segunda-feira, 30 de agosto de 2021

Um "precisamos falar sobre isso" amadurecido e ampliado...

Já "passou na televisão", ficou pelo Youtube e há o link, no final desta postagem, para acesso às palestras  


Café Filosófico CPFL apresenta série sobre suicídio entre crianças e jovens na TV Cultura

Primeiro episódio vai ao ar neste domingo, 09/5, com Neury Botega, que também assina a curadoria da série. Programa é exibido nas noites de domingo da TV Cultura – às 19 horas

O Café Filosófico CPFL estreia neste domingo (9), na TV Cultura, a série “Vidas que seguem ou acabam – o suicídio entre crianças e jovens”. Com curadoria do psiquiatra Neury Botega, a série quebra o tabu sobre o assunto e aborda o crescente número de mortes entre adolescentes e jovens adultos. Traz, ainda, reflexões sobre o porquê tantas pessoas têm desistido de viver e sobre os caminhos para prevenção de um fenômeno tão complexo quanto o suicídio. A série é inédita, composta por cinco episódios que contam com a participação de Neury Botega, de José Manoel Bertolote, Berenice Rheinheimer e Leandro de Lajonquière.

“É uma série que toca muito as pessoas. Durante as gravações, eu vi pessoas emocionadas: pais, mães, amigos, namorados e até adolescentes que buscavam um apoio ou uma alternativa para si ou para ajudar alguém ao seu redor. Contamos com um time de especialistas incríveis para lidar com um tema tão sensível. Vale a pena conferir cada episódio”, explica a produtora executiva do Instituto CPFL, Gabriela Gallo.

No episódio de estreia, Neury Botega defende que é preciso falar sobre suicídio, reafirmando que discutir o tema é uma forma de prevenção. “É mostrar que a vida tem alternativas, sempre. Se o suicídio sempre foi tratado como tabu, é preciso dizer também que ele sempre esteve presente nas sociedades. E a nossa atual enfrenta uma triste realidade: a desesperança de muitos adolescentes que acabam tirando a própria vida”, explica.

O programa vai ao ar aos domingos, pela TV Cultura, às 19 horas.

Confira as datas das exibições:

09/5: Porque é preciso falar de suicídio, com Neury Botega

16/5: Políticas públicas na prevenção ao suicídio, com José Manoel Bertolote

23/5: Suicídio e comportamento suicida entre jovens, com Berenice Rheinheimer

30/5: Crianças de hoje, diferentes das de antes?, com Leandro de Lajonquière

06/6: Precisamos falar ainda mais sobre suicídio, com Neury Botega e José Manoel Bortolote


Fonte: https://institutocpfl.org.br/cafe-filosofico-cpfl-apresenta-serie-sobre-suicidio-entre-criancas-e-jovens-na-tv-cultura/



sexta-feira, 27 de agosto de 2021

Amanda Olig e seu depoimento alentador

"Descobri minha gravidez depois de uma tentativa de suicídio", diz mãe

Izabel Gimenez e Renata Menezes

Nos últimos dias, o vídeo que conta parte da história de Amanda Olig viralizou no Tik Tok e comoveu mais de 9 milhões de pessoas. A escritora, que na época era diagnosticada com depressão, tentou se suicidar sem saber que estava grávida. “Eu tomei vários medicamentos. Não sentia que queria morrer, mas estava frustrada. Na mesma hora chamei minha mãe e fomos para o hospital fazer a lavagem estomacal. Cerca de duas semanas depois, descobri que tinha um bebê na minha barriga”.

Pouco tempo depois, o ex-namorado colocou um ponto final no relacionamento, o que tornou a situação ainda mais difícil. Filha de mãe solo, Amanda sempre sonhou em formar uma família grande para evitar viver as mesmas dificuldades que viu sua mãe enfrentar ao criar uma criança sozinha. “Minha gestação foi muito difícil, não entendia porque estava acontecendo aquilo comigo. Eu orei minha vida inteira para encontrar alguém bom. Queria estar em outro contexto, via a história se repetindo”.

