quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Um roteiro para a prevenção do suicídio

Theo Ruprecht (23 fev. 2021)

Tentar se matar, consumar esse ato ou mesmo idealizá-lo e planejá-lo ativamente: todas essas atitudes se enquadram na definição de comportamento suicida. E não é fácil conter nenhuma delas, principalmente sem uma orientação baseada em evidências científicas. Daí o porquê de a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) ter criado a primeira diretriz nacional sobre o tema.

Embora seja mais voltada a profissionais de saúde, ela oferece informações valiosas a toda a população, como o que fazer diante de sinais preocupantes. “O acolhimento é imprescindível, mas o que salva vidas é encaminhar a pessoa a um serviço médico especializado”, afirma o psiquiatra Antônio Geraldo da Silva, presidente da ABP.

Fatores de risco

Alguns dos problemas citados no documento da ABP que elevam a probabilidade de tentativas de suicídio

- Abuso de álcool, cigarro e outras drogas
- Histórico de suicídio entre familiares
- Transtornos de imagem corporal
- Maus-tratos na infância
- Violência na comunidade
- Automutilação frequente
- Desordens de humor
- Obesidade
- Relacionamento familiar ruim
- Estresse pós-traumático
- Esquizofrenia
- Problemas de sono associados a doenças psiquiátricas
- Desemprego
- Dor intensa

Fatores de proteção

Elementos que inibem o comportamento suicida:

Alta conexão com a escola: estar próximo de um ambiente educativo saudável e manter boas relações com professores e colegas confere segurança.

Sono adequado: não menospreze a cama. Dormir bem ajuda a regular o funcionamento dos neurônios, afastando desordens psíquicas.

Resiliência: a habilidade de encarar circunstâncias negativas sem perder o prumo é um diferencial que pode ser treinado com o auxílio de especialistas.

Espiritualidade: a fé, não importa se em uma religião ou em qualquer outra coisa, oferece um sentido para seguir batalhando.

1. Avaliação e acompanhamento

O primeiro passo para minimizar os efeitos do comportamento suicida é identificá-lo. E, logo na sequência, buscar o que pode estar por trás dele. “Dados de estudos brasileiros reforçados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que 96,8% dos indivíduos que morreram por suicídio tinham alguma doença mental, tratada ou não de forma adequada”, afirma Silva.

2. Intervenção e tratamento

Um ponto destacado no guia da ABP é a necessidade de, caso o paciente tenha tentado se matar, iniciar o cuidado psiquiátrico já no ambulatório. As terapias contra distúrbios da mente — em especial a depressão — evoluíram bastante nos últimos tempos. E nem precisamos dizer que a psicoterapia segue fundamental.

3. Prevenção

Nesse quesito, o manual traz um conceito amplo. Ele inclui medidas como controlar o estresse, repousar o suficiente e desenvolver o suporte familiar. Mas também engloba, por exemplo, a criação de leis que dificultem o acesso a armas de fogo e a promoção de campanhas que acabem com os tabus sobre depressão, esquizofrenia e afins.

4. Posvenção

“Estima-se que cada óbito por suicídio tenha um forte impacto em aproximadamente seis pessoas”, revela Silva. Os familiares e amigos próximos vão precisar de apoio para não acabarem manifestando comportamentos suicidas. Essa ajuda deve vir de todos os cantos: profissionais, escola, entes queridos…

Fonte: https://saude.abril.com.br/mente-saudavel/um-roteiro-para-a-prevencao-do-suicidio/

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Pesquisa sobre popularidade e os discursos sobre as doenças no Brasil e em Portugal

Pesquisa mostra diferenças entre buscas online sobre saúde mental feitas no Brasil e em Portugal - Saúde Mental

 Sílvia Haidar

Um estudo divulgado nesta quinta-feira (18), elaborado pela subdivisão Health+Life da agência SA365, revela aumento nas pesquisas relacionadas à saúde mental em redes sociais e mecanismos de busca no Brasil e em Portugal durante o ano passado, quando começou a pandemia da Covid-19.

No Brasil, as pesquisas sobre ansiedade saltaram de 246 mil pontos, em novembro de 2019, para 370 mil pontos, na escala Google, entre os meses de abril a julho de 2020. Esse fenômeno foi acompanhado por uma diminuição na procura por termos ligados à depressão no mesmo período, com queda de 370 mil para 280 mil.

