quarta-feira, 27 de março de 2019

Mais uma "família de famosos" se mobiliza para ajudar a prevenir o suicídio

Família de Avicii cria fundação pela saúde mental e prevenção do suicídio

The Tim Bergling Foundation irá trabalhar com pessoas e empresas que atuam na área de saúde mental

Tony Aiex (26 mar 2019) 
No dia 20 de Abril de 2018, há quase um ano, o DJ sueco Avicii foi encontrado morto em um hotel de Muscat, em Omã.

A triste notícia pegou o mundo inteiro de surpresa, já que o músico de muito sucesso nos deixou com apenas 28 anos de idade, e dias depois veio a confirmação de que ele tirou a própria vida.

Como nós falamos por aqui, os únicos herdeiros de Avicii, nascido Tim Bergling, são os seus pais, e para celebrar a sua obra, vida e evitar que novos casos como esses aconteçam, a família do produtor resolveu criar uma fundação chamada Tim Bergling Foundation.

De acordo com um comunicado oficial, a missão inicial é “apoiar pessoas e organizações que trabalhem no campo de saúde mental e prevenção de suicídio.”

Além disso, a Fundação também irá trabalhar nos ramos de “mudanças climáticas, conservação da natureza e espécies em extinção”.

Fonte: www.tenhomaisdiscosqueamigos.com/2019/03/26/avicii-familia-fundacao/

domingo, 24 de março de 2019

Política de combate ao suicídio tramita na Câmara dos Deputados

Aprovada proposta que cria política para combate ao suicídio

Hospitais ficam obrigados a notificar as autoridades responsáveis sobre casos tentados e consumados de suicídio

 

A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados aprovou, na última quarta-feira (20), proposta que cria a Política Nacional de Prevenção e Combate ao Suicídio e de Valorização da Vida. O projeto agora segue para votação no Plenário.

O texto aprovado é um substitutivo da Comissão de Seguridade Social ao projeto 8632/17, do Senado. O relator na CCJ, deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS), apresentou parecer pela constitucionalidade.

Originalmente, o texto do Senado criava apenas a Semana Nacional de Prevenção do Suicídio e de Valorização da Vida, a ser realizada, anualmente, na semana que compreender o dia 10 de setembro, Dia Mundial de Prevenção do Suicídio.

O substitutivo mantém a criação da data, mas é bem mais amplo que o original, pois estabelece uma série de medidas para definir uma política com o intuito de prevenir suicídios.

Medidas de prevenção

A proposta aprovada estabelece que o suicídio é um mal social que deve ser combatido por meio da atuação conjunta da União, dos estados, dos municípios e do Distrito Federal.

De acordo com o texto, o Poder Público deverá realizar campanhas com foco informativo e educativo de valorização da vida.

Os governos deverão, entre outros pontos:

– desenvolver estratégias de comunicação e de sensibilização da sociedade de que o suicídio é um problema de saúde pública que pode ser prevenido;

– promover palestras voltadas à população em geral e aos profissionais da área de saúde, para orientar e alertar sobre o quadro clínico psicológico, especialmente com a análise de comportamentos suicidas;

– divulgar material por todos os meios de comunicação, inclusive redes sociais, com objetivo de valorizar a vida, estimulando a prática de hábitos física e mentalmente saudáveis, como a leitura e a prática de esportes;

– distribuir cartilhas didáticas a órgãos públicos, de forma a proporcionar a capacitação dos servidores públicos no trato de pessoas que manifestem tendências suicidas;

– criar canais de atendimento pessoal, inclusive por meio telefônico, para atendimento de pessoas com desejos suicidas.

Banco de dados

A proposta estabelece que os governos federal, estaduais, municipais e distrital deverão manter banco de dados com informações sobre casos tentados e consumados de suicídio.

Hospitais e outras organizações que atuam na área da saúde ficam obrigadas a notificar as autoridades responsáveis pela gestão do banco e os dados obtidos deverão servir para aprimorar a política nacional de enfrentamento ao suicídio.

De acordo com o Ministério da Saúde, entre 2007 e 2016, foram registradas no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) 106.374 mortes por suicídio. Em 2016, o número subiu para 11.433.

Tratamento a suicidas 

A proposta estabelece ainda que o Estado tem o dever de fornecer tratamento a pessoas com desejo suicida e custear a medicação que se faça necessária, caso o paciente não tenha condições financeiras de comprar seus remédios.

