de suicídio também no começo do tratamento para depressão, motivada pelo efeito dos antidepressivos.

Ele ainda explicou que os médicos devem ter um rigor maior quando o paciente já tentou se matar mais de uma vez. “As chances de alguém tentar se suicidar, depois de já ter tentado alguma vez e ter fracassado, é muito grande. E, provavelmente, ele irá utilizar um método diferente”, disse.

Quando questionado se o paciente com risco de tentar suicídio precisa ser internado, o médico disse que sim. Porém, argumentou que é preciso antes avaliar a qualidade da internação e que o tratamento precisa continuar depois que a internação acabe. Segundo ele, a internação compulsória está sendo discutida no país, a exemplo da Inglaterra, onde o paciente de risco grave de suicido é internado à força, independente da vontade da sua família.

Carlos explicou que cada suicídio afeta entre seis e dez pessoas. E que a mídia possui um grande papel nesses casos, devendo agir com muita responsabilidade. “Se por um lado, o suicídio pode ser contagioso, por outro, o silêncio sobre os casos tende a ser mais danoso para a sociedade. A própria Organização Mundial de Saúde possui um protocolo para a divulgação de suicídios. Nele a instituição sugere: evitar sensacionalismo, detalhes do ato, enfatizar que o suicídio pode ter como causa uma depressão e que esta pode ser prevenida e tratada, entre outros”, disse.

A psiquiatra Ivete Contieri Ferraz explicou que o suicídio é contagiante, por isso muitas pessoas que são expostas a ele têm vontade de fazer o mesmo – fato agravado, quando a vitima é alguma celebridade. “A mídia tem um grande papel nesses casos. Ela deve noticiar sim, mas com racionalização e entendimento dos motivos que levaram àquela morte. A sua condição de impactar, é um ótimo momento para educar”, acredita.

Ela ainda disse que as pessoas mais suscetíveis a sofrer influência de um suicídio são jovens, mulheres e pessoas com transtornos depressivos.

Os especialistas afirmaram que o suicídio é uma tema diretamente relacionado às políticas públicas e que deve ser articulado com todas as esferas do poder, instituições não governamentais, Organizações não governamentais (ONGs) e universidades. “Como suicídio tem, muitas vezes, algum transtorno mental como causa, é importante que os psiquiatras também participem da discussão dessas políticas”, aconselhou Carlos.

Jornal do Brasil (Agência Notisa)
http://www.jb.com.br/ciencia-e-tecnologia/noticias/2010/11/05/para-especialistas-suicidios-no-brasil-sao-subnotificados/

domingo, 7 de novembro de 2010

Na França...

Uma mensagem para a vida


Uma simples palavra, um olhar, um gesto, um bilhete, uma foto, um filme, um livro podem evitar o irreparável.

Palestras sobre prevenção no Hospital Universitário da UFMS

Curso do HU promove palestras para prevenção de suicídio
João Humberto

Os alunos do curso de extensão em capelania hospitalar do HU (Hospital Universitário) da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) promovem nos próximos dias 11 e 12 [nov/2010] um ciclo de palestras sobre a prevenção do suicídio. Os temas serão dedicados aos profissionais de saúde, educadores e à imprensa.

No dia 11, será enfocada a prevenção do suicídio a profissionais de atenção básica e a prevenção para equipe de saúde mental. Já no dia seguinte, vai ser abordada a prevenção do suicídio a professores e educadores.

Segundo o coordenador do projeto, capelão Edílson Reis, para elaborar as palestras foram utilizados os manuais da OMS (Organização Mundial de Saúde). “Todos falam em suicídio, mas não em prevenir. Para abordar a problemática é preciso criar uma cultura de prevenção”, ressalta.

As palestras são gratuitas e acontecerão às 19h no anfiteatro do LAC (Laboratório de Análises Clínicas) do HU.

Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (67) 3345-3057.

Fonte: http://www.campogrande.news.com.br/canais/view/?canal=8&id=313649

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Curso de voluntários CVV - Osasco-SP

O Posto Samaritano Osasco, vinculado ao Programa CVV de Apoio Emocional e Prevenção ao Suicídio realizará curso para capacitação de novos voluntários da entidade.

