Chile: capitalização da Previdência faz idosos morrerem trabalhando e suicídio bater recorde
Felipe Bianchi (Barão de Itararé) e Leonardo Severo (Hora do Povo), de Santiago* (11 abr. 2019)
O regime de capitalização da Previdência no Chile obriga os aposentados a seguirem trabalhando, muitas vezes, até morrer. É o caso de Mario Enrique Cortes, “jubilado” que, aos 80 anos, padeceu de insolação em pleno inverno, como jardineiro, em frente ao Palácio de La Moneda, em 2014. De lá para cá, o país vem acumulando episódios trágicos como este. Somado à onda crescente de suicídios na terceira idade – com tiro, enforcamento ou envenenamento -, o cenário escancara a realidade sombria de uma terra em que a aposentadoria foi transformada em negócio para benefício das Administradoras de Fundos de Pensão (AFP).
“O atual sistema de aposentadoria chileno tem 38 anos e foi imposto pela ditadura de Augusto Pinochet, em 1981. Não houve discussão. O parlamento era uma junta militar, composta por um representante de cada segmento das Forças Armadas. Os generais e o ministro do Trabalho da época, José Piñera, irmão do atual presidente do Chile, Sebastian Piñera, criaram as AFP. Hoje, a capitalização faz nossos idosos morrerem trabalhando e a taxa de suicídio bater recorde”, afirma o representante do movimento No+AFP (Chega de AFP), Mario Villanueva. O dirigente condena “a perversão de um sistema desenhado para que grandes grupos econômicos e seguradoras transnacionais ampliem seus lucros se aproveitando do sacrifício de milhões de aposentados”.
Os idosos totalizam cerca de 16% da população chilena, de acordo com o censo de 2017, pouco mais de 2.800.000 pessoas. Uma em cada cinco segue trabalhando a fim de complementar a aposentadoria. Para Rosita Kornfeld, ex-diretora do Centro de Estudos de Velhice e Envelhecimento da Universidade Católica e especialista da Organização das Nações Unidas (ONU), tal número escancara o abandono desse segmento por parte do Estado. “Eles têm um problema grave de falta de recursos e também de solidão e desamparo, o que os leva a tomarem atitudes extremas”, avalia. “Se não prestarmos mais atenção e cuidados, os casos de suicídio vão continuar crescendo”.
Radicada no país há 11 anos, a psicóloga brasileira Ana Paula Vieira, fundadora e presidenta da Fundação Miranos, se dedica ao trabalho de prevenção do suicídio entre os idosos. “Obviamente o aumento alarmante no número de suicídios não pode ser chamado de ‘fake news’. Há vários estudos, com dados oficiais do Ministério de Saúde, que revelam as taxas muito altas de suicídio na terceira idade em comparação com a média da sociedade chilena”, explica, em resposta à afirmação de Paulo Guedes, superministro da Economia de Jair Bolsonaro, de que as informações sobre o crescimento do fenômeno no Chile não passariam de notícias falsas.
Vieira ressalta que só agora o tema começou a ser discutido de fato. “Até pouco tempo, o suicídio na terceira idade não era visibilizado por aqui. Falava-se muito de questões como moradia, o alto custo da saúde e, claro, a questão da aposentadoria, mas o suicídio continuava um tabu”, sublinha.
Os casos emblemáticos de casais de idosos que tiraram a própria vida foram o estopim para que o tema finalmente entrasse em evidência, ganhando manchetes não só no Chile, mas também na mídia estrangeira. “Em 2018, as taxas continuaram altas e outros casos envolvendo casais de idosos vieram à tona e, por isso, o assunto vem recebendo tanta atenção, inclusive em nível de governo”, afirma. “Tenho ido ao Senado, como integrante da Comissão do Idoso, para apresentar dados e estudos sobre este problema”.
O Estudo Estatísticas Vitais, do Ministério de Saúde e do Instituto Nacional de Estatísticas (INE) do Chile é claro: entre 2010 e 2015, 936 adultos maiores de 70 anos tiraram a própria vida. O levantamento – que não contempla o agravamento detectado até mesmo pela mídia privada no último período – aponta que os maiores de 80 anos apresentam as maiores taxas de suicídio: 17,7 por cada 100 mil habitantes – 70% superior à média do continente seguido pelos segmentos de 70 a 79 anos, com uma taxa de 15,4, contra uma taxa média nacional de 10,2.
Segundo o Centro de Estudos de Velhice e Envelhecimento, da Universidade Católica, são índices mórbidos, que têm crescido de forma acentuada e que colocam o Chile como um dos países com os mais altos índices de suicídios nesta faixa etária em toda a América Latina. O fato de muitos meios de comunicação no Brasil citarem pretensos estudos tendo por base dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), de 2012, apenas revela a tentativa de fugir do debate, pois foi a partir daí que, passadas as três décadas da “reforma” ditada por Pinochet, “os idosos começaram a receber as suas aposentadorias e puderam dimensionar o quão pouco receberiam e que seu dinheiro não daria para nada”, explica Mario Villanueva. Atualmente, 80% das aposentadorias estão abaixo do salário mínimo (301 mil pesos, ou 1.738 reais ) e 44% abaixo da linha da pobreza.
