Destaque no painel “Comunicação como processo de valorização da vida”, André Trigueiro, professor do Departamento de Comunicação Social da PUC-Rio e jornalista da Globo News, levantou questões sobre “ecocídio” e suicídio.
André Trigueiro frisou em seu discurso que é necessário uma prevenção do suicídio. O jornalista chamou a atenção pro fato de ter, em média, 1 milhão de mortes por ano e essas estatísticas aumentam na faixa etária de 21 anos. E para cada caso consumado, um grupo de 5 ou 6 precisam de ajuda. A OMS pede urgência para jornalistas não omitirem casos de suicídio da mídia, mas terem sempre cuidado ao abordar este tema para que não seja absorvido pelo público como uma sugestão, pois o suicídio já um caso de saúde pública no Brasil e no mundo.
Outro ponto muito explorado por Trigueiro foi o “ecocídio”. Para ele não é possível falar de comunicação e vida sem falar deste risco: “As escolhas que nossas civilizações fazem, determinam o risco do apagão da vida”. O jornalismo deve ser usado tanto para informar coisas benéficas como para fazer denúncias, mas não deve focar apenas no sensacionalismo e nem mostrar abusadamente imagens de tragédias: “Isso pode ser considerado crime de lesa-planeta”.
Outro integrante da mesa desta manhã, Joel Birman, professor do Instituto de Psicologia da UFRJ, quando questionado pelos participantes, disse que uma das possíveis causas do suicídio é o declínio da autoestima, devido ao não reconhecimento do sujeito.
Para Birman, a perda da autoestima que geralmente é ligada a uma perda impossível de ser suportada. Mas ele destaca que apesar dos sinais que esta dor provoca, é preciso muita sensibilidade para interpretar a possibilidade desta pessoa se matar, pois isso é um ato inesperado.
Ainda sobre esse assunto, ele percebe que os jovens de todas as classes sociais têm, hoje em dia, uma grande falta de autoestima. Isso ocorre por que eles fazem parte da parcela que está menos inserida no mercado de trabalho. Este não reconhecimento social e simbólico que os jovens estão fadados pode gerar uma série de problemas e o suicídio é um deles.
Birman também fez uma contextualização sobre a impotência do ser humano e a necessidade de transformar sinais em símbolos para traduzir as reações naturais do corpo. Para ele, o organismo humano possui a necessidade da oferta de um ato de amor para que haja a restauração da sua inquietude. O conforto é visto pelo professor como sinal de duas coisas: experiência básica de satisfação e princípio do prazer. Este acolhimento esperado é o reconhecimento da condição de sujeito. Sem isso, o organismo humano tenderia à morte.
Trigueiro disse, ainda, que a função do comunicador, hoje, é estratégica em denunciar o que está errado e comunicar iniciativas em favor da vida. "Também não adianta derramar sobre os jovens toda a desgraça, por que isso vai desarmar toda a sua capacidade criativa de buscar soluções". Para Trigueiro, reportar a crise significa "instigar principalmente os jovens na busca de soluções", sugeriu.
Fonte: Camila Santos e Revista Missões
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