Data: 20 de novembro de 2010
Horário: 15 às 17:30h

As inscrições podem ser feitas:

1) Pessoalmente na sede da entidade na Rua Euclides da Cunha, 177 - Sl - Centro - Osasco-SP em horário comercial;

2) Pelo telefone 3713-5000;

3) Via e-mail enviando mensagem para osasco@postosamaritano.org.br ou

4) 30 minutos antes do curso, no próprio local.

Durante a atividade - que é gratuita - haverá seleção dos interessados em colaborar com a entidade.

Para ser voluntário Samaritano basta ter:

a) mais de 18 anos,

b) disponibilidade de tempo (média de 4 horas e meia por semana),

c) disposição para ajudar o próximo e

d) abertura para o autoconhecimento e para o atividade de capacitação (treinamento).

Mais informações: http://www.cvv.org.br.

Evento de prevenção do suicídio em Portugal

3as. Jornadas sobre prevenção do suicídio

13 de novembro
Auditório 1 da Universidade Católica Portuguesa - Porto

Temas

O suicídio ao longo da história
Professor Doutor Joaquim Paulo Serra

Para-suicídio e jogos perigosos
Professor Doutor Carlos Braz Saraiva

Prevenção do suicídio em meio escolar
Dr.ª Diana Ribeiro

Programa integrado de prevenção do suicídio: importância e resultados
Dr.ª Letícia Malta

Stress pós-traumático e comportamentos suicidários
Professor Doutor Adriano Vaz Serra

Suicídio em lésbicas, gays, bissexuais e transgéneros
Mestre Pedro Frazão
Dr.ª Margarida Lima Faria

Doença mental e comportamentos suicidários
Professor Doutor Carlos Mota Cardoso

17:00
Tratamento da doença mental – um caso prático
Professor Doutor Ricardo Gusmão

Inscrição: http://milrazoes.no.sapo.pt/index_ficheiros/Page1075.htm

sábado, 30 de outubro de 2010

Ecos do 28º Congresso Brasileiro de Psiquiatria em Fortaleza

Índice de suicídios no Brasil é problema de saúde pública, diz especialista

Guilherme Genestreti

No Brasil, 25 pessoas se matam por dia, fazendo do país o 11º colocado no ranking mundial de suicídios, segundo dados da Organização Mundial da Saúde.

As informações foram divulgadas pelo psiquiatra Neury José Botega, professor da Unicamp, durante a 28ª edição do Congresso Brasileiro de Psiquiatria, que escolheu a prevenção do suicídio como um dos temas principais. O encontro, em Fortaleza, vai até sábado (30).

"A questão do suicídio é realmente um problema de saúde pública porque temos um alto índice de pessoas que estão passando por muito sofrimento e que poderiam ter sido ajudadas caso não tivessem se matado", afirmou à Folha.

Segundo ele, os dados de suicídio podem ser ainda maiores do que os divulgados oficialmente, já que não é raro que muitos casos acabem recebendo outra caracterização na certidão de óbito: "O medo de não receber o dinheiro do seguro pode fazer com que muitas famílias pressionem os médicos a atestar falência múltipla dos órgãos em vez de suicídio".

Botega afirma que o aumento dos casos de depressão e de consumo de álcool e drogas são sinais preocupantes e que podem justificar o aumento dos índices de suicídio, principalmente entre adultos jovens: "São pessoas entre os 25 e os 40 anos que estão numa fase produtiva da vida. A competitividade e a solidão nas grandes cidades são alguns dos pacotes de alta tensão social que favorecem a uma sensação de desamparo e aumentam as formas alternativas de sentir prazer, como recorrer às drogas e ao álcool."

Segundo ele, os sinais de que alguém está cogitando tirar a própria vida não podem ser ignorados: "Aqui não vale a máxima do 'cão que ladra não morde'. Muitas vezes a pessoa dá sinais, fala até mesmo vagamente em se matar, mas acaba não sendo levada a sério".

ESTRATÉGIA

O psiquiatra apresentou no congresso dados de uma pesquisa internacional realizada pela OMS de que ele participou, comparando estratégias de prevenção ao suicídio.

Ao todo, foram analisadas 1.867 pessoas que tentaram o suicídio em cinco cidades do mundo. Após terem alta do hospital, metade delas recebeu o tratamento usual --mero encaminhamento a um serviço de saúde-- e a outra metade teve um acompanhamento intensivo, com entrevistas motivacionais e contatos telefônicos periódicos por 18 meses.