As despesas com a Política Nacional de Prevenção e Combate ao Suicídio deverão ser pagas com o orçamento da Seguridade Social.

Debate

A proposta foi aprovada na CCJ na primeira semana de votações do colegiado nesta legislatura, e foi bastante debatida.

O relator, Pompeo de Mattos, lembrou o massacre recente na escola de Suzano (SP), como exemplo da necessidade de uma política de prevenção ao suicídio. “Ali nós temos um suicídio com requintes de crueldade porque antes do suicídio houve uma chacina", afirmou.

"O Estado e a sociedade sempre consideraram o suicídio como uma questão individual, errada, que inclusive mereceu punições em épocas pretéritas”, lembrou o deputado Arthur Oliveira Maia (DEM-BA) ressaltando que os suicidas não podiam sequer ser enterrados no cemitério.

A deputada Talíria Petrone (Psol-RJ) citou uma pesquisa do Ministério da Saúde em parceria com a Universidade de Brasília, que demonstrou que 55,4% dos jovens e adolescentes que se suicidaram em 2016 eram negros. Já o deputado Fábio Trad (PSD-MS) ressaltou o impacto da internet no problema. “O suicídio, hoje, com as redes sociais está se configurando com um problema epidêmico", lamentou.

Fonte: www.diariodigital.com.br/politica/aprovada-proposta-que-cria-politica-para-combate-ao-suicidio/180982/

terça-feira, 19 de março de 2019

Algoritmo da vida: revista Rolling Stone e o seu projeto de prevenção do suicídio

Rolling Stone lança projeto para prevenção do suicídio após histórias de famosos

Projeto busca ajudar usuários com sintomas de depressão no Twitter

A revista Rolling Stone acaba de lançar um novo projeto, chamado O Algoritmo da Vida, no qual visa prevenir o suicídio entre os brasileiros. A ideia surgiu após analisarem os diários do cantor Kurt Cobain, que tirou a própria vida em 5 de abril de 1994. Os textos do artista ajudaram uma equipe especializada a identificar palavras que podem indicar sintomas da depressão.

Assim, eles criaram o Algoritmo da Vida, que vai buscar uma enorme variedade de palavras, expressões e frases em postagens públicas dos usuários do Twitter. Depois disso, um perfil amigável na rede social entrará em contato com a pessoa identificada e tentará ajuda-la a buscar o melhor tratamento de seu estágio depressivo. 

"A Rolling Stone, como um veículo voltado à cultura pop e, principalmente, à música, lida todos os dias com a depressão ou seus sintomas. E isso é alarmante", diz Pedro Antunes, editor-chefe da Rolling Stone Brasil. "Muitos músicos pediram ajuda nas suas músicas. Veja o caso de Kurt Cobain ou de Chester Bennington, do Linkin Park, por exemplo. Vidas chegaram ao fim de forma precoce por conta da depressão, basta lembrar de Chris Cornell. Tudo o que pudermos fazer para diminuir esse número precisa ser nossa prioridade. É uma responsabilidade social que devemos ter. Cada vida salva é uma vitória", completa.

Entenda mais sobre o projeto no vídeo:


Fonte: https://contigo.uol.com.br/noticias/ultimas/rolling-stone-lanca-projeto-de-prevencao-do-suicidio-apos-historias-de-famosos-kurt-cobain.phtml

sexta-feira, 15 de março de 2019

Imprensa e notícia sobre suicídio: uma discussão sempre

A imprensa da Paraíba deve ou não noticiar casos de suicídio?
Eliabe Castor - PB Agora - (11 mar 2019)

A observação vem da jornalista e pesquisadora da temática, Cláudia Carvalho, que está concluindo a tese de mestrado na pós-graduação em Jornalismo Profissional da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), cujo título é: "O delicado lugar do suicídio no noticiário impresso paraibano". Categórica, ela afirma que a Academia não prepara o jornalista para lidar com o tema. Não se discute abertamente em sala de aula como a notícia deve ser tratada, havendo um tabu sobre a temática que extrapola a sala de aula e chega às redações.

Tão permanente quanto a morte, é a lacuna que ela deixa. Essa sensação é potencializada, especialmente, quando a partida não é esperada. Talvez o vazio mais acentuado resida quando se perde alguém por ter praticado o suicídio. É nesse delicado assunto, que se pode gravitar em questões éticas e sociais, observando que muito raramente os veículos de comunicação da Paraíba noticiam casos de pessoas que atentaram contra a própria vida.