A metodologia utilizada do estudo se baseia na netnografia, que pode ser compreendida como um modelo de pesquisa etnográfica com enfoque maior nas comunidades digitais. Para isso, foram utilizados dados de popularidade do Google Trends, postagens no Twitter e monitoramento de grupos no Facebook e de comunidades no Instagram.

O objetivo do levantamento foi entender a popularidade e os discursos em relação às doenças mentais tanto no Brasil como em Portugal.

A indicação de que pessoas possam estar mais ansiosas, mas, ao mesmo tempo, sendo menos diagnosticadas com depressão chamou a atenção dos pesquisadores, já que uma das possíveis explicações pode estar no receio das pessoas em relação à Covid-19, que deixariam de procurar ajuda médica da forma adequada devido à pandemia.

“Vemos com ceticismo essa queda nas buscas sobre depressão, especialmente porque outros indicadores apresentaram aumento no mesmo período”, afirma Renata Assumpção, gerente da divisão Health+Life.

Também houve uma retração na romantização destes problemas de saúde (textos com apelo emocional e relatando casos pessoais), com um interesse maior por parte dos usuários em aspectos mais concretos como sintomas, diagnósticos e causas.

Manifestações físicas como falta de ar e pressão alta, comumente relacionadas à Covid-19, também apareceram associadas a outras buscas sobre doenças mentais.

Os dados do estudo mostram a importância do universo digital como rede de apoio neste momento. “Entendemos como relevante a atuação da indústria e de influenciadores para facilitar o diagnóstico e encaminhar as pessoas para o cuidado de um médico”, diz Renata.

A popularidade do debate sobre ansiedade vinha apresentando um crescimento orgânico desde 2015, sem variações bruscas. Um cenário semelhante também foi observado nas pesquisas relacionadas à depressão até 2019, já que antes da pandemia esta era a doença mais citada pelos usuários de redes sociais e mecanismos de busca nos dois países.

Essa predominância podia ser muita vezes explicada por fatores como o Setembro Amarelo (campanha de prevenção do suicídio) ou ainda devido a relatos de influenciadores como o humorista Whinderson Nunes, que falou abertamente sobre sofrer de depressão, declaração que foi amplamente divulgada pela imprensa.

No período pré-pandemia, também era notável uma romantização do debate sobre saúde mental. Textos que ganhavam repercussão maior nas principais plataformas sociais como Instagram e Facebook possuíam um forte apelo emocional, com poucas informações sobre sintomas e tratamento. Além disso, havia uma profusão de comentários condenatórios ao suicídio, tratando a questão como desvio de caráter ou “falta de Deus”.

Já durante a pandemia, os debates passaram a ser menos atrelados a postagens sobre depressão e mais associados a comentários sobre casos concretos. No entanto, foi registrada uma diferença entre os públicos brasileiro e português: a repercussão midiática no país europeu direcionou a atenção para o debate de saúde pública, com enfoque maior nos sintomas. Isso diferiu do que se observou no Brasil, onde a cobertura da imprensa se concentrou mais nas histórias e relatos das celebridades em questão.


https://saudemental.blogfolha.uol.com.br/2021/02/18/pesquisa-mostra-diferencas-entre-buscas-online-sobre-saude-mental-feitas-no-brasil-e-em-portugal/

terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

Projeto Vidas Preservadas, do Ministério Público do Ceará, merece ser replicado

Solenidade marca lançamento do Programa Vidas Preservadas - Governo do Estado do Ceará

Na manhã desta sexta-feira (12), uma solenidade virtual marcou o lançamento do Programa Vidas Preservadas para o ano de 2021. Na ocasião, foram debatidos temas relativos à saúde mental de crianças e adolescentes, especialmente no contexto da pandemia, além do anúncio de novas ações voltadas para a prevenção do suicídio e acolhimento de famílias que por ventura tenham sido vítimas de tal infortúnio. O Programa, realizado pelo Ministério Público do Ceará (MPCE), conta com a parceria do Governo do Estado, através da Vice-Governadoria, da Prefeitura de Fortaleza, do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) entre outras instituições.

