sábado, 30 de julho de 2022

 Uma explicação inicial. O Google Alertas me informa sobre tudo o que é publicado a partir da frase "prevenção do suicídio".

Hoje, 30 de julho de 2022, recebi uma notificação de uma matéria publicada em 13 de setembro de 2021!

Depois de ler a matéria e ouvir a música, de boa qualidade (conforme muitos critérios) resolvi divulgar em razão de haver um vasto público que pode ser o destinatário da mensagem de alento desta canção do Jessé.

A música pode ser acessada aqui.

Jessé Aguiar lança música em prol do setembro amarelo

Setembro amarelo é marcado pela conscientização e prevenção do suicídio. O cantor Jessé Aguiar, que já superou problemas mentais e enfrentou pensamentos suicidas, cantou sobre sua experiência na música "Você consegue sim".

“Lembro que em uma segunda-feira, cheguei no meu limite. Cheguei no ponto crucial, no ponto exato em que eu olhei para dentro de mim mesmo e vi que não conseguia mais avançar’, disse o cantor.

O momento difícil fez com que ele escrevesse essa canção, que deu início à uma carta para todas as pessoas que passam pelo mesmo dilema. A música “Você Consegue Sim’’ foi lançada na última sexta-feira (10) e está disponível no canal oficial da Todah Music.

Fonte: https://guiame.com.br/musica/nacional/jesse-aguiar-lanca-musica-em-prol-do-setembro-amarelo.html

quarta-feira, 27 de julho de 2022

4 em cada 10 casos de suicídio envolvem uso de álcool e outras drogas, diz estudo

20 julho 2022

Quatro em cada dez pessoas que se suicidam usam substâncias, especialmente o álcool, antes de tirar a própria vida, mostra um estudo inédito da UnB (Universidade de Brasília) que investigou dados comportamentais e sociodemográficos das vítimas com objetivo de ajudar na formulação de políticas públicas de prevenção.

O trabalho analisou 1.088 suicídios ocorridos no Distrito Federal, em um período de nove anos. Desses casos, 780 passaram por exames toxicológicos e 44% tiveram resultados positivos para substâncias psicoativas, sendo desses 72% para o uso exclusivo de álcool e 22% para outras drogas associadas, em especial a cocaína, além do álcool.

O estudo mostra que entre 2005 e 2014 o aumento da taxa de suicídio relacionada ao uso de substâncias psicoativas foi dez vezes maior que o crescimento populacional do Distrito Federal. Na pesquisa, só esses casos passaram por uma análise mais minuciosa sobre o perfil das vítimas. 

Os resultados, publicados em artigo científico na revista BMC Psychiatric, refletem a situação preocupante da saúde mental dos brasileiros. O total de óbitos no país pelas chamadas lesões autoprovocadas dobrou de cerca de 7.000 para 14 mil nos últimos 20 anos, segundo o Datasus.

A maioria dos suicídios analisados no estudo foi cometida por homens (84%), o que também ocorre no resto do país. Dados do Ministério da Saúde mostram uma taxa média anual de 6,13 casos de suicídios por 100 mil pessoas (9,8 para homens e 2,5 para mulheres).  

Pretos e pardos responderam por 82% dos casos analisados. Essa população constitui o grupo mais socialmente vulnerável no país e, segundo os pesquisadores, isso pode ser fator de risco para o suicídio.

A proporção, porém, não é a mesma observada no cenário nacional. Dos 14.084 suicídios registrados no país em 2021, 50% são de pretos e pardos e 47%, de brancos. Indígenas respondem por 1% e aqueles de cor ignorada, por 2%.

A maior parte dos casos investigados ocorreu em casa (74%) e nas faixas etárias entre 30 e 59 anos (55%), seguida pelos jovens entre 18 e 29 anos (35%).

Para a professora Andrea Gallassi, autora do estudo e coordenadora do Centro de Referência sobre Drogas e Vulnerabilidades Associadas da Universidade de Brasília (UnB), estudos como esse são essenciais para identificar padrões associados aos suicídios e, a partir deles, investir em políticas de prevenção voltadas aos indivíduos com maior risco. 

"Temos um problema cultural em relação aos homens. Essa sociedade patriarcal, machista, faz com que o homem tenha muita dificuldade em lidar com seus sentimentos e fraquezas e de procurar ajuda", diz ela.

Segundo a professora, as campanhas de comunicação em saúde precisam levar esses dados em conta para ajudar os homens a reconhecerem o adoecimento. "Todos os anos tem o Novembro Azul focado no câncer de próstata. Precisamos avançar, falar em saúde mental dos homens.Tem que falar que homem sofre, tem depressão e dificuldade de lidar com sentimentos."

Na opinião dela, essa situação está relacionada, inclusive, a muitos casos de feminicídio seguidos de suicídio do homem. "Ele foi educado numa cultura machista de que a mulher pertence ao homem e tem uma enorme dificuldade de lidar com a perda de alguém que, na cabeça dele, lhe pertence."

Segundo relatos da família coletados no estudo, depois do uso de álcool e drogas, o crime ligado a relacionamentos é citado como a segunda maior motivação do suicídio. Em terceiro lugar estão as doenças mentais prévias, como depressão e ansiedade.