Ao final do experimento, apenas 0,2% das pessoas que receberam acompanhamento intensivo chegaram a praticar o suicídio, taxa dez vezes menor do que no grupo que recebeu o tratamento usual.

"O contato telefônico periódico criava uma rede de apoio e ajudava a pessoa que já tinha tentado se matar a ressignificar o que havia acontecido na vida dela", diz.


quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Treinamento em Prevenção de Suicídio em Porto Alegre

Agenda
Treinamento em Prevenção de Suicídio
Início em 25/11/2010

O fato
Curso de extensão promovido pelo Hospital Mãe de Deus

Temas
Comportamento Suicida: Impacto na Saúde Pública
Avaliação e Manejo do Risco de Suicídio
Estratégias de Prevenção do Suicídio

Objetivo
1º Bloco:
Comportamento Suicida: Impacto na Saúde Pública
Aspectos Psiquiátricos e Psicológicos

Objetivos:
a) Conhecer dados epidemiológicos e clínicos sobre o comportamento suicida
b) Detectar transtornos mentais frequentemente associados ao suicídio: depressão, transtornos de humor bipolar, dependência de substâncias psicoativas
c) Conhecer os aspectos psicológicos relacionados ao comportamento suicida

2º Bloco:
Avaliação e Manejo do Risco de Suicídio

Objetivos:
a) Conhecer os principais fatores de risco e de proteção para o suicídio
b) Avaliar o grau de risco de suicídio e conhecer as principais diretrizes para o manejo clínico de situações de risco
c) Conhecer os principais sentimentos desencadeados pelo atendimento a uma pessoa com risco de suicídio
d) Reavaliar atitudes, tornando-as mais positivas em relação aos indivíduos que tentam o suicídio

3º Bloco:
Estratégias de Prevenção do Suicídio

Objetivos:
a) Conhecer as principais estratégias de prevenção do suicídio utilizadas em diferentes contextos
b) Aprofundamento em: seguimento de pessoas próximas enlutadas pelo suicídio, seguimento de casos de tentativa de suicídio, detecção precoce de trantornos mentais de risco para o suicídio.
c) Elaborar uma estratégia de prevenção condizente com a necessidade e recursos locais

Docentes:
Neury José Botega (Unicamp)
Blanca Susana Guevara Werlang (PUCRS)

Público-alvo: Profissionais de Rede Básica de Saúde
e profissionais da Área da Saúde em Geral.

Carga Horária e Datas:
25 novembro 2010 das 13h:30 às 18h:00
26 novembro de 2010 das 8h:00 às 18h:00

Local: Auditório CCCMD Hospital Mãe de Deus
Rua José de Alencar Nº286 Menino Deus Porto Alegre RS

Faça sua inscrição no site para garantir seu certificado
www.maededeus.com.br/universidadecorporativa

Fone: (51) 3230-2034

Valor do investimento: gratuito

Palestras sobre prevenção na UFMS

Agenda
Data: 11 e 12 de novembro/2010
Local: UFMS - Campo Grande-MS

Notícia
Os alunos do curso de extensão em capelania hospitalar promovem nos dias 11 e 12 de novembr
o um ciclo de palestras sobre a prevenção do suicídio.

Os temas serão dedicados aos profissionais de saúde, educadores e à imprensa. No dia 11, a prevenção do suicídio a profissionais de atenção básica e a prevenção para equipe de saúde mental. No dia 12, a prevenção do suicídio a professores e educadores, e também para informações à mídia.

Segundo o coordenador do projeto, Capelão Edílson Reis, para elaborar as palestras foram utilizados os manuais da Organização Mundial de Saúde. Todos falam em suicídio, mas não em prevenção. Para abordar a problemática é preciso criar uma cultura de prevenção, ressalta.
As palestras são gratuitas e acontecem às 19 horas no Anfiteatro do laboratório de Análises Clínicas (LAC).

Ana Paula Banyasz

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Com saída

Replicando...

