quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Suicídio em Macau

Mais de 40 suicídios nos primeiros seis meses

A depressão é a grande causadora do suicídio que, em Macau, atinge mais os residentes do que aqueles que vêm de fora. Prevenção foi, ontem, a palavra que mais se ouviu numa conferência em que a Comissão de Saúde Mental divulgou os números deste ano.

O suicídio pode prevenir-se. Foi nesta tecla que Ho Chi Weng, presidente da Comissão de Saúde Mental, bateu vezes sem conta, ontem, durante uma conferência de imprensa em que se avançaram números e causas para este alarmante fenómeno.

Os que mais põem fim à vida são residentes, afirmou ontem Ho, baseando-se nos dados que a comissão tem vindo a recolher desde 2005 e que indicam que os habitantes locais constituem 83,3 por cento dos suicídios. Os restantes 16,7 por cento dizem respeito a não residentes.

Nos primeiros seis meses de 2011 registaram-se 42 casos de pessoas que puseram termo à vida. Já desde 2001 que não se registavam números tão altos, de acordo com os dados fornecidos pela comissão. No entanto, os números disponibilizados de 2001 a 2011 apenas dizem respeito ao primeiro semestre de cada mês, não indicando valores totais. Assim, na primeira metade de 2008 foram registados 38 casos, em 2009 foram 40 e em 2010 caíram para 32. A tendência parece afectar mais os homens que as mulheres (dos 42 casos deste ano, 33 eram do sexo masculino) e também atinge jovens – este ano, segundo as contas da comissão, um rapaz de 15 anos optou por morrer.

As depressões são as grandes motivadoras do suicídio em Macau, diz Ho. Estas, por sua vez, são desenvolvidas por questões de isolamento, problemas sociais e familiares. Dívidas de jogo ou pressão nas escolas não foram razões mencionadas.

O que fazer, então, para prevenir as fatalidades? Criar mais serviços de apoio, nomeadamente serviços de aconselhamento psicológico. Além disso, é também necessário desenvolver acções de formação sobre a identificação precoce de doenças psiquiátricas e efectuar acções de sensibilização nas escolas para a prevenção do suicídio. Formação sobre a saúde mental para médicos, apoio a instituições privadas que prestem auxílio neste campo e serviços de consulta nos centros de saúde são outras medidas recentemente implementadas. O médico lembra ainda a criação, em 2005, do sistema de vigilância de ferimentos auto-infligidos nos Serviços de Urgência do Centro Hospitalar Conde de São Januário e do Hospital Kiang Wu.

Nos últimos meses, diversas notícias têm surgido dando conta de suicídios em Macau; no entanto, não é frequente que os corpos se façam acompanhar por notas de suicídio ou outros indícios que permitam afastar, de imediato e sem investigações mais aprofundadas, a possibilidade de ter havido mão criminosa na origem da morte.

Sábado assinala-se o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, que este ano tem como lema “Prevenindo o suicídio em sociedades multiculturais”. A Comissão de Saúde Mental apela à participação da população no gesto simbólico de acender, às 20h, uma vela nas janelas. I.S.G.


pontofinalmacau - 8set2011
fonte: http://pontofinalmacau.wordpress.com/2011/09/08/mais-de-40-suicidios-nos-primeiros-seis-meses/

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