segunda-feira, 29 de maio de 2017

Uma das melhores reportagens sobre prevenção do suicídio de 2017

A reportagem citada no título foi publicada pela Folha do Mate, jornal impresso e digital de Venâncio Aires, do Rio Grande do Sul.

Esta peça jornalística merece ser utilizada em oficinas de texto sobre como veicular informações sobre o suicídio, uma necessidade urgente!

A única foto que reproduziremos é de Monyque Schmidt, que tentou o suicídio e, hoje, tornou-se uma ativista em favor da prevenção do suicídio.

Reproduziremos a reportagem, abaixo, na íntegra.

Suicídio: no silêncio dos jovens, um pedido de ajuda

Juliana Bencke, em 27/05/2017 

O suicídio de um menino de 16 anos, há exato um mês, acendeu o sinal vermelho para uma situação que se esconde no silêncio, no sorriso das fotos do Facebook e na vida atribulada de muitos jovens. Além do garoto que tirou a própria vida, outras cinco tentativas de suicídio entre adolescentes de até 18 anos foram registradas em Venâncio Aires, desde o início do ano.

Elas se somam a outros 28 casos de adultos que atentaram contra a própria vida, só em 2017, conforme dados da Vigilância Epidemiológica do município. "É uma situação preocupante", considera a psicóloga do Centro de Atenção Psicossocial (Caps II), Gabriela Ballardin Geara.

A falta de um Caps Infantil no município, serviço que atende crianças e adolescentes com problemas de saúde mental, agrava ainda mais o cenário. Atualmente, menores de idade que necessitam de atendimento psiquiátrico são encaminhados ao Caps Infantil de Rio Pardo.

Apesar disso, são apenas oito atendimentos e duas novas consultas oferecidas por mês. "Existe o projeto para criação de um Caps Infantil no município, mas está parado no Ministério da Saúde. Não estão habilitando nenhum novo serviço", afirma o secretário municipal de Saúde, Ramon Schwengber.

Em sintonia com o trabalho do Conselho Tutelar e das escolas, o Centro de Integração de Educação e Saúde (Cies) e o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) absorvem parte da demanda. O primeiro, realiza atendimento a alunos com dificuldade de aprendizagem, enquanto o segundo atende crianças e adolescentes vítimas de violência física, psicológica e sexual.

Apesar disso, a falta de um serviço especializado em saúde mental para crianças e jovens impede que muitos casos sejam tratados como necessitam. Além disso, dificulta a obtenção de uma estatística sobre a real da situação e, até mesmo, impossibilita que os todos os casos cheguem à rede de saúde.

Embora o hospital já tenha atendido até mesmo casos de tentativas de suicídio por adolescentes de 12 anos, não é comum chegarem à instituição jovens que atentaram contra própria vida. Profissionais da instituição ponderam, no entanto, que muitas tentativas são camufladas: são desde casos de automutilação, que podem ser considerados 'acidentes', até situações em que o jovem se dopa de remédios e dorme por muitas horas.

"Só chegam ao hospital os casos mais graves", observa a psicóloga Susan Artus Dettenborn, gerente assistencial do HSSM. Junto da psicóloga Ana Lúcia Oliveira e da assistente social Ana Paula, ela explica, inclusive, que muitos casos de automutilação são tentativas veladas de suicídio. "Muitos jovens que praticam a automutilação relatam que têm vontade de morrer. Alguns chegam a dizer que se cortam porque não têm coragem de se matar", comenta.

Cortes tentam aliviar a dor

Embora não entrem nas estatísticas, casos de automutilação entre adolescentes são comuns em Venâncio Aires. Enquanto parte dos cortes seguem escondidos debaixo de casacos e camisetas de manga comprida, alguns casos chegam a conhecimento do Conselho Tutelar. Às vezes, o encaminhamento ocorre pela escola. Em outras, a própria família procura ajuda.

De acordo com a conselheira Maria Izonete Bertam, casos de meninas que se cortam são atendidos pela equipe do Conselho e, em geral, têm como motivação problemas relacionados à desestrutura familiar, além de casos de abuso sexual e uso de drogas. "A maioria das adolescentes que se automutila faz isso para chamar atenção e mostrar que algo não está bem, para tentar cessar uma dor que não conseguem resolver", comenta.

Em geral, além de chamarem os pais das vítimas para conversar sobre a situação, sempre que necessário, os conselheiros tutelares encaminham os adolescentes para atendimento psicológico no Creas. "Ao longo dos anos, esses casos têm aumentado. O que percebemos é que os adolescentes têm muita informação, mas pouca comunicação. Não conseguem se expressar", observa Maria Izonete.

A psicóloga Gabriela Ballardin Geara explica que, por meio da automutilação, vítimas de um profundo sofrimento emocional tentam aliviar a sua dor 'interna' transferindo-a para o corpo. "A automutilação é uma forma de expressão de quem não consegue mais verbalizar. É um pedido de ajuda. A pessoa precisa estar muito fragilizada para fazer isso", ressalta.

"Queria matar aquela dor"

Uma angústia imensa e um sentimento de frustração tomavam conta de Monyque Schmidt. Prestes a completar 20 anos, ela tentou aliviar, com a bala de um revólver, o sofrimento que a consumia. 'Parecia que tudo era pior do que realmente era. Só via o lado negativo de tudo. Eu me sentia muito mal. Não tinha vontade de levantar da cama.'