O tema é pesado, delicadíssimo, muito difícil de abordar sem ser pessimista ou alarmista. A realidade é dura: quase 1 milhão de pessoas se mata todos os anos no planeta e as taxas de suicídio subiram 60% nos últimos 45 anos, sendo que esse crescimento é mais acelerado entre os jovens. O suicídio é a primeira causa de morte não natural no mundo, e no Brasil ela só é a terceira causa porque aqui as taxas de homicídios e acidentes estão entre as mais altas do mundo. Mas por que cada vez mais pessoas estão se matando?

Claro que a resposta é complexa: fatores sociais, psíquicos e genéticos interagem para produzir a mente suicida, algo que os pesquisadores entrevistados por Luciana Christante explicam muito bem. E por mais cabeludo que possa parecer o problema, a boa notícia é que a prevenção do suicídio é relativamente simples, duas iniciativas já estão em andamento no Estado de São Paulo (Campinas e Botucatu), torcemos para que elas se multipliquem.
Leia a matéria completa aqui.

Fonte: Blog da Unespciência (http://www2.unesp.br/revista/?p=2055)

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Suicídio e prevenção

André Trigueiro

Prevenção de doenças se faz com informação. E que o que vale para dengue, AIDS, câncer de mama, tuberculose e hanseníase vale também para suicídio. Em 90% dos casos, os casos oficialmente registrados de suicídio estão relacionados a transtornos mentais como depressão, reações ao uso de drogas lícitas ou ilícitas, esquizofrenia, transtornos de personalidade e outros males que podem ser tratados se houver diagnóstico e acompanhamento médico. O apoio de familiares e amigos é considerado fundamental. O assunto merece atenção porque tanto no Brasil quanto no mundo, suicídio é caso de saúde pública.

Quando a Organização Mundial de Saúde revelou que aproximadamente três mil pessoas se matam por dia; que esse número cresceu 60% nos últimos cinquenta anos, especialmente nos países em desenvolvimento; e que o suicídio já é uma das três principais causas de morte entre os jovens e adultos de 15 a 34 anos, poucos veículos de comunicação se interessaram em abrir espaço para essas informações.

Talvez tenha prevalecido a tese de que qualquer menção ao suicídio na mídia possa fomentar a ocorrência de novos casos. O risco de fato existe quando se explora o assunto de forma sensacionalista, dando visibilidade a detalhes mórbidos que possam inspirar a repetição do gesto fatal. Mas a própria OMS recomenda enfaticamente a veiculação através da mídia de informações que ajudem na prevenção do suicídio. "A disseminação de informação educativa é elemento essencial para os programas de prevenção; nesse sentido, a imprensa tem um papel relevante", é o que se lê na apresentação do manual de prevenção do suicídio dirigido aos profissionais de imprensa pelo Ministério da Saúde em parceria com a Organização Pan-Americana de Saúde.

E quais são as informações relevantes que precisam ter mais espaço na mídia? Além do fato de que o suicídio é prevenível na maioria absoluta dos casos, é igualmente importante reconhecer as circunstâncias em que há "risco de suicídio", principalmente quando a pessoa verbaliza o desejo de se matar − nesses casos os profissionais de saúde informam que a maioria das pessoas que tiraram a própria vida comunicou a intenção previamente − ou quando apresenta os sintomas de depressão, que, nas manifestações mais graves, requer cuidados redobrados. No enfrentamento da depressão, estima-se que dois terços das pessoas tratadas respondem satisfatoriamente ao primeiro antidepressivo prescrito.

Embora este seja um assunto ausente na mídia, estima-se que ocorram 24 casos por dia no Brasil. Aqui ainda se registram taxas pequenas em relação a outros países (3,9 a 4,5 para cada cem mil habitantes), mas em números absolutos já estamos entre os dez países do mundo onde ocorrem mais suicídios (aproximadamente oito mil casos por ano), uma quantidade certamente bem superior, considerando que muitos atestados de óbito omitem a intenção do suicídio em mortes oficialmente causadas por acidentes de trânsito, overdose, quedas etc. Há outros números que deveriam justificar uma preocupação maior da sociedade em relação ao problema: as tentativas de suicídio ocorrem numa proporção pelo menos dez vezes superior ao dos casos consumados e para cada suicídio, há em média cinco ou seis pessoas próximas ao falecido que sofrem consequências emocionais, sociais e econômicas.

