quarta-feira, 29 de abril de 2015

O alerta em Portugal já ocorreu. E no Brasil, como andam nossos militares?!

Mais 15% dos GNR pensaram em suicídio. Associação exige medidas urgentes

"Não existe qualquer sensibilização para a questão da prevenção do suicídio" e esta é "uma população de risco", adverte a APG/GNR

Mais de 15% dos militares da GNR admitem ter pensado em suicidar-se por causa da profissão, indica um estudo. A Associação dos Profissionais da Guarda (APG/GNR) exige medidas urgentes de prevenção.

De acordo com um estudo realizado por duas médicas psiquiátricas do Centro Hospitalar de Leiria, avançado na edição desta segunda-feira do jornal i, 6,7% dos guardas confessaram já ter tentado pôr termo à vida e 35% procuraram ajuda psicológica.

Um total de 13% já tiveram diagnóstico de patologia psiquiátrica e a maioria conhece pelo menos um colega que já tentou o suicídio.

Mais de 81% dos militares da GNR afirmam ter sentido "desalento e desânimo" devido ao excesso de trabalho e à relação com as chefias.

Para o estudo, intitulado "Prevenção do Suicídio", responderam 1.100 militares da GNR, sob anonimato, entre 3 de Fevereiro e 15 de Março.

Prevenir antes que o pior aconteça

A Associação dos Profissionais da Guarda (APG/GNR) defende a criação, com urgência, de um plano de prevenção do suicídio na GNR que seja eficaz e contemple formação e consciencialização das chefias.

"A APG/GNR sublinha a importância de uma maior sensibilização para a problemática do suicídio e para as situações de risco, devendo, com urgência, ser implementado um plano de prevenção eficaz, que nunca o poderá ser verdadeiramente se não existir formação e consciencialização das chefias para esta questão", refere a associação mais representativa da GNR, em comunicado.

A Associação dos Profissionais da Guarda refere que colaborou no estudo, uma vez que, na corporação, "não existe qualquer sensibilização para a questão da prevenção do suicídio" e esta é "uma população de risco".

"Os números não poderiam ser mais esclarecedores e ilustram a inevitável realidade de numa instituição que tem descurado este problema e não tem agido de forma eficaz, ao contrário do que sucede nos outros países da Europa, em que há a preocupação de prevenir, estudar, mapear casos de risco e tentar intervir atempadamente, antes que o pior aconteça", adianta a APG.

Segundo esta associação, o facto de a GNR "ser extraordinariamente fechada, hierarquizada e militarista", faz com que muitos tentem "escamotear o que sentem com receio de falharem profissionalmente, com as consequentes represálias disciplinares e de algum tipo de segregação".

A APG considera também que estes resultados merecem "uma intervenção urgente", tendo em conta que 69% dos militares afirma sentir que "o trabalho os afecta psicologicamente, apontando a carga horária e a relação com as chefias como principais motivos".

A Associação dos Profissionais da Guarda refere ainda que o Ministério da Administração Interna deve agir com celeridade, recordando que a esmagadora maioria dos suicídios ocorreu no local de trabalho, com a arma de serviço.

Nos últimos 14 anos, 60 militares da Guarda Nacional Republicana puseram termo à vida.

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