sexta-feira, 7 de setembro de 2018

"Uma palavra pode salvar uma vida"!

Núcleo de prevenção ao suicídio atendeu mais de mil pessoas em 2017 em Rio Branco: ‘uma palavra pode salvar uma vida’

Psicóloga Josiane Furtado participou do Bate Papo do G1 desta quarta (5). Setembro Amarelo debate a prevenção do suicídio com programações.

Diego Torres Rio Branco-AC 6/9/2018 

Uma palavra, uma atenção maior e apoio são alguns dos fatores que podem ajudar uma pessoa que pensa em suicídio. Para debater o tema, a psicóloga Josiane Furtado deu dicas e falou sobre o Setembro Amarelo, mês escolhido para prevenção ao suicídio, no G1.


A profissional compõe a equipe do Núcleo de Prevenção ao Suicídio do Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (Huerb). Os dados do núcleo mostram que no primeiro semestre de 2018 foram atendidos 509 pessoas, que tentaram o suicídio ou que tinham a tendência. Em 2017 foram mais de mil ao londo do ano.

Josiane aproveitou para convidar a comunidade para a 2ª jornada da Prevenção ao Suicídio que ocorre nos próximos dias 10,11 e 12 no auditório da FAAO.

A programação do mês tem ainda uma parceria com o Cine Clube Opiniões, com exibições de filmes na Filmoteca Acreana, anexo da Biblioteca Pública, aos sábados.

"O núcleo tem psicólogos e é livre demanda, qualquer pessoa ou familiar que queira orientação pode ir lá, sendo que não fazemos psicoterapia nesse plantão, a gente encaminha para unidades básicas, clínicas escolas e onde tem as demandas. Caso um desses que a gente atenda precise ser internado, passamos para a classificação de risco, volta para o médico, que avalia junto com a gente e encaminha para os leitos de saúde mental, no Huerb", explicou a profissional.

A psicóloga explicou ainda como surgiu o setembro amarelo. Segundo ela, a campanha iniciou nos Estados Unidos por uma família de um jovem que tinha tentado suicídio.

"Ele tinha um mustangue amarelo que gostava muito e, após essa tentativa de suicídio, a família, ao invés de ficar fechada, viu que tinha que fazer alguma coisa e começou uma campanha familiar e na comunidade para que as pessoas começassem a perceber o outro, perceber o próprio filho, o vizinho em quadro de depressão, de angústia ou de um pânico", relembrou.

O núcleo serve também para ouvir o paciente e detectar o grau de risco de suicídio.

"Se está em um risco fica internado, se não, tentamos colocar esse paciente na rede. Não existe perfil de pessoas que se suicidam. Existem pessoas que demonstram, outras que não e quando a família sabe já até tentou. Atendemos de crianças a idosos sendo que na maioria, 70%, são de até 29 anos e não tem classe social, não tem idade e nem grau de escolaridade", afirmou.

Grupos de autoajuda

Ainda segundo a profissional, existem grupos de pacientes que se reúne no intuito de oferecer ajuda e se auto ajudar no tratamento. Um desses grupos se reúne no Horto Florestal há cada 15 dias. Josiane falou sobre a importância desses encontros, que são promovidos de forma independentes.

"Os pacientes que se internam no Huerb têm o número uns dos outros e eles mesmo ligam e é uma prevenção. Esses grupos de autoajuda são muito importantes, mas existem poucos ainda aqui no Estado", complementou.

'Gatilhos'

Conforme Josiane, as pessoas que tentam suicídio passam por um longo processo até chegar ao extremo de querer tirar a própria vida. Segundo ela, a pessoa não adoece do dia para noite e nem sempre tem um fator ou doença que serve como ‘gatilho’ para resultar no suicídio.

“Existem pessoas que tentam suicídio que não tem depressão, não é esquizofrênico e aconteceu algo na vida dele que não suportou e tentou suicídio. Existem pessoas que podem ter tendência a depressão, mas não têm [tendência ao suicídio], mas aí aconteceram coisas na vida dele e um dia acontece algo que é a gota d’água e o gatilho para que fizesse”, falou.

Outro ponto abordado na conversa foi que nem toda pessoa que tentou suicídio vai tentar novamente.

"Uma vez suicida não sou sempre suicida. Posso ter tentado aquela vez e não tentar de novo. Se tiver feito um tratamento e está em em consigo mesmo um ambiente familiar, escolar porque é todo um contexto ele vai aceitar isso bem", argumentou.

Ajuda da sociedade

Ajuda da família, amigos e conhecidos é importante, mas qualquer pessoa da sociedade civil pode ajudar e contribuir para o tratamento dessas pessoas. Josiane deu dicas de como ajudar uma pessoa com tendência ao suicídio.

"Aprender a ouvir essa pessoa porque hoje estamos em uma correria tão grande que não ouvimos as pessoas. Ouvir sem julgar e perguntar se quer ajuda, se pode ajudar", destacou.

Toda ajuda é bem-vida, mas segundo psicóloga o paciente precisa assumir que precisa dessa ajuda. Josiane explicou uma das principais barreiras enfrentadas é a da aceitação.

"A negação é um dos principais problemas porque se ele não se vê doente não tem como tratar. Não podemos obrigar, tem o direito de escolha", concluiu.

Para assistir a entrevista clique aqui.

Fonte: https://g1.globo.com/ac/acre/noticia/2018/09/06/nucleo-de-prevencao-ao-suicidio-atendeu-mais-de-mil-pessoas-em-2017-em-rio-branco-uma-palavra-pode-salvar-uma-vida.ghtml

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