Olig precisou de tempo para conseguir amar Théo e brinca que Iza, sua mãe, precisou amá-lo primeiro para que ela entendesse como fazer isso. Durante toda a gravidez, foi a matriarca que acalmava seus medos, suas inseguranças e tirava suas principais dúvidas sobre o tema. Depois de pouco mais de 1 mês do nascimento do garoto, Amanda confessou a mãe que não entendia porque o bebê tinha nascido. “Eu dizia para ela: ‘Eu quero que ele seja feliz, mas não sei porque ele está aqui’. Ela chorou muito comigo, me acalmou e foi para o trabalho. Foi a última vez que nos vimos. Mais tarde, enquanto amamentava o telefone tocou para avisar que ela tinha sofrido um acidente”.

Dona Iza faleceu em 2019 de mal súbito. Amanda conta que se viu sozinha naquele momento, já que ela era sua maior companheira desde sempre. “Foi um trauma, um choque. Foi muito difícil retomar esse momento da amamentação de forma leve. Toda vez que o colocava no peito, desabava. Não conseguia nem olhar para ele. Achei que iria enlouquecer. Catava os fios de cabelo pela casa, cheirava as roupas antigas dela. Sei que é horrível dizer isso, mas naquele momento desejava que tudo caísse na nossa cabeça para que a dor acabasse”.

Amanda se permitiu conhecer seu filho e dar tempo para que a relação dos dois crescesse cada dia mais. Sua rede de apoio, além da família do ex-companheiro, era uma grande amiga de Iza da época da juventude. No passado, as duas engravidaram juntas e prometeram que se caso algo acontecesse com uma delas, a outra sempre estaria ali para cuidar das crianças. “Foi importante, mas o colo de mãe você não encontra em nenhum outro lugar. Tentava entender porque Deus tinha me dado aquele bebê e tirado minha mãe. A dor continua até hoje, a diferença é que aprendi a conviver com ela. Gosto de pensar da forma romântica que eles combinaram que um ficaria para me ajudar e me manter forte”.

Desde o início, Amanda sentiu dificuldade de compartilhar essa dor com pessoas a sua volta. Foi na internet onde encontrou mulheres que passaram por situações parecidas e se sentiu confortável para expressar seus sentimentos através de textos e vídeos. “Escrever, chorar e me permitir ser vulnerável, me ajudou a tratar essa ferida. Se eu não vivesse o luto naquele momento, uma hora isso ia afetar o meu filho. No meio de tudo isso, a pandemia começou. Foram mais de 500 mil famílias que estavam vivendo essa perda também. Conseguir dialogar com outras pessoas que também sofrem, me encoraja. Ajuda a dar sentido a dor porque ela está direcionada a algo positivo. Seria cruel comigo mesma viver isso sozinha”.

Onde buscar ajuda

Caso você ou algum membro da sua família precise de apoio emocional, entre em contato com o serviço gratuito de prevenção do suicídio, o Centro de Valorização da Vida (CVV), através do telefone 188 ou do site www.cvv.org.br. Eles ficam disponíveis de domingo a domingo, 24 horas por dia.

Fonte: https://revistacrescer.globo.com/Gravidez/noticia/2021/08/descobri-minha-gravidez-depois-de-uma-tentativa-de-suicidio-diz-mae.html

Por trás da tela: falsa sensação de proteção é indicativo para o aumento do cyberbullying

Bianca Andrade

Sessenta segundos. Esse pode ser o tempo de uma ligação, de aquecer uma comida no micro-ondas, tempo de responder um e-mail, organizar a mesa de trabalho. Sessenta segundos pode ser o tempo necessário para entrar para a história batendo o recorde em algum esporte, ou até um pouco menos, a depender da modalidade.

Sessenta segundos pode ter a duração de um vídeo na rede social TikTok e os mesmos 60 segundos podem tirar uma vida. No caso de Lucas Santos, filho da cantora Walkyria Santos, 32 segundos foram o suficiente para causar um estrago irreparável na vida do adolescente de 16 anos e de toda a sua família.