De acordo com o estudo, a concentração de álcool no sangue das pessoas que morreram por suicídio estava entre 1,5 e 2,99 gramas por litros, quantidade que pode causar desorientação e confusão mental, por exemplo. O trabalho foi feito com o Instituto de Criminalística da Polícia Civil do DF.

O efeito agudo do álcool sobre os neurotransmissores e as funções cognitivas também pode aumentar a agressividade, a impulsividade e a desinibição.

"A pessoa faz uso para se encorajar a tirar a própria vida. Mas não sabemos se era dependente de álcool ou outras drogas ou se usou para ter coragem", diz Gallassi.

Nas entrevistas com familiares sobre o comportamento de quem se suicidou, foi relatado que 88% apresentaram mudança de comportamento antes de praticar o ato: 52% se tornaram mais depressivos e 32%, mais agressivos.

Um outro dado que chama atenção é que a maioria das pessoas que tinham histórico anterior de tentativas de suicídio não usou álcool e outras drogas antes de tirar a própria vida. "A hipótese é que elas já tinham um planejamento mais consolidado e não precisaram de um elemento encorajador."

De acordo com Gallassi, é grande a chance de uma pessoa que tentou se matar anteriormente repetir a tentativa. "Por isso, é fundamental monitorá-la de perto para ver se vai permanecer com a ideação suicida."

Em relação a políticas de prevenção, a pesquisadora afirma que uma das principais estratégias seria a capacitação das equipes de saúde da família na atenção primária do SUS para as questões de saúde mental, especialmente os fatores de risco relacionados aos suicídios.

"Tem que questionar as famílias sobre casos de transtornos mentais, depressão, tentativas anteriores de suicídios, dependência de álcool e outras drogas e, uma vez identificados, encaminhar a pessoa aos Caps [centros de apoio psicossocial]. Muitas vezes, isso nem é questionado."

A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda quatro diretrizes para a prevenção do suicídio: dificultar o acesso aos principais métodos utilizados, qualificar o trabalho da mídia para que neutralize relatos e enfatize histórias de superação, expandir e fortalecer serviços de saúde mental, capacitando profissionais para identificar casos precoces e trabalhar habilidades socioemocionais nos espaços de ensino. 

Onde procurar ajuda?

Mapa Saúde Mental
Site mapeia diversos tipos de atendimento: www.mapasaudemental.com.br

CVV (Centro de Valorização da Vida)
Voluntários atendem ligações gratuitas 24 horas por dia no número 188: www.cvv.org.br

Fique atento se alguém próximo de você...

– Mostrar falta de esperança ou muita preocupação com sua própria morte

– Expressar ideias ou intenções suicidas

– Se isolar de suas atividades sociais e cortar o contato com outras pessoas

– Além disso: perder o emprego, sofrer discriminação por orientação sexual ou identidade de gênero, sofrer agressões psicológicas ou físicas, diminuir práticas de autocuidado.

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2022/07/4-em-cada-10-casos-de-suicidio-envolvem-uso-de-alcool-e-outras-drogas-diz-estudo.shtml

O  uso de medicamentos na prevenção do suicídio 

Sander Fridman, doutor em Psiquiatria pelo IPUB/UFRJ

O avanço nas opções e na compreensão especializada em torno do uso de medicamentos psiquiátricos mudou radicalmente a perspectiva de melhora dos sintomas emocionais, cognitivos e do comportamento, em relação ao que se tinha poucas décadas atrás.

Tratamentos de muitos anos, resultados muito incertos e a máxima responsabilidade pela “cura” depositada nos ombros do próprio paciente, não são qualificativos de um bom recurso que deve correr contra o tempo para ajudar pessoas que estão à beira de desistir de tudo – inclusive de suas chances frente a algum tratamento qualquer.

Mesmo inexistindo panaceia alguma capaz de impedir toda e qualquer tragédia, muitas circunstâncias clínicas psiquiátricas são passíveis de controle medicamentoso de modo relativamente ágil e acessível.

Algumas abordagens psicológicas brevíssimas, que devem ser bem dominadas pelo profissional capaz de atender crises com riscos, ajudam igualmente a potencializar a motivação do paciente para o tratamento, e a orientar os familiares, amigos ou seu suporte social, a melhor apoiá-lo ou a ela em seus piores momentos.

Tanto a intervenção psicológica como a medicamentosa, para que sejam tão rapidamente eficazes quanto possível, dependem de um ótimo domínio da “psicopatologia diferencial”, ou seja, da capacidade de discriminar quais medicamentos e intervenções psicológicas poderão melhor ajudar ou, ao contrário, até mesmo atrapalhar, piorando os riscos. O que infelizmente não configura jamais a certeza de resultados sempre felizes!

Depressão com ansiedade, trocas rápidas de humor, depressão com dor crônica e outras doenças invalidantes, vozes e pensamentos que comandam o suicídio ou que acusam de culpas e falhas imperdoáveis, pessimismo extremo, depressão com abuso de álcool e drogas, depressão com muita desconfiança das pessoas que ama, depressão com impulsividade – todos estes são prenúncios de que algo de muito terrível poderá acontecer a qualquer momento, sempre surpreendendo a todos, e que, com a devida e pronta intervenção poderá ser, muito possivelmente, prevenida, para o bem de todos.

