Seminário debate abordagem do suicídio na mídia
Renata Moehlecke
Para os jornalistas, as notícias sobre suicídio trazem à tona um dilema: como conciliar o dever de informar e, ao mesmo tempo, não provocar danos e promover a prevenção? As diferentes perspectivas sobre a prática dessa complicada tarefa foram o ponto central do debate ocorrido no seminário Suicídio na imprensa: entre informação, prevenção e omissão, realizado pelo Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz). O evento contou com a participação do jornalista e professor da PUC-Rio, Arthur Dapieve; do jornalista de ciência e saúde de O Globo, Antônio Marinho; do pesquisador e coordenador do Grupo de Pesquisa de Prevenção do Suicídio do Icict, Carlos Eduardo Estellita-Lins; da editora de saúde do jornal Extra, Flávia Junqueira; e do professor da Unicamp e presidente da Comissão de Prevenção do Suicídio da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Neury José Botega, reconhecido como um dos mais proeminentes pesquisadores sobre o tema no país.
Durante o evento, houve a apresentação de um filme de 30 segundos que faz parte de uma nova campanha para prevenir contra o suicídio efetuada pela Associação Brasileira de Psiquiatria
Segundo Arthur Dapieve, nos meios de comunicação, há profissionais que acreditam que a informação pode ajudar a reduzir o número de ocorrências de suicídio, mas que a maioria dos jornalistas consideram o tema um tabu, como ocorre em boa parte da sociedade. “O primeiro impulso nas redações é não divulgar, apesar de não haver uma indicação direta de que esse é o procedimento adequado”, comenta o professor. Antônio Marinho complementa que, quando questionados, os jornalistas não sabem dizer de quem partiu a restrição e não a encontram em nenhum manual específico. “É costume falar sobre suicídio quando se trata de casos de polícia ou médicos, como ataques terroristas ou eutanásia, mas sem um enfoque direto ou aprofundamento da questão”, diz o jornalista. “A mídia precisa aprender a discutir o assunto, porque nunca tentou de verdade”.
Segundo Arthur Dapieve, nos meios de comunicação, há profissionais que acreditam que a informação pode ajudar a reduzir o número de ocorrências de suicídio, mas que a maioria dos jornalistas consideram o tema um tabu, como ocorre em boa parte da sociedade. “O primeiro impulso nas redações é não divulgar, apesar de não haver uma indicação direta de que esse é o procedimento adequado”, comenta o professor. Antônio Marinho complementa que, quando questionados, os jornalistas não sabem dizer de quem partiu a restrição e não a encontram em nenhum manual específico. “É costume falar sobre suicídio quando se trata de casos de polícia ou médicos, como ataques terroristas ou eutanásia, mas sem um enfoque direto ou aprofundamento da questão”, diz o jornalista. “A mídia precisa aprender a discutir o assunto, porque nunca tentou de verdade”.
O pesquisador e organizador do evento, Carlos Estellita-Lins, aponta que essa omissão evasiva considerada ‘politicamente correta’ pode carregar um certo descuido na hora de abordar o tema. “A percepção é de que, por um lado, o suicídio, quando divulgado, pode ser ‘contagioso’; por outro, que o silêncio sobre os casos tende a ser mais danoso para a sociedade”, explica o pesquisador.“É preciso colocar o suicídio na agenda pública. As pessoas devem entender que o suicídio existe e pode ser prevenido. O problema maior é como construir esta informação”.
A jornalista Flávia Junqueira citou que, desde a criação do jornal Extra, em 1998, nunca chegou a ver em seu local de trabalho a produção de uma matéria sobre a prevenção do suicídio. “Há o registro de matérias que falam sobre depressão e que essa doença pode elevar o risco de suicídios, mas não uma matéria que aborde diretamente o problema”, afirma Flávia. O professor Neury Botega acrescenta que o suicídio é uma tragédia silenciosa e silenciada e que é mais comum no Brasil do que se pensa. “Dentre as mortes trágicas, nos meios de comunicação, o suicídio fica a sombra de outros tipos de óbitos, como homicídios e mortes por acidentes de transito”, elucida o psiquiatra. “Se a prevenção é possível? Sim. É claro que não é podemos sanar os suicídios, já que se trata de um problema humano, mas pessoas podem ser identificadas em grupos de risco e ser ajudadas”.
A jornalista Flávia Junqueira citou que, desde a criação do jornal Extra, em 1998, nunca chegou a ver em seu local de trabalho a produção de uma matéria sobre a prevenção do suicídio. “Há o registro de matérias que falam sobre depressão e que essa doença pode elevar o risco de suicídios, mas não uma matéria que aborde diretamente o problema”, afirma Flávia. O professor Neury Botega acrescenta que o suicídio é uma tragédia silenciosa e silenciada e que é mais comum no Brasil do que se pensa. “Dentre as mortes trágicas, nos meios de comunicação, o suicídio fica a sombra de outros tipos de óbitos, como homicídios e mortes por acidentes de transito”, elucida o psiquiatra. “Se a prevenção é possível? Sim. É claro que não é podemos sanar os suicídios, já que se trata de um problema humano, mas pessoas podem ser identificadas em grupos de risco e ser ajudadas”.
Durante o evento, Botega ainda apresentou o filme de 30 segundos que faz parte de uma nova campanha para prevenir contra o suicídio efetuada pela Associação Brasileira de Psiquiatria. Além disso, os participantes do seminário receberam manuais dirigidos a profissionais de imprensa que apresentam recomendações para produzir textos claros e esclarecedores sobre o comportamento suicida, doenças mentais e psiquiatria.
Publicado em 28/5/2010.
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