O médico psiquiatra e professor da Faculdade de Medicina da Unesp (câmpus de Botucatu), José Manoel Bertolote, foi escolhido para receber, dia 16 de setembro, em Pequim, China, um prêmio da International Association for Suicide Prevention (IASP), como forma de reconhecimento pelos trabalhos que tem realizado na prevenção do suicídio. A honraria, entregue a cada quatro anos e a qual concorrem especialistas do mundo todo, é a mais importante da área.
Professor Bertolote foi indicado ao prêmio pela contribuição de seus trabalhos na prevenção do suicídio nacional e internacionalmente. É a primeira vez que um cientista latino-americano é contemplado. “Esse prêmio é o reconhecimento por um trabalho que, acreditam os membros da comissão que outorgou o prêmio, mudou a forma de se fazer prevenção ao suicídio no mundo todo”, disse.
O premiado trabalhou durante 20 anos como coordenador da equipe de gestão de transtornos mentais da Organização Mundial da Saúde (OMS). Ele encerrou sua colaboração formal em 2008, mas continua como consultor do órgão.
Durante o período em que atuou na OMS, Bertolote iniciou um processo de mapeamento em várias regiões do planeta, que deu origem a uma documentação epidemiológica sobre a incidência de suicídio no mundo. Esse banco de dados estatístico, que é atualizado permanentemente até hoje, resultou em propostas de intervenção baseadas em evidências – com a participação de especialistas e comissões de assessores/peritos - e no desenvolvimento de metodologias de atendimento para impedir tentativas de suicídio. O especialista teve manuais de sua autoria traduzidos para mais de 60 idiomas.
O suicídio no mundo e no Brasil
Atualmente, são registradas 900 mil mortes/ano no mundo, por suicídio e a organização mundial de saúde (OMS) estima que, de acordo com as tendências mundiais, em 2020 aproximadamente 1,53 milhões de pessoas morrerão por suicídio, sendo que um número de 10 a 20 vezes maior tentará o suicídio. Isso representa um caso de morte por suicídio a cada 20 segundos e uma tentativa de suicídio a cada 1 a 2 segundos (Bertolote e Fleishmann, 2002). Esses números mostram que, mundialmente, mais pessoas morrem por suicídio do que por todas as outras causas externas juntas (guerras, homicídios e acidentes). Cerca de 49% das mortes por causas não naturais são de pessoas que tiram a própria vida.
No Brasil, a taxa média de suicídio fica em torno de 8 por 100 mil habitantes – índice considerado relativamente baixo pela OMS.
Contudo, em virtude do tamanho de sua população, o Brasil está entre os 10 países com mais casos de suicídio no mundo. Aproximadamente 3% dos casos de morte entre os jovens brasileiros é o suicídio. “O que mais chama atenção nos dados brasileiros é o aumento da taxa de suicídio na população jovem", informa Bertolote. "Embora a partir de 1980 taxas globais de suicídio no Brasil tenham aumentado de 25%, no mesmo período o aumento foi de 300% entre as mulheres com 15 a 24 anos de idade e de 2.000% entre os homens da mesma faixa etária. "Estratégias preventivas direcionadas a essa população são vitais para estancar esse processo”, conclui Bertolote.
Leandro Rocha - Assessoria de Comunicação e Imprensa
15/09/2011 :: http://www.fmb.unesp.br/noticia_detalhes.php?vID=1881
PS.:
Outras áreas de pesquisa do autor premiado:
. sobre seu trabalho na área de álcool e drogas.
. sobre o crack, especificamente.
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