Fonte: https://litoralmania.com.br/o-uso-de-medicamentos-na-prevencao-do-suicidio-dr-sander-fridman/

quinta-feira, 21 de julho de 2022

Quais são os esforços das redes sociais em prol da saúde mental?

Empresas apostam na restrição a conteúdo nocivo, promoção de conteúdo de qualidade, ferramentas de controle para o usuário e contato direto com centros de prevenção

Thaís Monteiro - 19 julho 2022 

Em junho, o TikTok lançou uma ferramenta de gerenciamento de tempo na plataforma. Foi um dos esforços que o aplicativo da Bytedance para auxiliar na implementação de recursos que visam o bem-estar do usuário. Assim como ele, outras plataformas sociais empreendem nessas iniciativas em quatro pilares principais: restrição a conteúdo nocivo, promoção de conteúdo de qualidade, ferramentas de controle para o usuário e contato direto com centros de prevenção. 

Agora, no TikTok os usuários podem definir limites diários de tempo de tela no aplicativo e programar avisos para fazer uma pausa após um determinado período de tempo que passa ininterruptamente na plataforma. O controle de tela já era uma realidade no TikTok, mas ele expirava após um limite diário. Desta vez, o usuário tem acesso a um painel com informações sobre acesso e tempo gasto no aplicativo e recebe notificações semanais para revisitar esse painel. Os mais novos, de 13 a 17 anos, recebem avisos sobre bem-estar digital quando passam mais de 100 minutos no aplicativo.

Junto com a novidade, a plataforma publicou um guia na Central de Segurança sobre como refletir sobre bem-estar digital com família e amigos, visando incentivar a sua comunidade a refletir sobre o tempo gasto online, seja no TikTok ou em qualquer outra plataforma. O aplicativo da chinesa Bytedance ainda afirma que é parceiro de organizações especialistas em saúde mental para manter um diálogo constante sobre melhorias da plataforma. Além das ferramentas adicionais recém-lançadas, o TikTok realiza campanhas desde 2020 com recomendações de canais de ajuda em relação a saúde mental e divulgando recomendações de cuidados e o conteúdo de centros e organizações que estão presentes no aplicativo, como o Centro de Valorização da Vida, Instituto Vita Alere, Safernet e Unicef.

Controle e livre-arbítrio

 Uma rede social que nos últimos anos vem investindo mais em recursos de controle na mão do usuário é o Twitter. Reconhecido por ser palco para discussões acaloradas, principalmente no âmbito que questões sociopolíticas, a plataforma realiza um controle próprio baseado nas diretrizes da comunidade, mas também permite que o usuário, de certa forma, customize o Twitter de acordo com os assuntos que quer acompanhar, com quem quer interagir, entre outros. A mais recente, lançada em maio, é a sua versão própria do que foi lançada previamente pelo Instagram como “Melhores Amigos” e ganhou o nome de “Roda do Twitter” na rede do pássaro azul. Ela permite que usuários de conta pública possam publicar comentários, fotos ou vídeos que podem ser visualizados e interativos para um seleto grupo de pessoas (até 150) eleitas pelo usuário em questão. Ainda no tópico conversas, o usuário também tem a possibilidade de escolher quem pode responder a determinada publicação (qualquer pessoa, apenas as que ela segue ou as mencionadas).

Recentemente, ainda foi dado ao usuário a possibilidade de sair de conversas que está envolvido ao negar que os usuários o mencionem para desencorajar o abuso das menções a outras pessoas e eles são avisados quando o Twitter detecta linguagem prejudicial ou ofensiva quando está redigindo uma publicação para que ele possa rever a atitude. Outros recursos envolvem silenciar silenciar palavras, frases, nomes de usuário, emojis ou hashtags para que eles não apareçam entre os conteúdos, remover contas específicas do feed sem bloqueá-las, bloquear de fato, e escolher quem pode o seguir.

Tendo em vista que nem sempre o controle do usuário é suficiente para impedir que o mesmo busque saídas não recomendadas para seus desafios pessoais, outra estratégia adotada pelo Twitter é criar canais de comunicação diretos e informações providenciadas por organizações reconhecidas por tratar de questões envolvendo saúde mental. Em 2020, plataforma e a Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio anunciou a ampliação de recursos em prol da #PrevençãoDoSuicídio com mais de 20 parceiros de organizações sem fins lucrativos globalmente. Quando um usuário faz uma busca por termos associados ao tema, o primeiro resultado é uma notificação incentivando a procura por apoio, com os contatos do CVV. Nesse tópico, a plataforma proíbe a publicação de conteúdo que promova ou incentive o suicídio ou comportamentos de automutilação. Os usuários são incentivados a identificar casos de automutilação e suicídio e realizar denúncias na Central de Ajuda da plataforma. Já o #ExisteAjuda é um projeto com autoridades locais e organizações sem fins lucrativos que fornece informações e suporte na pesquisa de termos ligados à saúde mental. 

