terça-feira, 17 de março de 2020

CVV vai à praça: escuta, abraços, acolhimento

Metrobus promove 'plantão de escuta' do CVV nos Terminais do Eixo Anhanguera


Um serviço diferente estará disponível para os passageiros do transporte coletivo na tarde desta terça-feira (10/03/2020). Aqueles que quiserem tirar suas dúvidas sobre o trabalho do CVV ou simplesmente ter aquele papo agradável na espera do próximo ônibus poderão entrar em contatos com voluntários do “Plantão de Escuta” que estará no Terminal Praça da Bíblia à partir das 16h. A ação continua no Terminal do Dergo, na manhã da próxima sexta-feira (13/03).


A equipe do CVV irá atender à todos os interessados em tirar suas dúvidas ou conversarem sobre os mais variados temas. Aproximadamente 15 mil pessoas passam pelos Terminais neste período. A alta circulação de pessoas no horário é um fator positivo para o desenvolvimento da ação, segundo o voluntário Fernando Tolentino, que explica alguns detalhes da ação.

“O ‘plantão de escuta’ já é realizado em várias capitais do Brasil, utilizando espaços públicos para falar sobre o tema com pessoas. Em São Paulo, por exemplo, é realizado no Metrô da cidade”, pontua. “Colocamos uma pequena mesa no local e esperamos as pessoas nos abordam para iniciar um assunto”, explica.

Não é a primeira vez que uma ação como essa é realizada nos Terminais do Eixo Anhanguera. “Em setembro, em decorrência do Setembro Amarelo, o CVV esteve trabalhando voluntariamente dentro de alguns espaços no Eixo Anhanguera. Abrimos para que voltassem sempre que quisessem e agora em virtude do Mês da Mulher, eles retornam ao Praça da Bíblia para mais um dia de ação”, explicou Paulo Cezar Reis, presidente da Metrobus.

Sobre o CVV

O CVV presta serviço voluntário e gratuito de prevenção do suicídio e apoio emocional para todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo. Os cerca de 3 milhões de atendimentos anuais são realizados por 3.000 voluntários em mais de 110 postos de atendimento pelo telefone 188 (sem custo de ligação), ou pelo www.cvv.org.br via chat, e-mail ou carta. A entidade realiza também ações presenciais, como palestras, Curso de Escutatória e grupos de apoio a sobreviventes do suicídio – GASS (https://www.cvv.org.br/cvv-comunidade/).

Fonte: https://altairtavares.com.br/metrobus-promove-plantao-de-escuta-do-cvv-nos-terminais-do-eixo-anhanguera/

sexta-feira, 13 de março de 2020

Formação de agentes para prevenção ao suicídio: uma experiência da Igreja Católica

Igreja de Campo Grande trabalha na formação de agentes para prevenção ao suicídio


O projeto, que compreende cursos de capacitação à distância e Ministério da Escuta, ainda está em fase embrionária, adianta o arcebispo de Campo Grande, Dom Dimas Lara Barbosa. O objetivo, porém, é motivar ainda mais pra uma Igreja Samaritana, como inspira a Campanha da Fraternidade deste ano no Brasil.

Andressa Collet (Cidade do Vaticano)

O Ginásio Poliesportivo Dom Bosco, em Campo Grande, recebeu cerca de 5 mil fiéis neste domingo (1/3/2020) para a missa de abertura oficial da Campanha da Fraternidade. Neste ano, o tema é inspirado na parábola do Bom Samaritano, narrada no Evangelho de Lucas, para motivar as pessoas a ter compaixão e a agir.

Dom Dimas Lara Barbosa, arcebispo de Campo Grande, que presidiu a celebração,  encorajou as comunidades a olhar para as periferias existenciais, como sempre insiste o Papa Francisco, e agir concretamente através das diversas atividades das pastorais sociais.

“A nossa opção foi incentivar a cada comunidade, a cada paróquia, a escolher uma das pastorais sociais – ou mais, se preferirem – de acordo com a realidade de cada uma delas. Nós temos pastorais sociais já bem desenvolvidas, como é o caso da Pastoral da Criança, do Menor, da Saúde, Carcerária, da Pessoa Idosa. E nós queremos, então, que essas pastorais possam ser mais focadas e desenvolvidas nas diversas comunidades e paróquias. Que cada comunidade possa, segundo o lema da Campanha da Fraternidade, parar, ver, sentir compaixão e cuidar daqueles que mais precisam.”
Formar multiplicadores na prevenção ao suicídio

Na capital do Mato Grosso do Sul, em nível diocesano, a Igreja vai promover ações de prevenção ao suicídio. Uma delas é a promoção  de cursos de capacitação, inclusive como o modelo de Educação à Distância, para formar agentes que trabalhem na prevenção ao suicídio, dando continuidade ao projeto iniciado ainda em 2018.

