Com o titulo “Arquitetura segura – uma reflexão para o futuro”, no dia 12 de agosto, aconteceu um simpósio na nossa Universidade do Estado, coordenado pela Vice-Reitoria.
A UERJ é Pela VIDA, constatamos no hall dos elevadores: “Torre Eiffel. 370 pessoas se suicidaram de 1898 até 1971. Foram colocadas grades protetoras.”
O suicídio nos chamou a atenção por causa de nossa linha de pesquisa. No segundo quartel da década de 1960 começamos a trabalhar com um agente etiológico de uma doença infecciosa respiratória letal para crianças não vacinadas. A morte de uma criança pela paralisia do diafragma e miocardite deixa qualquer um perplexo. Foi assim que fiquei posteriormente ao ler “Aspectos médico-sociais das tentativas de suicídio de crianças por ingestão de produtos químicos, J. Ped., 43: 152-156, 1977.” O alcoolismo estava presente na vida dos pais.
A última atividade do simpósio foi sobre “plantas tóxicas”. Embora, perfumadas e belas são perigosas como as mentes que não possuem sensibilidade.
Comentando suicídio, arquitetura e comportamento, o professor Marcelo Tavares, UNB, chamou a atenção de que ‘Notre Dame é uma gaiola. Você não percebe porque a beleza permaneceu, mesmo depois de executada medida preventiva."
"Empire States (Nova Iorque). De 1931 a 1947 ocorreram diversos suicídios até a colocação de cerca ao redor do observatório."
Por que as crianças se suicidam? Até entendia as razões do adulto, mas compreender tentativas de suicídio de crianças por ingestão de produtos químicos era “over-dose”. Fui à luta e escrevi sobre isso, em dezembro de 1981, no Reformador, 99(1833): 387-392 e estou nela até hoje.
Existem homens capazes de resistir a desgraças horríveis enquanto outros se suicidam depois de aborrecimentos ligeiros. Seria importante investigar a causa desta fragilidade/resistência e o que contribui para essa estrutura maior ou menor, em termos de inteligência emocional e espiritual. Interessante anotar que é nas épocas em que a vida é menos dura que as pessoas a abandonam com mais facilidade, o que fez o psiquiatra Miguel Chalub (O Globo, 12-5-1979), lembrar que em situações altamente dramáticas, como nos campos de concentração, o número de suicídios é bem pequeno.
O professor Tavares da UNB comentou que para ganhar a liberdade o indivíduo atravessa a barreira de arame farpado, mas, para morrer, ele exige alguma gratificação, não quer sentir dor.
Reichstag (Berlim). Novas barreiras de segurança e aumento do efetivo policial para evitar os freqüentes suicídios que ocorrem da sua cúpula.
Na UERJ, Neury José Botega, professor da faculdade de medicina na UNICAMP lecionou Epidemiologia e Prevenção e nos fez pensar com números. Disse que “pela primeira vez no Brasil se discute 'Arquitetura Segura'”. Dizendo ainda que houve aumento de suicídios (17%) no Brasil, nos últimos 10 anos, informou que registramos 25 suicídios por dia, mas esse número deve ser 20% maior. Num acidente que ocorre com ônibus a morte de 25 passageiros sairia na primeira página de jornal, mas 25 suicídios não são noticiados. Indicou o Mapa da Violência 2011 e nos pediu para não deixar de pensar no suicídio da população indígena, que está ligado aoalcoolismo.
Botega ensinou como se faz prevenção universal (população geral); seletiva (de risco mais elevado) e indicada (alto risco). Na população geral a conscientização e a redução de acesso aos meios letais são importantes. Há risco mais elevado na presença de doenças mentais (alcoolismo, transtorno bipolar) que devem ser tratadas. Não esquecer adolescentes grávidas e epilepsia. Uma tentativa é o principal fator de risco. Há alto risco e devemos seguir os que já tentaram, incentivando a continuar o tratamento. O telefonema ajuda muito.