Participaram do evento a vice-governadora do Ceará, Izolda Cela; o procurador-geral de Justiça, Manuel Pinheiro; o deputado estadual Guilherme Landim, representando a Assembleia Legislativa; a primeira-dama do Ceará, Onélia Santana; a ouvidora-geral do MPCE, Isabel Pôrto; e o coordenador do Vidas Preservadas, Hugo Porto.

Izolda Cela lembrou os compromissos firmados com a população e salientou a necessidade de seguir avançando em áreas tão fundamentais como a saúde mental. “Hoje nós podemos ser mais efetivos em relação aos cuidados com tudo que envolve a saúde mental de nossos jovens. É um tema que precisa ter como retaguarda um sistema, uma rede, muito melhor estruturado do que nós temos hoje e isso muito nos desafia. Contudo, a Secretaria da Saúde do Ceará vem empenhada em um programa de fortalecimento em todos esses aspectos”, pontuou.

A vice-governadora também ressaltou o papel do Programa Mais Infância, que mobiliza diversos setores da sociedade, em busca de dar uma melhor condição para os cearenses. “O Mais Infância tem um olhar para esse momento tão importante que é a primeira infância. Assim, podemos proporcionar melhores condições para as famílias, na criação de seus filhos, com amor e segurança. Através dessa e de outras ações, nós tivemos uma redução muito importante no abandono escolar e sabemos o impacto disso nos nossos jovens”, disse.

Em sua fala, Manuel Pinheiro recordou todo o período complicado proporcionado pela pandemia da Covid-19 e como as consequências da doença podem agravar, ainda mais, o psicológico da população, sobretudo os jovens. Para o procurador-geral, toda essa carga sentimental acaba criando um novo contingente de pessoas fragilizadas, necessitadas de auxílio por parte das instituições competentes.

Ainda segundo o magistrado, são ações como o Programa Vidas Preservadas que podem fazer todo o trabalho de acolhimento para as famílias necessitadas. “Podemos agir através de programas, projetos e ações que efetivamente sejam capazes de atuar na prevenção do suicídio. O Vidas Preservadas tem um valor muito grande para a nossa instituição”, completou.

Onélia Santana comentou a força do Ceará em conseguir aglutinar seus municípios em prol de uma causa, independente da situação política. “O Ceará é referência no Brasil em pactuação com os municípios. É algo firme e que vem dando resultados, como na educação. É um desafio que estamos enfrentando, a pandemia, e isso vai acarretar várias situações que vão precisar de todo um aparato. Agora, mais do que nunca, precisamos de todo um cuidado, sobretudo com as crianças e os adolescentes”, discorreu.

Mais de 300 psicólogos capacitados

Criado em 2018 pelo MPCE, com o apoio de diversas instituições, o Vidas Preservadas possui três grandes eixos: um de campanhas e sensibilizações, constituído de atividades perenes; o eixo das capacitações, que fomenta cursos para os profissionais voltados para a área; e o eixo da indução de políticas públicas, que dialoga com os municípios para angariar um maior espaço para os cuidados da saúde mental.

O objetivo do programa é promover, com o apoio indispensável dos parceiros, uma abordagem intersetorial da temática, de modo a desenvolver o debate, a sensibilização e o fortalecimento de políticas públicas para a promoção da saúde do povo cearense. Desde a sua criação, 109 municípios já foram capacitados, com 380 psicólogos passando pelos cursos ofertados. Até o último ano, mais de 4 mil pessoas já haviam sido afetadas pelas ações do programa.


Fonte: www.ceara.gov.br/2021/02/12/solenidade-marca-lancamento-do-programa-vidas-preservadas/

terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

Sobreviventes enlutados por suicídio: a boa experiência de acolhimento em Venâncio Aires-RS

Comitê divulga cronograma dos encontros de sobreviventes enlutados por suicídio

 

Enfermeira Patrícia Antoni fala sobre as ações realizadas pelo comitê

Enfermeira Patrícia Antoni fala sobre as ações realizadas pelo comitê
Foto: Taís Fortes/Folha do Mate)
Os integrantes do Comitê Municipal de Prevenção dos Suicídios de Venâncio Aires definiram um calendário com as datas em que serão realizados os encontros de sobreviventes enlutados por suicídio. A atividade, que começou a ser colocada em prática pelo grupo no ano passado, quando dois eventos foram realizados, terá sequência neste ano, com reuniões bimestrais.