Uma parcela significativa dos aposentados recebe cerca de 110 mil pesos (635 reais), quantia inexpressiva em um país em que os remédios e a alimentação são particularmente caros. Para se ter uma ideia do que representam esses diminutos ganhos no dia a dia dos chilenos, basta observar que, desde fevereiro, o Instituto Nacional de Estatísticas (INE) calcula que o preço da cesta básica alimentar está em torno de 67.235 pesos (388 reais). A “canasta” está composta pelos seguintes produtos e quantidades: leite, 10 litros – $ 7.876; pão, 10 unidades de 500 gramas – $ 8.167; arroz, 1,5 quilo – $ 1.392; ovos, 20 unidades – $ 2.993; queijo, um quilo – $ 6.137; carnes de frango e de vaca, seis quilos – $ 29.533; frutas, seis quilos – $ 5.022 e verduras, oito quilos – $ 6.115. “Isso sem contar as contas luz, gás e os altos custos de medicamentos e moradia”, acrescenta Villanueva.
Miséria, abandono e solidão
Apesar de ser lógico traçar um paralelo entre esse índice e a condição de miséria imposta por um sistema de Previdência que, na prática, nega o direito à aposentadoria digna a uma enorme parcela da população, Ana Paula Vieira alerta: “o suicídio é um fenômeno multicausal. Na terceira idade, ele tem a ver com abandono, com solidão e, obviamente, com problemas financeiros. A discussão passa muito pela precariedade da saúde e por dificuldades econômicas dos idosos. Entretanto, é preciso educarmos a sociedade sobre a complexidade desse problema para conseguir enfrentá-lo ao invés de escondê-lo”
“Claro que para impor um sistema de Previdência como o do Chile, foi necessário haver manipulação midiática e campanha de marketing. Mas não foi só isso. É um sistema imposto pela força”. Esta é a avaliação de Oriana Zorrilla, histórica jornalista chilena. “Se não tivesse ocorrido a ditadura e a repressão, somadas às mentiras e ilusões vendidas à população sobre o modelo de aposentadoria, não teria sido possível aprovar um sistema assim”.
Presidenta do Conselho Metropolitano do Colégio de Jornalistas do Chile, entidade que defende a categoria no país, Zorrilla viveu concretamente a experiência da implementação das Administradoras de Fundos de Pensão (AFP), que transformaram a Seguridade Social em ativos do mercado financeiro a partir da capitalização individual da Previdência. Por ter começado a contribuir antes do novo sistema entrar em vigência, a jornalista conseguiu se aposentar pelo modelo antigo. “A única vantagem que tenho de ser velha é ter o privilégio de ter uma aposentadoria digna, já que me aposentei pelo sistema anterior, infinitamente melhor que o das AFP”, sentencia.
“Meu marido, um engenheiro eletrônico especializado em medicina nuclear, sempre teve um salário três a quatro vezes maior que o meu. No entanto, sua aposentadoria, que é paga pelo sistema das AFP, é muito menor que a minha”, diz. Segundo Zorrilla, o marido dela, como milhões de cidadãos chilenos, teve o azar de ter começado a contribuir somente no sistema imposto pela ditadura, o que foi obrigatório a partir da sua instalação.
“Por ter sido gerente e recebido um salário maior que o meu a vida toda, todos me diziam que ele era um bom partido. Agora, eu sou o bom partido, por não depender do sistema das AFP. É um contrassenso total”, ironiza.
Os jornais e as emissoras de rádio e televisão venderam muitas mentiras sobre o que seria este modelo de aposentadoria, relata Zorrilla. “Os meios de comunicação não só fizeram, lá atrás, como seguem fazendo campanha para um sistema que, na realidade, é um assalto à mão armada contra toda classe de trabalhadores: de jornalistas a engenheiros, de funcionários públicos a operários”.
Há poucos dias, o Colégio de Jornalistas promoveu o leilão da biblioteca de um consagrado jornalista de Santiago, Rodrigo Beitia, diagnosticado com Alzheimer. “A família deste profissional brilhante colocou à venda todos os livros adquiridos ao longo de sua vida para ajudar a pagar um tratamento e um lugar adequados para os cuidados de saúde necessários”, conta. “Por um lado, é um gesto bonito, pela solidariedade que ele recebeu de todos nós. Por outro, é um retrato que escancara uma realidade angustiante”.
Contabilidade nefasta
Mario Villanueva ressalta que “enquanto bancos como o BTG Pactual (do ministro da Economia de Bolsonaro, Paulo Guedes) pagam 4% de remuneração pelo dinheiro aplicado, cobram dos mesmos trabalhadores chilenos uma taxa de juros de 25% a 30%, fazendo com que tais instituições financeiras multipliquem rapidamente o seu patrimônio”. Assim, o total de fundos acumulados pelas AFPs já beira os 220 bilhões de dólares, explca, o equivalente a 75% do Produto Interno Bruto (PIB) do Chile. “Dois terços destes recursos, US$ 151,9 bilhões, estão, conforme a Fundação Sol, sob o controle de três empresas norte-americanas: Habitat, US$ 57,76 bilhões (27,4%); Provida, US$ 53,03 bilhões (25,2%) e Cuprum, US$ 41,14 (19,5%)”, esclarece Villanueva.
