segunda-feira, 8 de novembro de 2021

Austrália lança estratégias para cuidar da saúde mental das crianças

O governo da Austrália lançou no início de outubro a primeira Estratégia Nacional de Saúde Mental e Bem-estar Infantil do mundo. A decisão já fazia parte do plano de governo de Scott Morrison, primeiro-ministro do país, e se consolidou diante da crise não apenas financeira, mas emocional que a chegada da pandemia da Covid-19 trouxe.

De acordo com informações do tabloide The Conversation, metade de todos os problemas de saúde mental de adultos surgem antes dos 14 anos e, atualmente, na Austrália, 14% das crianças de quatro a 17 anos estão afetadas pela condição.
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“Cuidar da saúde mental e do bem-estar de nossos filhos menores, especialmente durante a pandemia Covid-19, é fundamental. Sabemos que o apoio adequado pode melhorar os resultados a longo prazo e pode ajudar as crianças a atingirem todo o seu potencial na vida”, disse o Ministro da Saúde e Cuidado do Idoso, Greg Hunt, em um comunicado.

O projeto prevê o acompanhamento contínuo da criança a fim de prevenção e intervenção precoce antes que ocorra a doença mental. A estratégia também exige “serviços integrados de bem-estar infantil e familiar para melhor apoiar as famílias”, o que significa focar em todos os ambientes em que a criança vive, aprende e brinca, sendo a família um importante responsável nos cuidados.

O plano, que abrange crianças de zero a 12 anos, visa quatro áreas de foco para melhorarias na saúde mental, são elas:

1. Capacitação de famílias

Isso significa ter acesso a informações e educação sobre saúde mental e permitir que os pais identifiquem melhor os sinais de problemas de saúde mental em seus filhos. As famílias devem receber apoio para acessar os serviços na comunidade antes que seus filhos adoeçam.

2. Acesso a apoio profissional

Mais de 50% das crianças com problemas de saúde mental não estão recebendo apoio profissional, evidenciando uma lacuna significativa no acesso. A estratégia aponta formas de serviços para melhor apoiar as famílias com:

-  melhorar a navegação do sistema para que as famílias possam encontrar a ajuda certa na hora certa;
-  construir o sistema para apoiar crianças com necessidades de cuidados complexas, por exemplo, fornecendo suporte para se envolver com várias agências governamentais;
- requalificar a força de trabalho existente para aumentar a capacidade.

3. Papel das escolas

Isso inclui:
-  criar uma cultura dentro das escolas onde o bem-estar é nutrido;
-  fornecer respostas direcionadas para jovens em risco;
-  apoiar o desenvolvimento de educadores treinados e equipados para oferecer suporte ao bem-estar.

4. Tratamentos comprovados

Os tratamentos e suportes terapêuticos devem ser baseados em evidências científicas de pesquisas de alta qualidade.

A importância de envolver a família

Cada vez mais, profissionais têm envolvido as famílias das crianças para aumentar o sucesso dos tratamentos, sendo eles, claro, os responsáveis e quem irá acompanhar mais de perto o desenvolvimento e comportamento do filho(a).

Orientações para o tratamento de transtorno desafiador de oposição e anorexia nervosa, por exemplo, normalmente incluem o treinamento dos pais ou terapia familiar, ou ambos, para que eles aprendam a lidar com a situação.

Em algumas doenças, como na anorexia nervosa, incluir a família é considerado o padrão outro do tratamento, já que os resultados para os jovens tendem a melhorar quando seus pais recebem apoio para compreender e gerenciar melhor os sintomas do transtorno alimentar.

O medo da terapia e a culpa dos pais

Muitas famílias têm medo e receio de ir para a terapia por dois motivos, um por acharem que apenas pessoas com alto grau de danos mentais faz uso do tratamento e dois pelo medo da culpa adquirida referente à saúde dos filhos.

No entanto, a maioria dos médicos entendem que, geralmente, as famílias estão fazendo o melhor que podem com os recursos dos quais dispõem para apoiar a criança. Integrar os pais na terapia é uma forma de criar um ambiente seguro e consistente entre o espaço do consultório – na consulta – e o ambiente doméstico.

Então, para fornecer cuidados verdadeiramente direcionados e centrados na criança, os serviços precisam considerar todos os domínios do mundo dos jovens, ainda mais para àqueles que passam mais tempo fora do lar, em outras atividades, do que, talvez, criando relações em casa.

Primeira estratégia de saúde mental voltada para crianças

Para o Ministro Assistente do Primeiro-Ministro de Saúde Mental e Prevenção do Suicídio, David Coleman, o objetivo desta abordagem universal trará benefícios duradouros para a Austrália e para as gerações futuras.

“Metade de todos os desafios de saúde mental de adultos surgem antes dos 14 anos, mas poucas crianças com menos de 12 anos recebem apoio profissional. Como nação, precisamos reconhecer isso e fazer tudo o que pudermos para mudar isso. Nosso governo está comprometido com a tarefa”, comentou Coleman em nota à imprensa.

“Esta é a primeira vez que um governo nacional desenvolve uma estratégia que leva em consideração a saúde mental e o bem-estar de nossas crianças, bem como de suas famílias e comunidades que as cuidam”, acrescentou.

O desenvolvimento da Estratégia foi realizado pela Comissão Nacional de Saúde Mental, com o apoio de um grupo consultivo de especialistas.

“Esta Estratégia propõe uma mudança cultural fundamental na maneira como pensamos sobre a saúde mental e o bem-estar de nossas crianças, incluindo uma mudança na linguagem e a adoção de um modelo de saúde mental e bem-estar baseado em um continuum”, afirmou a CEO da Comissão Nacional de Saúde Mental, Christine Morgan.

Para acessar o plano em PDF completo, clique aqui. O documento possui apenas uma versão em inglês.

Fonte: https://olhardigital.com.br/2021/10/22/medicina-e-saude/australia-lanca-estrategias-para-cuidar-da-saude-mental-das-criancas/

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