terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Curso para Voluntários no CVV Abolição - São Paulo


O Posto Samaritano Abolição, vinculado ao Programa CVV de Apoio Emocional e Valorização da Vida (prevenindo o suicídio), realizará nos dias 28 e 29 de janeiro de 2012 (das 13:30 às 18:30h), curso para a seleção de novos voluntários da entidade.

Requisitos para ser voluntário:

. Ter mais de 18 anos
. Disponibilidade de tempo (média de 4 horas e meia por semana)
. Ser treinado, estar disposto a ajudar o próximo e abertura para o autoconhecimento.

Inscrição:
Pessoalmente: Rua da Abolição 411 - Bela Vista - SP, chegando 15 minutos antes do curso.

Telefone: 3242-4111 das 15 às 23h

E-mail: abolicao@cvv.org.br

É sempre bom lembrar que o CVV também está atendendo via chat (www.cvv.org.br) a todos quantos precisam de um ombro amigo.

PS.: O CVV, que está completando 60 anos de atividade, estreou um logotipo novo. Parabéns a todos os samaritanos!!


domingo, 22 de janeiro de 2012

Prevenção do suicídio na polícia portuguesa


Formação interna em todos os comandos para prevenir suicídios

A PSP vai realizar ações de formação nos comandos para que os polícias estejam mais atentos aos comportamentos dos colegas, o que pode ajudar a prevenir o suicídio, que nos últimos cinco anos causou a morte de 21 agentes.

A formação vai realizar-se este ano em todos os comandos do país e destina-se a comandantes de esquadras e adjuntos, graduados de serviços e supervisores operacionais. "Pessoas que têm um contacto diário e permanente com quem anda no terreno", disse o chefe do gabinete de psicologia da PSP, Fernando Passos, em entrevista à agência Lusa.

O responsável adiantou que nesta formação interna, com a duração de um dia, será abordada "a problemática do suicídio e a sua prevenção".

Segundo Fernando Passos, as ações de formação vão ser dadas por psicólogos e serão "muito curtas e práticas", com a abordagem de casos concretos.

"É para chamar a atenção e lhes dar alguns elementos que permita a esses policiais detetarem ou, pelo menos, tentarem encaminhar alguém, caso se apercebam de comportamentos menos usuais ou que de alguma maneira possam pôr em risco a atividade policial e o indivíduo em si", explicou.

Fernando Passos sublinhou que o objetivo é que os polícias entendam e conheçam os colegas que trabalham consigo.

"Neste momento, a calendarização está praticamente concluída e vai iniciar-se muito brevemente no terreno. É um projeto ambicioso e pretende-se chegar às bases", acrescentou.

A PSP registou desde 2008 um total de 21 suicídios, sete dos quais em 2011.

O chefe do gabinete de psicologia da PSP ainda não tem qualquer justificação para este fenómeno, realçando que "a crise será uma explicação, mas existem muitas outras".

Porém, sublinhou que tanto a nível internacional como em Portugal o número de suicídios nas forças de segurança é superior ao da população em geral, sendo a exceção a polícia londrina.

O responsável justificou esta exceção com o facto dos polícias de Londres não terem em permanência uma arma letal consigo.

As armas são "seguramente um acesso para que os polícias corram maior risco de suicídio, mas uma força policial não pode deixar de ter acessos a meios letais, é uma ferramenta de trabalho", sustentou.

Desde 2008 que o gabinete de psicologia está a reavaliar os traços da personalidade de todos os elementos policiais como uma forma de prevenção do suicídio.

De acordo com Fernando Passos, já foram reavaliados cerca de cinco mil polícias. No entanto, considerou que é um "trabalho incompleto", porque todos os anos saem e entram novos polícias para a PSP.

Através desta reavaliação tem sido possível detetar polícias com alguns problemas e reencaminhá-los para o gabinete de psicologia, afirmou.

Dos sete agentes que se suicidaram no ano passado, apenas um estava a ser acompanhado por este serviço.

O responsável referiu que o número de polícias que se suicidou nas forças policiais corresponde, na sua maioria, "a indivíduos sem qualquer indicação ou suspeição de que isso pudesse a vir acontecer".

"Os que estão a ser acompanhados têm uma maior proteção do que os outros", disse Fernando Passos, que tem como ambição a criação de locais de atendimentos do gabinete de psicologia em todos os comandos do país.