Frente ampla

 A Meta argumenta que trabalha com saúde mental há dez anos em suas plataformas, dando maior controle ao usuário e desenvolvendo programas de educação e conscientização com especialistas. No controle do usuário, a empresa desenvolveu o Modo Soneca, para que o usuário não seja interrompido por notificações em determinados horários estabelecidos por ele, a opção de deixar de seguir ou ocultar pessoas, páginas ou grupos no Facebook, assim como ocultar mensagens diretas ou comentários no Instagram com palavras ofensivas ou nocivas ou restringir comentários nas publicações. O Facebook e Instagram também contam com painéis que os informam sobre o tempo de uso e, em 2021, lançou o “Faca uma pausa” no Instagram que sugere uma pausa aos usuários quando esses extrapolam um tempo estabelecido pelos mesmos.

A Meta também apoia conteúdo criado especificamente sobre esses temas, como o projeto A Internet Que a Gente Faz, lançado em fevereiro pela Contente, do Instituto Vita Alere de Prevenção e da Posvenção do Suicídio e da Safernet, que reúne profissionais de saúde mental, especialistas, pais, educadores e influenciadores para debater como construir um espaço online mais saudável e diverso em diversos formatos de conteúdo.

A empresa ainda conta com a Central de Saúde Emocional, para conectar as pessoas a organizações e grupos de apoio, além de divulgar conteúdo do Instituto Vita Alere e o Centro Mente Aberta Mindfulness Brasil para lidar com estresse, ansiedade, luto, perda, crise emocional, Covid-19 e dicas de hábitos saudáveis. A Central de Segurança do Facebook também inclui uma central de Prevenção de Suicídio, com materiais de discussões desenvolvidos pela SaferNet Brasil, Instituto Vita Alere e outros parceiros globais.

Informação de qualidade 

A visão do YouTube sobre o tema envolve controle de conteúdo, para garantir que o usuário não se depare com publicações nocivas e desinformação sobre o tema, mas também a promoção daqueles vídeos que podem gerar identificação entre criador de conteúdo e audiência, desmistificar o tabu que é conversar sobre saúde mental e proporcionar um espaço de acolhimento.

No monitoramento de conteúdo, o streaming trabalha com remoção de comentários de conteúdo nocivo, redução do alcance conteúdo que está no limite da conformidade com as políticas da plataforma, recomenda conteúdo confiável e recompensa criadores que atendem os padrões de qualidade estabelecidos. Alguns dos conteúdos proibidos são os que ameace ou persiga pessoas com insultos e malícia com base em características do indivíduo, ou com objetivo de chocar usuários, promover suicídio ou automutilação ou represente risco.

Ao mesmo tempo, o YouTube apoia criadores que discutem sua experiência com depressão, automutilação ou outras questões envolvendo saúde mental. Assim, alguns dos esforços nesse sentido foram a realização, em setembro de 2020, de uma edição do projeto Conversas Que Importam, em que Rita Von Hunty, Rennan da Penha, Cintia Aleixo e Lucca Najar debateram sobre empatia, autocuidado e a importância de redes de apoio em saúde mental.

Já em 2022, em parceria com o Instituto Vita Alere, o YouTube criou uma playlist para trazer mais informação de qualidade sobre o tema. A plataforma ainda tem parcerias com instituições com o objetivo de incentivar a produção de conteúdo de qualidade sobre os temas e evidencia vídeos de fontes confiáveis, como o canal do Dr. Dráuzio Varella . Na busca sobre temas relacionados, o YouTube exibe um box de informações sobre sintomas e tratamento criado pelo Hospital Albert Einstein e exibe o número do Centro de Valorização da Vida (CVV) na busca pelos termos “suicídio”, “suicida”, ou ainda “como cometer suicídio”.

Fonte: www.meioemensagem.com.br/home/midia/2022/07/19/quais-sao-os-esforcos-das-redes-sociais-em-prol-da-saude-mental.html

Projeto cria política nacional de combate ao suicídio de crianças e adolescentes

Agência Senado | 15 julho 2022

Tramita no Senado o projeto de lei que cria a Política Nacional de Combate ao Suicídio de Crianças e Adolescentes. Apresentado pelo senador Alessandro Vieira (PSDB-SE), o texto apresenta um conjunto de iniciativas no âmbito da esfera pública dedicadas a proteção e ao bem-estar psicossocial dessa parcela da população.

De acordo com a justificação apresentada por Alessandro, o PL 1.773/2022 foi inspirado na minuta de proposição elaborada pelo estudante Vítor Cardoso Alves, representante de Sergipe no Programa Parlamento Jovem Brasileiro de 2019, promovido pela Câmara dos Deputados.


“Assumindo a voz de muitos adolescentes como ele, Vítor, então aluno do Centro de Excelência Professor Hamilton Alves Rocha, da cidade de São Cristóvão, manifesta profunda preocupação com o escasso debate nos espaços públicos da sociedade acerca do suicídio entre crianças e adolescentes. Conforme o estudante aponta, é preciso romper o silêncio e discutir a questão do suicídio, da depressão e, por conseguinte, do sofrimento psíquico que acomete crianças e adolescentes”, diz o senador.

O objetivo da política é assegurar a oferta, pelo poder público, dos cuidados voltados para a saúde mental de crianças e adolescentes. Além disso, desenvolver ações para prevenção e o monitoramento do suicídio dessas pessoas buscando a redução dos seus índices e criando indicadores voltados para o acompanhamento e a avaliação das medidas a serem executadas a partir da futura lei, caso venha a ser aprovada e sancionada.

