terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Os que sobrevivem ao suicídio de alguém...

Sobreviventes, família e amigos lidam com a dor


Carina Reis
creis@jj.com.br

Família e amigos também são afetados diretamente pelo autoextermínio. De acordo com a psiquiatra Maria Cristina de Stefano, autora do livro “Suicídio: A Epidemia Calada”, cada suicídio acarreta um sofrimento intenso em pelo menos quatro pessoas ao redor. “O que pode levar a depressão desses sobreviventes. O mais difícil para quem fica é entender que não tem culpa e conseguir superar a morte dessas pessoas”, afirma.

A psiquiatra viveu na pele essa sensação, quando seu filho, de 32 anos, optou pela morte em 2012. “Ele era muito fechado e ninguém entendeu. Só quando eu li seus diários é que compreendi o quão prejudicado seu estado mental estava. Mas não pude ajudar. O processo de superação é lento e doloroso, para mim e para meu outro filho, mas precisa ser superado.”

Segundo ela, é comum que a pessoa desestabilizada comece um processo de despedida antes de cometer o ato. “Ele inicia uma série de despedidas e nessas ocasiões até faz pequenas brincadeiras, supostamente sem intenção, dizendo ‘vim visitá-lo porque não sei se estarei vivo amanhã’. Em geral nós tendemos a levar essas frases na brincadeira. E nem sempre é.”

Nesse caso, a orientação da médica é perguntar se a pessoa está bem, se aconteceu alguma coisa para pensar assim, se precisa de ajuda.

Maria Cristina explica que o questionamento é, na verdade, uma proteção posterior para o próprio familiar. “Pode não ser o suficiente para impedir o suicídio, mas sim para que, caso aconteça, esse familiar ou amigo não se sinta culpado por não ter levado a sério.” Em sua experiência, ela destaca dois estágios em um paciente: aquele que tem a ideia de tirar a própria vida e aquele que já está planejando como fazê-lo.

Fonte: www.jj.com.br/noticias­23426­sobreviventes­familia­e­amigos­lidam­com­a­dor

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