quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Duas cartilhas, uma mensagem de alento!

Enquanto houver sol, ainda há de haver saída...

 Zelia Maria Bonamigo
Jornalista e Antropóloga
zeliabonamigo@uol.com.br

“Teve um momento e­m que, após ter testado positivo para a Covid-19, e de ter ficado bem ruim, achei que seria o fim. Você não imagina como é quando o ar não vem, e a gente precisa ser entubado, com risco de morrer. E o pior foi que, além disso, me lembrei de que estava brigado com meu pai, me sentia tão triste, mas tão sem chão, que cheguei a procurar suicídio. E diante da ameaça de morte pelo vírus, percebi que eu ainda poderia lutar para ficar bem com meu pai, e vencer os demais problemas em vez de buscar o suicídio, porque me dei conta de que, mesmo quando parecia não haver saída, haveria uma saída”.

O depoimento desse jovem, nominado aqui João Batista, me fez buscar estatísticas de suicídios. Nas Américas, por exemplo, segundo dados da OPAS – Organização Pan-Americana de Saúde, cerca de 100 mil pessoas se suicidam anualmente. Conforme dados de 2016, são mais praticados por homens (em 78% dos registros), entre 25 e 44 anos (36%); e de 45 a 59 anos (26%).

Em Santa Catarina, conforme o Ministério da Saúde, 400 pessoas já morreram por suicídio em 2020. A maior parte das vítimas eram homens entre 20 e 59 anos. Os que tentaram e não morreram foram 2.678, destes, 764 jovens entre 20 e 29 anos.

Renato Oliveira e Souza, chefe da Saúde Mental e Abuso de Substâncias da OPAS, considera fundamental que a prevenção do suicídio seja um trabalho conjunto. E você me pergunta: “Como assim? Porque eu não saberia o que fazer quando percebesse, antecipadamente, que uma pessoa quer se suicidar”. Ah, você saberá, sim, depois que ler os itens a seguir, que são elencados pelos CVV – Centros de Valorização da Vida (Ligue 188), que fazem atendimentos voluntários 24 horas, gratuitos e sigilosos:

a) ofereça escuta ativa, aquela que realmente dá o tempo para a pessoa se expressar, conforme for se sentindo à vontade.

b) diante da manifestação da pessoa estar depressiva ou dizer que a vida não tem jeito, por estar cheia de problemas, jamais a reprima dizendo “não faça isso, é pecado”. Escute-a, ajude-a, ofereça ajuda e suporte profissional.

Não conhece os sinais de alerta? A OPAS lembra que a pessoa:

a) fala sobre querer morrer, sentir grande culpa de algo;

b) sente raiva ou dor insuportável, física ou emocional;

c) come ou dorme muito pouco, usa álcool com mais frequência.

d) pesquisa na internet maneiras de morrer ou sobre planos de suicídio.

E você, já fez algo para prevenir o suicídio de alguém? Não é porque setembro terminou que os suicídios diminuíram. Por isso, “enquanto houver sol, sempre haverá saída”, e mesmo “a sós, ninguém está sozinho, é caminhando que se faz o caminho” (Titãs). Vamos nessa? Inspire-se, ouça a canção e acesse o livro Suicídio na Pandemia Covid-19. Eis uma das cartilhas. 

A outra é a Acolha a vida Porque a vida vale a pena! Orientações para famílias sobre automutilação e suicídio produzida sob a batuta da Angela Gandra, Secretária Nacional da Família.


 

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