Omitir essas informações da sociedade significa esconder a sujeira debaixo do tapete e fingir que o problema não existe. Se prevenção se faz com informação, é preciso enfrentar com coragem o tabu que envolve o suicídio. Tão importante quanto rastrear as causas desse problema de saúde pública − incentivando a realização de pesquisas, seminários e congressos científicos − é apoiar e divulgar o trabalho realizado nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) do Ministério da Saúde espalhados por todo o país (informações através DISQUE SAÚDE: 0800 61 1997) e também pelas redes de proteção que trabalham em favor da vida, como é o caso dos grupos de apoio que reúnem os "sobreviventes de si mesmo", aqueles que tentaram, mas não conseguiram se matar; familiares e amigos de suicidas que compartilham suas experiências em dinâmicas de grupo conduzidas por terapeutas; e organizações voluntárias que realizam gratuitamente um serviço de apoio emocional e prevenção do suicídio por telefone como é o caso do Centro de Valorização da Vida (CVV) pelo número 141.

Bibliografia

Suicídio: uma morte evitável (Ed. Atheneu; Henrique Côrrea e Sérgio Perez Barrero)

O Suicídio (Ed. Martin Claret; Emile Durkheim)

Tentativa de Suicídio - Um prisma para Compreensão da Adolescência (Ed. Revinter; Enio Resmini)

Comportamento Suicida (Ed. Artmed; Blanca Guevara Werlang; Neury Botega)

O Demônio do Meio-Dia - Uma anatomia da depressão (Ed. Objetiva; Andrew Solomon)

Jornalista, de rádio e tv, André Trigueiro é criador e professor do curs o de Jornalismo Ambiental da PUC, RJ. Autor dos livros Mundo sustentável – abrindo espaço na mídia para um planeta em transformação (Globo) e Espiritismo e ecologia (FEB). Site: www.mundosustentavel.com.br.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Dez anos a evitar suicídios: a Voz de Apoio, em Portugal

Fernando Couto coordena "Voz de Apoio", linha telefónica de prevenção do suicídio

Engenheiro electrotécnico de 49 anos coordena a "Voz de Apoio", uma linha telefónica destinada a prevenir o suicídio, sobretudo, nas cadeias portuguesas. Há dez anos que duas dezenas de voluntários ouvem confidências e, em troca, oferecem uma palavra amiga.

Casado, sem filhos, Fernando Couto era mais novo 15 anos, quando um programa de rádio lhe despertou a atenção para o voluntariado. Um ouvinte, emocionalmente fragilizado, desabafava todas as mágoas no éter. "Ouvi o programa e decidi que poderia ajudar pessoas", recorda. Daí a inscrever-se como voluntário foi um passo, até que, há uma década, este engenheiro, profissionalmente ligado ao sector das telecomunicações, decidiu reunir um grupo de voluntários. Instalou-se numa cave, na cidade do Porto, onde recebe chamadas telefónicas, cartas e e-mails de pessoas ávidas de uma palavra amiga.

"O nosso objectivo é, sobretudo, prevenir o suicídio que ocorre nas cadeias portuguesas. Sabemos que o número de suicídios é dez a quinze vezes superior nas cadeias, face à população em geral. É o grupo de maior risco", afirma Fernando Couto.

A missão da "Voz de Apoio" divide-se, portanto, em duas vertentes: uma destinada exclusivamente à comunidade prisional e a outra ao público em geral.

Apoiada pela Direcção-Geral dos Serviços Prisionais, a "Voz de Apoio" tem ao dispor um número verde de apoio à prevenção do suicídio, apenas divulgado dentro das cadeias, enquanto que a linha de atendimento emocional, destinada ao público em geral, pode e dever ser divulgada: 225506070.

"Além da linha verde, recebemos muitas cartas dos reclusos. A maioria deles gosta de escrever porque não têm acesso à Internet", explica.

A equipa de voluntários responde a todas as cartas e, explica Fernando Couto, a maioria das lamentações dos reclusos diz respeito a situações de solidão. "Não há queixas em relação ao sistema prisional; o que há são situações ligadas ao sentimento de estar preso, à solidão e aos problemas com a família", frisa. "Uma das situações mais típicas envolve presos com penas longas, porque as famílias têm tendência para os abandonar, e isso constitui para eles muito sofrimento", explica.