Entre as ações previstas no projeto estão a abertura de canais de comunicação capazes de oferecer a crianças e adolescentes assistência psicoemocional, informações adequadas e avisos de alerta sobre situações de risco de ocorrência do suicídio entre esse público. Prevê ainda a inclusão, no calendário da educação básica, pública e privada, bem como das unidades do sistema socioeducativo, da “semana do diálogo”. O evento será destinado a discutir com crianças e adolescentes, nos termos didáticos apropriados, fatores relacionados à sua saúde mental e ao seu bem-estar psicossocial.

O projeto também prevê o incentivo à formação continuada e capacitação de profissionais de saúde, educação, assistência social, das polícias civil e militar, do Poder Judiciário, do Ministério Público, da Defensoria Pública e dos demais agentes que atuam na promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do adolescente. A intenção é aprimorar a atuação desses profissionais no desempenho das competências necessárias à prevenção, à identificação de evidências, ao diagnóstico e ao enfrentamento do suicídio e das lesões autoprovocadas.

O PL prevê também a criação de mecanismos de monitoramento capazes de identificar e acompanhar estudantes em situação de grave sofrimento psíquico e a garantia e o fortalecimento da atuação dos Centros de Referência da Assistência Social (Cras), dos Centros de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) e dos Centros de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (Capsi) em conjunto com os demais órgãos integrantes do Sistema Único da Assistência Social e do Sistema Único de Saúde na aplicação das medidas.

Gestão participativa

A gestão das ações e estratégias da política será descentralizada e participativa com o cofinanciamento e cooperação técnica entre os entes federativos para que, de maneira articulada e sistematizada, atuem na implementação das ações. Também são previstas a integração das redes pública e privada de educação básica na oferta de ações que tenham a finalidade de alcançar o público-alvo, possibilitando a articulação de iniciativas com o Programa Saúde na Escola (PSE).

A coordenação nacional da política poderá ainda propor e discutir com estados, DF e municípios o orçamento anual necessário para financiar as ações específicas, definir os temas a serem abordados na “semana do diálogo” e organizar, anualmente, encontro nacional dos gestores, especialistas e representantes da sociedade para discutir, monitorar, diagnosticar e propor revisões das medidas adotadas pelo poder público.

Princípios

Ainda como princípios da política estão o desenvolvimento de ações intersetoriais e interdisciplinares, destinadas a garantir a prevenção de adoecimentos psíquicos com vistas à diminuição de fatores de risco e ao aumento dos fatores de proteção; o acesso de crianças e adolescentes em situação de sofrimento psíquico agudo ou crônico aos cuidados instituídos pelo poder público, voltadas para a promoção do bem-estar mental; igualdade de direitos no acesso ao atendimento considerando aspectos como linguagem simples e acessível, sem discriminação de qualquer natureza, com atenção especial às peculiaridades próprias de pessoas em desenvolvimento, bem como de sua condição de moradora de área urbana, rural, ribeirinha, indígena ou quilombola.

O texto também aponta como princípios da política a participação da sociedade civil, em especial do público de crianças e adolescentes, por meio de organizações representativas e a descentralização política-administrativa para os estados, o Distrito Federal e os municípios.

Dados

Uma em cada quatro crianças e adolescentes Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) apresentou ansiedade e depressão durante a pandemia com níveis clínicos — ou seja, com necessidade de intervenção de especialistas.

Levando em conta dados mais gerais, da Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada seis crianças e adolescentes no mundo é afetada por algum transtorno mental. No Brasil, dos 69 milhões de pessoas com 0 a 19 anos, há registro de 10,3 milhões de casos de transtornos.

Para Alessandro, a intenção é contribuir para a convergência de forças do Estado, instituições e profissionais de saúde e da sociedade em geral no enfrentamento ao problema. Ele acredita que por meio da cooperação entre as partes envolvidas, será possível alcançar uma abordagem mais eficaz.

“Importante dizer que o suicídio pode ser prevenido. Trata-se de realidade preocupante, que tem suas causas em uma complexa rede de fatores, e que dispensa, portanto, generalizações a respeito dos seus fatores de risco. Sabe-se, entretanto, que abordar o tema de maneira responsável e serena, afastada de estigmas, contribui para a sua prevenção”, afirma na justificação.

Ainda de acordo com o senador, a matéria foi elaborada com colaboração do Laboratório de Produção Legislativa (LPL), do Projeto de Extensão vinculado ao Centro Universitário Newton Paiva, em Belo Horizonte (MG), além da participação de organizações dedicadas às causas da saúde infantojuvenil e prevenção da violência contra crianças e adolescentes no Brasil.

Procure ajuda

O Centro de Valorização da Vida (CVV) realiza apoio emocional e prevenção do suicídio. Ele atende de forma voluntária e gratuita todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, email e chat 24 horas todos os dias. Caso você ou algum conhecido se encontre nessa situação, busque ajuda aqui.