Em meio a uma vida atribulada, à morte do avô e à sensação de uma cobrança de que sempre era preciso fazer mais, a jovem sentia-se desanimada. "Só conseguia pensar nas coisas que eu era incapaz de fazer. Eu exigia demais de mim e como não conseguia fazer tudo, achava que eu era incapaz."

Durante um mês, Monyque remoeu a angústia e a tristeza, e começou a pensar que queria morrer. "Tinha vergonha de falar o que eu estava sentindo. Me abri com a minha irmã, mas proibi ela de falar para meus pais", conta.



No início da noite de 6 de novembro de 2014, depois de discussões, ao longo do dia, tentou tirar a própria vida. "Eu só pensava que ia acabar com meu sofrimento. Foi o pior dia da minha vida, porque eu me sentia muito mal. Não tem nem como explicar, era algo muito forte. Queria matar aquela dor."

O tiro disparado por Monyque lesionou a medula e tirou da moça a capacidade de andar. "Logo comecei a sentir um formigamento nas pernas", lembra. Além da dor - que ainda persiste - e da recuperação lenta, ela precisou aprender a conviver, de forma ainda mais intensa, com olhares e julgamentos alheios.

"No começo, não saia de casa para nada. Eu escutava as pessoas falando na rua 'foi aquela guria que se deu um tiro', 'ela fez isso porque não tinha Deus no coração'. As pessoas falavam comigo e olhavam para as minhas pernas, não para os meus olhos", desabafa.

Com a certeza de que, para viver, "é preciso muito mais coragem", Monyque faz questão de falar sobre tudo o que aconteceu. Quer dividir a experiência e impedir que outros jovens passem pela mesma situação. Aos 23 anos, ela entende que, falar de suicídio é falar sobre como proteger a vida. 'Muita gente vem me procurar para conversar, porque acham que eu vou entender o que estão sentindo. É importante procurar ajuda com psicólogo. Todos nós precisamos de psicólogo. É importante chorar. Todo mundo tem direito de ficar triste, de ter suas fraquezas. De repente, se eu tivesse tido informações, naquela época, nada disso teria acontecido.'

Por meio das sessões diárias de fisioterapia, Monyque se esforça para voltar a andar. Na companhia da família e do namorado Ricardo de Campos, 23 anos, ela cultiva o bom humor, a vaidade e o gosto por passear. No futuro, quer fazer faculdade. 'No começo, achava que minha vida tinha acabado. Agora é diferente. Quero voltar a andar, mas, se isso não acontecer, não vou ficar triste.'

Para a jovem, a chance que teve de recomeçar a vida é a confirmação de que tudo passa. "Mesmo que tudo pareça ruim, é um ciclo. Pode estar ruim agora, mas depois fica bem. O importante é procurar ajuda."

"O suicídio é um ato de desespero"

Depressão, desamparo, desesperança e desespero. De acordo com a psicóloga Gabriela Ballardin Geara, esses quatro fatores estão diretamente ligados a casos de suicídio. "O suicídio não é uma escolha boa e natural, é fruto do sofrimento. Ninguém em sã consciência, que esteja bem, quer terminar com a própria vida. O suicídio é um ato de desespero, por meio do qual a pessoa quer por fim no seu sofrimento", enfatiza a profissional.

Gabriela explica que, durante a adolescência, a família deixa de ser a maior referência para o filho. Em meio a mudanças físicas e psicológicas e a um 'vazio emocional' vivenciado pelo adolescente, se não houver um vínculo familiar forte ou uma boa relação social (grupo de amigos), ele pode encontrar a referência para seu comportamento em um jogo como o Baleia Azul, o qual propõe desafios como se cortar, deixar de comer e tirar a própria vida.

Segundo a psicóloga, o fortalecimento do vínculo familiar deve ser a principal aposta dos pais para evitar o suicídio dos filhos: é preciso conhecê-los, para identificar mudanças de humor e comportamento. "A proximidade é o que protege. Algumas pessoas conseguem pedir ajuda ao sentirem que não estão bem, mas algumas não conseguem", alerta.

Fonte: http://www.folhadomate.com/noticias/local/suicidio-no-silencio-dos-jovens-um-pedido-de-ajuda-

sábado, 27 de maio de 2017

Ações permanentes de prevenção do suicídio no Piauí

 O Piauí é, sem dúvida, um dos estados em que a prevenção do suicídio tem uma atenção permanente por parte das autoridades.

Mais uma notícia auspiciosa.

Profissionais da Sasc recebem capacitação em palestra sobre abordagem e prevenção do suicídio
Dentre os pontos abordados, foi mostrado que uma das formas de prevenção é falar abertamente sobre o assunto
Nahiza Monteles

Com foco na capacitação de profissionais da área de assistência social e cidadania para atuar na prevenção do suicídio, a Sasc [
Secretaria Estadual da Assistência Social] promoveu, nesta quarta-feira(24), no auditório do órgão, a palestra “Falando abertamente sobre o suicídio”, que foi proferida pela psicóloga e membro do Grupo de Trabalho e Prevenção do Suicídio do Estado do Piauí, Thatila Brito.