É para mudar esta irracionalidade que a No+AFP propôs recentemente ao parlamento um projeto que enfrente este modelo. “Estamos vivendo as consequências de um sistema instalado por uma ditadura, cujos impactos recaem sobre uma população que vai envelhecendo com aposentadorias insuficientes para sobreviver com um mínimo de dignidade. Isso se repete cada vez mais e vamos tendo muitos exemplos de idosos que se suicidam porque não podem mais viver com essas pensões e que estão sós. Porque quando se impõe o neoliberalismo, o ‘salve-se quem puder’, as famílias vão se desagregando, multiplicando-se os casos de abandono e suicídio”, aponta.
Villanueva recorda que a palavra jubilación (aposentadoria, em espanhol) vem de júbilo – alegria, empolgação, entusiasmo –, período em que as pessoas deveriam estar desfrutando. O oposto disso, enfatiza, é o caso do casal de idosos que após mais de cinco décadas juntos decidiu pôr fim às suas vidas, mencionado também por Ana Paula Vieira. “O fato é que com recursos cada vez menores, os filhos – que também não são tão novos – têm que passar a se responsabilizar pelos pais. E quando não há filhos, os pais passam a depender de vizinhos. Tudo para que uns poucos especuladores, bancos e transnacionais, lucrem de forma exorbitante”, protesta.
*Conteúdo produzido para o Coletivo de Comunicação Colaborativa ComunicaSul que está no Chile com os seguintes apoios: Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, Diálogos do Sul, Federação Única dos Petroleiros (FUP), Jornal Hora do Povo, Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Sindicato dos Metroviários de São Paulo, CUT Chile e Sindicato Nacional dos Carteiros do Chile (Sinacar). A reprodução é livre, desde que citados os autores e apoios.
Fonte: https://horadopovo.org.br/chile-capitalizacao-da-previdencia-faz-idosos-morrerem-trabalhando-e-suicidio-bater-recorde/
Blog destinado à coleta e disseminação de informações sobre prevenção do suicídio e valorização da vida
segunda-feira, 15 de abril de 2019
quinta-feira, 4 de abril de 2019
Política Nacional de Prevenção da Automutilação e do Suicídio a um passo de ser sancionada
Senado aprova projeto que cria política de prevenção do suicídio e da automutilação
Texto prevê que poder público deve ter número de telefone para população informar casos; estabelece também atendimento obrigatório por planos de saúde. Projeto segue para sanção.
O Senado aprovou nesta quarta-feira (3) o projeto que cria a Política Nacional de Prevenção da Automutilação e do Suicídio.
Com a aprovação, a proposta seguirá para sanção do presidente Jair Bolsonaro.
Entre outros pontos, o texto prevê que o poder público deverá disponibilizar um número de telefone para a população informar casos de suicídio e de automutilação.
De acordo com a Agência Senado, também define que os planos de saúde serão obrigados a atender esse tipo de caso.
O texto prevê também:
Apresentado pelo deputado Osmar Terra (MDB-RS), atual ministro da Cidadania, o projeto prevê que a política deverá ser implementada pela União em cooperação com estados, Distrito Federal e municípios, além da participação da sociedade civil e de instituições privadas.
Além disso, prevê o texto, hospitais, postos de saúde e escolas serão obrigados a informar às autoridades sanitárias os casos suspeitos ou confirmados de automutilação.
Se houver envolvimento de crianças e adolescentes, ressalta o projeto, o Conselho Tutelar também deverá ser avisado.
Repercussão
Após a aprovação do projeto pelo Senado, a Ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, afirmou em uma rede social que, com dados, o governo poderá "entender o fenômeno" e "enfrentar essa terrível realidade que afeta tantas crianças e adolescentes do nosso país".
Fonte: https://g1.globo.com/politica/noticia/2019/04/03/senado-aprova-projeto-que-cria-politica-de-prevencao-ao-suicidio-e-a-automutilacao.ghtml
Texto prevê que poder público deve ter número de telefone para população informar casos; estabelece também atendimento obrigatório por planos de saúde. Projeto segue para sanção.
O Senado aprovou nesta quarta-feira (3) o projeto que cria a Política Nacional de Prevenção da Automutilação e do Suicídio.
Com a aprovação, a proposta seguirá para sanção do presidente Jair Bolsonaro.
Entre outros pontos, o texto prevê que o poder público deverá disponibilizar um número de telefone para a população informar casos de suicídio e de automutilação.
De acordo com a Agência Senado, também define que os planos de saúde serão obrigados a atender esse tipo de caso.