Fonte: Agência Senado - www12.senado.leg.br/noticias/materias/2022/07/15/projeto-cria-politica-nacional-de-combate-ao-suicidio-de-criancas-e-adolescentes

terça-feira, 19 de julho de 2022

Depois do suicídio do pai, criança de oito anos cria banca de limonada e doa dinheiro a associações de prevenção

Uma menina de oito anos da cidade de Wisconsin, nos Estados Unidos, tornou-se notícia depois de liderar uma ação bastante significativa, mas com uma triste história por trás, num episódio que se tornou no motivo para ajudar outras crianças em situações semelhantes.

Kyleigh Brunette perdeu o pai em 2019, vítima de suicídio, e dada a sua idade, a criança nunca chegou a saber o verdadeiro motivo da perda o progenitor, já que a mãe preferiu ocultar essa parte da história. No entanto, e depois de conhecer a real causa da morte de Jordon Wakefield, na altura com 32 anos, a criança decidiu arregaçar as mangas, pensando em como podia agir para evitar que outras crianças viessem passar por histórias semelhantes.

Como noticia a revista People, Kyleigh decidiu montar uma banca de venda de limonada, à porta de casa. Todo o dinheiro angariado está a ser doado a associações de prevenção contra o suicídio e, até ao momento, a jovem já entregou mais de 800 euros.

“Gosto de ajudar os outros, e gosto de ser gentil com os outros. Não quero que nenhuma criança possa viver sem o seu pai“, referiu a criança em entrevista à mesma publicação.

A criança conheceu recentemente a causa da morte do pai, depois de ter pressionado a mãe para saber o que realmente tinha acontecido: “Nunca quisémos que ela começasse a ter sentimentos de culpa. Então, deixámos passar algum tempo, queríamos esperar mais, mas também não em demasia, para não arriscarmos que ela viesse a saber por meio de outra pessoa“, contou a mãe da criança, Brittany Brunette-Thimmesch.

A ideia de Kyleigh surgiu no dia 9 de julho, data em que o pai decidiu tirar a sua própria vida. Assim, a ideia e a banca de limonada surgiram como uma homenagem.

Em apenas dois dias, e dando conta de que o dinheiro seria doado a associações de prevenção do suicídio, a criança conseguiu arrecadar mais de 800 euros, e pretende agora voltar à ação, para continuar a recolher fundos.

“Fiquei muito feliz com o que consegui recolher. O meu pai morreu de suicídio e quero aumentar a consciencialização sobre os problemas mentais, para que mais nenhuma criança venha a passar pelo mesmo“, referiu Kyleigh.

Fonte: https://sic.pt/sic-mulher/depois-do-suicidio-do-pai-crianca-de-oito-anos-cria-banca-de-limonada-e-doa-dinheiro-a-associacoes-de-prevencao/

Bombeiro que evitou 57 suicídios cria técnica agora usada em 20 estados

Giulia Granchi - BBC News Brasil - 1º junho 2022

O major Diógenes Munhoz já salvou 57 vidas diretamente e muitas outras a partir de um curso que ensina abordagem humanizada em tentativas de suicídio.

Em 2005, na avenida Campanella, na zona leste de São Paulo, o major Diógenes Munhoz, que faz parte do Corpo de Bombeiros de São Paulo, atendia a uma ocorrência relativamente comum para sua equipe —uma pessoa havia subido em uma torre de transmissão de sinal de celular com a intenção de cometer suicídio.

Poderia ser o fim de uma vida, mas não foi. O "tentante", como o major explica que é correto chamar quem antes era designado como "suicida", desistiu, e o episódio acabou dando a Munhoz uma ideia que salvaria, a partir dali, muitas outras vidas.

"Percebi que ainda que a pessoa desistisse do ato, não tinha um desfecho necessariamente positivo. Nós —e digo não só minha equipe, mas também policiais militares e profissionais do SAMU, que também atendem esses casos— não tínhamos instruções para nos importarmos com aquela pessoa a fundo. Era tratado simplesmente como um chamado: você distraía a pessoa e a agarrava, para acabar com a ocorrência. Não se importava com o que aconteceria depois", conta Munhoz.

Outras opções usadas pelas equipes de emergência eram mangueiras de água com potência forte e tiros de taser (que causa choques), que tinham como objetivo afastar o tentante do perigo, mas na avaliação do major, só agravavam a situação, sem oferecer qualquer acolhimento à pessoa.

Naquela torre do bairro Vila Campanela nela, o profissional ficou com a pessoa em risco por seis horas. Nos primeiros trinta minutos, era o major do corpo de bombeiros de São Paulo e um tentante.

"Depois, eu passei a conhecer aquele homem. Ingressei em seu mundo e na sua história, e eu começo a compreender que ele tem uma vida repleta de sofrimentos, angústias, e também de vitórias. Depois de uma hora ali em cima, a última coisa que eu gostaria é que o Alcides (nome fictício) morresse."

Munhoz procurou o CVV (Centro de Valorização da Vida), ferramenta pública que realiza apoio emocional e prevenção do suicídio. Lá, teve as primeiras lições sobre acolhimento, escuta compassiva, e começou a ler e a escrever sobre o tema, e a participar de simpósios e palestras.

Foram dez anos de estudo até que o major criasse uma técnica humanizada para assistência a pessoas que tentassem tirar a própria vida.

Com base em pesquisa e experiência, montou, como seu projeto de mestrado, um curso que hoje já é aplicado em serviços de emergência público de 20 Estados brasileiros e é aberto a profissionais de outras áreas, como médicos, psicólogos, e outras profissões que lidem com o tema diretamente ou indiretamente.