A saúde mental, definições de termos, esclarecimento sobre a abordagem e entendimento sobre contexto e prevenção foram alguns dos pontos explanados na palestra, que mostrou aos participantes que é recomendado que se fale sobre o tema. “Uma das grandes formas de prevenção é falar sobre o assunto. Podemos e devemos falar sobre suicídio, claro, seguindo todas as recomendações indicadas pelo Ministério da Saúde”, ressaltou Tathila Brito.

 “E uma oportunidade como essa palestra na Sasc se faz necessária também no sentido de capacitar e fornecer subsídios básicos para que os profissionais possam instrumentalizar, em suas áreas, sobre como tratar do assunto e formas de prevenção do suicídio”, afirmou a palestrante.

Os dados em torno do suicídio têm sido cada vez mais alarmantes. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), estima-se que todos os anos há cerca de um milhão de casos de suicídio em todo o mundo, sendo que cada um deles tem um sério impacto na vida de pelo menos 6 pessoas. Somente no Brasil, são registados cerca de 31 casos de suicídio por dia. Dentro desse dado nacional, a cidade de Teresina figura sempre entre os primeiros lugares nos altos números registrados.

Para a psicóloga e coordenadora na Diretoria de Proteção Social Básica, Laiana Ibiapina, a realização da palestra é crucial para desmitificar o tema, para saber falar sobre o assunto e ajudar a reduzir os números de casos. “Além de políticas públicas, é de suma importância que palestras dessa natureza sejam realizadas para fortalecer essa discussão, ainda mais numa cidade como Teresina, que apresenta altos índices de casos de suicídio. A sociedade precisa debater e saber as causas para que haja prevenção”, declarou Laiana.

A importância de participar do evento também foi ressaltada pela professora do Centro Educacional de Internação Provisória, Francisca Célia Silva, que destacou a oportunidade de se capacitar em sua atuação profissional “Como agentes sociais, é necessário estarmos por dentro de todos os fatores do tema em questão. Quanto mais esclarecimento, mais podemos ajudar as pessoas com quem lidamos diariamente”, frisou Célia.


Fonte: http://www.pi.gov.br/materia/sasc/profissionais-da-sasc-recebem-capacitacao-em-palestra-sobre-abordagem-e-prevencao-do-suicidio-1139.html
 


segunda-feira, 22 de maio de 2017

Conversar, serenamente, é preciso! Rodas de conversa sobre depressão e prevenção do suicídio

No Recife, rodas de conversa abordam depressão, prevenção do suicídio e valorização da vida
Quem participou, na manhã deste sábado (20), da Ação Social do Sítio Trindade, em Casa Amarela (Zona Norte do Recife), teve a oportunidade de participar de rodas de conversa sobre depressão e prevenção do suicídio. As orientações foram repassadas pela psicóloga Kátia Arruda, coordenadora de Saúde Mental do Distrito Sanitário III do Recife. “Percebemos que, pelas ocorrências de tentativas de suicídio relacionados ao jogo Baleia Azul, as pessoas estão apavoradas. Por isso, acreditamos que conversar sobre o assunto é a melhor forma de orientar e tranquilizar a população”, diz Kátia.

O próximo encontro com rodas de conversas sobre depressão e prevenção do suicídio, organizado pelo Distrito Sanitário III do Recife, será realizado na próxima quinta-feira (25), na Academia da Cidade do Parque da Jaqueira, Zona Norte da cidade. O objetivo é chamar a atenção para o tema e simbolizar o compromisso com a vida. “Alertamos sempre sobre a importância de as pessoas estarem atentas a possíveis mudanças de comportamento de parentes e amigos. São alterações que podem ocorrer em qualquer faixa etária.”


A existência de um transtorno mental é considerada um fator de risco para o suicídio. Entre os distúrbios psiquiátricos mais comumente associados às tentativas, estão depressão, transtorno do humor bipolar, esquizofrenia, dependência de álcool e de outras drogas psicoativas.

A psicóloga destaca que, na infância, a queda no rendimento escolar pode ser um alerta de que a criança precisa de apoio. “Entre os adolescentes, o isolamento preocupa. Já irritabilidade, problemas relacionados ao sono e à alimentação, apatia e abuso da bebida alcoólica podem evidenciar ocorrência de transtornos mentais entre os adultos”, completa Kátia.

Ação Social

A Ação Social no Sítio Trindade (realizada pela Prefeitura do Recife, através da Secretaria de Cultura e Fundação de Cultura Cidade do Recife) serviu como um momento de interação com os moradores de comunidades da Zona Norte. O público contou com serviços gratuitos de saúde, educação, cidadania e lazer. A próxima Ação Social no Sítio Trindade acontecerá no dia 29 de julho.

Publicado por Cinthya Leite em Blog - 20/05/2017 às 13:24
Fonte: http://blogs.ne10.uol.com.br/casasaudavel/2017/05/20/no-recife-rodas-de-conversa-abordam-depressao-prevencao-do-suicidio-e-valorizacao-da-vida/

quarta-feira, 17 de maio de 2017

CVV em processo de instalação em Manaus

Ações de prevenção podem evitar até 90% dos casos de suicídios, que têm crescido no AM
Voluntários

Silane Souza - Manaus (AM)

Pelo menos 90% dos casos de suicídio podem ser prevenidos, desde que existam condições mínimas para oferta de ajuda voluntária ou profissional, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). Visando essa assistência, um grupo de voluntários quer trazer para Manaus o Centro de Valorização da Vida (CVV), entidade que atua nesse sentido há mais de 50 anos. Um dos objetivos é reduzir o índice de suicídios da capital amazonense que é a nona entre as capitais brasileiras em número de casos.