Fernando Couto não se queixa da falta de voluntários, mas não é possível funcionar 24 horas seguidas. "Adaptamos o horário de atendimento aos horários dos reclusos", sustenta.

por José Vinha

Fonte: http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=1682700

domingo, 10 de outubro de 2010

Curso de voluntários CVV - Abolição/SP

O Posto Samaritano Abolição, vinculado ao Programa CVV de Apoio Emocional e Prevenção ao Suicídio realizará curso para capacitação de novos voluntários da entidade.

Data: 16 e 17 de outubro de 2010
Horário: 13 às 19h

As inscrições podem ser feitas:

1) Pessoalmente na sede da entidade na Rua Abolição, 411- Bela Vista - SP em horário comercial;

2) Pelo telefone 3242-4111, após as 19h.

3) Via e-mail enviando mensagem para abolicao@postosamaritano.org.br ou

4) 30 minutos antes do curso, no próprio local.

Durante a atividade - que é gratuita - haverá seleção dos interessados em colaborar com a entidade.

Para ser voluntário Samaritano basta ter:

a) mais de 18 anos,

b) disponibilidade de tempo (média de 4 horas e meia por semana),

c) disposição para ajudar o próximo e

d) abertura para o autoconhecimento e para o atividade de capacitação (treinamento).

Mais informações: http://www.cvv.org.br.

Entrevista com Eliane Soares, do CVV

A voluntária Eliane Soares comenta sobre o trabalho do Posto Samaritano Piracicaba em entrevista ao jornalista João Umberto Nassif


Open in new window(...) A partir da Segunda Guerra Mundial, na Europa e nos Estados Unidos, formaram-se grupos de profissionais e voluntários com a finalidade de prevenir o suicídio. Uma das entidades que mais se projetou foi “Os Samaritanos”, melhor estruturada nos anos 50, mas existente desde 1936. Existem outros grupos de voluntários espalhados pelo mundo como “SOS L`Amitié” de Paris, “Il Telefono Amico” da Itália, “SPC Suicide Prevention Center” de Los Angeles.

No Brasil, o CVV Centro de Valorização da Vida iniciou suas atividades em 1962, em São Paulo, nos moldes de “Os Samaritanos” de Londres.

Em nossa cidade o Posto Samaritano Piracicaba localiza-se na Rua Ipiranga, 806, telefone (19) 3422 4111, fundada em 16 de junho de 1982. (...)

O caráter sigiloso do atendimento torna difícil mensurar os resultados. Não há como afirmar a quantidade de suicídios evitados em determinado período. (...)

Percebe-se claramente que para os voluntários, o fato de ter salvado, nem que seja apenas uma vida, já se sentem gratificados pelo esforço.

Eliane Soares é a pessoa designada a representar a instituição junto à mídia, preservando o anonimato dos demais integrantes do Posto Samaritano Piracicaba.

Qual é a sua função no CVV de Piracicaba?
Sou voluntária, plantonista e ainda coordenadora da divulgação. Participo da entidade já há dez anos.

Qual é o nome correto da entidade?
É Posto Samaritano de Piracicaba. Somos vinculados ao CVV Centro de Valorização da Vida. O CVV funciona por 24 horas enquanto o Posto Samaritano atende em determinados horários do dia. Trata-se de um horário feito em função da disponibilidade dos voluntários. Em Piracicaba atendemos das 15h até as 23h.

Qual é a origem do nome Samaritano?
Ele foi inspirado em um trabalho que já existia na Inglaterra. Os jovens que fundaram o Samaritano em São Paulo tomaram contato com “Os Samaritanos” de Londres e adotaram também o nome da entidade. Com o passar do tempo, eles fundaram uma instituição que é o Centro de Valorização da Vida. Haviam percebido que algumas pessoas conhecidas tinham tentado o suicídio, uns tinham conseguido o seu intento, outros sobreviveram, mas com sequelas.

O foco de trabalho desse grupo passou a ser o suicídio?
Foi a prevenção do suicídio, trabalho que continuamos a realizar. O que mudou um pouco foi a forma de divulgação para a sociedade. Quando falamos que é a prevenção do suicídio muitas pessoas pensam: “Eu não vou me matar, então não irei telefonar para lá!” Só que o suicídio é um processo. A pessoa não acorda em um determinado dia e decide: “Hoje irei tirar a minha própria vida!” É um processo que ocorre ao longo da vida de uma pessoa, pode levar meses, anos, e se ela não for ajudada, compreendida, respeitada, auxiliada, poderá vir a tentar o suicídio.