O jovem, encontrado morto na última terça-feira (3) no condomínio onde morava com a mãe na cidade de Natal, no Rio Grande do Norte, não resistiu aos ataques de ódio que recebeu ao compartilhar um vídeo na rede social.

Para a mãe de Lucas, a ex-vocalista do Magníficos, a internet é a maior responsável pelo falecimento do filho. Com a perda, Walkyria afirmou em suas redes sociais que irá lutar por uma lei que leve o nome do filho para combater o cyberbullying.

Meu filho fez uma brincadeira (em um post). Ele achou que as pessoas iriam achar engraçado, mas não acharam. Como sempre, estão destilando ódio, deixando comentários maldosos e meu filho acabou tirando a vida. Essa internet está doente, então vigiem, porque quanto as pessoas estão um pouco fracas, elas não aguentam.
O comportamento destrutivo dos usuários das redes sociais é algo que não pode ser palpável, analisa a psicóloga Juliana Inah. Estudos comprovam que os adolescentes envolvidos com cyberbullying passam mais tempo conectados do que os demais jovens. Ao Bahia Notícias, a profissional explicou o motivo de não conseguir traçar apenas um caminho para a identificação de quem pratica o cyberbullying:
Muitas vezes é o caso de um abusado que quer virar o abusador, mas também pode ser uma pessoa que se considera muito fracassada, que se sente muito mal consigo mesma. Existem diversos porquês, a internet é um mundo de pessoas e de culturas, não teria como a gente falar de uma única razão e motivo para o comportamento.
Em desabafos nas redes sociais, Walkyria  revelou na web ter notado uma mudança de comportamento do filho e chegou a buscar ajuda profissional para Lucas e oferecer ao filho o apoio emocional, porém, ela acredita ter sido tarde demais.

O indício notado pela artista é o ponto crucial que pode mudar a vida de uma pessoa, aponta a psicóloga Amanda Pita, em entrevista ao Bahia Notícias.

"Os pais precisam estar sempre atentos, conversando. Se tiver o Instagram do filho, estar olhando, não precisa estar mostrando o controle, porque pode fazer que o menino se afaste, mas de alguma forma ter acesso às redes sociais para o que seu filho está postando e anda vendo na internet. Observar também o comportamento e ver se esconde demais o braço, a perna, alguma parte do corpo (que indique automutilação). Precisa conversar para saber como está, como foi o dia. É a sensibilidade ao outro. Tem alguns adultos que pensam que crianças não podem ter problemas, e realmente, comparado aos adultos eles não têm, mas eles têm os problemas deles e isso não pode ser negligenciado", afirma.

Os ataques contra Lucas tiveram cunho homofóbico, mesmo o adolescente sendo heterossexual. Isso porquê acreditaram que Lucas e o amigo eram um casal, devido ao vídeo compartilhado onde os dois aparecem em uma brincadeira na qual fingiam que iam se beijar.

De acordo com um relatório divulgado pelo GLAAD (Gay & Lesbian Alliance Against Defamation), organização não-governamental estadunidense, a internet é um ambiente hostil para a comunidade LGBTQIA+.

O estudo apontou que 64% de lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros, travestis, transexuais e queers sofrem com assédios e discursos de ódio em suas redes sociais. A plataforma com maior índice de assédio foi o Facebook, com 75% das ocorrências, o TikTok aparece em último lugar, com 9%.

Segundo Juliana Inah, parte desse crescimento de ofensas LGBTfóbicas nas mídias sociais tem ligação com a falsa sensação de proteção por não estar exposto fisicamente, e apenas de forma virtual (leia também sobre a prática do cancelamento).
A internet traz essa sensação de falsa proteção, de que eu estou por trás da tela, então estou blindado e protegido. Os homofóbicos, que talvez no contexto real daquela pessoa, sejam muito poucos, viram muitos quando a gente fala de rede social. Porque um que comenta, vai chamando o outro para comentar e isso vira uma grande bola de neve e potencializa os comentários destrutivos, por causa dessa afinidade de pensamentos que a internet promove. A busca por uma hashtag em comum.
A plataforma onde o vídeo de Lucas foi hospedado informa em suas diretrizes que dá prioridade à segurança, diversidade, inclusão e autenticidade e repudia conteúdo que contenha discurso de ódio ou envolva comportamento de ódio.