As negociações para a instalação do CVV são avaliadas pelos coordenadores nacionais em parceria com entidades locais. O coordenador de expansão da instituição, João Régis, chegou ontem à tarde a Manaus justamente para cuidar dessas parcerias e realizar palestras acerca da entidade e do trabalho realizado por ela. Ele ficará na cidade até sábado, participando de encontros com representantes de órgãos públicos e rodas de conversa com profissionais do serviço de saúde e estudantes universitários.

De acordo com a psicóloga Aline Félix, a primeira medida preventiva contra o suicídio é a educação: é preciso deixar de ter medo de falar sobre o assunto, derrubar tabus e compartilhar informações ligadas ao tema para que todos possam ajudar. “Sabemos que o número de suicídios tem aumentado muito e, em Manaus, percebemos a necessidade de haver um centro como o CVV, pois ele traz a proposta de prevenir suicídio e preservar a vida por meio de atendimentos voluntários”, explicou.

O Centro de Valorização da Vida atua há 55 anos na valorização da vida e prevenção do suicídio, tendo inclusive o reconhecimento do Ministério da Saúde para tratar dos temas relacionados à prevenção do suicídio. São 76 postos no Brasil com mais de 2,2 mil voluntários treinados e capacitados para oferecer o apoio emocional. Os atendimentos são feitos 24h por dia por telefone (141 disque nacional), pessoalmente, por correspondência, chat, voip ou e-mail, encontrados no site www.cvv.org.br.

Aline ressaltou que, antes de uma pessoa tentar suicídio ela apresenta vários sinais: isolamento, tristeza ou agressividade, entre outros, e todos precisam ficar atentos a qualquer mudança de comportamento para poder ajudar. “Por isso a importância do compartilhamento de informações e a constituição desse espaço para saúde mental. Às vezes, a família não sabe quais são esses sinais e acredita que é besteira, quando a pessoa está precisando de ajuda”, observou.

Casos registrados no Amazonas cresceram 49% em 2015

Em 2015, 121 pessoas tiraram a própria vida, no Amazonas, de acordo com o 10º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado em novembro do ano passado.  Um crescimento de 49,3% em relação a 2014, quando 81 casos de suicídio haviam sido registrados no Estado. Com este indicador, o Amazonas figura na 15ª posição com o maior número de mortes por suicídio no Brasil.

Já Manaus é a nona entre as capitais do País em casos de suicídio, segundo dados apresentados em setembro de 2016 pela Associação Amazonense de Psiquiatria (AAP). Há, em média, na capital amazonense, oito suicídios a cada 100 mil homens e dois a cada 100 mil mulheres. Os números são considerados defasados pela APP em razão da subnotificação de casos, ou seja, muitos não são registrados.

Os indicadores apontaram que 96% das pessoas que cometeram suicídio sofriam de algum transtorno mental, sendo os principais os transtornos de humor (35%), como depressão e bipolaridade; transtornos por uso de álcool e outras drogas (22%); transtornos de personalidade (11,6%), como psicopatias e síndrome de boder

‘Saúde mental é um dever  de todos’

O cuidado com portadores de transtornos mentais é tarefa de toda a sociedade, por isso sua discussão não pode se restringir aos muros dos órgãos de saúde. Esse é o posicionamento que a Rede de Atenção Psicossocial do Amazonas (RAPs) vai defender no 1º Simpósio Intersetorial “Para além dos muros institucionais: trabalhando as minorias”.

O evento será realizado hoje, às 8h, no auditório João Bosco Ramos de Lima, na Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (ALE-AM), na avenida Mário Ypiranga, bairro Parque Dez, Zona Centro-Sul.

“A rede precisa articular outros serviços e outros setores. É preciso trabalhar com movimento social, outras secretarias. Não adianta a gente falar da Luta Antimanicomial, enquanto outros segmentos ainda acham que tem que ter hospício”, comenta Luciana Diederich, coordenadora da RAPs.

Para ela, não adianta fechar hospícios sem mudar a forma de enxergar a loucura. E o desafio que está posto é pensar outras formas de vivência para portadores de transtornos mentais que não seja o isolamento social. E o primeiro a superar esse desafio é o próprio poder público, defende a psicóloga.

“Se a gente não fala sobre outras formas de viver sem ser o isolamento social, outras instituições que vão substituir os manicômios vão reproduzir as mesmas práticas. Por isso a gente precisa do envolvimento de mais atores nesse tema”, declara Luciana.

O simpósio será realizado um dia antes do Dia Nacional da Luta Antimanicomial, o 18 de maio. A Luta Antimanicomial é um movimento que defende mudanças nos parâmetros éticos e técnicos no atendimento aos portadores de sofrimento emocional grave. O processo é também conhecido como “Reforma Psiquiátrica” e teve início no final da década de 1980.

Fonte: http://www.acritica.com/channels/cotidiano/news/conscientizar-para-prevenir-os-suicidios

quarta-feira, 10 de maio de 2017

Os jovens são o nosso presente...