Diógenes Munhoz evitou, diretamente, o suicídio de 57 pessoas —e estima que esse número tenha sido significativamente maior por meio de outros profissionais que utilizam a técnica de humanização.

"Vi a face da morte 57 vezes e garanto que ela não é bonita. Ela é triste, cinza, opaca e a gente precisa estar lá para acolher e abraçar essa pessoa. Ajudar a fazer com que esta pessoa entenda que existem fatores de proteção que podem ajudá-la a dar prosseguimento à vida, e que ela não consegue enxergar a luz do final do túnel simplesmente porque não passou do meio do túnel."

"Apesar de eu ter dado o pontapé inicial, o curso só se tornou possível porque contei com a ajuda de muitos profissionais. Sempre digo que o pódio é solidário, não solitário."

No 2º semestre, a técnica vai ser exportada para fora de Brasil. Uma equipe do Corpo de Bombeiros de Portugal receberá o treinamento.
O que é oferecido no curso

São 40 horas de aula divididas em um período de uma semana, e que passam por sete tópicos, incluindo o histórico da abordagem técnica, estatísticas do país, aspectos técnicos e fases da abordagem de dissuasão, diferenças entre grupos de tentantes, prevenção do suicídio e um módulo mais amplo, sobre saúde mental.

"Quem passa pelo treinamento aprende, entre outras coisas, a distinguir os tipos de tentantes, que são classificados entre agressivos, psicóticos ou depressivos. Existem sete ferramentas de linguagem e sinais corporais que o abordador pode utilizar. A grande 'sacada' da técnica é que não vou falar com depressivo da mesma forma, com os mesmos gestos, que faria ao abordar uma pessoa psicótica", aponta Munhoz.

Outra mudança que ocorreu após a criação do curso é o encaminhamento do tentante. Antes, a pessoa era levada ao pronto-socorro mais próximo. Na maioria das vezes, não era atendida por um psiquiatra, mas por um clínico geral.

Hoje, prevê-se o encaminhamento para o CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) e a possibilidade de internação. "Quando essa pessoa era só medicada e liberada, são grandes as chances de ela tentar suicídio de novo."

O major é doutorando em saúde mental no Centro de Altos Estudos de Segurança da PMESP (Polícia Militar do Estado de São Paulo), e atualmente e sua pesquisa é focada nos resultados que a técnica já alcançou no Estado de São Paulo.

"Os levantamentos apontam um ganho de ao menos 23%. Se salvarmos uma vida, toda uma carreira já estaria paga. É só perguntar para a mãe daquela pessoa. Mas 20% de ganho, em um estado que registra 2.500 ocorrências por ano, de acordo com o Corpo de Bombeiros (sem levar em conta as ocorrências anotadas pela polícia militar e SAMU), é algo muito significativo."

Em duas ocasiões, Munhoz foi procurado posteriormente por pessoas que salvou. "Já teve um rapaz que era cientista, que me escreveu nas redes sociais. E em uma palestra, quando eu acabei a palestra, um rapaz se levantou, fez um discurso e findou dizendo que estava ali só porque eu o tirei do lugar onde ele tentou o ato. Foi bem emocionante."
Depressão é a principal causa de tentativa de suicídio

Segundo a ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), cerca de 97% dos suicídios têm ligação com transtornos mentais, especialmente a depressão.

No Brasil, a doença é um problema de saúde pública. O país é o quinto com maior incidência, apresentando um número de casos superior ao de diabetes, segundo Pesquisa Vigitel 2021, do Ministério da Saúde.

Além disso, dados da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) apontam um aumento de 167% da utilização de serviços relacionados à saúde mental de 2011 a 2019.

Em casos de depressão resistente ao tratamento —quando há falha de dois tratamentos anteriores administrados em dose e tempo adequados— estima-se elevação do risco de morte por suicídio em sete vezes.

Segundo estudo recente publicado na revista The Lancet, até 80% das pessoas afetadas pela doença no mundo sequer têm um diagnóstico.

Já o levantamento realizado pelo Instituto Ipsos a pedido da Janssen, empresa farmacêutica da Johnson & Johnson, que ouviu 800 pessoas com ou sem relação com a depressão de 11 Estados brasileiros, revela que entre os diagnosticados entrevistados, o tempo médio para procurar ajuda foi de 39 meses (três anos e três meses).

A demora ocorreu, principalmente, por falta de consciência de se tratar de uma doença (18%), resistência (13%) e medo do julgamento, reação dos outros ou vergonha (13%).

"Essa demora no tratamento para a depressão pode trazer consequências devastadoras, como a cronificação da doença, agravamento dos sintomas, diminuição da eficácia dos tratamentos, perda de anos produtivos, impacto econômico e severa diminuição da produtividade, e todo um prejuízo em seu convívio familiar e social. A depressão precisa ser levada à sério", afirma Cintia de Azevedo Marques Périco, professora de psiquiatria da Faculdade de Medicina do ABC e integrante da Comissão de Emergenciais Psiquiátricas da ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria).

