terça-feira, 24 de julho de 2018

Proteção da saúde mental contra más notícias...

Como as pessoas LGBTI+ podem se cuidar quando as notícias estão péssimas

Fique informado sem sacrificar sua saúde mental.

Lindsay Holmes (HuffPost EUA)

Acompanhar os acontecimentos mais recentes é algo que pode gerar ansiedade em qualquer pessoa, mas para os membros da comunidade LGBTI+, às vezes é especialmente angustiante manter-se a par das últimas notícias hoje em dia. Reportagens e notícias sobre discriminação institucionalizada, viés contra indivíduos transgêneros, o risco de suicídio entre pessoas LGBTI+ e de elas serem alvos de agressão sexual, tudo isso pode cobrar um preço pesado da saúde mental.

Falando realisticamente, não é possível evitar as notícias para sempre apenas para velar por sua saúde mental. Mas existem maneiras de lidar com tudo isso e continuar informado ao mesmo tempo. Veja abaixo algumas sugestões de especialistas de como se cuidar enquanto as notícias ou a cultura geral que o cercam estão deprimentes ou assustadoras.

Lembre-se que a opinião de outra pessoa não constitui uma medida de seu próprio valor.
Às vezes é muito fácil se deixar levar pela opinião de outros, especialmente quando essa opinião é negativa. Mantenha em mente que artigos em sites de jornalismo e entrevistas com especialistas na TV não são o que define o seu valor. O conselho é de Dan Reidenberg, diretor executivo da ONG Suicide Awareness Voices of Education (SAVE), que trabalha com a prevenção do suicídio.

"A questão de quem você é e quem você ama não é uma questão política e não depende da opinião de mais ninguém", ele explicou. "Claro que isso não quer dizer que não haverá momentos em que lhe parece que alguém na TV ou no jornal está fazendo uma crítica direta a você ou a alguém que você ama. Isso acontece, sim. Mas lembre-se que a pessoa na televisão não conhece você."

Converse francamente com amigos sobre o que está acontecendo.
Outra sugestão de Reidenberg: discuta os problemas com as pessoas que você ama e compartilhe seus sentimentos com elas.

"Converse com pessoas em quem você confia sobre como está se sentindo com a negatividade presente nas notícias sobre questões LGBTQ", ele aconselha. "Elas se preocupam com você e podem lhe dar apoio, força e ajuda para ajudá-lo a superar tudo isso."

Além disso, um estudo de 2011 constatou que passar tempo com amigos é um fator de redução do estresse. Portanto, pelo fato de bater papo com amigos você já estará naturalmente reduzindo um pouco de sua ansiedade..

Se for preciso, deixe as telinhas de lado – ou fuja da discussão.
Pode parecer óbvio, mas vale a pena repetir: algumas tréguas são necessárias. Pode ser o caso de desligar as redes sociais ou abandonar uma conversa que esteja ficando muito acalorada.

"Tenha consciência de seus limites. Decida o que você consegue tolerar ou não. Se sentir necessidade de encerrar uma conversa nas redes sociais ou longe delas, faça isso", aconselhou Christine Milrod, psicoterapeuta de Los Angeles especializada em questões LGBTQ. "Proteger sua saúde mental é mais importante que sair ganhando numa discussão."

Tenha consciência de seus limites e decida o que você consegue tolerar ou não.

Christine Milrod, psicoterapeuta especializada em questões LGBTQ.
Pratique uma atividade que faz você se sentir bem.
Victor Schwartz, diretor médico da Jed Foundation, dedicada à promoção da saúde mental, recomenda a prática de atividades que lhe farão bem, como dormir o suficiente, fazer exercício físico, ouvir música e comer bem. Sexo, ioga, um banho quente de imersão, soltar palavrões (isso mesmo!) e até um pouco de chocolate meio-amargo – já foi comprovado que tudo isso combate a ansiedade.

"Essas coisas são todas maneiras de se sentir bem e de distrair sua atenção, afastando seus pensamentos das experiências sofridas ou complicadas", falou Schwartz.