O texto prevê também:
- garantir acesso à atenção psicossocial por pessoas em sofrimento psíquico agudo ou crônico;
- informar e sensibilizar a sociedade sobre a importância e a relevância das lesões autoprovocadas como problemas de saúde pública passíveis de prevenção;
- promover a educação permanente de gestores e de profissionais de saúde em todos os níveis de atenção quanto ao sofrimento psíquico e às lesões autoprovocadas.
Apresentado pelo deputado Osmar Terra (MDB-RS), atual ministro da Cidadania, o projeto prevê que a política deverá ser implementada pela União em cooperação com estados, Distrito Federal e municípios, além da participação da sociedade civil e de instituições privadas.
Além disso, prevê o texto, hospitais, postos de saúde e escolas serão obrigados a informar às autoridades sanitárias os casos suspeitos ou confirmados de automutilação.
Se houver envolvimento de crianças e adolescentes, ressalta o projeto, o Conselho Tutelar também deverá ser avisado.
Repercussão
Após a aprovação do projeto pelo Senado, a Ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, afirmou em uma rede social que, com dados, o governo poderá "entender o fenômeno" e "enfrentar essa terrível realidade que afeta tantas crianças e adolescentes do nosso país".
Fonte: https://g1.globo.com/politica/noticia/2019/04/03/senado-aprova-projeto-que-cria-politica-de-prevencao-ao-suicidio-e-a-automutilacao.ghtml
quarta-feira, 27 de março de 2019
Mais uma "família de famosos" se mobiliza para ajudar a prevenir o suicídio

The Tim Bergling Foundation irá trabalhar com pessoas e empresas que atuam na área de saúde mental
Tony Aiex (26 mar 2019)
No dia 20 de Abril de 2018, há quase um ano, o DJ sueco Avicii foi encontrado morto em um hotel de Muscat, em Omã.
A triste notícia pegou o mundo inteiro de surpresa, já que o músico de muito sucesso nos deixou com apenas 28 anos de idade, e dias depois veio a confirmação de que ele tirou a própria vida.
Como nós falamos por aqui, os únicos herdeiros de Avicii, nascido Tim Bergling, são os seus pais, e para celebrar a sua obra, vida e evitar que novos casos como esses aconteçam, a família do produtor resolveu criar uma fundação chamada Tim Bergling Foundation.
De acordo com um comunicado oficial, a missão inicial é “apoiar pessoas e organizações que trabalhem no campo de saúde mental e prevenção de suicídio.”
Além disso, a Fundação também irá trabalhar nos ramos de “mudanças climáticas, conservação da natureza e espécies em extinção”.
Fonte: www.tenhomaisdiscosqueamigos.com/2019/03/26/avicii-familia-fundacao/
domingo, 24 de março de 2019
Política de combate ao suicídio tramita na Câmara dos Deputados
Aprovada proposta que cria política para combate ao suicídio
Hospitais ficam obrigados a notificar as autoridades responsáveis sobre casos tentados e consumados de suicídio
A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados aprovou, na última quarta-feira (20), proposta que cria a Política Nacional de Prevenção e Combate ao Suicídio e de Valorização da Vida. O projeto agora segue para votação no Plenário.
O texto aprovado é um substitutivo da Comissão de Seguridade Social ao projeto 8632/17, do Senado. O relator na CCJ, deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS), apresentou parecer pela constitucionalidade.
Originalmente, o texto do Senado criava apenas a Semana Nacional de Prevenção do Suicídio e de Valorização da Vida, a ser realizada, anualmente, na semana que compreender o dia 10 de setembro, Dia Mundial de Prevenção do Suicídio.
O substitutivo mantém a criação da data, mas é bem mais amplo que o original, pois estabelece uma série de medidas para definir uma política com o intuito de prevenir suicídios.
Medidas de prevenção
A proposta aprovada estabelece que o suicídio é um mal social que deve ser combatido por meio da atuação conjunta da União, dos estados, dos municípios e do Distrito Federal.
De acordo com o texto, o Poder Público deverá realizar campanhas com foco informativo e educativo de valorização da vida.
Os governos deverão, entre outros pontos:
– desenvolver estratégias de comunicação e de sensibilização da sociedade de que o suicídio é um problema de saúde pública que pode ser prevenido;
– promover palestras voltadas à população em geral e aos profissionais da área de saúde, para orientar e alertar sobre o quadro clínico psicológico, especialmente com a análise de comportamentos suicidas;
– divulgar material por todos os meios de comunicação, inclusive redes sociais, com objetivo de valorizar a vida, estimulando a prática de hábitos física e mentalmente saudáveis, como a leitura e a prática de esportes;
– distribuir cartilhas didáticas a órgãos públicos, de forma a proporcionar a capacitação dos servidores públicos no trato de pessoas que manifestem tendências suicidas;
– criar canais de atendimento pessoal, inclusive por meio telefônico, para atendimento de pessoas com desejos suicidas.
Banco de dados
A proposta estabelece que os governos federal, estaduais, municipais e distrital deverão manter banco de dados com informações sobre casos tentados e consumados de suicídio.
