Mais de 40 suicídios nos primeiros seis meses
A depressão é a grande causadora
do suicídio que, em Macau, atinge mais os residentes do que aqueles que
vêm de fora. Prevenção foi, ontem, a palavra que mais se ouviu numa
conferência em que a Comissão de Saúde Mental divulgou os números deste
ano.
O suicídio pode prevenir-se. Foi nesta
tecla que Ho Chi Weng, presidente da Comissão de Saúde Mental, bateu
vezes sem conta, ontem, durante uma conferência de imprensa em que se
avançaram números e causas para este alarmante fenómeno.
Os que mais põem fim à vida são
residentes, afirmou ontem Ho, baseando-se nos dados que a comissão tem
vindo a recolher desde 2005 e que indicam que os habitantes locais
constituem 83,3 por cento dos suicídios. Os restantes 16,7 por cento
dizem respeito a não residentes.
Nos primeiros seis meses de 2011
registaram-se 42 casos de pessoas que puseram termo à vida. Já desde
2001 que não se registavam números tão altos, de acordo com os dados
fornecidos pela comissão. No entanto, os números disponibilizados de
2001 a 2011 apenas dizem respeito ao primeiro semestre de cada mês, não
indicando valores totais. Assim, na primeira metade de 2008 foram
registados 38 casos, em 2009 foram 40 e em 2010 caíram para 32. A
tendência parece afectar mais os homens que as mulheres (dos 42 casos
deste ano, 33 eram do sexo masculino) e também atinge jovens – este ano,
segundo as contas da comissão, um rapaz de 15 anos optou por morrer.
As depressões são as grandes motivadoras
do suicídio em Macau, diz Ho. Estas, por sua vez, são desenvolvidas por
questões de isolamento, problemas sociais e familiares. Dívidas de jogo
ou pressão nas escolas não foram razões mencionadas.
O que fazer, então, para prevenir as
fatalidades? Criar mais serviços de apoio, nomeadamente serviços de
aconselhamento psicológico. Além disso, é também necessário desenvolver
acções de formação sobre a identificação precoce de doenças
psiquiátricas e efectuar acções de sensibilização nas escolas para a
prevenção do suicídio. Formação sobre a saúde mental para médicos, apoio
a instituições privadas que prestem auxílio neste campo e serviços de
consulta nos centros de saúde são outras medidas recentemente
implementadas. O médico lembra ainda a criação, em 2005, do sistema de
vigilância de ferimentos auto-infligidos nos Serviços de Urgência do
Centro Hospitalar Conde de São Januário e do Hospital Kiang Wu.
Nos últimos meses, diversas notícias têm
surgido dando conta de suicídios em Macau; no entanto, não é frequente
que os corpos se façam acompanhar por notas de suicídio ou outros
indícios que permitam afastar, de imediato e sem investigações mais
aprofundadas, a possibilidade de ter havido mão criminosa na origem da
morte.
Sábado assinala-se o Dia Mundial de
Prevenção do Suicídio, que este ano tem como lema “Prevenindo o suicídio
em sociedades multiculturais”. A Comissão de Saúde Mental apela à
participação da população no gesto simbólico de acender, às 20h, uma
vela nas janelas. I.S.G.
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