Portas para a realidade…

Fernando Barroso

As lutas são difíceis. Temos que ser mais arrojados do que o “inimigo”. O certo é que vamos ganhando algumas batalhas. Há batalhas muito difíceis de vencer, mas podem contar com a nossa luta até sempre porque os nossos filhos não podem ser “engolidos” pela voracidade das máquinas, e muito menos por mentes que se dão ao “LUXO” de “CRIAR” caminhos para o suicídio. BALEIAS AZUIS? Jogos com caminhos ínvios, que promovem a automutilação, e o colocar termo à própria vida? 50 Desafios “ORIENTADOS” por um “CURADOR”?

1 – Com uma navalha, escreva “F57” na palma da mão e em seguida envie uma foto para o curador.

28 – Não fale com ninguém o dia todo.

50 – Tire a sua própria vida.

QUAL O NOSSO PAPEL? QUAL O PAPEL DE TODOS QUE ESTÃO ACORDADOS PARA AS REALIDADES TRAZIDAS PELA OBSCURA VIRTUALIDADE?

O nosso papel é compreender o sistema e, se necessário, enfrentá-lo em busca de uma sociedade mais justa.

A OMS RECONHECE O SUICÍDIO COMO UMA PRIORIDADE DE SAÚDE PÚBLICA. NO PRIMEIRO RELATÓRIO DA ORGANIZAÇÃO SOBRE O ASSUNTO, RECONHECE QUE A “PREVENÇÃO DO SUICÍDIO: UM IMPERATIVO GLOBAL”

O fenómeno macabro “Baleia Azul” ganha destaque, com justificada razão, entre os assuntos que nos preocupam (guerra na Síria, eleições na França, guerra nuclear da Coreia do Norte, as já conhecidas investidas de Donald Trump). O fenómeno é dinamizado pela execução gradativa de 50 desafios que vão desde a automutilação até ao suicídio. Quem estabelece as regras e propõe os reptos é um mentor (curador), uma espécie de líder, geralmente adulto, que ordena a realização da tarefa do dia com a garantia de provas (os participantes são obrigados a enviarem fotos do trabalho feito). Claro que o “CURADOR” (estranho nome) nunca cumpriu os propósitos do jogo.

UM TOTAL DE 1,3 MILHÃO DE PESSOAS DE 15 A 29 ANOS MORREM NO MUNDO ANUALMENTE VÍTIMAS DE CAUSAS EVITÁVEIS OU TRATÁVEIS, SENDO A PRINCIPAL DELAS OS ACIDENTES DE TRÂNSITO (11,6% DO TOTAL). O SUICÍDIO FICA EM SEGUNDO LUGAR, RESPONSÁVEL POR 7,3% DAS MORTES.

Inescusavelmente, esses acontecimentos fazem-nos pensar sobre um fenómeno que, certamente, não é novo (suicídio entre a população jovem), mas que ganha impulso renovado com um jogo que se desdobra nas malhas da tecnologia.

OS JOVENS NÃO SÃO APENAS O NOSSO FUTURO – ELES SÃO O NOSSO PRESENTE.

São múltiplos os portões de acesso que nos levam a alguns endereços de reposta (como diria Kafka, as portas são inumeráveis, a saída é uma só, mas as possibilidades de saída são tão numerosas quanto as portas).

Para o filósofo sul-coreano Byung-Chull Han, a sociedade de desempenho (que substitui a sociedade disciplinar) prima pelo excesso de positividade. Somos teleguiados pela lógica do excesso (super-comunicação, super-rendimento, super-produção), que nos quer sempre ocupados, respondendo aos estímulos que não param de nos cortejar frente às telas, agora ubíquas.

Provavelmente, os jovens dão-se conta dessas limitações e ousam responder a pergunta que habita as páginas do famoso livro A insustentável leveza do ser: “Então, o que escolher? O peso ou a leveza?”.

Coluna: A Saga do Soldado de Papel
Fonte: http://regiaodecister.pt/opiniao/portas-para-realidade

Suicídio e adolescência. Excelente texto de Arnaldo Cheixas!!

O problema do suicídio entre adolescentes

O assunto está em voga nos últimos tempos; confira sintomas, mitos e como ajudar nesses casos

Arnaldo Cheixas

O debate sobre o suicídio entre adolescentes tem sido destacado nos meios de comunicação em função do controverso jogo “blue whale” (baleia azul), sobre o qual ainda há poucas certezas. Existem casos recentes de suicídios e de tentativas de suicídio que parecem estar associados ao jogo.

Baleia Azul

Ao que parece, curadores anônimos convidam adolescentes a participar do jogo por meio das redes sociais. Depois de aceitar participar, o adolescente passaria a receber sucessivos desafios envolvendo assistir a filmes de terror durante a madrugada e automutilação – dentre outros –, culminando com o desafio derradeiro de tirar a própria vida. Os adolescentes seriam coagidos a manter a participação até o fim sob ameaças dos curadores de que, em caso de desistência, males seriam praticados contra seus familiares.

Casos foram registrados em vários países, inclusive no Brasil. Aqui a investigação tem sido conduzida principalmente pela Delegacia de Repressão a Crimes de Informática do Rio de Janeiro mas há investigações paralelas feitas pelas polícias de outros estados. Por enquanto não se sabe a extensão do problema e é importante aguardar os resultados preliminares da investigação policial. De qualquer modo, os casos apurados por jornalistas de diversos veículos realmente aconteceram e estão sendo investigados. Todo o resto são boatos e conjecturas. E, independentemente disso, o problema da morte auto-imposta é real e nessas horas é melhor não subestimar os riscos de uma onda de suicídios entre adolescentes.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (O.M.S.), a cada quarenta segundos em média uma pessoa tira a própria vida em algum lugar do planeta. Foram quase um milhão de casos registrados em 2012, ano de referência dos dados do relatório mais recente do órgão internacional, publicado em 2014.