“Como projeto diocesano, nós queremos dar continuidade a um trabalho já iniciado na Campanha de 2018 que tratou da superação da violência. Naquela ocasião, nós havíamos montado 11 grupos de trabalho pensando na superação da violência contra a criança, contra a mulher, contra a pessoa idosa, a questão do narcotráfico, do crime organizado, a violência contra os povos indígenas, a violência racial e um grupo particularmente novo na nossa região ganhou corpo que é o que pretendia trabalhar a prevenção contra o suicídio, que hoje é praticamente uma epidemia mundial. O Mato Grosso do Sul, até recentemente, tinha o segundo lugar no Brasil em índices percentuais; agora diminuiu um pouco, passou para terceiro lugar, mas, mesmo assim, o índice ainda é muito muito alto. Então, 2018, nós tivemos a oportunidade de promover vários cursos de prevenção ao suicídio, inclusive contando com a participação do pastor Reis, da Igreja Batista, que há 17 anos já realiza esse tipo de formação na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Uma pessoa muito aberta ao ecumenismo, que está cedendo todo o material que acumulou durante todos esses anos. Ele também é capelão-bombeiro. De modo que agora nós queremos incentivar ainda mais na formação de agentes que possam estar trabalhando e sendo multiplicadores na prevenção do suicídio. E mais ainda: nós queremos criar um curso de Educação à Distância, modelo EaD, portanto, para formar pessoas que possam estar colaborando nessa prevenção ao suicídio em qualquer canto do Brasil que assim desejarem. Esse curso, naturalmente, será aberto a qualquer pessoa que queira. A prevenção de suicídio não é típica de católicos.”


Ministério da Escuta 24h por dia

A Arquidiocese está implementando a Pastoral Prevenção ao Suicídio. Quem quiser participar como voluntário, pode se inscrever em link disponível no próprio site, onde se encontra também endereço de e-mail e contato telefônico para outras informações.

Os suicídios, segundo especialidades no tema, são mais do que fatalidades. Pesquisas acadêmicas revelam que pelo menos 90% dos adolescentes que se matam têm algum tipo de problema mental que varia da depressão, a principal causa para suicídios nessa faixa etária, passando pela ansiedade, violência ou vício em drogas. O Ministério da Escuta, um serviço de acolhida também a esses problemas, será criado em Campo Grande, como antecipa Dom Dimas.

“Mas, queremos dar também uma matriz, um rosto especificamente católico e cristão para o Ministério da Escuta que nós pretendemos criar. Já estamos também com a grade bastante avançada e a ideia é ter centros de referência onde as pessoas possam encontrar ali, voluntários que, 24 horas por dia, estarão disponíveis para ouvir a qualquer um que venha simplesmente para desabafar, para falar das suas angústias. Naturalmente essas pessoas terão que ter feito o curso de prevenção ao suicídio, mas elas vão além, porque elas deverão ouvir também pessoas que tenham problemas familiares, violência doméstica e muitas outras coisas que não estão levando necessariamente a uma ideia à ação suicida, mas podem estar levando a angústias muito sérias, simplesmente por não terem com quem partilhar."
Ainda é um projeto embrionário, mas com a graça de Deus queremos dar passos significativos. Queremos nós mesmos nos tornarmos uma Igreja Samaritana para levar outros a parar, ver, compadecer-se e cuidar de quem precisa.
Fonte: www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2020-03/pastoral-prevencao-ao-suicidio-campo-grande-dom-dimas.html

quinta-feira, 12 de março de 2020

Carnaval e prevenção do suicídio: experiência em Belo Horizonte

Valorização da Vida no cortejo: o desafio de se abordar a Prevenção do Suicídio no carnaval em BH  

Um breve relato sobre a luta pela vida e a prevenção do suicídio!


