Benedito Teixeira
Como a mídia trata a temática do suicídio é uma questão polêmica. Da mesma forma que noticiar casos de pessoas que tiram a própria vida pode dar o que se chama de "respaldo social” para que outras repitam a prática, esse mesmo respaldo pode funcionar nos dois sentidos. "A mídia tem um papel importantíssimo para a prevenção do suicídio, pois ela pode também transmitir à pessoa que está numa situação parecida que há saída, há outras possibilidades. Pode mostrar questões a respeito do suicídio – e da sua prevenção – às quais a pessoa não teve acesso”.
Na semana em que se comemora o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, 10 de setembro, Vitor Duarte, presidente do Programa de Apoio à Vida (Pravida), projeto de extensão da Universidade Federal do Ceará (UFC), criado em 2004, em entrevista a Adital, defendeu que a abordagem do suicídio pela mídia, de forma correta e responsável não é apenas possível, mas necessária, pois é uma importante aliada na sua prevenção. Essa visão, segundo ele, também é compartilhada pela OMS (Organização Mundial de Saúde), a Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio (Iasp) e a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).
Duarte abordou ainda a questão do tabu religioso. Para ele, a religião é um dos fatores que podem prevenir o suicídio, já que por proibirem a prática, as religiões oferecem, de algum modo, um apoio emocional e espiritual. "No entanto, é necessário que também dentro das religiões o suicídio seja tratado como uma questão multidimensional e que serviços de tratamento/ acompanhamento em saúde mental são necessários para cuidar dessa pessoa que está em sofrimento”, afirma o especialista.
De acordo com a OMS, quase 1 milhão de pessoas morrem de suicídio por ano no mundo. No Brasil, entre 2000 e 2008, o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Sistema Único de Saúde (SUS), mostrou que ocorreram 73.261 mortes por suicídio, o que corresponde a 22 mortes por dia. Ainda de acordo com a OMS, os homens cometem mais suicídio, enquanto que as mulheres tentam mais suicídio. Os grupos etários em maior risco são os idosos (acima de 65 anos) e as pessoas com idade entre 15 e 35 anos. Neste último caso, suicidar-se é uma das três maiores causas de morte nessa faixa etária.
Os principais fatores associados ao suicídio são os transtornos mentais, como as depressões unipolar e bipolar, história familiar de suicídio e outros transtornos psiquiátricos, tentativa anterior de suicídio, desemprego, estado marital solteiro, divorciado ou viúvo, doenças físicas debilitantes, terminais ou dolorosas, a Aids, luto na infância, entre outras.
Por se tratar de um problema de saúde pública, Duarte acredita que a prevenção em saúde coletiva é fundamental para reduzir o número de casos. Primeiro, tornando a população conhecedora do tem e as formas como se pode identificar risco iminente de tentativas de suicídio. Segundo, combatendo os fatores associados ao suicídio, como os transtornos psiquiátricos. E, terceiro, procurando serviços especializados de prevenção.
Há ainda medidas simples e concretas, como reforçar a segurança da estrutura de edifícios, pontes e locais altos com telas, barreiras de proteção; investir no desarmamento e numa maior fiscalização e controle da venda de fármacos, agrotóxicos, raticidas e substâncias que levam à intoxicação; outro modo também é fazer valer as leis que proíbem a combinação álcool e direção.
O Pravida, atualmente, é formado por um grupo de 17 alunos dos cursos de Medicina e Psicologia da UFC e de outras faculdades de Fortaleza, Ceará, juntamente a professores/orientadores e funcionários do serviço de saúde mental do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC). É oferecido à comunidade um serviço de acompanhamento terapêutico. No último dia 08 de setembro, o grupo realizou uma passeata pelas ruas da capital cearense com o objetivo de mobilizar a sociedade para importância de prevenção do suicídio.
Fonte: http://site.adital.com.br/site/noticia.php?lang=PT&cod=77575&langref=PT&cat=
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