sábado, 26 de novembro de 2016

Grupo de apoio aos sobreviventes do suicídio

Sofrimento escutado sem julgamento: CVV coordena grupos de apoio para sobreviventes do suicídio

Amanda Mont'Alvão Veloso
27/10/2016

Um grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo, o suicídio - ou uma tentativa de suicídio - demanda bastante delicadeza e seriedade, especialmente ao nos referirmos às pessoas que tentaram e aos familiares e amigos.

A cada 40 segundos, uma pessoa se suicida no mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, 32 pessoas se matam a cada dia.

O comportamento suicida é cheio de ambivalência, lembra a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), pois é um ato cheio de ambivalência, situado entre o querer morrer e o querer viver de maneira diferente.

A decisão costuma ser tomada em um contexto de grande sofrimento e desespero, a ponto de não se enxergar a saída. Ao contrário do que é dito pelo senso comum, pensamentos suicidas podem ocorrer a qualquer pessoa e falar sobre o assunto, em vez de julgar ou silenciar a pessoa, é uma maneira de prevenir o suicídio. Se houvesse prevenção, 9 entre 10 pessoas ainda estariam vivas, de acordo com a OMS.

Porém, a ideia de tirar a própria vida é mais comum em pessoas que já tentaram suicídio ou em familiares de vítimas de suicídio.

"A assistência prestada a pessoas que tentaram o suicídio é uma estratégia fundamental na prevenção do suicídio, pois essas constituem um grupo de maior risco para o suicídio. O risco de suicídio em pacientes que já tentaram o suicídio é, pelo menos, uma centena de vezes maior que o risco presente na população geral", afirma a ABP.

Além disso, persiste um mito de que o indivíduo está fora de perigo ao mostrar sinais de melhora ou sobreviver à tentativa de suicídio. "A semana que se segue à alta do hospital é um período durante o qual a pessoa está particularmente fragilizada", lembra a ABP.

Voluntária do Centro de Valorização da Vida (CVV), Ana Rosa Ramos Nunes diz que essas pessoas precisam de atenção especial. Desde 1962 atuando na prevenção do suicídio, a entidade sem fins lucrativos acredita que o sentimento de culpa e o processo de luto cercado por tabus, revolta e discriminação possam influenciar a decisão.

O suicídio de uma pessoa amada dá um novo tom às vidas que ficaram: Diante dos efeitos da tragédia, é preciso sobreviver. Não à toa, as pessoas deixadas para trás são chamadas de sobreviventes, e cada dia seguinte ao suicídio é uma verdadeira superação.

Pessoas que se encontram nas situações acima podem participar das reuniões presenciais organizadas pelos Grupos de Apoio aos Sobreviventes de Suicídio do CVV, conhecidos como CVV GASS.

O funcionamento do CVV GASS é similar aos de grupos para alcoolismo, dependência química e luto.

"A essência do trabalho é que todos os participantes têm histórias afetadas pelo suicídio e, na troca de experiências e apoio mútuo entre esses ‘iguais’, buscam superar as dificuldades de ter um recomeço ou superar o drama vivido", diz a entidade.

A participação é completamente gratuita e única exigência é que a pessoa se enquadre no perfil e esteja disposta a ser ajudada. Segundo a voluntária Nunes, “ninguém vai ser cobrado por isso ou por aquilo, mas acolhido de maneira compreensiva e sem críticas ou julgamentos”.

Atualmente há 13 grupos em funcionamento, tanto em postos de atendimento do CVV quanto em outros locais, pois a ideia é que possa ser implementado por outras organizações, como casas religiosas, universidades, secretarias de saúde, hospitais e ONGs. A ideia é expandir os grupos para outras cidades.

O CVV GASS está presente no Rio Grande do Sul (Porto Alegre e Novo Hamburgo), Paraná (Curitiba), São Paulo (capital e Sorocaba), Rio de Janeiro (capital), Mato Grosso (Cuiabá) e Brasília. Ainda neste ano Belém, Recife e Roraima deverão ganhar grupos.

Há 54 anos, o CVV oferece apoio emocional gratuito e voluntário, com atendimento por telefone (141), email, Skype e chat. A pessoa que liga não precisa se identificar e as conversas são sigilosas.

Confira os endereços, horários e contatos dos grupos disponíveis:

São Paulo (SP)
1º Grupo – CVV GASS ABOLIÇÂO
Reunião nas primeiras quartas-feiras de cada mês
Horário: 19h30 às 21h30
Local: Rua Abolição, 411, Bairro Bela Vista

2º Grupo – CVV GASS PINHEIROS:
Reunião nos segundos sábados de cada mês
Horário: 14h30 às 16h30
Local: Rua Cristiano Viana, 972, Bairro Pinheiros

3º Grupo – CVV GASS VILA CARRÃO:
Reunião nos quartos sábados de cada mês
Horário: 14h às 16h
Local: Rua Pinhalzinho, 389, Bairro Vila Carrão

Sorocaba (SP)
Reunião nas quartas quintas-feiras de cada mês
Horário: 19h às 21h
Local: Rua Dr. Nogueira Martins, 334, Centro

Rio de Janeiro (RJ)
Reunião nas segundas segundas-feiras de cada mês
Horário: 18h30 às 20h30
Local: CAP2.2 Tijuca, Rua Conde de Bonfim, 764, Térreo, Tijuca

Porto Alegre (RS)
Reunião nas primeiras quintas-feiras de cada mês
Horário: 15h às 17h
Local: Avenida José de Alencar, 414, Sala 205

Novo Hamburgo/RS
1º Grupo
Reunião nas primeiras terças-feiras de cada mês
Horário: 19h30 às 21h30
Local: Avenida Nicolau Becker, 762, Sala 32

2º Grupo
Reunião nas segundas terças-feiras de cada mês
Horário: 19h30 às 21h30
Local: Clinica Recomeçar (Grupo fechado para Pacientes)

Curitiba (PR)
1º Grupo
Reunião nas primeiras terças-feiras de cada mês
Horário: 19h30 às 21h30
Local: Rua Carneiro Lobo, 35, Bairro Água Verde

2º Grupo
Reunião nas terceiras quintas-feiras de cada mês
Horário: 15h às 16h30
Local: Rua Carneiro Lobo, 35, Bairro Água Verde

Cuiabá (MT)
1º Grupo
Reunião quinzenal às terças-feiras
Horário: 19h30 às 21h30
Local: Rua Comandante Costa, 296, Centro

2º Grupo
Reunião quinzenal às sextas-feiras
Horário: 19h30 às 21h30
Local: Rua Comandante Costa, 296, Centro

Brasília (DF)
Reunião nas quartas quintas-feiras de cada mês
Horário: 19h30 às 21h30
Local: Escola Parque 303/304 Norte

Fonte: www.brasilpost.com.br/2016/10/27/cvv-apoio-sobreviventes_n_12670804.html

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