Hospitais e outras organizações que atuam na área da saúde ficam obrigadas a notificar as autoridades responsáveis pela gestão do banco e os dados obtidos deverão servir para aprimorar a política nacional de enfrentamento ao suicídio.
De acordo com o Ministério da Saúde, entre 2007 e 2016, foram registradas no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) 106.374 mortes por suicídio. Em 2016, o número subiu para 11.433.
Tratamento a suicidas
A proposta estabelece ainda que o Estado tem o dever de fornecer tratamento a pessoas com desejo suicida e custear a medicação que se faça necessária, caso o paciente não tenha condições financeiras de comprar seus remédios.
As despesas com a Política Nacional de Prevenção e Combate ao Suicídio deverão ser pagas com o orçamento da Seguridade Social.
Debate
A proposta foi aprovada na CCJ na primeira semana de votações do colegiado nesta legislatura, e foi bastante debatida.
O relator, Pompeo de Mattos, lembrou o massacre recente na escola de Suzano (SP), como exemplo da necessidade de uma política de prevenção ao suicídio. “Ali nós temos um suicídio com requintes de crueldade porque antes do suicídio houve uma chacina", afirmou.
"O Estado e a sociedade sempre consideraram o suicídio como uma questão individual, errada, que inclusive mereceu punições em épocas pretéritas”, lembrou o deputado Arthur Oliveira Maia (DEM-BA) ressaltando que os suicidas não podiam sequer ser enterrados no cemitério.
A deputada Talíria Petrone (Psol-RJ) citou uma pesquisa do Ministério da Saúde em parceria com a Universidade de Brasília, que demonstrou que 55,4% dos jovens e adolescentes que se suicidaram em 2016 eram negros. Já o deputado Fábio Trad (PSD-MS) ressaltou o impacto da internet no problema. “O suicídio, hoje, com as redes sociais está se configurando com um problema epidêmico", lamentou.
Fonte: www.diariodigital.com.br/politica/aprovada-proposta-que-cria-politica-para-combate-ao-suicidio/180982/
terça-feira, 19 de março de 2019
Algoritmo da vida: revista Rolling Stone e o seu projeto de prevenção do suicídio
Rolling Stone lança projeto para prevenção do suicídio após histórias de famosos
Projeto busca ajudar usuários com sintomas de depressão no Twitter
Entenda mais sobre o projeto no vídeo:
Fonte: https://contigo.uol.com.br/noticias/ultimas/rolling-stone-lanca-projeto-de-prevencao-do-suicidio-apos-historias-de-famosos-kurt-cobain.phtml
Projeto busca ajudar usuários com sintomas de depressão no Twitter
A revista Rolling Stone acaba de lançar um novo projeto, chamado O Algoritmo da Vida, no qual visa prevenir o suicídio entre os brasileiros. A ideia surgiu após analisarem os diários do cantor Kurt Cobain, que tirou a própria vida em 5 de abril de 1994. Os textos do artista ajudaram uma equipe especializada a identificar palavras que podem indicar sintomas da depressão.
Assim, eles criaram o Algoritmo da Vida, que vai buscar uma enorme variedade de palavras, expressões e frases em postagens públicas dos usuários do Twitter. Depois disso, um perfil amigável na rede social entrará em contato com a pessoa identificada e tentará ajuda-la a buscar o melhor tratamento de seu estágio depressivo.
"A Rolling Stone, como um veículo voltado à cultura pop e, principalmente, à música, lida todos os dias com a depressão ou seus sintomas. E isso é alarmante", diz Pedro Antunes, editor-chefe da Rolling Stone Brasil. "Muitos músicos pediram ajuda nas suas músicas. Veja o caso de Kurt Cobain ou de Chester Bennington, do Linkin Park, por exemplo. Vidas chegaram ao fim de forma precoce por conta da depressão, basta lembrar de Chris Cornell. Tudo o que pudermos fazer para diminuir esse número precisa ser nossa prioridade. É uma responsabilidade social que devemos ter. Cada vida salva é uma vitória", completa.
Assim, eles criaram o Algoritmo da Vida, que vai buscar uma enorme variedade de palavras, expressões e frases em postagens públicas dos usuários do Twitter. Depois disso, um perfil amigável na rede social entrará em contato com a pessoa identificada e tentará ajuda-la a buscar o melhor tratamento de seu estágio depressivo.
"A Rolling Stone, como um veículo voltado à cultura pop e, principalmente, à música, lida todos os dias com a depressão ou seus sintomas. E isso é alarmante", diz Pedro Antunes, editor-chefe da Rolling Stone Brasil. "Muitos músicos pediram ajuda nas suas músicas. Veja o caso de Kurt Cobain ou de Chester Bennington, do Linkin Park, por exemplo. Vidas chegaram ao fim de forma precoce por conta da depressão, basta lembrar de Chris Cornell. Tudo o que pudermos fazer para diminuir esse número precisa ser nossa prioridade. É uma responsabilidade social que devemos ter. Cada vida salva é uma vitória", completa.