Atualmente o foco da nossa divulgação não é mais a prevenção do suicídio, hoje nós denominamos nossas atividades como um trabalho voluntário de doação de amizade. Somos um amigo do outro lado da linha, você pode ligar a qualquer hora que terá uma pessoa para lhe escutar. Isso para a pessoa que está em processo de tornar-se um suicida, embora ainda para ela isso não esteja claro, em geral são indivíduos em depressão, tristes, essa pessoa irá ligar para nós e desabafar. Não irá concluir um ciclo, onde a própria vida é insuportável.

A palavra suicídio é mais comum nos dicionários do que no nosso cotidiano?
A mídia, assim como a sociedade médica, diz que se alardeamos muito a respeito do suicídio, ao mencionarmos que algum artista, um cantor, se suicida por determinado motivo, as pessoas que estão vivenciando motivo semelhante podem vir a suicidarem também. Há muita influência desses ídolos sobre o comportamento da sociedade. Hoje se valoriza muito o ter, o controlar, o fazer o sucesso, e não mais a valorização de quem é a pessoa.

Quem trabalha no Samaritano, CVV, de Piracicaba?
Todos nós somos voluntários e trabalhamos em nossas atividades profissionais. Eu trabalho no departamento de logística de uma metalúrgica. O que nos traz aqui é o fato de gostar de outro ser humano. É o amor ao próximo. Atualmente, somos 12 voluntários, sendo 9 mulheres e 3 homens.

Há um número de horas ideal para que o CVV funcione?
O ideal são as 24 horas do dia, como funcionou em Piracicaba até 2006. Por falta de voluntários fomos obrigados a diminuir o período de atendimento.

O que uma pessoa deve fazer para tornar-se voluntário?
Nós ministramos um curso, aos sábados das 14h até as 17h, com duração de um mês e meio, que irá capacitá-lo como voluntário. Esse curso determina quais são as características necessárias para ser voluntário, como é o estado emocional da pessoa que nos liga, qual é nossa forma de atendê-la. O nosso trabalho é baseado no trabalho de Carl Rogers (Carl Ransom Rogers, 1902-1987, foi o mais influente psicólogo na história americana) na linha da psicologia não-diretiva. No CVV estudamos muito, muito mesmo! Temos os cursos de aperfeiçoamento, isso qualifica cada vez mais o voluntário, que também aumenta o seu autoconhecimento. Não existe limite de idade máxima para ser voluntário.

O nome Samaritano pode induzir que se trata de uma instituição ligada à alguma seita religiosa. Há algum vinculo com alguma igreja?
Não temos nenhuma vinculação religiosa ou política, não somos ligados a nenhuma instituição de ensino. Somos todos voluntários, não temos nenhum funcionário.

Em Piracicaba há alguma ajuda governamental?
Nenhuma. Há alguns postos no Brasil que são reconhecidos como de utilidade pública pelo município e recebem uma verba da prefeitura. Nós aqui não somos.

Como é a estrutura do CVV?
O Centro de Valorização da Vida que fica na Rua Genebra, em São Paulo, detém três tipos de trabalho, o CVV que é a prevenção do suicídio, a Clínica Francisca Julia, situada em São José dos Campos, para doentes mentais, e o CRC Caminho de Renovação Contínua. O CVV e o CRC são trabalhos voluntários. A Clínica Francisca Júlia é um hospital com mais de 200 leitos e apoio do governo. A estrutura destinada aos voluntários do CVV e Samaritano é preparada pela unidade central. Cada posto é totalmente autônomo entre si e financeiramente, tem um CNPJ, é uma instituição registrada. Em Piracicaba o CVV Samaritanos tem como razão social a Sociedade de Apoio a Vida Dr. Nelson Meirelles. A mesma forma de atendimento que fazemos em Piracicaba é feita em outras localidades onde existe o CVV. Há uniformidade no trabalho.

