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quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

Cidades do ABC paulista oferece atendimento psicológico gratuito

Amanda Lemos


 

Diversas questões podem colocar a saúde mental em risco, a exemplo do estresse, exclusão social, exaustão, discriminação e os vários tipos de violência. Esses transtornos, no entanto, exigem tratamento especializado, que podem envolver consultas com psicólogos ou psiquiatras. Mas, o que poucos sabem, é que na região há quem forneça atendimento gratuito, como é o caso das prefeituras e o CVV (Centro de Valorização da Vida), que realiza um trabalho especial de apoio emocional.

Em Ribeirão Pires é possível encontrar ajuda gratuita via CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), que oferece atendimento para pacientes com transtornos graves e persistentes. Segundo a administração municipal, a média de atendimentos, ao mês, é de 550 consultas. São realizados atendimentos individuais e também atividades em grupos. Quem se interessar pode procurar o CAPS, das 8h as 17h, munido de RG, CPF, comprovante de residência e cartão SUS.

Rio Grande da Serra também oferece atendimento via CAPS (psiquiatria e psicologia), com a média de 120 e 150 atendimentos/mês, respectivamente. Na cidade, a APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) também possui serviço gratuito de psiquiatria. O paciente que deseja atendimento deve comparecer ao Centro de Atenção Psicossocial para realizar acolhimento com o profissional.

A Rede de Atenção Psicossocial é quem realiza os atendimentos em Mauá, nos CAPS, mas há ainda uma enfermaria de Psiquiatria no Hospital Nardini, para casos com outras demandas clínicas associadas à área de saúde mental. O município possui psiquiatras, psicólogos e assistentes sociais em todos os territórios, para casos leves ou estáveis. Os CAPS contam com equipes multidisciplinares e trabalham em esquema de “porta aberta/demanda espontânea”. Os atendimentos são individuais e em grupo de acordo com o projeto terapêutico singular de cada usuário dos serviços.

A psicóloga Camila Teodoro oferece atendimento infantil e adulto, em Santo André, além do serviço de neuropsicologia. O serviço não é gratuito, mas acontece através de convênio social e de acordo com análise das questões sociais e econômicas do interessado em receber atendimento. No momento da triagem, a psicóloga analisa o caso de forma particular e avalia se é necessário algum outro tipo de ajuda. “Lembrando que especificamente no Instituto, no Centro de Santo André, trabalhamos apenas com psicólogas”, diz. Agendamentos podem ser feitos pelo telefone: (11) 91016-9191.

Quem mora em São Caetano pode procurar acompanhamento nas áreas de psiquiatria e psicologia na rede pública, que conta também com suporte de uma equipe multidisciplinar. Os serviços contam com oferta de atendimento tanto individual, quanto em grupos. A estratégia é definida a partir de um Plano Terapêutico Singular estabelecido para cada caso. Em geral, os atendimentos ocorrem preferencialmente de forma presencial, tanto nos serviços, como por meio de visitas domiciliares e, se houver necessidade, também dispõem de recursos de atendimento remoto.

Já o atendimento na rede de saúde mental em São Bernardo é realizado nas 33 Unidades Básicas de Saúde (UBS), tanto para casos leves e moderados. A média mensal de atendimento nesta área é de 17 mil, e a conduta de tratamento pode envolver atendimento individual ou em grupo, a depender de cada caso. Os CAPS também realizam acolhimento gratuito dos pacientes que buscam a unidade para demanda espontânea, com triagem das 7h às 19h.

Em Diadema, o atendimento também acontece no CAPS, que acompanha os pacientes de acordo com a demanda e encaminha com apoio da equipe multidisciplinar. A recomendação para quem busca o serviço é procurar o atendimento relatando a necessidade ou diretamente nas cinco unidades de Atenção Psicossocial (CAPSs), que possuem atendimento 24h.

Acompanhamento

Em São Bernardo, a professora aposentada Elizabeth Ferreira Cavalcante, 56, começou a passar por atendimento na cidade no ano retrasado, ainda na pandemia. Ela conta que procurou o serviço público em razão da falta de dinheiro e da necessidade de acompanhamento. “Quando começou a pandemia percebi que estava me sentindo mais triste que o comum, com umas palpitações que pensava ser crises de ansiedade. Foi quando procurei na Prefeitura um serviço que pudesse tratar disso e descobri que tinha no CAPS”, conta.

Demorou em média um mês até que Elizabeth começasse a receber atendimento gratuito na cidade. “Primeiro fui até a UBS do Alvarenga, fiz uns exames, passei pelo médico e ele me encaminhou para atendimento no CAPS para que eu tratasse essas crises. Depois que procurei passei por mais uma etapa de procedimentos até que fosse atendida, mas sigo com as ‘terapias’ até hoje, e tem me ajudado muito até mesmo em questões pessoais que vivi desses tempos pra cá”, relata.