A terceira edição está agendada para a próxima quarta-feira, 10, no Centro de Atenção Psicossocial (Caps) II, localizado na rua Visconde do Rio Branco, número 517, no Centro. A atividade ocorre das 17h30min às 19h30min. “No ano passado, realizamos dois encontros, um em setembro e outro em novembro, para termos a experiência de como seria. Decidimos fazer o cronograma para este ano, para que as pessoas possam se organizar”, explica a coordenadora do comitê, a enfermeira Patrícia Antoni.

Ainda de acordo com ela, o grupo decidiu seguir com a realização do evento porque acredita que essa seja uma importante estratégia para alcançar as pessoas que foram impactadas pela perda de alguém por suicídio. “Um plano para este ano é trabalhar mais com os sobreviventes enlutados. É um projeto voltado à prevenção”, acrescenta.

“O luto por suicídio é bem mais difícil e prolongado, porque ele envolve sentimentos de culpa, raiva, tristeza, busca por motivos para isso ter acontecido e dúvidas sobre o que poderia ter feito para impedir.”

Acolhimento

O objetivo do comitê ao realizar os encontros é oferecer aos sobreviventes enlutados por suicídio um espaço de acolhimento, pertencimento, conversa aberta e sem tabus nem julgamento, para a troca de experiências, garantido sigilo e respeito aos participantes. “O grupo é uma busca espontânea de pessoas que querem participar porque estão dispostas a falar”, observa Patrícia.

Para qualificar ainda mais os eventos, integrantes do comitê que têm interesse em participar dos encontros estão participando de uma formação on-line oferecida pelo Centro de Valorização da Vida (CVV).

Para a coordenadora do comitê, chegar até os sobreviventes enlutados por suicídio é importante porque, em algumas situações, esse assunto se torna um tabu dentro da própria família. “Ser um sobrevivente é um fator de risco”, salienta. Por isso, o grupo busca oferecer um espaço que sirva como uma rede de apoio entre as pessoas enlutadas por suicídio, além de oferecer atendimento de saúde mental especializado.

Cronograma

• Os encontros serão realizados nos dias 10 de fevereiro, 14 de abril, 9 de junho, 11 de agosto, 13 de outubro, 8 de dezembro. O local e o horário dos encontros serão definidos após a última atividade e serão divulgados nas redes sociais do Comitê de Prevenção dos Suicídios.

Outras ações

A partir da metade deste ano, os integrantes do Comitê Municipal de Prevenção dos Suicídios de Venâncio Aires também pretendem realizar encontros de formação para quem atua nas Estratégias Saúde da Família (ESFs), principalmente as agentes comunitárias de saúde. A intenção é capacitar esses profissionais para que eles façam buscas ativas com as famílias que perderam alguém por suicídio. “Oferecer estratégias para saber como abordar o assunto”, explica Patrícia.

No ano passado, o comitê começou a realizar ações interiorizadas em parceria com as equipes volantes do Centro de Referência de Assistência Social (Cras) e da Secretaria Municipal de Habitação e Desenvolvimento Social. Foram duas edições, uma em Vila Palanque e uma em Vila Mariante. Na oportunidade, foram abordados assuntos relacionados à prevenção do suicídio, por meio de uma escuta sensível, sempre com o foco da valorização da vida. Neste ano, a atividade terá continuidade e deve acontecer em mais localidades.

Para este ano, o órgão também pretende realizar um seminário de prevenção ao suicídio aberto para a comunidade. Essa já era uma proposta pensada para ser desenvolvida no ano passado, mas que precisou ser adiada por causa da pandemia de Covid-19.

No fim do ano passado, teve início em Venâncio o projeto ‘Saúde Mental em foco: acolher é Prevenir’. A ação será realizada durante 12 meses e busca trabalhar a prevenção do suicídio e da automutilação com servidores de diferentes áreas. No fim da iniciativa, se pretende preparar uma cartilha com estratégias para acolher e tratar o risco de pacientes que procurarem pela rede de atendimento oferecida pela Prefeitura.

“Quando falamos sobre nossos sentimentos, podemos lidar com eles”

O diálogo é considerado uma importante maneira para que as pessoas consigam lidar com os sentimentos, em especial os que envolvem o luto. Em relação a isso, a psicóloga Zamara Amorim Silveira, que atua na Vigilância Epidemiológica e no Centro de Atendimento de Doenças Infecto-Contagiosas (Cadi) de Venâncio Aires, relata que é importante que as pessoas que foram impactadas por suicídio tenham um espaço para falar sobre esse sentimento.