Cristiane Santos de Souza Nogueira (3 março 2020)

O suicídio é um fenômeno que perpassa a história da humanidade, sendo considerado na atualidade como um problema de saúde pública. Desde 2003 a OMS instituiu o dia 10 de setembro como sendo o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio. No Brasil, a campanha do setembro amarelo se iniciou em 2015 e tem ganhado força a cada ano. Tendo como slogan “Falar é a melhor solução” objetiva-se promover e ampliar espaços de sobre suicídio, sensibilizando a população para as questões do adoecimento mental e desconstruindo mitos que impedem que as pessoas busquem ajuda diante da dor emocional.

No entanto é importante que tais temas possam ser abordados durante todas as épocas do ano, uma vez os índices de adoecimento psíquico da população crescem no mundo todo e que é preciso conscientizar as pessoas para que aprendam a reconhecer e respeitar o sofrimento mental da mesma forma que reconhecem e respeitam o sofrimento e o adoecimento do corpo.

Em novembro de 2019 uma das organizadoras de um bloco de carnaval de Belo Horizonte fez contato com o Conselho Regional de Psicologia de Minas Gerais solicitando orientações sobre como abordar a questão da prevenção do suicídio visto ser o tema escolhido pelo bloco para o cortejo de 2020.

Em sua 9ª edição, o bloco que desde 2012 carnavaliza BH levantando as bandeiras do amor, da diversidade, da alegria, do respeito e demarcando o posicionamento contra qualquer tipo de preconceito e manifestação de ódio, definiu ter como tema o SETEMBRO AMARELO “para lembrar as pessoas que a vida de cada um é muito importante".

Queremos dobrar nosso recado de afeto e trazer um tema que é por muitos ignorado. Avalia-se como uma atitude responsável do bloco buscar suporte profissional para levar esse tema para as ruas, demonstrando ter consciência sobre a necessidade se falar de maneira correta sobre um tema tão delicado. Nas chamadas para as atividades eu foram realizadas conjuntamente entre CRP e Bloco de carnaval, marca-se o convite para falar sobre o tema e para a responsabilidade de cada um na prevenção do suicídio e valorização da vida.

“É um tema tranquilo para ser tratado? NÃO! Qualquer um pode falar sobre? TAMBÉM NÃO! Para dar a devida seriedade e respeito ao assunto, contamos com o apoio do Conselho Regional de Psicologia … que já faz ações de prevenção ao suicídio e irá colaborar com a gente”.

"Na próxima segunda-feira, 13/01, vamos ter uma roda de conversa sobre Valorização da Vida. É muito importante que a banda vá em peso para saber mais do tema e conseguir levar uma mensagem da forma mais respeitosa possível”.

Ainda que não haja consenso entre a própria categoria da Psicologia, sobre os efeitos de campanhas e ações que envolvem a sociedade no tocante ao fenômeno do suicídio o CRP avaliou ser pertinente ofertar as orientações e suporte necessário para realização do cortejo, não podendo recuar ou se eximir desse debate, visto que a categoria profissional tem sido cada vez mais demandada no enfrentamento do suicídio.

Foi realizada uma reunião na sede do CRP para primeiros alinhamentos e definições em dezembro de 2019, com a primeira orientação norteadora: em se tratando de carnaval, o tema seria abordado pela Valorização da Vida, buscando formas de se passar a mensagem da prevenção do suicídio com leveza e da forma lúdica que a ocasião comporta.

O primeiro encontro, em janeiro de 2020, aconteceu em forma de roda de conversa, onde se buscou refletir sobre o fenômeno do suicídio considerando os aspectos epidemiológicos, demográficos, intrapessoais (transtornos mentais e comorbidades psiquiátricas), mas principalmente os aspectos interpessoais.

Ao discutir características do modo de vida contemporâneo foi possível deslocar o comportamento suicida dos fenômenos da patologização e medicalização da vida, reconhecendo que a nossa forma de viver comporta elementos que fazem sofrer o ser humano e que o comportamento suicida pode se apresentar como expressão da dor intensa e sofrimento emocional insuportável, estando presente ou próximo de cada pessoa que ali podia se expressar. Buscou-se desconstruir mitos sobre o fenômeno do suicídio, apresentando fatores de risco e de proteção, legitimando que as pessoas são capazes de reconhecer sinais de sofrimento emocional, mas que para isso é preciso investir mais na convivência, na disponibilidade de escutar sem julgamento e de ofertar apoio e suporte emocional.

Reiterou-se que é preciso fortalecer as redes de apoio, ofertar canais e ferramentas de apoio, legitimar a importância de se buscar ajuda profissional quando necessário e de construir saídas locais, mapeando os recursos e dispositivos disponíveis nos territórios de pertencimento.