Mundo não tão ideal

No século XXI, o debate sobre o uso das redes sociais atrelado a saúde mental vem ganhando mais espaço, no entanto, pouca prática. Além do discurso de ódio, frequente e altamente destrutivo, psicólogos ligam o alerta para um outro cenário que pode causar preocupação: o mundo perfeito e ideal.

A comparação de uma vida plástica apresentada na web, vivida como em um comercial de margarina com a família perfeita, em uma casa com quintal grande e cachorros, cadeira de balanço e cerca branca, pode gerar frustração em quem já está emocionalmente abalado.

O feed de um Instagram, por exemplo, não funciona como uma vitrine de tristeza, o que causa a ilusão de que cada @ que ali compartilha um recorte de sua vida, tem em mãos o bilhete premiado para a felicidade.

"Usar a rede social para ficar vendo vidas perfeitas é totalmente disfuncional, porque vida perfeita não existe. E a vida de cada um, é a vida de cada um. Então, acontece casos como 'ah fulano está estudando para o vestibular, mas consegue viver, consegue sair, fazer outras coisas e eu não, estou ansiosa depressiva'. Cada um tem a forma de lidar e, às vezes, a gente nem sabe se a pessoa está se sentido daquele jeito mesmo. Porque na rede social ninguém posta tristeza", afirma Amanda Pitta.

Busca por likes

Fazer parte de algo, é esse o foco de quem entra nas redes sociais. Estar inserido em um contexto, em uma comunidade, pertencer a uma hashtag, mas até que ponto isso é saudável para o ser humano?

"É uma obrigação que a sociedade nos impõe, de que a gente precisa ser aceito em algum grupo, em alguma comunidade. E aí para isso acaba fazendo coisas que nem sempre a gente tem vontade de fazer", pontua Amanda.

Em uma gravação logo após a viralização do vídeo, Lucas explicou o contexto de sua brincadeira com o amigo. Segundo o adolescente tudo não passou de um momento de descontração.

Eu tava gravando uns vídeos do Instagram porque eu tava com vontade e do nada ele apareceu. E agente começou a gravar uns vídeos juntos tirando onda, sabe? Quando eu cheguei em casa eu fiquei 'meu Deus do céu o que aconteceu'?
A ideia de Lucas era ganhar likes e visualizações, mas o adolescente acabou sendo alvo de ofensas homofóbicas. "Eu pensei, porque eu não posto no TikTok, ganho umas 500 visualizações e a gente tira onda um com outro. Só que acabou que 500 visualizações pularam para mil, 10 mil".

De acordo com Juliana Inah, a busca pela aprovação está diretamente ligada com a formação do jovem adolescente e é necessário atenção e muito cuidado neste momento em que nada é sólido.

A gente precisa entender que o adolescente está em formação. Sua personalidade e seus valores não são sólidos, eles ainda estão sendo construídos. Existe também uma autoimagem também em formação, e que ainda é muito frágil. Existe uma busca por autoconhecimento, tentar se entender, e que passa pela aprovação e inserção nos grupos. Tudo isso vai contribuir para a formação desse jovem. A gente vê adultos que não tem essa maturidade e segurança de se expressar, de estar bem com a autoimagem, imagine isso em um adolescente.

Para a profissional, é importante que seja considerado os diversos transtornos relacionados ao uso excessivo das redes sociais:
Existem estudos que já falam no uso da internet como uma compulsão, um vício os casos mais extremos que podem ser assemelhado a jogo, bebida, a drogas em geral, que causam dependência. Então esses jovens estão em um contexto que precisa sim ser limitado e monitorado.