21 janeiro 2012

Fonte: http://www.rtp.pt/noticias/index.php?t=Formacao-interna-em-todos-os-comandos-para-prevenir-suicidios.rtp&article=520208&layout=10&visual=3&tm=8

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Capacitação em prevenção do suicídio no Piauí


Centro de Atenção Psicossocial de Castelo (PI) realiza capacitação sobre prevenção do suicídio
  
Ocorreu na manhã de ontem (12), no espaço Zilda’s Buffet, uma capacitação com orientações de prevenção e controle do suicídio em Castelo do Piauí. O evento foi organizado pela equipe do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), que tem como coordenadora a psicóloga Enilda Alves.

A capacitação teve como público alvo os agentes comunitários de saúde, os profissionais que atuam no Centro de Referência na Assistência Social - CRAS, Núcleo de Apoio da Saúde na Família – NASF, Programa Saúde na Família – PSF, além do próprio Centro de Atenção Psicossocial – CAPS. Além dos profissionais de saúde, estavam presentes a promotora de justiça, Drª Ana Isabel; a Secretária Municipal de Educação, professora Ivanildes Cardoso e a Coordenadora do Serviço de Controle Interno, Francivone Rocha; que é presidente do Centro de Estudos Espíritas Mensageiros de Luz.

Drª Enilda Alves abriu a capacitação mencionando os altos índices de suicídios em Castelo e cidades vizinhas, o que pode ter uma causa cultural ou até mesmo outros fatores, como o genético. Os casos de suicídio aumentaram 60% (sessenta por cento) nos últimos 45 anos em todo o mundo, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), sendo esta a terceira maior causa de morte na faixa etária de 15 a 35 anos, em ambos os sexos.

Para cada suicídio, cinco a dez pessoas próximas sofrem graves conseqüências psicológicas, sociais, dentre outras, estes são considerados “sobreviventes”. Uma pessoa comete suicídio a cada 40 segundos em algum lugar do mundo. No Brasil ocorre um suicídio por hora, sendo este portanto, um grave problema de saúde pública.

A coordenadora do CAPS destacou a importância do trabalho desenvolvido pelos profissionais que atuam no NASF, por ser este um complemento do PSF, bem como os agentes comunitários de saúde, tendo, portanto, grande possibilidade de perceber nas famílias as vulnerabilidades que indiquem tendência ao suicídio, como doenças graves, isolamento social, ansiedade, desesperança, transtornos mentais, crise conjugal e familiar, luto, perda ou problemas no emprego, uso abusivo de álcool e outras drogas, depressão, esquizofrenia, dentre outros associados à facilidade de acesso aos meios de suicídio. Estas situações não são determinantes para o suicídio, mas podem interagir e contribuir para sua ocorrência quando existe sofrimento intenso. Muitos não conseguem “resignificar” o problema, ou seja, dar uma outra dimensão e perceber que qualquer problema tem saída.

Sinais de Alerta
De 15% a 25% dos que tentam suicídio cometem nova tentativa no ano seguinte, sendo que 10% conseguem consumar o ato em até 10 anos compreendidos entre a primeira tentativa e o suicídio consumado. Pessoas que ameaçam ou tentam cometer o suicídio, sobretudo os jovens e adolescentes, devem ser levados a sério. O que ocorre comumente é que as pessoas próximas tendem a acreditar que o jovem quis apenas chamar a atenção, mas na verdade ele está pedindo ajuda urgente. Em casos parecidos, os familiares devem procurar ajuda profissional.

Atualmente existe um serviço gratuito que fornece ajuda a pessoas com depressão e pensamentos suicidas. O Centro de Valorização da Vida (CVV), existe há 49 anos é composto por profissionais voluntários com atendimento telefônico pelo número 141, ou ainda através de chat (bate papo) que pode ser acessado no www.cvv.org.br.

Edição: Robson Miguel (Publicada em 13/01/2012)

Fonte: http://www.portalcdp.com.br/noticias/centro-de-atencao-psicossocial-de-castelo-realiza-capacitacao-sobre-prevencao-do-suicidio-3656.html

Crônica da perplexidade

Deixar a vida pela porta dos fundos

Pedro J. Bondaczuk (13 janeiro 2012) 


 O que leva determinadas pessoas a darem cabo da própria vida, a deixá-la pela “porta dos fundos”? Sempre considerei essa atitude extrema um mistério. As causas, ou os pretextos, são os mais diversos, e injustificáveis (nada justifica tamanha insanidade), mas todos desembocam numa raiz comum: inadaptação. Na fragilidade psicológica, gerada, no mais das vezes, por profunda carência afetiva. Na incompetência para lidar com fracassos e frustrações. E vai por aí afora.