Dados da pesquisa da Janssen demonstram que ainda há falta de entendimento sobre sua gravidade e seu impacto na vida do paciente e de todos ao seu redor: apenas 10% acreditam que a depressão é uma doença com base biológica (e repercussões físicas no corpo). Outros 35% não acham que pode ser tratada com medicamento e 36% acreditam que para superar a doença é preciso força de vontade.

"No senso comum, existe uma banalização daquilo que se entende por ser psicológico, com uma falsa ideia que não precisa de tratamento. No entanto, atualmente sabemos o quanto ter uma função psíquica alterada impacta no indivíduo como um todo. Não tratar a depressão como uma doença grave e que pode resultar em uma emergência psiquiátrica pode trazer sérias consequências para os pacientes e para a própria sociedade", afirma Périco.

Procure ajuda

Caso você tenha pensamentos suicidas, procure ajuda especializada como o CVV (www.cvv.org.br) e os Caps (Centros de Atenção Psicossocial) da sua cidade. O CVV funciona 24 horas por dia (inclusive aos feriados) pelo telefone 188, e também atende por e-mail, chat e pessoalmente. São mais de 120 postos de atendimento em todo o Brasil.

Fonte: www.bbc.com/portuguese/brasil-62004494

sábado, 2 de julho de 2022

Suicídio, um problema de todos: livro quer ampliar informações sobre o tema

Livro da psicóloga Karen Scavacini, publicado pela Sinopsys Editora, visa a aumentar a consciência pública na prevenção e posvenção

Martin Behrend (27 junho 2022) 

A cada 40 segundos, uma pessoa morre por suicídio no mundo conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Há, portanto, muitos indivíduos que depositam na morte a esperança de acabarem com a dor, o sofrimento e o desespero que experimentam em vida.

O livro Suicídio – Um problema de todos – Como aumentar a consciência pública na prevenção e na posvenção traz no título sua questão principal ao afirmar que o problema atinge todos com diversas intensidades e não apenas aqueles com ideação e tentativa de suicídio e seus familiares e amigos. Portanto, é uma preocupação fundamental a de aumentar a conscientização pública sobre o tema.

Lançada este mês pela Sinopsys Editora, de Novo Hamburgo, a obra expõe as ideias da autora, a psicóloga Karen Scavacini, que também analisa as campanhas atuais para a prevenção e posvenção do suicídio como perspectivas para informar e esclarecer a população diretamente afetada e aqueles que se aproximam do tema pela sua abrangência. São arroladas propostas que podem fundamentar as políticas públicas sobre a prevenção e principalmente a posvenção do suicídio no Brasil.

Silêncio prejudicial

Karen evidencia que o estigma que envolve o tema – e, por conseguinte, as famílias e as pessoas com ideação ou tentativa de suicídio – provoca o silenciamento sobre o mesmo. Contrariando a ideia de que não falar sobre ele diminui sua incidência, esse silenciamento impede o cuidado adequado dos indivíduos. A autora deixa claro que é, sim, necessário falar sobre o suicídio, além da necessidade de políticas públicas que alcancem a posvenção, que, atualmente, não é abarcada.

Tendo em vista que a comunicação com ética e respeito é a principal tarefa do terapeuta que trabalha com o tema, o livro objetiva, ainda, aumentar a comunicação de forma responsável, isto é, com um diálogo que faça sentido para as pessoas com ideação suicida e que as acolham e as ouçam verdadeiramente. Partindo da teoria fundamentada nos dados (TFD), apresenta reflexões e sugestões de atuação para a ampliação da conscientização sobre o suicídio.

Público-alvo

A publicação é indicada a todos profissionais que queiram saber mais como falar de forma correta sobre o suicídio, como aumentar a consciência pública e como transformar ideias em ações. Pode ser utilizada por psicólogos, médicos, educadores, profissionais da mídia, da área de segurança e das políticas públicas. Também podem se beneficiar estudantes de diferentes áreas, assim como pessoas vivendo situações de sofrimento com ideação e tentativa de suicídio, familiares, amigos e todos que se envolvem com o tema.

Sobre a autora

A psicóloga Karen Scavacini é doutora em psicologia escolar e do desenvolvimento humano pela Universidade de São Paulo (USP); mestre em saúde pública na área de promoção de saúde mental e prevenção do suicídio pelo Karolinska Institutet (Suécia); fundadora e CEO do Instituto Vita Alere de Prevenção e Posvenção do Suicídio; representante da International Association for Suicide Prevention (IASP) no Brasil; fundadora e atual diretora científica da Associação Brasileira de Estudos e Prevenção do Suicídio (ABEPS); membro do Conselho Científico do Centro de Valorização da Vida (CVV) e do Suicide and Self Injury (SSI) Advisory Committee da Meta.

Também é idealizadora do Mapa da Saúde Mental; responsável pela introdução do termo ‘posvenção’ no Brasil; diretora do curso de prevenção do suicídio para profissionais da segurança pública; co-coordenadora da pós-graduação em Intervenção na Autolesão, na Prevenção e na Posvenção do Suicídio no Instituto Vita Alere em parceria com a Faculdade Paulista de Serviço Social (FAPSS).

Fonte: www.martinbehrend.com.br/noticias/noticia/id/11698/titulo/suicidio-um-problema-de-todos-livro-quer-ampliar-informacoes-sobre-o-tema