Procure ajuda

O Centro de Valorização a Vida (CVV) oferece atendimento, gratuito e voluntário 24 horas, para quem precisa de apoio emocional e atua na prevenção do suicídio. A organização atende pelo telefone 188, além do chat, e-mail. e pessoalmente, em Salvador, na Rua do Bângala, 47 – Nazaré.

Fonte: www.bahianoticias.com.br/holofote/noticia/62138-por-tras-da-tela-falsa-sensacao-de-protecao-e-indicativo-para-o-aumento-do-cyberbullyng.html

https://www.instagram.com/tv/CSIFMq5AhXM/?utm_source=ig_embed&ig_rid=a85f4bb8-11d5-437d-a443-9b5868142482


sexta-feira, 6 de agosto de 2021

Especialistas alertam sobre os “6Ds”, sinais de alerta para saúde mental dos jovens

Valber Dias, psiquiatra, fala sobre a maneira de identificar algum tipo de problema psicológico e de que forma as famílias, em geral, podem se atentar diante disso.

“Especificamente para o suicídio, existem aqueles que são os sinais de alerta, os 6Ds: sinais de desespero, desesperança, delírio, desamparo, depressão ou, a presença de dependência química ou abuso de substância”, pontuou.

Dias fala também sobre formas de garantir a saúde mental dos jovens, especialmente durante este período de pandemia e isolamento social. “O suicídio é algo que pode ser prevenido com os fatores que temos de proteção. O mais importante deles é a autoestima”, disse.

Entre esses fatores estão ter bom suporte familiar e laços sociais bem estabelecidos. “Ter um propósito para a vida ou exercer algum tipo de espiritualidade; cuidar da saúde mental e trabalhar a questão da resiliência”.

Vicente Ramatis, também psiquiatra, alerta os familiares sobre perceber comportamentos que apresentem um distúrbio claramente fora da curva, seja introvertido ou até mesmo exagerado.

“Para esses casos, o primeiro fator pode ser um quadro esquizofrênico ou um quadro bipolar. O importante é fazer uma prevenção prévia. Procure uma ajuda profissional, não espere a situação se agravar”.

Para as pessoas que não procuraram ajuda psiquiátrica, por medo de tornarem-se dependentes de remédios, Ramatis orienta: 

A pessoa que sente receio pode estar perdendo tempo, porque as medicações podem melhorar a qualidade de vida em todos os aspectos. Hoje em dia são poucos os medicamentos que podem criar dependência. Saia desses pré-conceitos e achismos é necessário. O importante é procurar ajuda, sair da zona de conforto e não deixar que o pior acontecer. Comece o tratamento sempre na fase inicial e não se preocupe com a opinião de ninguém.

Procure ajuda!

O Centro de Valorização da Vida (CVV) presta apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo de forma voluntária e gratuita todas as pessoas que querem e precisam conversar. O CVV mantém total sigilo sobre tudo o que é conversado por telefone, e-mail e chat 24h.

Ligação gratuita de todo o país: 188

Fonte: https://eshoje.com.br/especialistas-alertam-sobre-os-6ds-sinais-de-alerta-para-saude-mental-dos-jovens/

Major Diógenes Munhoz fala de técnicas de prevenção ao suicídio no “Agora é com Abranches”

Redação Band Vale

Especialista em técnicas de prevenção ao suicídio, o major Diógenes Munhoz foi o convidado do programa “Agora é com Abranches” deste sábado (10) na tela da TV Band Vale. Assista ao programa na íntegra neste vídeo.

No programa comandado por Carlos Abranches, Diógenes Munhoz falou sobre a importância de aplicar as técnicas corretas para prevenção de suicídios. Ao longo de sua carreira, ele evitou 55 suicídios.

“As pessoas sofrem em silêncio. Muitas vezes por orgulho. Às vezes, o grito (de socorro) não é audível, mas ele está lá no interior de algumas pessoas. Cabe a nós ouvi-los. Não com o ouvido. Mas com a leitura do pedido de socorro", disse durante a entrevista.