Entenda mais sobre o projeto no vídeo:
Fonte: https://contigo.uol.com.br/noticias/ultimas/rolling-stone-lanca-projeto-de-prevencao-do-suicidio-apos-historias-de-famosos-kurt-cobain.phtml
sexta-feira, 15 de março de 2019
Imprensa e notícia sobre suicídio: uma discussão sempre
A imprensa da Paraíba deve ou não noticiar casos de suicídio?
Eliabe Castor - PB Agora - (11 mar 2019)
A observação vem da jornalista e pesquisadora da temática, Cláudia Carvalho, que está concluindo a tese de mestrado na pós-graduação em Jornalismo Profissional da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), cujo título é: "O delicado lugar do suicídio no noticiário impresso paraibano". Categórica, ela afirma que a Academia não prepara o jornalista para lidar com o tema. Não se discute abertamente em sala de aula como a notícia deve ser tratada, havendo um tabu sobre a temática que extrapola a sala de aula e chega às redações.
Tão permanente quanto a morte, é a lacuna que ela deixa. Essa sensação é potencializada, especialmente, quando a partida não é esperada. Talvez o vazio mais acentuado resida quando se perde alguém por ter praticado o suicídio. É nesse delicado assunto, que se pode gravitar em questões éticas e sociais, observando que muito raramente os veículos de comunicação da Paraíba noticiam casos de pessoas que atentaram contra a própria vida.
Ela afirma que essa realidade não se resume, apenas, à Paraíba. "Na verdade, o que acontece na imprensa paraibana é um reflexo do que acontece na imprensa brasileira. Há uma dificuldade em abordar o tema e ainda persiste um tabu, segundo o qual não se deve noticiar suicídios, pois acredita-se que, ao noticiar um caso, estaria levando ao surgimento de vários outros", relata a pesquisadora.
A fundamentação de Cláudia Carvalho encontra respaldo em observações científicas realizadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que organizou, no ano de 2000, a feitura do "guia" intitulado: “Prevenção do suicídio: um manual para profissionais de mídia”. O material cita uma publicação de 1774. " Os Sofrimentos do Jovem Werther”, de Johann Wolfgang von Goethe.
No romance, é possível associar meios de comunicação de massa ao suicídio. Nessa história, o herói atira em si próprio após um amor mal sucedido. Logo após a publicação, foram registrados na Europa vários relatos de jovens que cometeram suicídio usando esse método. O fenômeno originou o termo “Efeito Werther”.
“Efeito Werther”. Um gatilho para o suicídio
Em linhas gerais, o “Efeito Werther” provoca o que se chama de “suicídio copiado”, quando alguém tira a sua vida e a publicização do ocorrido serve como um gatilho para o próximo suicídio. Em geral, o ato é praticado por uma pessoa fragilizada, portadora de problemas emocionais ou transtornos de comportamento que levam, por exemplo, à depressão profunda.
A psiquiatra Francineide Maciel, com 18 anos de experiência na área de saúde mental, entende a importância do estudo da pesquisadora paraibana, e responde não ter dúvidas que uma notícia sobre um suicídio, enfocando o ato em si como forma de espetacularização do fato é danosa. Ela aponta que, ao oferecer detalhes do suicídio, relatar o conteúdo de cartas de despedidas ou mostrar a técnica utilizada para retirar a vida, na verdade é um desserviço da mídia.
"Existem estudos sérios quanto esse assunto. É um fenômeno mundial. Deve-se ter cuidado ao noticiar", alertou a médica psiquiatra, analisando que, bem mais importante que detalhar fatos e “romantizar” o suicídio na mídia, é discutir e levantar questões sobre o problema nos meios de comunicação.
A imprensa cessou os desafios da “Baleia Azul”
Para Cláudia Carvalho e Francineide Maciel, os veículos de comunicação cumprem seu real papel quando abordam o suicídio como um problema social que precisa ser discutido com responsabilidade. Ambas citam os casos da “Baleia Azul” e da “Boneca Momo”, desafios postos na internet que redundaram em suicídios e crimes entre crianças e jovens.
“A imprensa deu publicidade, levou a discussão do assunto para a sociedade, para os pais, e alertou as autoridades sobre os perigos vindos de mentes doentias que incitavam jovens e crianças para esses absurdos”, observou Francineide Maciel, para em seguida afirmar que tais “desafios” foram cessados e muitos dos responsáveis presos graças ao papel dos meios de comunicação.
O suicídio acontece por uma conjunção de muitos fatores, explica psiquiatra Francineide Maciel. Alguns deles são sociais, psicológicos, orgânicos e genéticos. Mas os motivos predominantes são transtornos psiquiátricos, sendo o mais comum a depressão. Também há o transtorno bipolar, a esquizofrenia, a síndrome de Borderline e o abuso de drogas.