Experimente virar defensor de uma causa.
Você poderia falar publicamente sobre questões LGBTQ ou trabalhar em prol de uma causa completamente diferente: adoção de cães abandonados, o problema dos sem-teto, a prevenção do suicídio – opções não faltam. Envolver-se com uma organização que contribui para o bem maior pode nos proporcionar uma injeção de ânimo nos momentos em que todo o resto nos deixa a sensação de que é impossível fazer qualquer coisa.

Schwartz explicou: "Sentir que você é capaz de resolver ou ajudar a melhorar um problema, especialmente se o fizer com uma equipe de pessoas que pensam como você e querem ajudar, pode a dissipar o sentimento de impotência para mudar uma situação, algo que pode agravar uma depressão".

Sentir que você é capaz de resolver ou ajudar a melhorar um problema, especialmente se o fizer com uma equipe de pessoas que pensam como você e querem ajudar, pode ajudar a dissipar o sentimento de impotência para mudar as coisas, algo que pode agravar uma depressão.

Victor Schwartz, diretor médico da The Jed Foundation.
Converse com um terapeuta.
A terapia pode ser uma ferramenta maravilhosa. Pesquisas já revelaram que, quando conversamos com um terapeuta, ao longo do tempo isso pode modificar nossas ligações cerebrais de modo positivo, potencialmente ajudando os pacientes a lidar melhor com condições como ansiedade e depressão. Quando você consulta um profissional de saúde mental especializado nos problemas que você enfrenta, isso pode lhe ajudar a desenvolver técnicas de planos de ação para superar seus problemas.

"Conversar com um psicoterapeuta que dá apoio a pacientes LGBTQ pode ajudar você a lidar com as reações de pessoas hostis, a superar a depressão devido ao bullying, discriminação, hostilidade e rejeição por parte da família, de amigos e da comunidade como um todo", falou Milrod. "E pode ajudá-lo a criar uma estratégia para enfrentar a violência em locais públicos."

Faça alguma coisa tolinha para se mimar.
"Desligue o noticiário da TV e mude de assunto mentalmente, mesmo que seja para alguma coisa bobinha, divertida e nem um pouco intelectual", recomenda Milrod.

Vá assistir a um filme cômico, releia tweets hilários, leia um livro ou assista a um reality show bem bobo – qualquer coisa que não exija grande concentração sobre um tema sério.

Não faça nada. Nada mesmo.
Sim, foi isso mesmo que você leu. Nem sempre cabe a você transformar o mundo nem sequer a opinião de uma pessoa. Quando se trata de sua saúde mental, é importante reconhecer quando você não é capaz de controlar uma situação, disse Milrod, e saber se dar um descanso.

"Às vezes a melhor maneira de cuidar de você mesmo é simplesmente recuar um passo e não fazer nada. Simplesmente viver e ser quem você é", ela opinou.

Ninguém deve ser obrigado a viver com medo, especialmente não por ser quem é. Ninguém pode tirar isso de você – ninguém mesmo.

Dan Reidenberg, diretor executivo da Suicide Awareness Voices of Education.
Procure apoio se estiver correndo qualquer tipo de risco.
Fique atento para comportamentos ou mecanismos de superação pouco sadios, destacou Milrod, como o abuso de substâncias e álcool ou a autoagressão. E em última análise, se achar que sua saúde mental ou física está em risco, procure um médico ou outro profissional em quem confia, imediatamente. Você merece se sentir melhor.

"Se estiver se sentindo ameaçado, não deixe de transmitir isso a alguém. Você precisa receber apoio de alguém, quer seja uma pessoa de sua família, um amigo, um religioso, empregador ou terapeuta", disse Reindenberg. "Ninguém deve ser obrigado a viver com medo, especialmente não por ser quem é. Ninguém pode tirar isso de você – ninguém mesmo."

Fonte: www.huffpostbrasil.com/2018/06/07/como-as-pessoas-lgbti-podem-se-cuidar-quando-as-noticias-estao-pessimas_a_23453781/

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