Porque o CVV de Piracicaba chama-se Sociedade de Apoio a Vida Dr. Nelson Meirelles?
Porque a casa onde estamos foi fruto de doação do Dr. Nelson Meirelles. A princípio esta casa era de propriedade do Dr. Nelson Meirelles, ele fez a doação á uma instituição de caridade tendo Luiz Antonio Copoli, o Titio Luiz, como responsável pelo imóvel. Titio Luiz manteve por muitos anos uma farmácia, com distribuição gratuita de medicamentos aos necessitados. Ao encerrar as atividades da farmácia, Titio Luiz anunciou que a casa estava disponível para a instituição filantrópica que necessitasse. Essa era uma das cláusulas constantes no contrato de doação do Dr. Nelson Meirelles. Uma das nossas voluntárias ouviu a noticia pelo rádio e entrou em contato com o Titio Luiz, que prontamente concordou com o uso da casa pela nossa instituição. (Na sala de recepção há as fotos do Dr. Nelson Meirelles e do Titio Luiz, uma homenagem aos beneméritos).

Como foi o seu ingresso no CVV?
Sempre tive a vontade de realizar um trabalho voluntário, mas onde não fosse necessário dar alguma coisa às pessoas, porque isso já tinha muita gente fazendo. Através da mídia tomei conhecimento do trabalho feito pelo CVV, achei muito bonito. Não é apenas uma ajuda material, trata-se de um resgate de uma pessoa. Gostei da proposta e vim fazer o curso para voluntários. Para ser voluntário em nosso trabalho é necessário ter amor em excesso, paciência e gostar do ser humano. Se não tivermos um amigo que nos ouça, que nos respeite e acolha em um momento de dificuldade fica difícil de levar a vida.

Ao atender um suicida em potencial como age o voluntário?
Nós não damos conselhos, não somos diretivos, não direcionamos a decisão que a pessoa deve tomar, podemos ajudar a refletir sobre as suas próprias decisões. É um contato absolutamente sigiloso, não perguntamos as características das pessoas, nome, endereço, onde ela trabalha; a pessoa não tem a necessidade de se identificar quando liga, não temos identificador de chamadas para saber quem ligou e de onde ligou. Aceitamos a pessoa como ela é.

O voluntário identifica-se durante a ligação?
Normalmente usa-se apenas o primeiro nome, que poderá ser um nome adotado pelo voluntário, principalmente se o seu nome original for incomum, como Arquibaldo por exemplo.

Qual é o sentimento de estar atendendo uma pessoa que está no limiar de tirar a própria vida?
Quando uma pessoa quer suicidar-se e, porventura liga para nós, ela desabafa, conta os seus problemas, fala porque está tendo esses tipos de pensamentos, em função da conversa que ela tem conosco, poderá desistir do seu intento naquele momento. Isso não impede que ela possa tentar o suicídio daqui a alguns meses. Quando a pessoa liga, nós somos focados totalmente nela, no seu problema, no sentimento que ela nos traz.

Por que o ser humano comete o suicídio?
Isso ocorre porque a pessoa perde a razão de viver, pelos mais diversos motivos. Quando viver não importa mais, o fato de estar viva ou de morrer para ela tem o mesmo significado, ela quer sumir deste mundo, quer morrer. Se ela encontrar uma nova maneira de viver, se a vida passar a ser colorida novamente, ela ganhará força e irá à luta. Há uma comprovação científica que mostra que quando as pessoas não estão bem, estão depressivas, elas não vêem as coisas com o mesmo colorido de uma pessoa que é feliz. A pessoa depressiva perde cada vez mais a paixão pela vida, fica cada vez mais triste, mais isolada. Normalmente ela precisa de uma ajuda médica, e se não tiver ela acabará cometendo o suicídio. Nós somos apenas um amigo que ela tem para os momentos em que ela desejar estar conversando, nos momentos de crise.

Há como distinguir que faixa etária entra em contato com o CVV?
Normalmente quem nos liga é um adulto, porém há adolescentes que nos ligam também. O suicídio entre os adolescentes está aumentando, há uma maior competitividade entre eles, se não tiver aquele tênis de marca famosa já é motivo para entrar em crise, para fazer parte do grupo ele precisa ter o tênis, a roupa de grife famosa, a menina tem que ser magra, como dita os manequins das lojas, para um adolescente que está passando por uma fase bastante conturbada, às vezes ele acaba nos ligando para contar o que aconteceu.


Fonte:
http://www.tribunatp.com.br/modules/news/article.php?storyid=7246