“Os encontros do comitê são uma forma de oferecer a elas um espaço para dividir as experiências com outras pessoas que vivenciaram essa situação e verem como elas estão lidando com esse luto. É um local sem julgamento”, compartilha. O objetivo do grupo é falar mais sobre esse assunto para que as pessoas busquem ajuda antes de cometer o suicídio.

“Sabemos que o assunto suicídio ainda é um tabu na nossa sociedade. As pessoas têm vergonha e receio de falar sobre isso. Então, as famílias acabam se fechando e não buscam ajuda. Já é difícil podermos falar sobre saúde mental, sobre suicídio é mais ainda”, avalia. Zamara ainda menciona que, no mínimo, entre oito e dez pessoas são impactadas por um suicídio. Ela lembra que o sobrevivente enlutado é qualquer pessoa que de alguma forma foi impactada com a perda, não sendo, necessariamente, um familiar.

Luto

Segundo a psicóloga, não existe uma receita para lidar com o luto, uma vez que cada pessoa vai vivenciá-lo de maneira diferente, com base nas experiências que já teve. “Sempre orientamos que a melhor maneira é falar sobre isso para que possamos trabalhar ele. Não guardar esse sentimento. As pessoas acham que falar sobre isso vai aumentar as sensações negativas, mas muito pelo contrário, quando falamos sobre nossos sentimentos é que podemos lidar com eles. Não que a pessoa não vai sentir saudade daquele ente querido ou ficar um pouco mais entristecido, mas que ela possa seguir em frente com saúde mental”, ressalta.

Nesse sentido, Zamara explica que é importante que as pessoas procurem ajuda de profissionais especializados e de amigos. Ela reforça que é importante que as pessoas próximas de alguém que tenha risco de suicídio fiquem atentas aos sinais. “Um grande mito que existe em relação a isso é que quem fala não faz. Na verdade, quem fala faz sim. Esse é um sinal de alerta bem importante”, destaca.

“Quando o suicídio deixar de ser tabu, provavelmente os casos vão diminuir, porque as pessoas vão ir antes buscar ajuda. É importante incentivar as pessoas a conversarem, para mostrar que isso não é nenhuma fraqueza ou covardia. Muito pelo contrário, ela está em sofrimento porque está lutando há muito tempo com tudo que sente.” Zamara Amorim Silveira, psicóloga

 

Suporte e histórico

Foto: Taís Fortes/Folha do Mate 
• A partir deste ano, a psicóloga Zamara Silveira passará a trabalhar de forma mais específica no acolhimento de sobreviventes enlutados por suicídio e de pessoas que tentaram cometer suicídio, a partir das notificações que chegam até a Vigilância Epidemiológica. O objetivo é estimular a prevenção. Além disso, ela será a profissional responsável por atender as demandas que chegam por meio do Doutor Protege Saúde Mental. “Esse trabalho com os enlutados vai colaborar para que eles se sintam mais à vontade para participar dos encontros”, avalia.

• De acordo com Zamara, quando os casos de suicídio são estudados e acompanhados, se percebe que a grande maioria dessas pessoas que cometeram tiveram algum caso na família. “Sabemos que o histórico familiar é um fator de risco para o suicídio. Por isso, é ainda mais importante abrir esse espaço [dos encontros], para que os sobreviventes enlutados possam ver que isso não é vergonhoso, para que eles consigam lidar com esse sofrimento.”

Fonte: https://folhadomate.com/livre/comite-divulga-cronograma-dos-encontros-de-sobreviventes-enlutados-por-suicidio/

sábado, 6 de fevereiro de 2021

Um projeto necessário e que merece aprovação imediato no Mato Grosso: "Programa de Prevenção de Violências Autoprovocadas ou Autoinfligidas"

 Projeto de lei propõe criação do Serviço de Acolhimento Emergencial em Saúde Mental  

Fablicio Rodrigues, da Assembleia Legislativa do Mato Grosso (5 fevereiro 2021)

Com o intuito de combater os desgastes psicológicos causados aos agentes da Segurança Pública de Mato Grosso, o deputado estadual João Batista do Sindspen (Pros), apresentou durante a sessão de terça-feira (2), o Projeto de Lei n. 73/2021, que cria o “Programa de Prevenção de Violências Autoprovocadas ou Autoinfligidas”. Se aprovado, o projeto irá atender e capacitar a Polícia Civil, Polícia Militar, Polícia Penal, Bombeiro Militar e os profissionais do Sistema Socioeducativo.