O suicídio é a segunda causa global de mortalidade de adolescentes e adultos jovens (de 15 a 29 anos), atrás apenas dos acidentes de carro. Embora no Brasil a maior incidência esteja na faixa etária seguinte, de 30 a 39 anos, ela também é alta entre adolescentes, de modo que o problema não deve ser subestimado e exige atenção permanente no país, devendo envolver em suas ações os próprios adolescentes, os pais, a escolas e os governos.

13 Reasons Why

À luz desse cenário preocupante, a Netflix estreou a série 13 Reasons Why. Uma tradução livre do título pode ser Treze Motivos Pelos Quais – o número treze em inglês traz uma associação direta com a adolescência. A série conta a história de Hannah, uma adolescente que, antes de cometer suicídio, grava em fitas cassete treze razões que a levaram a tirar a própria vida. Os núcleos explicativos para o suicídio são o bullying e a incompreensão dos adultos sobre o sofrimento de Hannah.

Como é sabido que a publicidade de casos de suicídio pode fazer com que outras pessoas o executem logo após a divulgação – fenômeno conhecido como efeito Werther –, a série gera sim preocupação. O suicídio da personagem Hannah Baker é envolto em bastante romantismo, desde a beleza da maior parte das personagens até o próprio fato de que a protagonista, mesmo morta, continua presente na vida dos demais por conta dos áudios deixados com sua voz. Esse aspecto particularmente atiça uma fantasia muito presente no discurso de quem tem ideação suicida, que é a expectativa de que sua morte fará com que as pessoas que lhe magoaram sofram e de certo modo paguem pelo mal praticado.

Um dado interessante é que a série da Netflix fez aumentar a quantidade de pessoas que estão entrando em contato com o Centro de Valorização da Vida, um serviço gratuito voltado para a prevenção do suicídio. Mas ainda é difícil saber se esta notícia é boa ou ruim.

Como psicólogo não posso deixar de olhar com preocupação o fato de o suicídio ser apresentado de forma tão romantizada na TV mas não se pode negar que os produtores de 13 Reasons Why foram corajosos ao trazer o tema de forma tão aberta. Um efeito positivo inegável é a repercussão que tem feito com que o tema seja discutido. Se se trata apenas de comoção passageira ou se produzirá avanços na prevenção, só o tempo dirá. Por enquanto não podemos deixar passar a oportunidade de conversar a respeito.

Fatores de risco para o suicídio

A seguir os elementos mais comuns na vida de pessoas que se suicidaram e que servem como sinais de alerta:

   Presença de perturbações mentais (presentes em 90% dos casos).
   Stress social.
   Grandes perdas (ente querido, emprego, patrimônio…).
   Abuso no passado, físico ou emocional.
   Desesperança em relação à própria vida.
   Sensação de desamparo, impossibilidade de agir sobre os problemas.
   Exposição ao suicídio de alguém conhecido ou famoso.
   Dificuldades sexuais.
   Doença e dor.
   Acesso facilitado aos meios necessários para se suicidar.
   Acontecimentos violentos (guerra, desastres, golpes de estado).
   Repertório pobre para enfrentamento de problemas.
   Problemas familiares.

Fatores de proteção

Os elementos que significam menor risco de suicídio são:

   Existência de apoio da família e de uma rede de amizade sólida.
   Presença de crenças.
   Envolvimento na comunidade.
   Vida social satisfatória.
   Acesso aos serviços de saúde existentes.

Os avisos que aparecem antes de uma tentativa de suicídio

Na maioria dos casos de suicídio, há alguns sinais que antecedem a ação e que podem ajudar quem está perto a prestar apoio e até evitar que a tragédia de fato aconteça. Aqui estão eles:

   Falta de interesse pelo próprio bem-estar.
   Mudanças de comportamento.
   Declínio da produtividade.
   Alterações no sono e na alimentação.
   Tentativa de ficar em dia com pendências pessoais e de fazer as pazes com desafetos.
   Interesse incomum em como os outros se sentem.
   Preocupação com temas de morte e violência.
   Súbita melhoria no humor após uma depressão.
   Promiscuidade repentina ou aumentada.
   Dificuldade em lidar com problemas.
   Pressão negativa dos colegas/bullying.
   Família disfuncional.
Mitos sobre o suicídio

Os mitos mais comuns e que geram confusão e preconceito são os seguintes:

    “Quem fala em suicídio não se mata porque na verdade só quer chamar a atenção.” Errado. A maioria dos suicidas falaram sobre essa possibilidade antes de se matar efetivamente. Na verdade o suicida muda de ideia frequentemente.
    “Suicídio é sempre um ato impulsivo e acontece sem aviso.” Errado. O suicídio normalmente é elaborado aos poucos ao longo do tempo.
    “Suicidas querem mesmo morrer e estão decididos, não havendo nada que se possa fazer para persuadi-los a mudar de ideia.” Errado. A maioria manifesta ambivalência.
    “Quando alguém sobrevive a uma tentativa, está fora de perigo.” Errado. Ao menos uma tentativa prévia ocorre na maioria dos casos que se efetivam. O período logo após uma tentativa é especialmente perigoso.
    “Conversar sobre suicídio é o mesmo que dar ideia.” Errado. Discutir o tema em todos os níveis ajuda alguém com ideação suicida a mudar de ideia e procurar ajuda.
    “Crianças não se suicidam.” Errado. Embora a incidência seja menor do que em qualquer outra fase da vida, crianças se suicidam sim e deve haver atenção permanente quanto a esse risco.