Valorização da Vida

Para além do atendimento gratuito oferecido pelas prefeituras da região, o CVV (Centro de Valorização da Vida) também realiza um trabalho interessante na área da saúde mental, que também abrange a região. O Centro realiza apoio emocional e prevenção do suicídio com atendimento, de forma voluntária, todas as pessoas que querem conversar por telefone, chat, e-mail e voip. Para isso, basta ligar no telefone 188, buscar os postos de atendimento (clique aqui), acionar o chat (clique aqui) ou até mesmo enviar um e-mail (clique aqui).

Fonte: www.reporterdiario.com.br/noticia/3208298/abc-oferece-atendimento-psicologico-gratuito-veja-onde-buscar-ajuda/

quarta-feira, 26 de outubro de 2022

Ele já derrubou as contas de dezenas de influenciadores do Instagram. O objetivo? Chamar atenção para a prevenção ao suicídio

Eduardo Cabral, publicitário e voluntário do CVV.

Quando comecei minha vida profissional, eu romantizava aquela ideia que os anos acadêmicos haviam costurado com muita delicadeza na minha mente: de que comer pizza até tarde na agência de publicidade, entre campanhas de marca e aquela luz fria da tela, era sinônimo de ser uma pessoa competente para o mercado, família e amigos.

Inclusive, essa receita de misturar vida profissional com amigos e família, como se tudo fosse a mesma coisa – e a ideia de que, literalmente, eu era o meu trabalho –, foi o que me levou a criar certas verdades que me guiaram para um período turbulento em minha vida.

Entre reconhecimentos e grandes campanhas, me vi tentando alçar uma escalada profissional e me tornando míope aos evidentes sinais de que minha vida social, meu corpo e meu emocional me davam… Por conta disso, tive uma depressão severa e precisei lidar com minha saúde mental

Fui obrigado a tirar o pé do acelerador para entender tudo que estava prestes a desabar… Tive de parar, não por opção, mas por realmente meu corpo e minha mente terem falhado.

Enfrentei por alguns anos uma forte depressão. E a aceitação — a quebra do tabu para falar abertamente sobre tema –, assim como o tratamento, foram coisas que tive de engolir.

Aprendi muito com esse processo, comecei a valorizar outros aspectos da vida, e como poderia usar todo esse aprendizado para ajudar os outros.

Decidi que precisava devolver ao terceiro setor tudo o que havia conquistado profissionalmente

Comecei a refletir muito sobre o que eu entregava para marcas e CNPJs e o quanto eu negligenciava a saúde mental, a minha e a dos outros.

E foi a partir desta amadurecida ótica que comecei a olhar – de novo – para o terceiro setor como algo que realmente precisava integrar a minha realidade profissional e apoiar causas que fossem legítimas para mim.

Decidi usar a expertise adquirida e trabalhada no dia a dia de agência, seja com construção de marca, ativações, campanhas, ações digitais e estudo de comportamento, em prol de ONGs que carecem desta estrutura, para amplificar sua atuação, mensagem e alcance

De fato, apoiar o terceiro setor se tornou uma missão e, junto com ela, surgiram dezenas de profissionais aliados, com valores muito similares.

E, em 2019, dei o pontapé nesse projeto. Por já ter experimentado uma situação com minha saúde mental e ter pessoas da minha família que atuam como voluntários no CVV (Centro de Valorização da Vida), resolvi atendê-los no CPF e fazer coisas bacanas que dessem visibilidade, alcance e captassem doações para a organização.

Para isso, juntei-me a amigos de mercado e pessoas que se formaram comigo na faculdade e que pertencem a diferentes agências e em diferentes disciplinas — de planejadores a produtores de conteúdo, diretores de arte, jornalistas, diretora financeira, gerente de pessoas e social media. O time foi sempre diverso e potente.

O coletivo não tem um nome. Já até pensamos nisso, mas existe sempre um receio de se aproximar da imagem de um CNPJ. Quando o que somos, na verdade, é um bando de CPFs que quer fazer algo legal.

Nossa primeira ação para falar de suicídio foi derrubar a conta de mais de 80 influenciadores

Uma vez acordado com a ONG, colocamos anualmente para rodar projetos dignos de grandes verbas, que viralizaram e foram parar na televisão, na mídia impressa, no rádio e em outros meios de comunicação. Escolhemos uma pauta que nunca tinha luz. O suicídio

Com ideias de alto impacto e baixo custo (jargão que toda agência sempre tenta emplacar mostrando o quão otimizada é), fizemos nosso primeiro trabalho, de forma super enxuta.

Em 2019, derrubamos os principais arrobas do Instagram para chamar atenção para a prevenção do suicídio. Mais de 80 influenciadores toparam excluir suas contas em prol de nossa proposta.

