sexta-feira, 3 de setembro de 2021

Cores da saúde: campanhas de conscientização deveriam ser permanentes

Agosto Dourado. Setembro Amarelo. Janeiro Branco. Outubro Rosa. Novembro Azul. Para cada mês, uma cor, às vezes, até mais de uma, nomeando campanhas de conscientização.

Mas, efetivamente, o que essas cores representam e promovem?

A Secretaria de Estado de Saúde (SES) explica que não promove ações alusivas a todas as temáticas. “Quando o órgão estadual assume alguma atividade alusiva a um tema, justifica-se pela relevância inserida em programas estratégicos de saúde do Estado ou no cumprimento de diretrizes do Ministério da Saúde”, justifica.

A Pasta detalha que realiza mobilizações, por meio de cursos e palestras, a população e profissionais da saúde para conscientização de doenças e discussão sobre prevenção e tratamento na rede pública.

Além disso, estrutura a rede do Sistema Único de Saúde (SUS) local com repasses aos municípios para o atendimento das demandas locais, como consultas, exames e procedimentos realizados na Atenção Primária.

Neste mês, por exemplo, há duas temáticas: o aleitamento (Agosto Dourado) e a informação e conscientização sobre a esclerose múltipla (Agosto Laranja). A SES informa que trabalha conteúdo sobre a esclerose pontualmente no Telessaúde MT. A amamentação também é pontual, mas durante todo o mês.
 

Ações o ano todo

As campanhas são importantes porque ajudam na conscientização da população, reforça Samira Reschetti Marcon, docente da faculdade de enfermagem da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e líder do Núcleo de Estudos em Saúde Mental (NESM).

Entretanto, o trabalho poderia se expandir para ações em outros momentos que não apenas esse pontuais, também envolvendo diferentes setores de profissionais e da população em geral.

“Teríamos que ampliar as políticas públicas prevendo ações ao longo de todo o ano, falando sobre essas temáticas trazendo maior acesso à mídia, abordando os assuntos nas escolas, em formações continuadas para os profissionais”, explica Marcon.
Estudos reafirmam

A docente da UFMT comenta ainda que pesquisas universitárias têm avaliado o impacto dessas ações de conscientizações pontuais.

Um estudo feito por acadêmicos da Universidade Anhanguera – Uniderp, do curso de Medicina, em parceria com o Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Ensino de Ciências e Matemática, avaliou o impacto das campanhas educativas na temática do suicídio sobre os acadêmicos dos cursos de medicina, psicologia e licenciaturas. O resultado foi publicado na revista Ensino, Educação e Ciências Humanas, este ano.

A pesquisa identificou que o enfoque desses trabalhos de conscientização para a prevenção do suicídio devem trabalhar “a orientação de como agir, com indicações de locais para os quais poderão encaminhar, e não apenas na informação sobre o comportamento da pessoa”, pontua o relatório.

A Universidade Estadual do Ceará também trouxe o tema à tona em um estudo sobre o impacto dos 5 anos da campanha Setembro Amarelo. Os pesquisadores analisaram a mortalidade por causas auto-infligidas no Ceará entre 2009 e 2019.

A avaliação publicada este ano não identificou alteração de tendência na frequência de suicídios a despeito da implementação da campanha na população geral. Porém, entre as pessoas de 15 e 29 anos, foi observado um crescimento na tendência de atentar contra a própria vida.

Já no outro extremo, a população idosa entre 60 e 79 anos, estabilizou após a campanha. Dessa forma, dentre os apontamentos feitos pelos pesquisadores está a ênfase em “mais investimentos em políticas públicas destinadas à prevenção do suicídio.”

Fonte: https://olivre.com.br/cores-da-saude-campanhas-de-conscientizacao-deveriam-ser-permanentes

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