O segundo encontro se deu em formato de oficina abordando Valorização da Vida, contando com a colaboração da conselheira do CRP e de uma jornalista que contextualizou a chita enquanto tecido de resistência subversiva, resistência político afetiva na história do Brasil desde a colonização.  O bloco não usa abadás ou fantasias, sendo instituído o uso da chita para confecção de roupas e adereços para seus integrantes.

A jornalista ao citar Walter Benjamin e sua obra “a história dos vencidos”, fala da chita em sua cesura, fazendo um recorte na história e demonstrando o descontínuo do tecido do povo. 

Originalmente da Índia, a Chintz foi levada para a Europa no século XVI por Vasco da Gama, sendo um tecido nobre e tão caro quanto a seda. Suas cores e figuras acompanham e interpretam a cultura local, sofrendo alterações pelos países por onde passa.

Considerada mais que um tecido, um padrão, amplamente usado na decoração, na porcelana e na impressão de tecidos nobres, a Chita chega ao Brasil no século XVII, havendo uma proibição de sua produção pela coroa de Portugal, uma vez que os nobres só podiam comprar tecidos da Europa. Tal proibição não impediu que os escravos produzissem o tecido em teares escondidos, sendo usado também pelos os índios, passando a ser considerado no Brasil como pano de pobre, dos rejeitados enquanto em Portugal se realiza concursos de vestido de chita.

Para os africanos que aqui estavam, a chita era um tecido carregado de memória afetiva, por a resistência em continuar tecendo. Os inconfidentes se vestiam de chita quando protestavam nas ruas da antiga Villa Rica, hoje Ouro Preto nas Minas Gerais.  Assim passa a ter a conotação de subversão e no século XIX vem nova ordem de proibição de qualquer tecido em MG, que teve a primeira grande industria dedicada à produção de chita.


“O não conformismo nas roupas tende naturalmente a expressar o não conformismo em ideias sociais e políticas”. (Flugel)

Contextualizando a chita, a essência do bloco estava colocada. Assim, como a Valorização da Vida seria a tônica da abordagem da prevenção do suicídio no cortejo de carnaval, definiu-se pelo uso de chitas em cor amarela, tecidos com girassol e do próprio girassol como símbolo para 2020. Tornou-se oportuno também contextualizar sobre o uso da cor amarela e do girassol como símbolos da campanha da prevenção do suicídio no Brasil e no mundo.

POR QUE O GIRASSOL?

Setembro: início da primavera, estação das flores e da esperança. Pesquisas comprovaram que pessoas que moram em lugares bruscos, com pouco Sol, podem desenvolver tendências à Depressão.

Assim, o girassol é a flor da campanha da Prevenção do Suicídio justamente por acompanhar a alegria e a vitalidade da luz solar.

Nos campos, em dias nublados, os girassóis se voltam uns para os outros, buscando a energia em cada um.

Não ficam murchinhos, nem de cabeça baixa. Olham uns para os outros … Erguidos, lindos.

Nos ensinam que olhar para o outro, pode fazer toda diferença em nossas vidas, afinal a convivência é nossa força motriz. Seu miolo gera centenas de sementes, que produzem tantos outros novos girassóis! Semear esperança e muitos afetos é para o ser humano, sentido de vida!

Se não temos sol todos os dia, temos uns aos outros…
Que sejamos girassóis todos os dias!!!

Nesse segundo encontro abordou-se algumas atitudes e falas que devem ser evitadas ao se abordar o tema, ressaltou-se a importância da escuta ativa e de se apontar canais de ajuda e construção de saídas para pessoas que apresentem sinais de dor e sofrimento emocional. Depois de um brain storm coletivo, de frases, palavras e ideias com os presentes, foram selecionadas frases de impacto a serem usadas no cortejo:

    – Aguente firme, Você não está só!

    – Você tem o poder de dizer ‘não é assim que minha história termina’

    – Pare e respire, há opções melhores, e muitas pessoas que te amam

    – Mesmo que as coisas estejam difíceis, sua vida importa; você é uma luz brilhante em um mundo escuro, então, aguente firme.

    Valorizar a vida é…

    É ligar quando sentir saudades.

    É não ignorar um pedido de ajuda.

    É ouvir sem julgar.

    É respeitar as escolhas e vontades.

    É dizer que ama.