Alguns manuais são fundamentais.
Discutir o suicídio e oferecer informações adequadas são procedimentos importantes para a prevenção.
A OMS deve ser visitada. Vejam, entre outros, o manual em português para professores e educadores.
Como oferecer orientações sobre como abordar o suicídio na imprensa, preservando o direito à informação e colaborando para a prevenção? A resposta existe e merece ser examinada, portanto vamos nos utilizar da ABP Editora, que fez um manual dirigido ao profissional de imprensa.
Veja um manual para profissionais de Saúde em ATENÇÃO PRIMÁRIA para prevenção do suicídio.
http://www.cvvnovohamburgo.org.br/apoio-emocional.html?gclid=CL7KrdKj0qoCFUh_5godbxJ5MA
Divida com a gente. Então, se você tem sentido vontade de conversar com alguém, ligue para o CVV. Nós temos todo o tempo do mundo para saber como vai você.
O CVV é um serviço de apoio emocional gratuito e sigiloso, disponível 24h por dia, 365 dias por ano, a todas as pessoas que estejam querendo conversar.
Lista de contatos e endereços dos Postos CVV em todo o Brasil.
Em outubro de 2011, pretendemos estar no III Seminário de Prevenção do Suicídio da UERJ. Estudaremos os“Aspectos sociais e culturais na compreensão e prevenção do suicídio. Nestes dias teremos peça teatral como atividade complementar: “A história do homem que ouve Mozart e da moça do lado que escuta o homem.”
Na UERJ funciona um Núcleo Espírita Universitário (NEU) http://neu-uerj.zip.net/ norteado pelas pesquisas e obras de Allan Kardec
Com metodologia científica o pesquisador francês conseguiu demonstrar que a morte do corpo não mata a vida, fazendo do suicídio um ato estúpido
Aquele médium com “talento extraordinário” chamou-me a atenção e fui observar de perto
Em Uberaba, impressionou-me o sofrimento e a expectativa daquelas mães esperando a comunicação, como Nair Belo. Chico Xavier tinha um limite e psicografava “poucos”, durante cada reunião.
Qual o critério utilizado pela espiritualidade para a escolha das mães privilegiadas?
Um amigo disse-me já ter feito a pergunta. Fora informado de que o critério era a profundidade da dor na alma, aquela que poderia levar ao suicídio.
Com Chico Xavier aquelas mães acabavam concordando que a morte é apenas uma mudança de estilo de vida.
Investigações sistemáticas passaram a demonstrar que pessoas religiosas não eram sempre neuróticas ou instáveis e que indivíduos com fé religiosa profunda, na realidade pareciam lidar melhor com estresses da vida, recuperar-se mais rapidamente de depressão e apresentar menos ansiedade e outras emoções negativas que as pessoas menos religiosas
O suicídio, ato isolado, não pode ser politicamente blindado e de algum modo repercute no trabalhador. Uma funcionária que escutou o barulho, ao olhar pela janela foi parar no hospital com crise hipertensiva, nos informou o médico João Luiz Clara André do DESSAUDE, que tem, como vocação, a prevenção/promoção da saúde dos trabalhadores da UERJ.
O professor Marcelo Tavares comentou que nossa cultura não foi preparada para lidar com o sofrimento psíquico grave e "relatou o caso específico de um grande shopping de uma capital, onde o suicídio era freqüente. Descreveu o problema, a intervenção arquitetônica realizada e seus efeitos."
O NEU tem procurado, mesmo que de forma imperfeita, colaborar nessa discussão.
"UERJ (Rio de Janeiro). De 1989 até 2011 (agosto) foram 11 suicídios. Estamos trabalhando para mudar esse quadro."
(*) Texto enviado, como retroalimentação, à Vice Reitoria da UERJ, pelo Prof. Dr. Luiz Carlos D. Formiga, Aposentado, Faculdade de Ciências Médicas, participante.