Diógenes Munhoz é idealizador da técnica e do curso de abordagem a tentativas de suicídio. Além de integrar o Corpo de Bombeiros há mais de 20 anos, ele também é diretor da Abeps (Associação Brasileira de Estudos e Prevenção do Suicídio).

Para saber mais sobre sua atuação acesse o seu site.

Fonte: https://www.band.uol.com.br/band-vale/noticias/major-diogenes-munhoz-fala-de-tecnicas-de-prevencao-ao-suicidio-no-agora-e-com-abranches-16358950

terça-feira, 3 de agosto de 2021

Caso do jogador do Flamengo, Michael, evidencia a importância de uma rede de apoio na prevenção do suicídio

blogdojuares (Camaquã-RS)

“Eu tive depressão no ano passado, sofri muito com isso. Na época, eu estava no hotel e quis me
suicidar. Me veio pensamentos ruins e eu queria saber como era me jogar do prédio. Então, eu gritei por socorro, pela minha mulher, pelo doutor Tanure, Diego Ribas, Diego Alves, Filipe Luís, o Rafinha, o Marcos Braz também. Eles me fizeram ser querido, ser abraçado. Eles tiveram um cuidado comigo, que ninguém antes tinha feito”. Esse relato impactante do atacante Rubro Negro, Michael, despertou discussões sobre a importância de uma rede de apoio estruturada e atuante na prevenção do suicídio.

Depressão e pensamentos suicidas: uma dor silenciosa que acomete milhares de pessoas ao longo do mundo. Pensar em suicídio é, infelizmente um processo inerente à condição humana. A dificuldade em encontrar soluções imediatas para os problemas, seja de que natureza for, faz com que o indivíduo se sinta fragilizado emocionalmente, a ponto de gerar uma sufocante necessidade de eliminar a dor a qualquer custo. Desta maneira nasce a urgência em tirar a própria vida, em uma tentativa de alívio às pressões externas.

Michael relata ter vivido esse pesadelo em 2020, onde os pensamentos suicidas, motivados por uma depressão profunda, tiraram sua paz e pintaram seus dias de cinza. Mas felizmente, foi com o apoio do Staff do Flamengo, do técnico Jorge Jesus, dos amigos e da esposa que ele conseguiu ter consciência de si mesmo e mudar o cenário. Além claro, da grande ajuda e acompanhamento de profissionais especializados em saúde mental.

O jogador rubro negro, através de seu relato corajoso, descortina dados de uma estatística infeliz sobre o suicídio no Brasil. Os números são assustadores e refletem o que todos sabemos, mas nem sempre paramos para avaliar: nossa sociedade precisa se mobilizar para tratar as questões ligadas a este episódio de forma cautelosa, objetivando eliminar os tabus contidos no tema. Temos atualmente, conforme pesquisas, 15 a 18 mortes por suicídio a cada 100 mil pessoas, das quais a grande maioria, é composta por jovens entre os seus 14 a 21 anos. Em média, dois adolescentes tiram a própria vida por dia, segundo pesquisas. Mas em geral, o suicídio pode afetar qualquer pessoa e nossos adultos estão também entre os maiores candidatos, atingindo um percentual em torno de 48% na faixa etária de 35 a 55 anos. Mortes das quais, 90% poderiam ser evitadas, se a oferta de ajuda de saúde mental e de acolhimento para pessoas em risco de suicídio, fosse mais efetiva.

O desejo de morrer e dar fim à própria vida é um gesto de autodestruição e autoflagelo. Sintomas como a depressão, ansiedade, fracasso, fobias, humilhações e culpas, são certamente, potenciais sinalizadores de que algo está errado e que sentimentos conflituosos foram despertados por gatilhos diversos. Por não conseguir apoio ou sabedoria para lidar com esses conflitos emocionais, o indivíduo entra em um processo neurótico e interno, onde não consegue ter a clareza de que tirar a vida significa uma solução imediata para um problema temporário. Porém, o suicídio não está necessariamente ligado a uma doença mental, na verdade é um momento de desequilíbrio que a pessoa está passando e que, somente com o acolhimento correto, uma escuta ativa, um acompanhamento por um profissional de saúde mental qualificado, além de apoio familiar e de amigos, poderá obter um desfecho menos trágico.