A comunicação entre a COMORG e a conselheira referência do CRP se manteve ativa para troca de ideias, construção de frases, mensagens e estratégias a serem usadas no cortejo. Através da revisão da playlist, definiu-se momentos de marcação sobre o tema durante o trajeto. Foi construído um release, um texto que foi disponibilizado a todos os integrantes do bloco, para que todos se preparassem para possíveis interpelações e questionamentos que pudessem surgir, antes, durante e após o cortejo, visto ser uma atitude ousada e polêmica um bloco de carnaval que abordar a prevenção do suicídio.

“O bloco do Batiza, com suas chitas que espalham resistência e empatia pelo carnaval de BH decidiu abordar a valorização da vida no seu cortejo de 2020. O tema da prevenção do suicídio ainda é polêmico, envolvido em muitos mitos e julgamentos morais e muitas pessoas têm medo de falar sobre o assunto. É preciso disseminar a mensagem de que a vida vale a pena, de existem razões para viver. É desconstruir as ideias em torno do sofrimento emocional, levando a sociedade a respeitar e reconhecer a dor da alma da mesma forma que reconhece a dor do corpo.

Dessa forma, as pessoas irão parar de esconder sua dor interna, falando e recebendo orientação, procurando ajuda profissional se for necessário. O suicídio é um problema de saúde pública no mundo inteiro, sendo o final de um processo de sofrimento insuportável.

Estima-se que 90% dos casos sejam evitáveis mas para seu enfrentamento é preciso o envolvimento de todos os atores sociais, que auxiliem as pessoas que sofrem de desesperança, de desamparo, de desespero a construírem saídas e alternativas para a vida. As pessoas podem aprender a reconhecer sinais e sintomas da dor emocional que não é visível aos olhos e só pode ser identificada através da convivência, das relações.

Precisamos de mais afetos e menos telas. De mais trocas e acolhimento e menos individualismo. É possível aprender a ofertar apoio, a ofertar escuta e acolhimento. Para isso, é preciso encarar as ameaças com seriedade, ajudar a pessoa a avaliar a situação, explorando soluções e dando orientações concretas para preservar a vida.

Para tanto, é preciso antes de tudo, procurar compreender (sem juízo de valor), ofertar disponibilidade de escuta sem repressões e sem ser invasivo, apontando canais de apoio como o CVV,  serviços e profissionais de saúde mental.  FALAR É A MELHOR SOLUÇÃO E A CONVIVÊNCIA É A MELHOR SOLUÇÃO, se acreditamos e valorizamos a vida! Sejamos boas energias! Sejamos girassóis!” Vamos amarelar nossas chitas e as ruas por onde passarmos.

BLOCO DO BATIZA

Outras ações estavam planejadas para o cortejo como entrega de adesivos e de sementes de girassóis com frases de esperança, porém, com os problemas vivenciados pelos blocos de BH, às vésperas do início do carnaval, com

As repercussões resultaram em comprovar que é possível abordar a temática com seriedade e responsabilidade, através de orientações técnicas e com embasamento científico, em contextos diversos, com leveza e transmitindo mensagem de esperança. Pensando que as saídas devem ser locais, que as micro políticas podem operar transformações…

Essa experiência buscou efetivar a encomenda inicialmente formulada ao CRP, conjugando a essência do bloco com suas a chitas, com o amarelo do girassol na perspectiva da Valorização da Vida e da Prevenção do Suicídio, de forma lúdica, propiciando a sensibilização sem mobilizar resistências e defesas frente a um tema que toca a todos de forma tão profunda. Um cortejo de carnaval como resistência e subversão aos processos de medicalização e patologização, para uma aposta de vivencias afetivas, de fortalecimento de vínculos, do estreitamento dos laços de convivência. Uma aposta nas tecnologias leves, na melhoria da qualidade de vida das pessoas, que só é possível pelas relações, afinal o ser humano é ser gregário, que se abastece da luz, do calor e da energia de outros seres humanos.

Texto e Fotografia:
Cristiane Santos de Souza Nogueira,
Conselho Regional de Psicologia de Minas Gerais
Especial para os Jornalistas Livres

Edição da matéria:
Leonardo Koury Martins, Jornalistas Livres

Fonte: https://jornalistaslivres.org/valorizacao-da-vida-no-cortejo-o-desafio-de-se-abordar-a-prevencao-do-suicidio-no-carnaval-em-bh/