Portugal tem um Plano de Prevenção de Suicídios nas Forças de Segurança desde outubro de 2008.
Da notícia abaixo transcrita devemos chamar a atenção para o fato da existência da "linha verde" - um serviço de atendimento telefônico tal como os do CVV, no Brasil.
Outro fato digno de nota é a atitude de se debater publicamente a incidência do suicídio nas forças de segurança e as medidas que se vem tomando para diminuir-lhe os índices.
Ressalta-se também o permanente estado de vigilância dos profissionais da saúde para atender os policiais, que fragilizados, precisam de tratamento especializado.
Enfim, exemplos digno de cópia.
PSP: Gabinete de Psicologia vai alargar serviços ao Porto, Faro e Covilhã
Lisboa, 27 Fev (Lusa) - O Gabinete de Psicologia da PSP, cujo número de consultas duplicou nos últimos cinco anos, vai alargar "em breve" os serviços ao Porto, Faro e Covilhã, revelou à Lusa o director do serviço.
Desde que foi criado em 2001, o Gabinete de Psicologia, instalado em Belas, tem vindo a aumentar o número de consultas aos agentes, passando de 1.336 em 2002 para 3.209 em 2007, disse à agência Lusa o director do serviço, Fernando Passos.
Este aumento é justificado por Fernando Passos com o alargamento das consultas de psicologia aos comandos de Lisboa, Setúbal e na Escola Prática de Polícia, em Torres Novas.
"Numa fase inicial há sempre um receio, que já foi ultrapassado. Actualmente já há um número substancial de pessoas que recorrem aos nossos serviços voluntariamente", sublinhou o responsável.
Há outros casos que são encaminhados pelos comandos de polícias, pelas chefias ou pelos médicos que trabalham na instituição, acrescentou.
Fernando Passos anunciou à Lusa que em Março vão começar a ser dadas consultas nos Serviços Sociais da PSP em Lisboa, cujas instalações já estão prontas e vão congregar três áreas: Assistência Social, Psicologia e Medicina.
Para "breve" está também a descentralização dos serviços para outras regiões do país, uma reivindicação antiga dos sindicatos representativos dos profissionais, que defendem a criação de um gabinete de psicologia nos comandos distritais.
"Neste momento já há autorização superior para termos profissionais a atender no Porto, Faro e Covilhã", frisou o responsável.
As consultas de psicologia da PSP são apoiadas por uma linha verde que funciona 24 horas por dia e que, segundo Fernando Passos, é "uma aposta ganha" com cerca de 1000 chamadas por ano.
A GNR também tem desde o passado dia 08 de Outubro uma linha verde para prevenir suicídios, que já recebeu cerca de 20 pedidos de auxílio, além de outros serviços para apoiar militares como as equipas de gestão de incidentes críticos.
Em declarações à agência Lusa, o major Ilídio Canas, responsável pelo serviço da GNR, adiantou que "uma medida desta, além de ser preventiva, acaba também por ter um efeito de retaguarda importante".
"As pessoas podem ficar mais tranquilas pelo facto de saberem que têm alguém disponível para as ouvir, o que tem um efeito tranquilizante", disse, sublinhando: "se conseguirmos salvar uma pessoa já é uma vitória muito grande".
O Plano de Prevenção de Suicídios nas Forças de Segurança, apresentado no final de Outubro, revela que a taxa média de suicídio na PSP e na GNR nos últimos cinco anos foi ligeiramente inferior à registada na sociedade civil, que corresponde a 11,7 casos por cada 100 mil habitantes.
A maioria dos 54 elementos que se suicidaram na última década utilizaram armas de fogo e 67 por cento dos suicidas tinham idades entre 23 e 35 anos, refere o documento.
O Major Ilídio Canas adiantou à Lusa que este ano já se registou um suicídio em Coimbra com arma de fogo.
No passado fim-de-semana também um agente da PSP da Madeira se suicidou na sua residência. Este agente, de acordo com o Comando Regional da PSP na região, já tinha apoio psicológico desde há muito tempo.
A prevenção do suicídio também tem sido uma preocupação para o Sindicato dos Profissionais de Polícia (SPP/PSP) que criou em 2001 um Gabinete de Apoio Psicológico que atende semanalmente cerca de 20 agentes e familiares.
A coordenadora do gabinete, a psicóloga Sandra Coelho, adiantou que, de um modo geral, os pedidos de ajuda têm sido "mais bruscos e têm aumentado bastante".
"Quando chegam aqui já são trazidos por amigos ou colegas próximos e já apresentam sintomas de stress persistentes, as características da personalidade alteradas, com ideias mais obsessivas e obstinadas em determinadas situações", disse a psicóloga.
Para Fernando Passos cabe à PSP fazer com que haja acompanhamento dos factores de risco para evitar o problema do suicídio.
"É do domínio público que a polícia tem tido ao longo dos anos casos de suicídio. Felizmente no ano passado foram em número bastante diminuto [um], bastante abaixo da média nacional de suicídios", sublinhou.
O director do Gabinete de Psicologia lembrou que até aos anos 80 a concepção era que a PSP era uma das profissões com maior stress, e continua a ser, mas que se devia a factores específicos inerentes à função policial.
"Actualmente, as coisas são um pouco diferentes e a nossa prática verifica que os riscos inerentes à profissão são factores precipitantes de problemas de saúde mental nos polícias", mas o que se assiste é que tem de haver "um bom equilíbrio entre o meio profissional e o meio familiar".
HN.
http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?article=329008&visual=26
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