Existem infinitos motivos para um ser humano estar desesperançado o suficiente a ponto de querer acabar com a própria vida; em geral, pode ser por luto, depressão, transtorno de ansiedade, outras questões mentais, violência sexual, abuso durante a infância, problemas financeiros, fim de relacionamento, bipolaridade, bullying, ou outra questão. E como essa rede de apoio pode ajudar? De que forma podemos acolher um suicida em potencial? Como perceber atitudes que possam culminar nesta tragédia? A grande verdade é que nosso olhar deve estar voltado para qualquer sintoma característico em relação a quem possa vir a cometer o ato.

No entanto, a grande realidade é que, muitas vezes quem está prestes a se suicidar não demonstra isso claramente; motivo pelo qual devemos ter a sensibilidade em oferecer ajuda diante de uma crise. Saber ouvir e permitir que os sentimentos sejam externados e verbalizados, sem julgamentos ou minimizações, é a melhor saída. Em alguns momentos, a vida pode parecer nos envolver em um turbilhão de emoções, mas não podemos nos entregar a angústia e ao desespero, e assim tirar a vida, pois toda tempestade passa e o sol volta a brilhar. O autoconhecimento nos fortalece e fornece subsídios para que o enfrentamento a questões psicológicas e traumáticas não afetem o nosso emocional a ponto de gerar desequilíbrios que possam vir a nos levar a cometer um ato tão conclusivo, que nos impeça de enxergar o mundo e suas adversidades. Um diálogo aberto, respeitoso, empático e compreensivo pode fazer a diferença. A escuta ativa deve sempre estar presente nesses diálogos. Empatia, funciona muito nestas horas. Ouça empaticamente. Tente se colocar no lugar da pessoa. A dor não faz qualquer distinção. Todos podem ser acometidos por esse sentimento, independentemente de idade, ideologias, gênero, orientação sexual, nacionalidade, classe social e etnia. E quando essa sensação de desespero e desamparo é profunda demais, a ponto de não ser suportada, os pensamentos suicidas ganham força. Esse fardo é tão pesado que pode fazer com que a pessoa acredite que o suicídio seja a única maneira de se livrar dos problemas, julgando-se incapaz de suportá-lo e enxergando a vida como algo sem significado.

Enfim, fortaleça essa rede de apoio, ela é fundamental para salvar vidas e resgatar indivíduos que acreditam que nada mais vale a pena. Assim como aconteceu com o jogador Michael, várias pessoas podem estar em adoecimento psíquico. Portanto, acolha, demonstre apoio, tenha empatia e fique atento aos sinais que estão sendo emitidos, demonstrando que algo está errado. O equilíbrio emocional é primordial para afastar qualquer tipo de pensamento ruim. Não deixe para o dia seguinte, se você pode acolher, ouvir e ajudar alguém em sofrimento. Muitas vezes, temos pessoas a nossa volta que estão sorrindo por fora, mas internamente, estão com o psicológico abalado e fragilizado e já não suportam mais a dor. Entendem que a melhor maneira de MATAR e eliminar esse sentimento é tirando a própria vida. Uma solução definitiva para excluir problemas temporários. Ou seja, saúde mental é coisa séria, não ignore os sinais de pedido de socorro. A melhor arma no combate a este mal é o combo: afeto, empatia, apoio emocional e a estruturação de uma rede de apoio acolhedora e presente.

Fonte: https://blogdojuares.com.br/noticia/59650/caso-do-jogador-do-flamengo-michael-evidencia-a-importancia-de-uma-rede-de-apoio-na-prevencao-do-suicidio.html