Ela afirma que essa realidade não se resume, apenas, à Paraíba. "Na verdade, o que acontece na imprensa paraibana é um reflexo do que acontece na imprensa brasileira. Há uma dificuldade em abordar o tema e ainda persiste um tabu, segundo o qual não se deve noticiar suicídios, pois acredita-se que, ao noticiar um caso, estaria levando ao surgimento de vários outros", relata a pesquisadora.

A fundamentação de Cláudia Carvalho encontra respaldo em observações científicas realizadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que organizou, no ano de 2000, a feitura do "guia" intitulado: “Prevenção do suicídio: um manual para profissionais de mídia”. O material cita uma publicação de 1774. " Os Sofrimentos do Jovem Werther”, de Johann Wolfgang von Goethe.

No romance, é possível associar meios de comunicação de massa ao suicídio. Nessa história, o herói atira em si próprio após um amor mal sucedido. Logo após a publicação, foram registrados na Europa vários relatos de jovens que cometeram suicídio usando esse método. O fenômeno originou o termo “Efeito Werther”.

“Efeito Werther”. Um gatilho para o suicídio

Em linhas gerais, o “Efeito Werther” provoca o que se chama de “suicídio copiado”, quando alguém tira a sua vida e a publicização  do ocorrido serve como um gatilho para o próximo suicídio. Em geral, o ato é praticado por uma pessoa fragilizada, portadora de problemas emocionais ou transtornos de comportamento que levam, por exemplo, à depressão profunda.

A psiquiatra Francineide Maciel, com 18 anos de experiência na área de saúde mental, entende a importância do estudo da pesquisadora paraibana, e responde não ter dúvidas que uma notícia sobre um suicídio, enfocando o ato em si como forma de espetacularização do fato é danosa. Ela aponta que, ao oferecer detalhes do suicídio, relatar o conteúdo de cartas de despedidas ou mostrar a técnica utilizada para retirar a vida, na verdade é um desserviço da mídia.

"Existem estudos sérios quanto esse assunto. É um fenômeno mundial. Deve-se ter cuidado ao noticiar", alertou a médica psiquiatra, analisando que, bem mais importante que detalhar fatos e “romantizar” o suicídio na mídia, é discutir e levantar questões sobre o problema nos meios de comunicação.

A imprensa cessou os desafios da “Baleia Azul”


Para Cláudia Carvalho e Francineide Maciel, os veículos de comunicação cumprem seu real papel quando abordam o suicídio como um problema social que precisa ser discutido com responsabilidade. Ambas citam os casos da “Baleia Azul” e da “Boneca Momo”, desafios postos na internet que redundaram em suicídios e crimes entre crianças e jovens.

“A imprensa deu publicidade, levou a discussão do assunto para a sociedade, para os pais, e alertou as autoridades sobre os perigos vindos de mentes doentias que incitavam jovens e crianças para esses absurdos”, observou Francineide Maciel, para em seguida afirmar que tais “desafios” foram cessados e muitos dos responsáveis presos graças ao papel dos meios de comunicação.

O suicídio acontece por uma conjunção de muitos fatores, explica psiquiatra Francineide Maciel. Alguns deles são sociais, psicológicos, orgânicos e genéticos. Mas os motivos predominantes são transtornos psiquiátricos, sendo o mais comum a depressão. Também há o transtorno bipolar, a esquizofrenia, a síndrome de Borderline e o abuso de drogas.

“Todos eles têm tratamento, inclusive na rede pública. São informações importantes para constar numa reportagem realmente informativa”, diz a médica psiquiatra. Em termos gerais, quando o suicídio é consumado, principalmente quando a pessoa é uma figura pública, deve-se trazer à tona como o suicida estava se sentindo ao praticar o ato, se ele apresentava sinais de depressão, por exemplo. Isso pode ajudar outros na mesma situação na busca de ajuda”, recomendou Francineide Maciel.

Fonte: www2.pbagora.com.br/noticia/saude/20190223223438/especial-a-imprensa-da-pb-deve-ou-nao-noticiar-casos-de-suicidio

terça-feira, 12 de março de 2019

Autópsia psicológica na prevenção do suicídio: a experiência recente na UFMG

Autópsia psicológica ajuda na prevenção de suicídios no país

Procedimento tenta identificar sinais da vida da pessoa que levaram à morte e se seria possível evitá-los

Thuany Motta (11 mar 2019)

Considerado um dos maiores tabus da humanidade, o suicídio cresceu cinco vezes em dez anos no país. Mais de um brasileiro se mata a cada hora, e outros três tentam sem sucesso. Por dia, a conta fecha com 32 óbitos, segundo o Ministério da Saúde.

