Drauzio Varella, além de escritor e apresentador de quadros de orientação médica na televisão, é pesquisador e mantém um site sobre temas (e objetos de interesses) diversos.
Na seção de entrevistas ele debate o suicídio com a Dra. Alexandrina Meleiro, médica do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo.
Uma das perguntas remete aos antidepressivos, motivo deste post. Ele pergunta:
Como funcionam os neurotransmissores no cérebro de uma pessoa normal e que tipo de alterações podem levar a uma patologia como o suicídio?
Em síntese, os antidepressivos atuam aumentando os níveis de neurotransmissores (serotonina e noradrenalina), o que evitará o risco do suicídio nas seguintes condições:
1) Caso o paciente consiga tomar a medicação regularmente, pois são necessários 10 (dez) dias, no mínimo, para o remédio fazer efeito;
2) Caso "a família e a equipe médica estejam alerta porque permanece o risco de o paciente atentar contra a própria vida".
É acrescentada, ainda, a seguinte informação:
A "normalização da função cerebral em relação aos neurotransmissores" somente se dará após a medicação ter sido tomada durante 30 dias.
É fundamental, pois, os antidepressivos na prevenção do "risco suicida".
Para ler a entrevista completa, clique aqui.
Como complemento e atento ao título do post, segue na íntegra, notícia de um estudo sobre os depressivos:
Antidepressivos não induzem a suicídio, diz estudo
20 de julho de 2004
Pacientes tratados com medicamentos antidepressivos correm maior risco de cometer suicídio nos primeiros dias da terapia, mas o risco é similar para qualquer dos medicamentos mais usados, disse um estudo publicado hoje. A pesquisa acrescenta que o risco do suicídio deve ser atribuído à própria depressão subjacente, não aos medicamentos.
O estudo, publicado na edição desta semana da Journal of the Amercan Medical Association (Jama), foi feito para descobrir se os chamados inibidores seletivos de recaptação de serotonina -- entre os quais os mais vendidos são o Paxil e o Prozac -- causam mais propensão ao suicídio do que outros medicamentos que melhoram o humor.
Esses medicamentos aumentam a quantidade de serotonina, uma substância ligada à depressão e à ansiedade, no cérebro. Casos de pacientes que se mataram durante o tratamento já chegaram aos tribunais, e há especial preocupação com seu impacto junto a adolescentes.
Os pesquisadores da Universidade de Boston examinaram os dados de quase 160 mil usuários de antidepressivos na Inglaterra entre 1993 e 99. Os quatro medicamentos usados foram a fluoxetina (Prozac), a paroxetina (Paxil), a amitriptilina e o dotiepina. Os dois últimos são parte de uma classe mais antiga de antidepressivos, os tricíclicos, que também atuam sobre as células nervosas do cérebro.
O grupo relatou que o comportamento suicida não-fatal é quatro vezes mais provável de ocorrer nos primeiros dez dias do tratamento com qualquer dos medicamentos, e três vezes mais provável nos 19 dias seguintes, do que para pacientes tratados durante três meses.
"Associações similares estavam presentes em todas as quatro drogas estudadas", disse a pesquisa. "Achamos que a explicação mais provável para esta conclusão é que o tratamento contra depressão pode não ser imediatamente efetivo, então há maior risco de comportamento suicida nos pacientes recém-diagnosticados e tratados do que naqueles tratados por mais tempo", disseram os autores.
"Também é possível que esta observação reflita o fato de os pacientes começarem a tomar antidepressivos quando sua depressão, que normalmente flutua com o tempo, está no seu pior momento", disseram eles. "Não podemos excluir o que achamos ser uma menor possibilidade, ou seja, que o próprio medicamento 'cause' a piora rápida da depressão, portanto levando ao comportamento suicida."
A FDA (órgão dos EUA que regulamenta remédios) determinou neste ano que os fabricantes de dez antidepressivos incluam nas embalagens alertas recomendando observação atenta de adultos e crianças para o caso de piora da depressão e surgimento de tendências suicidas.
Os autores disseram ainda que, "com base em informações limitadas", nada leva a crer que os medicamentos tenham efeitos diferentes entre adolescentes de 10 a 19 anos, mas reconheceram que seu estudo não é conclusivo nesse aspecto.
A Universidade de Boston disse que o estudo foi financiado com seus próprios recursos, e não com verbas dos fabricantes dos medicamentos.
Nota
Muito embora o tema não seja sobre o Drauzio Varella, ele merece posar no post, seja por sua pergunta inteligente, seja pelo conjunto de sua obra, mas principalmente pelas suas ações em favor da vida.
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