A iniciativa, como explicou o parlamentar, dá-se ao fato do aumento dos casos de suicídio entre os agentes de segurança pública. São profissões, como exemplo da Polícia Penal, considerada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), como uma das mais perigosas do mundo, que exigem o máximo potencial dos seus agentes.

“Como policial penal, conheço de perto todo o desgaste físico e mental ao qual estamos submetidos, e acredito que a mesma situação é vivenciada por outras forças de segurança. Trabalhamos em setores cujo um único erro pode nos custar a vida e a de nossos companheiros. Embora o suicídio seja uma ocorrência de extrema complexidade, as evidências científicas indicam que é possível prevenir os casos, reduzindo os fatores de risco e ampliando as medidas de cuidado e atenção, por isso tomei esta iniciativa”, disse João Batista.

De acordo com o projeto, para a operacionalização do programa, “fica facultado ao Poder Executivo, através dos órgãos competentes, a criação do Serviço de Acolhimento Emergencial em Saúde Mental, destinado à construção de protocolos e estratégias de implementação à prevenção do suicídio”.

https://odocumento.com.br/projeto-de-lei-propoe-criacao-do-servico-de-acolhimento-emergencial-em-saude-mental/

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

Ações da rede de apoio psicossocial na saúde pública: a experiência de União dos Palmares-AL

Com o NIP, veja como a Prefeitura de União transforma a vida das pessoas

O Núcleo de Integração Psicológica (NIP) foi inaugurado em novembro de 2019, e funciona como um serviço de fortalecimento psicológico para a população de União dos Palmares. Anexo ao Centro de Saúde Dr. José de Araújo Lima, o NIP oferta serviços de psicoterapia, acolhimento, grupos psicoterapêuticos e práticas integrativas, que servem de apoio aos atendimentos regulares feitos nas Unidades Básicas de Saúde.

Com uma equipe formada por sete profissionais de psicologia, assistente social e psiquiatra vinculados à atenção básica, os serviços de terapia alternativa, que incluem oficinas de mandalas, auriculoterapia, meditação guiada, entre outros, representam o grande diferencial do NIP, que auxiliam na prevenção do suicídio e valorização da vida.

O serviço foi implementado na gestão do prefeito Areski Freitas (MDB), após uma série de experiências exitosas realizadas pela equipe de psicologia da Secretaria de Saúde. Sob a liderança da psicóloga Luciene Figueredo, a ideia do NIP nasceu a partir das Rodas de Terapia Comunitária Integrativa realizadas para os alunos da Escola Municipal Mário Gomes.

– Já estávamos com 90 alunos participando dos encontros, e a demanda só aumentava. Foi quando percebemos que o município precisava de um núcleo de acolhimento psicológico – conta Luciene.

Em seu primeiro ano de funcionamento, foram realizados mais de 700 novos acolhimentos, que não incluiam serviços psiquiátricos. As sessões de psicoterapia somam cerca de mil atendimentos. Devido à pandemia da Covid-19, o núcleo pausou as atividades em grupo e trabalhou com serviços remotos para continuar levando conforto à população. Os atendimentos psiquiátricos também foram reduzidos, funcionando somente em caráter emergencial, assim como as atividades em grupo foram suspensas em prol da segurança sanitária.

Reconhecimento

O NIP simboliza um avanço nas práticas de apoio psicológico, e foi reconhecido a nível estadual, recebendo o prêmio da “Mostra Virtual Alagoana Aqui Tem SUS 2020”. Também participou da CIES como exemplo de experiências exitosas da comissão de integração. A gestão continua com o fortalecimento do serviço, pretendendo estimular os cuidados com a saúde mental e aderir campanhas como o Janeiro Branco, como forma de promoção dos serviços ofertados pelo município.

Fonte: www.br104.com.br/uniao-dos-palmares/com-o-nip-veja-como-a-prefeitura-de-uniao-transforma-a-vida-das-pessoas/