Por trás desse drama, é comum questionar-se por que a morte ocorreu e se algo poderia ter sido feito para evitá-la. Em casos assim, uma técnica pouco comum – conhecida como “autópsia psicológica” – pode ajudar a fornecer informações e respostas.

“Como uma autópsia física, ela tenta identificar sinais da vida da pessoa, analisando registros médicos, entrevistando amigos e familiares e conduzindo pesquisas sobre o estado mental dela antes da sua morte”, diz a psicóloga Lídia Fermanian, segundo-tenente da 4º Região Militar do Exército em Minas.

O método – desenvolvido nos EUA na década de 60 –, além de ser uma ferramenta útil na coleta de dados para fins de prevenção do suicídio ou para melhor compreender o comportamento suicida, ainda pode determinar que a pessoa faleceu como resultado de um suicídio quando a causa de morte é indeterminada.

No Brasil, sua aplicação mais recente é feita pela Polícia Militar de São Paulo, que registrou aumento de 37% nos casos de suicídio entre seus membros. Em Minas, a UFMG é responsável pela autópsia psicológica desde 2017 em parceria com órgãos militares, como o Exército. Três entrevistas já estão sendo analisadas pelos pesquisadores da UFMG.

A investigação envolve suicídios entre militares e seus dependentes. Uma equipe formada por um psicólogo, um psiquiatra e um assistente social faz entrevistas qualitativas, três meses após a morte (considerado o período de luto), com pais, mães, filhos, irmãos, cônjuges e colegas de trabalho.

As informações são analisadas por pesquisadores da UFMG, que traçam perfis comportamentais e de acontecimentos que sejam comuns nos casos envolvendo instituições militares para, no futuro, trabalhar a prevenção de forma eficaz.

“Tentamos identificar sinais e comportamentos que a pessoa apresentou durante a vida: dentro de casa, no trabalho, na faculdade, ou seja, nos seus círculos sociais. Nossa atenção está nos aspectos gerais, desde a infância até momentos antes da morte”, diz Lídia.

Levantamento

De acordo com a publicação do Ministério da Saúde, a taxa de suicídio no Brasil é de 5,8 por 100 mil habitantes.

A intoxicação é responsável por 18% das mortes, enquanto o enforcamento apresenta um índice de 60% dos óbitos.

A região Sudeste concentrou 49% das ocorrências, seguida da região Sul, com 25%.

Especialistas já veem avanços com método

Em menos de dois anos, os trabalhos envolvendo a autópsia psicológica em Minas têm gerado frutos. Duas vezes por ano, visitamos as regiões de atuação do Exército em Minas, que envolvem 35 mil militares da ativa, da reserva e dependentes. A procura tem sido maior desde o início das atividades”, diz a psicóloga Lídia. Segundo ela, com a alta procura, o Exército tem atuado constantemente com atividades de prevenção ao suicídio.

No caso de parentes e amigos que tiveram pessoas próximas vitimadas pelo suicídio, o Grupo de Apoio aos Enlutados de Suícidio (Gaes) da UFMG oferece acompanhamento e acolhimento desde 2017. “De dezenas de pessoas que acompanhamos em quase dois anos, muitas conseguiram viver o luto de uma forma saudável e seguir em frente. Hoje, algumas delas são voluntárias no programa”, conta a psicóloga Vivian Zicker, moderadora do Gaes.

De acordo com ela, as reuniões ocorrem nas noites de segundas-feiras em uma sala da Faculdade de Medicina da UFMG. Para participar, é necessário ter vivenciado uma situação próxima de suicídio.

A inscrição pode ser feita pelo e-mail gaesufmg@gmail.com, contendo o nome completo e a data da reunião de que deseja participar.

Fonte: https://www.otempo.com.br/interessa/sa%C3%BAde-e-ci%C3%AAncia/aut%C3%B3psia-psicol%C3%B3gica-ajuda-na-preven%C3%A7%C3%A3o-de-suic%C3%ADdios-no-pa%C3%ADs-1.2147707