“Todos eles têm tratamento, inclusive na rede pública. São informações importantes para constar numa reportagem realmente informativa”, diz a médica psiquiatra. Em termos gerais, quando o suicídio é consumado, principalmente quando a pessoa é uma figura pública, deve-se trazer à tona como o suicida estava se sentindo ao praticar o ato, se ele apresentava sinais de depressão, por exemplo. Isso pode ajudar outros na mesma situação na busca de ajuda”, recomendou Francineide Maciel.
Fonte: www2.pbagora.com.br/noticia/saude/20190223223438/especial-a-imprensa-da-pb-deve-ou-nao-noticiar-casos-de-suicidio
Eliabe Castor - PB Agora - (11 mar 2019)
A observação vem da jornalista e pesquisadora da temática, Cláudia Carvalho, que está concluindo a tese de mestrado na pós-graduação em Jornalismo Profissional da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), cujo título é: "O delicado lugar do suicídio no noticiário impresso paraibano". Categórica, ela afirma que a Academia não prepara o jornalista para lidar com o tema. Não se discute abertamente em sala de aula como a notícia deve ser tratada, havendo um tabu sobre a temática que extrapola a sala de aula e chega às redações.
Tão permanente quanto a morte, é a lacuna que ela deixa. Essa sensação é potencializada, especialmente, quando a partida não é esperada. Talvez o vazio mais acentuado resida quando se perde alguém por ter praticado o suicídio. É nesse delicado assunto, que se pode gravitar em questões éticas e sociais, observando que muito raramente os veículos de comunicação da Paraíba noticiam casos de pessoas que atentaram contra a própria vida.
Ela afirma que essa realidade não se resume, apenas, à Paraíba. "Na verdade, o que acontece na imprensa paraibana é um reflexo do que acontece na imprensa brasileira. Há uma dificuldade em abordar o tema e ainda persiste um tabu, segundo o qual não se deve noticiar suicídios, pois acredita-se que, ao noticiar um caso, estaria levando ao surgimento de vários outros", relata a pesquisadora.
A fundamentação de Cláudia Carvalho encontra respaldo em observações científicas realizadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que organizou, no ano de 2000, a feitura do "guia" intitulado: “Prevenção do suicídio: um manual para profissionais de mídia”. O material cita uma publicação de 1774. " Os Sofrimentos do Jovem Werther”, de Johann Wolfgang von Goethe.
No romance, é possível associar meios de comunicação de massa ao suicídio. Nessa história, o herói atira em si próprio após um amor mal sucedido. Logo após a publicação, foram registrados na Europa vários relatos de jovens que cometeram suicídio usando esse método. O fenômeno originou o termo “Efeito Werther”.
“Efeito Werther”. Um gatilho para o suicídio
Em linhas gerais, o “Efeito Werther” provoca o que se chama de “suicídio copiado”, quando alguém tira a sua vida e a publicização do ocorrido serve como um gatilho para o próximo suicídio. Em geral, o ato é praticado por uma pessoa fragilizada, portadora de problemas emocionais ou transtornos de comportamento que levam, por exemplo, à depressão profunda.
A psiquiatra Francineide Maciel, com 18 anos de experiência na área de saúde mental, entende a importância do estudo da pesquisadora paraibana, e responde não ter dúvidas que uma notícia sobre um suicídio, enfocando o ato em si como forma de espetacularização do fato é danosa. Ela aponta que, ao oferecer detalhes do suicídio, relatar o conteúdo de cartas de despedidas ou mostrar a técnica utilizada para retirar a vida, na verdade é um desserviço da mídia.
"Existem estudos sérios quanto esse assunto. É um fenômeno mundial. Deve-se ter cuidado ao noticiar", alertou a médica psiquiatra, analisando que, bem mais importante que detalhar fatos e “romantizar” o suicídio na mídia, é discutir e levantar questões sobre o problema nos meios de comunicação.
A imprensa cessou os desafios da “Baleia Azul”
Para Cláudia Carvalho e Francineide Maciel, os veículos de comunicação cumprem seu real papel quando abordam o suicídio como um problema social que precisa ser discutido com responsabilidade. Ambas citam os casos da “Baleia Azul” e da “Boneca Momo”, desafios postos na internet que redundaram em suicídios e crimes entre crianças e jovens.
“A imprensa deu publicidade, levou a discussão do assunto para a sociedade, para os pais, e alertou as autoridades sobre os perigos vindos de mentes doentias que incitavam jovens e crianças para esses absurdos”, observou Francineide Maciel, para em seguida afirmar que tais “desafios” foram cessados e muitos dos responsáveis presos graças ao papel dos meios de comunicação.
O suicídio acontece por uma conjunção de muitos fatores, explica psiquiatra Francineide Maciel. Alguns deles são sociais, psicológicos, orgânicos e genéticos. Mas os motivos predominantes são transtornos psiquiátricos, sendo o mais comum a depressão. Também há o transtorno bipolar, a esquizofrenia, a síndrome de Borderline e o abuso de drogas.