Trata-se de um tema delicadíssimo, tido, até, como tabu, tanto que a imprensa evita de abordá-lo. Há uma espécie de pacto tácito, nas redações dos jornais e de outros meios de comunicação, para não noticiar episódios desse tipo. Eles são sumamente dolorosos para as famílias dos suicidas e há sempre o risco de induzirem pessoas, com acentuada fragilidade psicológica, a imitarem esse gesto.


Imagino o desespero que se apossa de um suicida, tão irresistível, que o leva a perpetrar esse ato extremo. A prevenção do suicídio é uma das causas que abracei há tempos. Não integro, é verdade, entidades cuja finalidade é a de prevenir e evitar esse ato extremado, como o Centro de Valorização da Vida e congêneres. Mas aprendi muito a propósito. Não raro, o simples fato de nos dispormos a ouvir o desabafo de suicidas potenciais, sem sermões inúteis e ineficientes para a ocasião, mas com simpatia e compreensão, demove – não sem muita paciência e persistência – essas pessoas de cometerem uma ação tão terrível e definitiva.


Há catorze anos doei todos os direitos comerciais do meu livro “Por uma nova utopia”, lançado em 1998 pela Editora “M” – com o respectivo termo de doação registrado em cartório – ao Centro de Defesa da Vida, entidade voltada à prevenção do suicídio. Não me arrependo, claro, dessa decisão. Mais eu faria se mais pudesse. Afinal, a sensação de haver, de alguma forma, contribuído para salvar um número desconhecido (mas certamente elevado) de vidas, não tem preço.

E por que trago o tema à baila, num espaço voltado à literatura? Porque são vários, mas vários mesmo, em quantidade surpreendente, os escritores que cometeram essa loucura. Uns, fizeram isso ao descobrirem doenças incuráveis e por não suportaram a dor. Outros agiram por impulso momentâneo, após profundo desgosto amoroso. As circunstâncias (pretextos?) foram os mais variados, mas o resultado sempre foi o mesmo: morte prematura, desnecessária e evitável de artistas sensíveis e talentosos.

Fonte: http://pedrobondaczuk.blogspot.com/2012/01/deixar-vida-pela-porta-dos-fundos-pedro.html


domingo, 15 de janeiro de 2012

China: notícias alarmantes

Fracasso escolar e vergonha levam estudantes ao suicídio na China


14 de janeiro de 2012 • Fernanda Morena

As taxas de suicídio na China estão entre as mais altas do planeta, conforme dados da Organização Mundial da Saúde. Em setembro de 2011, o Centro para Controle e Prevenção de Doenças, órgão governamental chinês, anunciou que 287 mil pessoas tiram a própria vida no país anualmente, o que equivale a 3,6% das mortes registradas. A faixa etária mais afetada é a de jovens entre 15 e 34 anos, sendo o suicídio a causa da morte para 26,04% destes.
Casos envolvendo tentativas de suicídio são registrados em todos os níveis da educação chinesa. Um dos mais recentes ocorreu em novembro de 2011, quando uma estudante de 13 anos morreu após saltar do sexto andar de um prédio.
Investigação comandada pelo departamento de educação de Luoyang, em Henan, onde a menina morava, concluiu que ela sofria penalidades físicas na escola quando não fazia o dever de casa. A professora de matemática forçava alguns alunos, entre eles a garota, a fazer agachamentos que, por vezes, totalizavam 800 repetições.
O caso não é isolado. Três semanas antes, no dia 24 de outubro, duas alunas do ensino fundamental tomaram veneno na sala de aula de uma escola da província de Anhui. Antes, escreveram no quadro negro: "Se morrermos, a culpa é da professora de matemática. Chamem a polícia para que a prendam". A apuração concluiu que a docente teria rido das notas baixas atingidas pelas meninas em um teste.
Em setembro, por muito pouco outra história não teve desfecho igualmente trágico. Uma aluna da 5ª série e duas da 6ª deram as mãos e pularam do segundo andar de um prédio na província de Jiangxi. O motivo do quase fatal incidente foi o fracasso das meninas em terminarem uma lição de casa.