Como ajudar o adolescente que fala em suicídio

Durante uma crise de ideação suicida é importante oferecer suporte com tranquilidade. Não se deve julgar o desejo do outro de interromper a própria vida mas sim procurar escutar com atenção as razões que o motivam para tal. Nesse ponto é importante saber reconhecer e respeitar a escolha que resulta dos elementos apresentados mas sem jamais aceitar a escolha como algo normal.

A pessoa com ideação suicida deve ser estimulada a se abrir e a compartilhar o que pensa e o que sente. O foco do ouvinte deve permanecer no momento atual; falar sobre o passado ou o futuro só aumenta a ansiedade e reforça os sentimentos de frustração. Nesse sentido, deve-se evitar conselhos amplos. As sugestões e conselhos devem se concentrar no aqui e agora.

O ponto mais importante sobre a ajuda a um adolescente com ideação suicida talvez seja o quanto é possível não atrapalhá-lo. E a forma mais desastrosa de atrapalhar um adolescente potencialmente suicida é julgá-lo, estigmatizando-o em seu sofrimento. Frases como “Eu na sua idade fazia assim e assado…” devem ser evitadas fortemente.

Finalmente, é importante discretamente restringir o acesso da pessoa aos meios de praticar o suicídio porque, em um momento de dúvida, a disponibilidade dos meios pode fazer toda a diferença entre a vida e a morte.

Alguns apontamentos

Ainda que os efeitos da depressão sobre o cérebro sejam muito similares para qualquer pessoa do ponto de vista da fisiologia dos neurotransmissores, o tratamento que funciona para um não necessariamente funciona para outro. A melhor conduta deve ser determinada pelos profissionais de saúde sempre em conjunto com o paciente e com os familiares, respeitando-se as particularidades de cada caso.

Embora 60% dos suicidas estivessem deprimidos, o fator principal que os levou ao ato (quando há registro) foi a sensação de desesperança, muito mais do que a depressão em si. Isso se confirma pelos casos de suicídio em que não havia evidência de depressão mas sim a desesperança, a sensação de que a própria vida não tem sentido.

O consumo de álcool e outras drogas deve preocupar particularmente durante a adolescência porque é sinal de que algo não vai bem na vida do adolescente. A substância química, de modo geral, preenche um vazio que normalmente tem a ver com frustrações prévias. Três quartos das crianças e adolescentes com ideação suicida não conseguem falar com um adulto a respeito. Nesse sentido, os professores têm papel chave na vigilância porque eles têm uma posição privilegiada, uma vez que não são tão distantes do adolescente a ponto de não gerar confiança (como um estranho) e nem tão próximos a ponto de gerar desconfiança, vergonha e medo (como os pais).

Adolescentes são mais vulneráveis que adultos porque a pouca experiência com a vida, combinada com seu foco no aqui e agora, os atrapalha na hora de avaliar as consequências de seus atos. Ainda assim, o sofrimento é muito forte com as questões que angustiam um adolescente em risco (bullying, perdas, violência etc). Isso tudo acontecendo num ambiente social virtual, no qual tudo tem velocidade espantosa. Às vezes, é difícil para um adulto entender as expectativas e as angústias vivenciadas pelos adolescentes no ambiente virtual uma vez que esse ambiente não fez parte da adolescência dos adultos de hoje.

Um dado motivador é que, de acordo com o citado relatório da O.M.S., o número absoluto de suicídios caiu globalmente 9% de 2000 para 2012, a despeito do aumento populacional. Isto significa que as políticas de prevenção estão avançando.

Embora o Brasil faça parte de um seleto grupo de países que possuem informações confiáveis sobre o suicídio, tal precisão informativa ainda não se converteu em políticas que permitam a redução de ocorrências trágicas em consonância com a média global. Este é, portanto, o desafio diante do qual estamos. Debater incessantemente o problema é o primeiro passo a ser adotado. Nesse sentido, que o burburinho gerado pelo seriado 13 Reasons Why sirva como gatilho para nos impulsionar para ações concretas de prevenção.

Finalmente…vale registrar aqui que, se você precisa de ajuda neste momento, o CVV atende gratuitamente e de forma completamente anônima por meio do número 141.

Fonte: http://vejasp.abril.com.br/blog/terapia/suicidio-adolescente/

sexta-feira, 5 de maio de 2017

"Jovens, nosso presente". Não é nosso dever protegê-los?!


Portas para a realidade…

Fernando Barroso

As lutas são difíceis. Temos que ser mais arrojados do que o “inimigo”. O certo é que vamos ganhando algumas batalhas. Há batalhas muito difíceis de vencer, mas podem contar com a nossa luta até sempre porque os nossos filhos não podem ser “engolidos” pela voracidade das máquinas, e muito menos por mentes que se dão ao “LUXO” de “CRIAR” caminhos para o suicídio. BALEIAS AZUIS? Jogos com caminhos ínvios, que promovem a automutilação, e o colocar termo à própria vida? 50 Desafios “ORIENTADOS” por um “CURADOR”?