“Todos eles têm tratamento, inclusive na rede pública. São informações importantes para constar numa reportagem realmente informativa”, diz a médica psiquiatra. Em termos gerais, quando o suicídio é consumado, principalmente quando a pessoa é uma figura pública, deve-se trazer à tona como o suicida estava se sentindo ao praticar o ato, se ele apresentava sinais de depressão, por exemplo. Isso pode ajudar outros na mesma situação na busca de ajuda”, recomendou Francineide Maciel.
Fonte: www2.pbagora.com.br/noticia/saude/20190223223438/especial-a-imprensa-da-pb-deve-ou-nao-noticiar-casos-de-suicidio
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terça-feira, 12 de março de 2019
Autópsia psicológica na prevenção do suicídio: a experiência recente na UFMG

Procedimento tenta identificar sinais da vida da pessoa que levaram à morte e se seria possível evitá-los
Thuany Motta (11 mar 2019)
Considerado um dos maiores tabus da humanidade, o suicídio cresceu cinco vezes em dez anos no país. Mais de um brasileiro se mata a cada hora, e outros três tentam sem sucesso. Por dia, a conta fecha com 32 óbitos, segundo o Ministério da Saúde.
Por trás desse drama, é comum questionar-se por que a morte ocorreu e se algo poderia ter sido feito para evitá-la. Em casos assim, uma técnica pouco comum – conhecida como “autópsia psicológica” – pode ajudar a fornecer informações e respostas.
“Como uma autópsia física, ela tenta identificar sinais da vida da pessoa, analisando registros médicos, entrevistando amigos e familiares e conduzindo pesquisas sobre o estado mental dela antes da sua morte”, diz a psicóloga Lídia Fermanian, segundo-tenente da 4º Região Militar do Exército em Minas.
O método – desenvolvido nos EUA na década de 60 –, além de ser uma ferramenta útil na coleta de dados para fins de prevenção do suicídio ou para melhor compreender o comportamento suicida, ainda pode determinar que a pessoa faleceu como resultado de um suicídio quando a causa de morte é indeterminada.
No Brasil, sua aplicação mais recente é feita pela Polícia Militar de São Paulo, que registrou aumento de 37% nos casos de suicídio entre seus membros. Em Minas, a UFMG é responsável pela autópsia psicológica desde 2017 em parceria com órgãos militares, como o Exército. Três entrevistas já estão sendo analisadas pelos pesquisadores da UFMG.
A investigação envolve suicídios entre militares e seus dependentes. Uma equipe formada por um psicólogo, um psiquiatra e um assistente social faz entrevistas qualitativas, três meses após a morte (considerado o período de luto), com pais, mães, filhos, irmãos, cônjuges e colegas de trabalho.
As informações são analisadas por pesquisadores da UFMG, que traçam perfis comportamentais e de acontecimentos que sejam comuns nos casos envolvendo instituições militares para, no futuro, trabalhar a prevenção de forma eficaz.
“Tentamos identificar sinais e comportamentos que a pessoa apresentou durante a vida: dentro de casa, no trabalho, na faculdade, ou seja, nos seus círculos sociais. Nossa atenção está nos aspectos gerais, desde a infância até momentos antes da morte”, diz Lídia.
Levantamento
De acordo com a publicação do Ministério da Saúde, a taxa de suicídio no Brasil é de 5,8 por 100 mil habitantes.
A intoxicação é responsável por 18% das mortes, enquanto o enforcamento apresenta um índice de 60% dos óbitos.
A região Sudeste concentrou 49% das ocorrências, seguida da região Sul, com 25%.
Especialistas já veem avanços com método
Em menos de dois anos, os trabalhos envolvendo a autópsia psicológica em Minas têm gerado frutos. Duas vezes por ano, visitamos as regiões de atuação do Exército em Minas, que envolvem 35 mil militares da ativa, da reserva e dependentes. A procura tem sido maior desde o início das atividades”, diz a psicóloga Lídia. Segundo ela, com a alta procura, o Exército tem atuado constantemente com atividades de prevenção ao suicídio.
No caso de parentes e amigos que tiveram pessoas próximas vitimadas pelo suicídio, o Grupo de Apoio aos Enlutados de Suícidio (Gaes) da UFMG oferece acompanhamento e acolhimento desde 2017. “De dezenas de pessoas que acompanhamos em quase dois anos, muitas conseguiram viver o luto de uma forma saudável e seguir em frente. Hoje, algumas delas são voluntárias no programa”, conta a psicóloga Vivian Zicker, moderadora do Gaes.
De acordo com ela, as reuniões ocorrem nas noites de segundas-feiras em uma sala da Faculdade de Medicina da UFMG. Para participar, é necessário ter vivenciado uma situação próxima de suicídio.
A inscrição pode ser feita pelo e-mail gaesufmg@gmail.com, contendo o nome completo e a data da reunião de que deseja participar.
Fonte: https://www.otempo.com.br/interessa/sa%C3%BAde-e-ci%C3%AAncia/aut%C3%B3psia-psicol%C3%B3gica-ajuda-na-preven%C3%A7%C3%A3o-de-suic%C3%ADdios-no-pa%C3%ADs-1.2147707
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