Alunos mais velhos, motivos diferentes
Com estudantes mais velhos, a motivação muda. "Para os acima de 18, em geral, as mortes são atribuídas a relacionamentos amorosos ou pressões econômicas", explica Michael Phillips, diretor do Centro de Pesquisa de Métodos de Prevenção de Suicídio de Xangai.
"Com a expansão da educação superior na década de 1990, o número de jovens com diploma universitário cresceu rapidamente, mas o mercado de trabalho não acompanhou o processo, ficando impossibilitado de absorver tanta mão de obra qualificada", avalia a professora de Ciências Sociais da Universidade do Povo Xie Guihua.
E foi justamente por causa da pressão financeira que Hong Qiankun pulou da janela do dormitório após receber o título de mestre pela universidade Tsinghua, a mais prestigiosa do país ao lado da Universidade de Pequim, em 2007. No bilhete deixado aos pais, dizia: "Seu filho é bom. Não consigo encontrar emprego. Não quero mais ser um peso". O mesmo ocorreu com Liu Wei, uma estudante de 21 anos da província de Shandong, que tirou a própria vida em 2009 por não conseguir trabalho para ajudar os pais, camponeses pobres.
A resposta de Pequim foi promover a migração desses novos trabalhadores para o interior do país, fazendo-os deixar os grandes centros urbanos, como Xangai e a capital nacional.
"Como professora, não consigo perceber por que os estudantes chineses sofreriam mais pressão do que em outros países", diz Xie Guihua.

Mais de 20% já pensaram em suicídio
Entre 2005 e 2007, a Universidade de Pequim coordenou um estudo com 140 mil estudantes do Ensino Médio na China. Segundo o trabalho, 20,4% disseram já ter pensado em suicídio, e 6,5% teriam inclusive planejado concretamente o ato - tendo já comprado medicamentos ou escrito uma carta à família. Sentimento de pressão escolar e solidão seriam as maiores causas, mas não as únicas. "É muito simplista pensar que suicídios ocorram só em função da escola. Existe uma série de fatores biológicos, sociais e emocionais que contribuem para uma tentativa de tirar a própria vida", avalia Michael Phillips.

Programa de metas
Desde 2009, uma regulação implementada promete punir universidades com mais de 10 casos anuais de suicídio com a perda de pontos na avaliação de qualidade de ensino feita pelo órgão governamental a que são filiadas (como o Ministério da Educação ou o governo provincial). É uma forma de fazer com que os centros de estudos fiquem atentos ao comportamento dos jovens e também mantenham uma política de cobrança mais razoável. "Esses centros estão focando na prevenção do suicídio e na avaliação geral do desempenho dos alunos", aponta Phillips.
As instituições, contudo, não se pronunciam sobre a regra, considerada reflexo de um aspecto negativo da educação no país, e sequer são divulgados números. "A fim de controlar esses números, as universidades estabelecem programas de apoio psicológico aos estudantes e designam 'mentores' a cada turma", diz a professora Xie Guihua.
Quando consegue evitar a repercussão, os casos são mantidos em sigilo pelo governo.

Questão histórica
A China tem tradição secular em sistemas de exames. Desde o século 7, burocratas mandarins eram testados na filosofia de Confúcio para conseguirem uma posição de trabalho na corte imperial. Na fase moderna do país, a versão nacional do vestibular voltou a ser instalada em 1978, após a abertura econômica. A essa cultura centenária é atribuído o alto nível de exigência das escolas, somado ao desenvolvimento do ensino no país.
Hoje, por exemplo, os estudantes são encorajados desde cedo a levarem as lições da escola para casa para copiar as aulas inúmeras vezes com o objetivo de memorizar o conteúdo. Não é raro alunos terem de declamar em frente à turma o que está sendo ensinado.
Na capital chinesa, onde a carga horária diária é de oito horas e 45% dos alunos passam mais quatro horas semanais em aulas de reforço, conforme a OCDE, as escolas têm o direito de expulsar alunos que fracassarem em mais da metade das matérias por três bimestres consecutivos. "Na Universidade de Pequim, um aluno pode ser 'convidado a se retirar' se ele repetir cinco matérias", conta a professora Xie Guihua.
Já em Xangai, o centro financeiro e econômico da China e que tem o melhor nível de educação em termos de compreensão textual, ciências e matemática do mundo, conforme a avaliação trienal do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) de 2009, cerca de 90% dos alunos dormem menos de sete horas diárias, três a menos do que o recomendado pelo Ministério de Educação do país. Em novembro, o Bureau de Educação do Distrito de Xuhui divulgou uma pesquisa com 20 mil estudantes dos ensinos fundamental e médio da cidade, revelando que 60% dos entrevistados gastam entre duas e quatro horas diárias fazendo deveres de casa.
Anualmente, o país gasta 3,3% do Produto Interno Bruto (PIB) com educação, e 90,4% dos estudantes dos ensinos fundamental e médio estão matriculados em escolas públicas. Durante os primeiros cinco anos, os estudos são 100% financiados pelo governo. A partir do 6º, as famílias pagam uma anuidade, que consome 12,1% da renda anual familiar, segundo dados do departamento de estatísticas chinês.