1 – Com uma navalha, escreva “F57” na palma da mão e em seguida envie uma foto para o curador.

28 – Não fale com ninguém o dia todo.

50 – Tire a sua própria vida.

QUAL O NOSSO PAPEL? QUAL O PAPEL DE TODOS QUE ESTÃO ACORDADOS PARA AS REALIDADES TRAZIDAS PELA OBSCURA VIRTUALIDADE?

O nosso papel é compreender o sistema e, se necessário, enfrentá-lo em busca de uma sociedade mais justa.

A OMS RECONHECE O SUICÍDIO COMO UMA PRIORIDADE DE SAÚDE PÚBLICA. NO PRIMEIRO RELATÓRIO DA ORGANIZAÇÃO SOBRE O ASSUNTO, RECONHECE QUE A “PREVENÇÃO DO SUICÍDIO: UM IMPERATIVO GLOBAL”

O fenómeno macabro “Baleia Azul” ganha destaque, com justificada razão, entre os assuntos que nos preocupam (guerra na Síria, eleições na França, guerra nuclear da Coreia do Norte, as já conhecidas investidas de Donald Trump). O fenómeno é dinamizado pela execução gradativa de 50 desafios que vão desde a automutilação até ao suicídio. Quem estabelece as regras e propõe os reptos é um mentor (curador), uma espécie de líder, geralmente adulto, que ordena a realização da tarefa do dia com a garantia de provas (os participantes são obrigados a enviarem fotos do trabalho feito). Claro que o “CURADOR” (estranho nome) nunca cumpriu os propósitos do jogo.

UM TOTAL DE 1,3 MILHÃO DE PESSOAS DE 15 A 29 ANOS MORREM NO MUNDO ANUALMENTE VÍTIMAS DE CAUSAS EVITÁVEIS OU TRATÁVEIS, SENDO A PRINCIPAL DELAS OS ACIDENTES DE TRÂNSITO (11,6% DO TOTAL). O SUICÍDIO FICA EM SEGUNDO LUGAR, RESPONSÁVEL POR 7,3% DAS MORTES.

Inescusavelmente, esses acontecimentos fazem-nos pensar sobre um fenómeno que, certamente, não é novo (suicídio entre a população jovem), mas que ganha impulso renovado com um jogo que se desdobra nas malhas da tecnologia.

OS JOVENS NÃO SÃO APENAS O NOSSO FUTURO – ELES SÃO O NOSSO PRESENTE.

São múltiplos os portões de acesso que nos levam a alguns endereços de reposta (como diria Kafka, as portas são inumeráveis, a saída é uma só, mas as possibilidades de saída são tão numerosas quanto as portas).

Para o filósofo sul-coreano Byung-Chull Han, a sociedade de desempenho (que substitui a sociedade disciplinar) prima pelo excesso de positividade. Somos teleguiados pela lógica do excesso (super-comunicação, super-rendimento, super-produção), que nos quer sempre ocupados, respondendo aos estímulos que não param de nos cortejar frente às telas, agora ubíquas.

Provavelmente, os jovens dão-se conta dessas limitações e ousam responder a pergunta que habita as páginas do famoso livro A insustentável leveza do ser: “Então, o que escolher? O peso ou a leveza?” (...)

Coluna: A Saga do Soldado de Papel
Fonte: http://regiaodecister.pt/opiniao/portas-para-realidade

quarta-feira, 3 de maio de 2017

Notícia boa vinda da Austrália

Cantor e compositor australiano, Nick Cave tem lidado com a morte, de perto.

O título da matéria publicada no jornal Zero Hora dá o tom: "Nick Cave encara o luto no disco 'Skeleton tree'"

Mas o notícia, que chega por meio de uma revista virtual portuguesa é esta:

Nick Cave dá o seu apoio a uma aplicação para telemóvel de prevenção do suicídio

O músico expressou o seu apoio ao
Kurdiji 1.0, uma aplicação criada por aborígenes

O Kurdiji 1.0 é uma nova aplicação para smartphone que tem como objetivo a prevenção do suicídio entre aborígenes.

A aplicação encontra-se, de momento, a tentar angariar fundos através da plataforma online GoFundMe, tendo já obtido o apoio de Nick Cave.

O Kurdiji 1.0 foi criado por aborígenes australianos e destina-se à população jovem aborígene.

Segundo dados recentes, os aborígenes são quatro vezes mais propensos ao suicídio que a restante população, e a taxa de suicídio entre jovens aborígenes é das mais altas do mundo.

O facto não passa despercebido a Cave, que pediu aos seus conterrâneos para que "lutassem pelas vidas dos jovens aborígenes e mostrassem à Austrália indígena que acreditamos neles".

"Kurdiji" é uma palavra que significa "escudo" no dialeto Warlpiri, uma das tribos aborígenes australianas. "Ao ligar estes jovens à linguagem, à pele, às cerimónias e às leis, a aplicação irá aumentar a resiliência ao gerar um sentimento de pertença", explicam os programadores.

Fonte: http://blitz.sapo.pt/principal/update/2017-05-02-Nick-Cave-da-o-seu-apoio-a-uma-aplicacao-para-telemovel-de-prevencao-do-suicidio