A iniciativa se tornou notícia em dezenas de portais. Com isso, impactamos mais de 100 milhões de pessoas com uma ação que teve “zero reais” de investimento.

No ano seguinte, durante a pandemia, a saúde mental se tornou uma pauta ainda mais evidente. Apesar disso, o CVV diminuiu seu alcance, porque a maioria dos voluntários pertencia ao grupo de risco da Covid-19 — e a adaptação ao atendimento remoto foi muito difícil.

Pensando nisso, criamos — de forma 100% remota, mas com um grupo maior de voluntários –, uma ação que foi muito maior que a do ano anterior. 

Nossa ação de 2020 mostrou o que pode acontecer em 40 segundos

Lançamos, junto com o CVV, o #DESAFIODOS40SEGUNDOS, em que celebridades postavam um vídeo em suas redes sociais respondendo com “sim” ou “não” a perguntas sobre seus hábitos na quarentena.

A dinâmica, aparentemente leve, tinha duração de 40 segundos; assim que terminava, aparecia a seguinte mensagem: “Antes que você pudesse completar um desafio de internet, mais uma pessoa perdeu a vida”. Isso porque a cada 40 segundos uma pessoa morre por suicídio no mundo.

Mais de 200 influenciadores, como Ivete Sangalo, Sabrina Sato, Evaristo Costa, Fábio Porchat e Juliana Paes, toparam postar um vídeo com o desafio, gerando mais de 100 milhões de reais em mídia espontânea sem que precisássemos investir 1 real para ajudar a divulgar essa causa

Saímos em TV, rádio, dezenas de veículos, e tivemos até uma versão americana da ação, com influenciadores que impactaram outros milhões lá fora. Toda essa ação aconteceu no dia 10 de setembro, dia internacional da prevenção do suicídio.

Vazamos um “conteúdo sensível” para gerar cliques e abrir espaço para falar sobre saúde mental

Em 2021, repetimos o barulho. Com o mindset de hackear o sistema e cada vez mais atrair voluntários e, principalmente, influenciadores e parceiros, vazamos um “conteúdo sensível”.

A ideia era, através do viés cognitivo, fazer com que as pessoas clicassem nos conteúdos que o Instagram tinha “bloqueado” e que os “famosos vazaram”.

Foram mais de 100 influenciadores de peso, além de outras centenas, que variam de camgirls a pequenos criadores de conteúdo. Eles toparam postar este “conteúdo sensível” - que, na verdade, se tratava de uma mensagem de prevenção ao suicídio do CVV.

Da Xuxa ao Lázaro Ramos, cobrimos todos com informações sobre saúde mental, puxando uma conversa delicada de forma legítima e democrática.

A ideia figurou entre as mais criativas do mundo em 2021 no ranking da Contagious, um dos maiores portais de criatividade do meio. Esse foi apenas um dos reconhecimentos que mostra a potência de todos estes voluntários que dedicam seu tempo em prol de algo maior

Para este ano, pensamos uma campanha em que Sabrina Sato, Bruna Gomes e outras influenciadoras farão um publi do lançamento de uma linha de sabonetes fictícia que prometem curar agonia, solidão e até a tristeza.

Criamos um produto comum, com uma promessa absurda para poder falar sobre a solução real: acompanhamento profissional e muita escuta ativa.

A ideia é mostrar que não existe solução milagrosa ou fácil para a saúde mental. A campanha começa a ser veiculada amanhã.

Me sinto realizado de usar meu talento em projetos que, literalmente, ajudam a salvar vidas

Durante este período, também tentei ampliar a força de atuação deste coletivo para outros setores. Fizemos uma ação para a ONG Mães da Sé.

Os resultados ultrapassaram o aumento de 5000% em doações, crescimento dos canais sociais da iniciativa em mais de 70%, com participação de dezenas de influenciadores, portais e até minutos de TV aberta falando sobre a iniciativa e pedindo apoio.

Hoje, me sinto realizado de conseguir balancear trabalho duro para marcas e para o terceiro setor. Esta é a forma que encontrei de retornar para a sociedade aquilo que tenho de melhor: meu talento

Entendo que tudo isso nasceu do meu processo e valores. E eles seguem pulsando e me mantendo afiado e alinhado a pessoas tão incríveis, que toparam embarcar nessa comigo e se dedicar a projetos que podem, literalmente, salvar vidas!

Eduardo Cabral é diretor de planejamento da WMcCann, pela CommonWealth, unidade que atende globalmente a General Motors. Tem passagem por agências como Africa, Ogilvy Brasil, DM9 e SunsetDDB, dentre outras.

Fonte: www.projetodraft.com/ele-ja-derrubou-as-contas-de-dezenas-de-influenciadores-do-instagram-o-objetivo-chamar-atencao-para-a-prevencao-ao-suicidio/